Onde anda o Roleplay em Portugal?

[quote=smpb]Sempre tive a perfeita noção de que os RPGs clássicos são algo complexo, não trivial.[/quote]Quero começar por dizer que "clássicos" é uma boa escolha de palavras hehe. Vou presumir que te referes a jogos como D&D, Call Of Cthullu, Vampire/WW, etc.

Não os chamaria complexos, essencialmente giram em torno de maneiras de combinar skills com atributos, usando esse score para influenciar o resultado de uma acção. São contudo algo extensos nos seus textos e na explicação e promenorização das suas regras, uma vez que se focam bastante na tentativa de reproduzir extensivamente leis realísticas que os criadores acham necessárias para o tipo de jogo que desenvolveram e que para nós jogadores hardcore são o pão nosso de cada dia, contudo podem dissuadir outras pessoas com menos disponibilidade/vontade para perderem enormidades de tempo nestas coisas.

Existem contudo outros jogos, se calhar menos clássicos, que são um bocado mais leves nesse sentido (não todos, por exemplo o Spirit Of The Century e o Heroquest são livros ainda grandinhos e pesados de trazer às costas) e que por isso mesmo são, a meu ver, uma boa aposta para tentar aliciar pessoal para este mundo.

Refiro-me concretamente a PTA, que é quase um clássico graças ao trabalho intensivo do nosso produtor de serviço RicWood, que continuo a achar que é um jogo muito bom para um tipo específico de pessoas, pessoal ai dos seus 20 e poucos para cima que delira com séries de TV como 24h, Lost, Prison Break, etc. e que nem é assim tão pesado quanto isso, nem em termos de regras ou preparação de jogo, nem em termos de quilos hehe.

Acho que são jogos com os quais vale a pena perder um pouco de tempo a ler e jogar e tentar usar para cativar outras pessoas, por exemplo eu tenho tido uma boa experiência com DRYH que planeio usar para a semana para ver se converto uns quantos boardgamers hehe.

"the drunks of the Red-Piss Legion refuse to be vanquished"

É precisamente por essa razão que os chamo complexos. É claro que, para mim e muitos de vós, não são nada demais. Para quem nunca teve contacto com algo do género, no entanto, são claramente complicados de perceber.

Parece-me algo bastante interessante. Não sei se tenho estofo para participar a fundo num caracter organizativo (mas nunca se sabe), no entanto, acho giro a hipotese de participar e/ou ajudar num evento deste tipo. Sei que é muito complicado, mas não deixa de ser uma boa ideia.

[quote=RedPissLegion]

Entretanto, se quiseres ir lendo sobre as actividades bloguistas de outros jogadores de RPG, deixo-te o link para o blogue do Sr. JMendes, que eu considero muito interessante e com coisas relevantes sobre as quais vale a pena perder tempo a pensar.

"the drunks of the Red-Piss Legion refuse to be vanquished"

[/quote] Bom link. É este tipo de conteúdo, e as suas variações, que gostava de ver mais vezes a popular a [i]Rede[/i]. É pena, no entanto, que isso não se verifica.

Apesar de tudo o que foi dito vejo que há algo que se esqueceram de referir ou secalhar nunca viram como problema, quer se seja um veterano ou um iniciante é sempre dificil de encontrar um grupo. Uma pessoa está num grupo, vai jogando, o grupo entretanto acaba por qualquer motivo e deixa-se de jogar, isto para não falar no facto de haver poucos GM's. Eu conheco pelo menos duas pessoas além de mim que gostavam de jogar D&D mas não têm GM nem querem fazer de GM, estas pessoas assim como eu também não conseguem encontrar grupo para se juntarem apesar de ja terem tentado aqui ou ali. Eu por exemplo posso deslocar-me a alguns locais mas esses meus amigos não tem essa possibilidade. Eu a Lisboa facilmente vou mas convites até agora so tive para o Barreiro o que já se torna um pouco longe para mim também.

Resumindo, muitas vezes há interesse por parte dos jogadores e gente nova a entrar também, mas estão "com as pernas cortas" porque não arranjam grupo onde se insiram ou não arranjam um GM que crie um novo grupo com eles.

