O Meu Livro Dava Um RPG Indiano - The Hollows

Neste artigo falo de como os livros que a maioria dos Gamers lêem e acham interessantes são livros fantasticos e de ficção – e também como muitos deles (ainda não adaptados) dariam settings bestiais para RP.

Decidi postar o primeiro "post extensivo" sobre um livro (neste caso uma série) que acho que funcionava muito muito bem como um RP (volta e meia mando umas bocas ao RickDanger para ver se ele se decide a mestrar).

 

Nome: The Hollows, por Kim Harrison.

Site: https://www.kimharrison.net/

 

 

Volumes: 6 (em aberto) - Cada titulo é inspirado por nomes de filme s do John Wayne:

Volume 1 - Dead Witch Walking
Volume 2 - The Good, the Bad and the Undead
Volume 3 - Every Which Way But Dead
Volume 4 - A Fistful of Charms
Volume 5 - For A Few Demons More

Volume Especial (short story) - Undead in the Garden of Good and Evil (parte da antologia de contos Dates From Hell, é uma história sobre a Ivy Tamwood, pré Dead Witch Walking)

Setting: Ora bem, aqui é que a coisa pia fino. Estamos no mundo moderno, talvez num futuro muito próximo. Não há super invenções, nem ciência superavançada. Estamos sim no advento de uma catrastofe que dizimou uma grande parte da humanidade: um supervirus chamado Angel T-4 libertado por acidente (estava a ser testado para funcionar como arma biológica) reduziu severamente o numero de humanos – e subitamente, tudo o que eram seres "sobrenaturais", (Aka os Inderlanders, que eram imunes ao virus) com menores numeros e habituados a viver no meio da humanidade, escondidos, descobriram que agora eram quase tantos como os humanos, mas mais que isso, necessários, e reclamaram o seu direito a andar às claras e terem direitos também. Bruxas, feiticeiros, lobisomens (e outros metamorfos), vampiros (living e undead), pixies, fadas, gnobos, trolls, tudo o que possam imaginar começaram a misturar-se com os humanos. Obviamente, para controlar estas criaturas tinha que se criar um serviço especial - fogo combate-se com fogo, e não se podia esperar que um pobre humano conseguisse enfrentar um lobisomem enfurecido. Por isso o IS foi creado, uma espécie de FBI para lidar com os problemas legais dos Inderlanders, com funcionários que são eles próprios Inderlanders. Os The Hollows são uma parte dos suburbios de New York, conhecidos por terem elevados numeros de habitantes Inderlanders – por esse motivo, evitados pelos humanos – que preferem ter habitações no centro da cidade, afastados da área. Por isso, o valor imobiliario dos Hollows é muito baixo e alguns humanos arriscam-se a viver ali pelos preços. Os Hollows são constantemente patrulhados por agentes do IS. Entretanto os Inderlanders infiltram-se na sociedade humana, sendo CEOs, agentes artisticos, directores de clubes desportivos, (há até um mestre vampiro que é dono de uma pizzaria muito "in", Piscary's) etc etc.

História: A história segue as (des)aventuras de Rachel Morgan que anteriormente agente do IS, só tem sarilhos a cair-lhe em cima. Tudo lhe corre mal, alguém muito poderoso lhe mete uma maldição mortal em cima, tem a cabeça a prémio depois de se despedir do IS para ser freelancer. Pelo caminho, vai arranjando e perdendo novos amigos, ficando a dever favores a demónios, dançar disco-style com um monte de vampiros, levar porrada, fugir de Werewolves enfurecidos e tentar no processo descobrir o que na realidade aconteceu ao pai que foi assassinado quando ela era pequena. Acompanhada pela elegante, poderosa e misteriosa living vampire Ivy Tamwood, também ex-agente do IS, que tem um fraquinho por ela, e uma grande vontade de lhe saltar ao pescoço, mas suficientemente respeito para não o fazer, as duas enfrentam problemas pessoais, casos bicudos e, mais que isso, a falta de dinheiro ao fim do mês: que isto de ser detective privado do sobrenatural dá muitas chatices e paga pouco.

Destaque: Não só temos um bestiário bestial (passe o trocadilho) e uma excelente descrição de funcionamento em sociedade das mais diversas criaturas, o tempo e a atenção dado ao funcionamento da magia (earth, ley line e demonic) é muitissimo bem feito. A mulher fez a pesquisa dela e desenvolveu sem duvida uma das formas mais interessantes de lidar com os vários ramos de magia.

Porque dava um bom jogo: Vejamos… podes jogar de tudo, incluindo humanos. Criaturas sobrenaturais implicam problemas sobrenaturais E problemas normais humanos. O estilo detective é sempre popular, e quando podes atirar bolas de fogo à cabeça dos inimigos, ainda mais divertido se torna. Aspectos como "humans vs. inderlanders" e "inderlanders vs. inderlanders" e "us vs. them" são facilmente adaptaveis a uma campanha. Preconceito e rivalidades ancestrais dão sempre uma forma interessante de fricção.

Opinião: A ler por todos!

A partir do que disse no tópico anterior, eu diria que, neste género de livros, há quem escreva bem, há quem escreva mal e há autores como esta Kim Harrison que, apesar de não ser nada de especial, cria um setting engraçado com suficiente originalidade para valer a pena uma leitura relaxada.

A misturada de sobrenatural - incluindo pixies e vampiros na mesma cena - faz-me lembrar o RPG Witchcraft que, tendo um setting pouco definido, bem que podia ser adaptado aos Hollows para uma nova edição. Além de um mundo mais concreto, ganhava uma abordagem mais interessante e aprofundada à magia.

Já agora, para quem não apanhou o link à primeira, Witchcraft é um belo RPG da Eden Studios, que há uns tempos ficou disponível para download gratuito aqui.

Sobre settings engraçados, e pedindo a devida desculpa pelo thread jack, o filme Cast a Deadly Spell tem gárgulas, vampiros, unicórnios, magos, e gangsters nos anos 20.

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To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

um detective chamado Lovecraft Wink