Obrigado pela boa sistematização, Rick. Se não te importas, vou aproveitá-la, para sistematizar de forma breve a minhas próprias ideias:

1. A falta de participação por parte dos roleplayers no abreojogo.com, tendo em conta a quantidade deles que já estão registados.
Julgo que muitos dos inscritos são roleplayers passivos, que gostam de jogar, mas não sentem necessidade de discutir o seu hobby. Entre os activos, também haverá os tímidos e os que têm medo de se expor.


2. Porque motivo parece haver mais participação de boardgamers do que de roleplayers no site.
Julgo que os boardgames estão numa fase de expansão em Portugal e de grande criatividade e produtividade a nível geral. Nestas fases de efervescência é normal que as pessoas sejam mais entusiastas. Acresce que, pela sua natureza, os jogos de tabuleiro são mais fáceis de experimentar e conhecer que os RPGs. Isto facilita que se possa experimentar vários jogos e falar sobre essa experiência. Já os RPGs têm uma profundidade e exigem uma dedicação que obriga muitas vezes à especialização e torna mais difícil os pontos de contacto entre os vários roleplayers.

3. A falta de popularidade do RPG em geral e o que fazer para ajudar a levar o hobbie mais longe.
Quando eu estabeleci a relação entre RPGs e jogos de tabuleiro (BGs, para facilitar), não estava propriamente a defender que os primeiros fossem mais parecidos com os segundos (o que também ajuda), mas que têm a aprender com estes.
Repare-se que os BG americanos de antanho, e nomeadamente os Wargames, sofriam dos mesmos problemas dos RPGs: tinham 3 a 8 horas de duração, livros de regras de 24 páginas A4 para cima, mecânicas que promoviam o conhecimento profundo das regras, a conflituosidade e a eliminação de jogadores, temas muito específicos e conflituosos.
A revolução que houve nos BGs foram os jogos alemães, que adoptaram: temas leves e intuitivos, livros de regras do tamanho de uma página A5, jogos com baixa conflituosidade sem deixarem de ser competitivos, duração até hora e meia, mecânicas simples que podem ser utilizadas eficientemente de igual modo por veteranos e principiantes.

Graças a esta revolução, os fanáticos de BGs passaram a ter jogos que podiam apreciar e fazer jogar e apreciar os não-fanáticos.

A minha experiência diz-me que a maioria das pessoas gosta de jogos que envolvam histórias e puxem pela imaginação. Simplesmente, também gostam de jogos simples, que se possam jogar de forma esporádica, sem um compromisso e empenho fortes. Os RPGs actuais, simplesmente, não têm conseguido responder a estes requisitos. Quando conseguirem, é bem provável que a coisa mude.

Bah, não compro isso por esse preço tão alto.

Para aí há já mais de ano que há meetups mensais, que entretanto se tornaram noites de jogo, que entretanto desapareçam por falta de pessoal interessado, mas entretanto há demonstrações mensais, houve Dia Mundial de D&D, etc. Jogadores à procura de grupos e grupos à procura de jogadores também surgem aqui regularmente e, como em tudo na vida, costuma ser tão simples como perguntar ao gajo que através dos seus posts por cá sabemos que joga mesmo na terra ao lado da nossa e perguntar-lhe se podemos ir jogar com ele e o seu grupo, etc. RPG é um jogo 500% social; não acredito que o pessoal que quer/gosta de o jogar são uns desajustados sociais que não conseguem fazer um contacto amigável o suficiente para receberem um convite do fundo do coração para virem fazer um joguinho.

Se moram no meio do Alentejo ou numa vilazinha do interior, tudo bem, é difícil, é muito difícil; agora se moram na zona da Grande Lisboa? Come on. Se ainda não jogaram é porque não se interessaram o suficiente para fazer algo como registarem-se aqui e sondarem o terreno, ou aparecerem num dos inúmeros meetups, demos, eventos, whatever. E isso já é vida bem facilitada relativamente há alguns anos em que não havia internet nem outras formas de facilmente encontrarmos dezenas de pessoas que já jogam e gostam de jogar e sabem jogar; até há bem poucos anos, quem se interessava verdadeiramente fundava o seu próprio grupo e recrutava jogadores de entre o seu círculo social, pessoas que nunca tinham jogado antes… se esta comunidade hoje existe, é só e apenas pelo esforço de inúmeros recrutadores ao longo das últimas 2 décadas, e essa é uma lição que muitos de nós velhotes estamos a esquecer! Não quer dizer que não haja maneiras melhores de divulgar a coisa em vez de a manter como algo que apenas passa de forma oral, de mestre para díscipulo, de recrutador para recruta… mas isso é o que estamos justamente a discutir aqui (junto com outros assuntos). E como já se disse, se há RPGs complicados que é difícil alguém “apanhar” sozinho, há outros tantos completamente descomplicados, leves, e ainda por cima gratuitos à disposição de qualquer pessoa que tenha internet. Enquanto não se arranjarem melhores soluções, há que agarrar num jogo que nos agrade e ir à luta, recrutando novos jogadores se ainda não os há.

Concordo com isto em absoluto e dou um exemplo prático.

Há uns anos, de férias no Algarve, decidi divulgar os RPGs aos amigos de ocasião. Reuni um grupo de 5 pessoas convencidas por ser mais giro que jogar cartas.

Inventei um sistema de regras de uma página, baseado no FUDGE. Nada de cenas estilo Forge (estávamos em 1994), o sistema era baseado em D&D mas estupidamente simples e com coisas que toda a gente reconhece. Primeiro, só havia um tipo de lançamentos a fazer e era de d6 (que toda a gente já viu). Segundo, havia duas características que toda a gente conhece, força e inteligência. Terceiro, em vez de skills escolhia-se uma “profissão” com um bónus que se apliava quando relevante. Quarto, a “magia” consistia em ficar KO para conseguir um acto “sobrenatural”.

O setting também era simples - tempos modernos mas com magia à lá Vampire. São os melhores para principiantes na minha opinião, toda a gente conhece o setting mas tem um “twist” suficientemente interessante para atrair os jogadores.

Com isto consegui explicar o sistema e fazer personagens em 10 minutos, na praia, com umas folhas de papel. A aventura durou 2 horas e foi muito fixe, deu direito a 3 repetições nos dias seguintes - incluindo uma em fantasia e uma de “A-Team” - que atraíram espectadores (numa sessão tivemos 10 espectadores a mandar bitaites), e na altura criou um grupo de malta interessada em experimentar RPGs mais “complexos” porque aquele era realmente algo limitado :slight_smile:

Acho que isto funciona muito bem como divulgação, mas não sei se vende. Isto porque quem desconhece RPGs não vai perceber o interesse - e mais complicado que explicar as regras, é explicar “o que é um RPG” a quem não os conheça (aquele Microcosm referido acima talvez sirva de inspiração). A maior dificuldade é explicar a um GM o que é ser GM, e eu acho que um GM é essencial em jogos para principiantes por causa das minhas experiências com o Prime-Time Adventures

Usei o PTA com malta que não joga RPGs, com algum sucesso. Também é simples e fácil de apreender, só que tem um problema (na minha experiência prática: tentativa de mostrar RPGs a 2 grupos diferentes com PTA). Uma boa parte do poder criativo está na mão dos jogadores, mas um grupo de 5 pessoas a jogar pela primeira vez não sabe o que fazer com ele, e ficam a olhar uns para os outros até o GM intervir à moda antiga… E aí já não se está a jogar PTA :wink: Para um grupo de novatos em que ninguém sabe ser GM, torna-se complicado.

Saudações!

Começo por dar os parabéns a todos pela estimulante conversa.

Já estou registado no Abre o Jogo há uns meses mas é a primeira vez que abro a boca, isto porque nunca consegui acompanhar muito o site. É um overload colossal de informação... Tem demasiadas cores e demasiadas colunas e demasiados textos para um info-excluído / tecnofóbico como eu! :)

Vou tentar dar um pequeno contributo para o tópico (ou tópicos...) em discussão. Não que tenha muito a acrescentar, mas tentarei ver se sai alguma coisa decente.

Ainda neste fds estive à conversa com o Philip (da Runadrake, e que faz parte do meu grupo de D&D) sobre um tema semelhante a este: o facto de as comunidades de jogos em Portugal serem tão insípidas.

Somente há coisa de 5 meses é que consegui começar a jogar D&D mais a sério, isto apesar de já ter contacto com o jogo desde 1997. Simplesmente, durante todo o tempo de faculdade passei por sucessivas desilusões como já alguns aqui enunciaram: ao fim de três ou quatro sessões os grupos dispersavam e as campanhas nunca continuavam... Tentei jogar em 2ª edição, e quando saiu 3ª, e o resultado foi sempre o mesmo. Desde a saída de 3.5 que não pegava em D&D (aliás, nem cheguei a experimentar 3.5). Felizmente, há alguns meses, um amigo meu lançou-se o desafio de reunir um grupo para jogar D&D. Fiquei entusiasmado com a perspectiva e... “alea jacta est”. Até à data tem corrido tudo bem, já vamos a caminho da 10ª sessão e parecemos estar de vento em popa, com um grupo bastante motivado, sempre a pedir mais sessões e a dar mil e uma ideias (isto apesar de eu – o DM – ser o único que percebe zero das regras!).

Mas voltando ao assunto: comentei com o Philip que no Brasil existem dezenas de fãzines digitais. Publicações – algumas com bastante qualidade – feitas pelos próprios jogadores. Isto para além da aposta de várias editoras em revistas oficiais e produtos de BD, entre outros. Ora, nós por cá... nem uma única revista oficial temos, quanto mais fã/magazines de jogos... Quando a Runadrake abriu as portas em Setembro passado eu sugeri ao Philip que a loja avançasse com um projecto de uma newsletter que tivesse alguns artigos diversificados e participados pelos próprios jogadores. Voluntariei-me para dar apoio para Legend of the Five Rings (um CCG), visto ser aquilo em que estou mais imerso, mas de bom grado escrevia algumas histórias e/ou textos de fantasia e D&D. Infelizmente a ideia não singrou por falta de tempo e recursos.

Por isso, acho que este seria a primeira “root of all evil”: o facto de não haver uma publicação dedicada a jogos. Bem sei que já houve várias tentativas (Oráculo, Portal, etc...) infelizmente... todas morreram na praia. :( Nem mesmo com a forte aposta em Magic The Gathering conseguiram ganhar terreno.

Existe outro elemento muito “inibidor” que é o facto de: para se jogar RPG ser preciso LER, algo que as pessoas hoje em dia cada vez mais parecem ser ineptas para fazer. Para “bater ainda mais no ceguinho”, o material disponível é caro e está... em Inglês.

Houve recentemente um “Kotei” de L5R em Portugal (Kotei = Mega torneio integrado num lote de 50+ torneios a nível mundial. Uma espécie de championship anual), na sequência do qual troquei algumas ideias com jogadores de Espanha. Existem neste momento em Portugal menos de 35 jogadores de L5R (todos espalhados pelo país, o que ainda mais complica), enquanto que em Espanha... estimam para cima de 1200... Sim, não coloquei nenhum número a mais. Quando lhes perguntei a razão para tal “boom”, a resposta foi peremptória: “O jogo existe em Expanhol...”

Para enterrar ainda mais o ceguinho... espaços de jogo. Em Portugal existem poucos, são pouco divulgados e “parece que estão escondidos no fim do mundo”.

E por fim aquela que para mim talvez seja a “main root of all evil”... o tabu! Quer queiramos, quer não, este tipo de jogos (RPG, CCG) são tabu.

“Cartas? Isso é para putos! – Dragões? Dados? Miniaturas? Que palhaçada é essa!!”

É uma triste realidade, estes jogos são muito marginalizados, a maioria das pessoas ainda olha para eles de lado pensando que só os putos idiotas e meio geeks é que os jogam.

Em suma (e lamentem este post gigante...):

- Pouca gente, poucos espaços, nenhuma divulgação, preguiça, língua, tabu e “o facto de as pessoas estarem cada vez menos aptas para comunicar sem estarem à frente de um ecrã de computador”.

Eu diria que estes são os “sete pecados mortais” que sufocam o cenário – não só de RPG – mas de tudo o que possam ser comunidades de jogos de estratégia.

Olha este!

… bem vindo ao Abre o jogo.

Já agora, vamos falar de praxe. Os novatos que chegam aqui tem que ser iniciados… andando descalços em cima de D4s!

Upa upa, vamos lá! :smiley:

Vejam só quem chegou para jantar.... Tongue out

Bom, como podes ter lido acima, o panorama não é taaaao mau como o pintam. Claro que apontaste muitos dos motivos pelos quais rpgs e ccgs nao tem tanta popularidade.... Mas acredita, já foi pior. Não foi assim ha tanto tempo que nós cá no Norte (mais especificamente no Porto) tivemos um encontro de RPGs e Boardgames que teve cobertura nacional.... Laughing e devemos todos agradecer ao Pedro (mallgur aqui no site) por isso. ( /me bows )

Há também algo que é preciso lembrar....publicações de jogos, em Portugal, podem não funcionar, mas nao tem nada a ver com leitura ou o facto dos jogos estarem em inglês... mas sim porque não vem motivo para comprar uma revista especializada num assunto acerca do qual obtem toda a informação que querem online. Ou seja, para que pagar 4€ por uma revista, quando consegues aceder a todos os seus conteudos (ou se calhar conteudos de melhor qualidade) ao ler forums na internet.... algo que fazes sem gastar um chavo? Para mim, esse é o grande impedimento à publicação de qualquer revista de RPGs/CCGs/Boardgames/Wargames.... não apresentam nada que justifique a compra do artigo.

Para finalizar, sim, as comunidades em Portugal são extremamente insulares... cada uma tem os seus hábitos, as suas manias, o seu estilo próprio... mesmo quando um jogador é bravo o suficiente para se apóximar de um grupo diferente, muitas vezes entra em choque com o estilo dos outros jogadores, ou com o estilo do mestre de jogo. Consequentemente, ao fim de 1 crónica, simplesmente deixa de aparecer. Não por má vontade, mas porque simplesmente não se consegue adaptar. ( algo que já me aconteceu e já vi acontecer pelo menos um par de vezes )

O Encontro foi de Boardgames, alguns roleplayers é que aproveitaram para combinar alguns jogos. E a cobertura nacional só tratou dos jogos de tabuleiros. Os RPGs nem foram mencionados.

Tenho 19 anos, e vivo numa cidade pequena na zona de Lisboa.
Sou das poucas pessoas da minha área que sabe o que é um RPG e sou capaz e ser o unico verdadeiramente interessado.
Já tentei explicar a algumas pessoas conhecidas mas acho que na maior parte das vezes nem chegam a perceber do que estou a falar. Isto quando não me dizem logo que são coisas de crianças e de putos cromos.
Na minha opinião, os problemas dos RPGs em Portugal são os seguintes:

  • Muita gente não tem tempo livre para jogar.

  • O jogo é pouco divulgado.

  • A pouca divulgação que se faz dá um bocado a ideia de que os RPGs são um hobby para uma minoria.

  • A complexidade do próprio hobby afasta algumas pessoas. É frequente uma pessoa sentir-se intimidada com a quantidade de conhecimentos necessária para, por exemplo, um simples jogo de DnD.

E acima de tudo, o maior problema de todos é o preconceito. A maior parte das pessoas nem se aproxima destes jogos com medo de serem gozadas por gostarem de “cenas de putos”. Isto, infelizmente, afasta potenciais jogadores.
Introduzi os TCGs numa das escolas onde andei e passado pouco tempo tinhamos a sala de convivio com dezenas de mesas com gente a jogar Magic diariamente.
Um dia fui a Devir Arena com algumas pessoas da minha escola e enquanto que eles só falavam em Magic eu quase que ficava até a loja fechar para ver a quantidade de material de jogo, miniaturas, livros e outras coisas que lá se vendia. Isto prova que muita gente não percebe que estes hobbys exigem muita dedicação e a maior parte das pessoas, infelizmente, não se quer dar a esse trabalho.
Acho que o RPG é uma das melhores formas de passar o tempo livre e tenho muita pena de não ser mais aceite e divulgado.

A questão da “falta de tempo” eu sinceramente não “enfio a carapuça”…

Hoje em dia toda a gente usa este desculpa por tudo e por nada. “Ah… não leio porque não tenho tempo…”.

Opá, eu conheço gente que trabalha, estão casados e têm filhos e mesmo assim jogam RPG, lêem, vão ao cinema, fazem tudo e mais alguma coisa.
Por isso, a “falta de tempo” é o alibii/bode “respiratório” de todos os Tugas!

Na parte da divulgação… estamos completamente de acordo!
Aquilo de que não se fala, para todos os efeitos “não existe”.
Não temos revistas dedicadas aos jogos em Portugal. Houve várias tentativas mas todas falharam.
Eu já sugeri ao Philip da Runadrake tentar coordenar as comunidades para se fazer um e-zine 100% feito pelos fãs. É questão de se conseguir participações de todas as comunidades (RPG, CCG, Tabuleiro, etc) para se tentar fazer uma revista digital.
Não é preciso ser uma coisa do outro mundo, apenas algo simples, com um design que não seja pesado e que ajude a “passar a palavra”. Hoje em dia a Internet é o veículo mais priveligiado de comunicação que existe no mundo.

Agora a questão é: conseguimos fazer uma e-zine destas? Quem consegue assumir a responsabilidade pela sua coordenação? Porque quanto a participações, eu creio que facilmente se arranjam entre o pessoal.

Que dizem?

Um projecto semelhante à Dragão Quântico mas centrada numa perspectiva de distribuição (ou acesso) online e à borla (como a Tobril por exemplo, mas obviamente com uma temática diferente da desta última) seria interessante. Aliás, se partisse com uma base de apoio como o próprio “Abre o Jogo” (um género de “spin-off” do próprio Portal) era capaz de ter um alcance significativo.
Já aqui foi dito que há uma grande inércia para a comunidade de roleplayers em Portugal de se manifestar, mas não duvido que haja muita gente interessada (e não só neste domínio) em ler artigos sobre esta e outras temáticas relacionadas (no âmbito do Roleplay ter recursos para campanhas como as Dungeon e as Dragon têm, mas adaptados à nossa realidade, dimensão, e vários sistemas, seria muito interessante). Um elemento de comunicação não tão exigente de uma interacção e participação do seu público alvo é capaz de ser uma boa aposta. Seria importante, no entanto, de traçar bem os objectivos de uma tal iniciativa para não se sobrepor ao próprio Portal, gerando redundâncias entre ambos os recursos.
As questões iniciais a colocar seriam: O que é que uma e-zine traria a este público alvo que já agora não pode ser feito através deste portal? Quais as vantagens? Quais as desvantagens?

Parece-me uma discussão promissora… Podias abrir um tópico só sobre isso? :slight_smile:

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

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[quote=jrmariano]Parece-me uma discussão promissora… Podias abrir um tópico só sobre isso? :slight_smile:

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa[/quote]

Nem é preciso dizer mais. Aqui está.

Já sei que vou ser um bocado bruto no que vou dizer a seguir, mas está tudo a comentar este thread, não resisto à tentação de mandar uns insultos e dizer umas verdades. Hehe...

Para a pergunta que inicia o thread... "Onde anda o roleplay em portugal"

Em relação à pergunta "onde estão os roleplayers em Portugal", acho que há uma resposta directa e verdadeira: "estão em casa, junto do seu pequeníssimo grupo de amigos que também jogam, sem quererem conhecer ou dar a conhecer o roleplay a mais do que 3 ou 4 pessoas ao longo da vida". Alguns não conseguem encarar os olhares e comentários depreciativos de um país que vive 95% do desporto e televisão centrados no futebol (que eu adoro, por sinal). Outros estão simplesmente cagando para o desenvolvimento da comunidade de roleplay e da expansão e divulgação dos mesmos jogos EXCEPTO no que lhes diz directamente respeito."

Há mil e uma coisas que faltam, no nosso país, para cativar mais gente, mas a principal é a falta de iniciativas por parte dos que mais amam e mais quereriam ver o roleplay tornar-se conhecido e apreciado de forma transversal no país e sociedade. Precisamos de centros activos, BORBULHANTES de actividade, onde pessoas possam ser iniciadas e possam iniciar descendentes.

Não há nem centros, nem os "animadores". Não há intercâmbio, não há iniciativas ao vivo e parece-me que há falta de capacidade de fazer com que as coisas resultem e sejam apelativas. Somos POUCOS mas poderíamos ser muitos mais se ao longo dos anos nos fossemos esforçando por inserir o maior número de gente possível, nas mais tenras idades possíveis, no que é o roleplay.

Tem que haver um espírito de sacrificio e de vontade de realizar um bem maior por parte dos roleplayers, nao apenas dos que já são DM por gosto próprio, mas também dos outros. Tem que haver maior e maiores convívios sociais entre a comunidade de roleplay; e a forma de comunicar tem que ser mais do que passar a vida no PC a mandar postas de bacalhau.

Dou como exemplos um do users deste forum, que pouco escreve cá, que na sua profissão de professor é responsável por organizar grupos de jogo de D&D nas suas turmas. (desculpa se revelei isto publicamente, mas achei que era merecedor de destaque). Temos gente que é DM há 10 anos ou mais, mas quantas demonstrações de D&D houve, publicamente anunciadas? Eu vi uma, do Feldon, que cá anda há poucos meses... Houve mais? Porque não há mais? falta de tempo? Bolas, então as 1001 comunidades que existem por aí de seja lá que actividades for só existem porque há gente que tem muito tempo livre? Nem sequer têm tempo de jogar com os vossos amigos... Ora que caraças, sendo assim ninguém tem. Toda a gente trabalha ou estuda, ou estuda e trabalha, e toda a gente tem família, e namorada, e etc etc e tal. Quem é que é suposto trazer mais gente para a comunidade jogos? Os nossos netos?? As páginas da Wizards of the Coast? Waa???

São raros os que se esforçam por trazer malta para os jogos, para as discussões; os apoios para os novatos são FRAQUÍSSIMOS. Caramba, sei bem o que é o desgosto de estar a fazer uma sessão para pessoas que ainda não têm capacidade para fazer roleplay ao mais alto nível, mas também sei que quanto melhor o início de uma pessoa a algo, maior a sua progressão.

Pronto, batam-me lá o que quiserem... Acho que é verdade o que disse, e muito sinceramente espero que doa. :)

 

ps- obviamente que ALGUMAS das pessoas que participam activamente neste forum e que são algumas das únicas com iniciativas de jeito, são as que menos mereciam ouvir estas coisas, mas escrevo isto aqui para todos... Não vou referir "excepções", apesar de as haver. Quem sabe que se tem mexido e esforçado não se sentirá acossado, antes pelo contrário, saberá que é muito verdade aquilo que foi dito. A carapuça só a enfia quem sentir que merece.

 

ps2- já sei que vai aparecer alguém a dizer que "estou picado", lol. até já sinto saudades. Bolas, e pensar que sou um tipo plácido e sorridente na vida real.

ps3- Por falar em iniciativas, e para fugir um bocado com o rabo à seringa, vai começar dentro em breve a segunda aventura das mini-campaigns que estou a realizar para que haja mais intercâmbio entre grupos de roleplayers diferentes. Link: https://www.abreojogo.com/blog/jb_mael/2007/08/realizacao_regular_de_short_adventures_ou_mini_campaigns_de_