Paleio de Guico - Sorte

 

 

 

 

Sorte... Ela anda por aí.
a 2010-01-14 por Mallgur


Há quem defenda que a sorte não existe. Há quem procure racionalizar eventos aleatórios e encontrar assim alguma forma de equilíbrio nos mesmos.


Eu acho que a sorte existe. Acho também que por muito racional que seja a teoria das probabilidades, por muito comprovada que esteja a lei das médias, por muito lógico e compreensível que tudo isso seja, algumas pessoas têm mais sorte que outras. Esta afirmação resulta da minha observação genérica da vida e mais particularmente, das muitas experiências que tenho tido desde que comecei a ter este hobby de coleccionar e jogar jogos de tabuleiro.

Conheço pessoas que ao jogar Formula Dé, arriscam numa mudança em que só um par de números num dado com 12 faces lhes serve, pedem o número ao lançar o dado e lá está. Exactamente o resultado necessário. Bastaria uma outra face do dado e ficavam à porta da curva numa mudança demasiado alta, mas não. E isto várias vezes numa só corrida. Mais... numa só volta!

Recentemente joguei Jamaica. Duas vezes... À mesma pessoa saíram lançamentos limite. Uma das vezes, depois de um ataque com um lançamento elevado que só a explosão bateria (uma face em seis) de um outro jogador que o poderia obrigar a lançar o dado de novo, este personagem lançou precisamente a explosão. Duas vezes seguidas... e isto depois de, ao ser obrigado a lançar de novo dizer: "Não faz mal. Sai já outra bomba!". No jogo seguinte, alguém lança o 10 com dois canhões de apoio, um total de 12. Agora, esta figura sinistra junta três canhões ao seu combate e rola... 10, total 13. Apenas 2 em seis faces serviam...

Em contraste temos o tipo que faz o combate em igualdade de circunstâncias e rola 2... e pouco depois, contra o mesmo oponente... 2. E qualquer um destes lançamentos lhe poderia dar a vitória se rolasse um pouco melhor.

Não me lixem! Há gente com sorte... Não sei se virá de alguma vibração cósmica, se estará no ADN ou outra coisa qualquer, mas há gente com sorte em certas coisas.

E que importância tem isto? De que modo é relevante para a apreciação de um jogo de tabuleiro? Mais uma vez, depende do que procuramos nos jogos.

Eu gosto de um jogo em que o meu desempenho seja mais dependente da minha capacidade de análise e planeamento do que da sorte ou de eventos sobre os quais o meu controle é nulo. Não me importo que um jogo tenha elementos aleatórios mas prefiro aqueles em que podemos influenciar as possibilidades de que o resultado desses eventos aleatórios nos seja favorável.

Nos exemplos que dei, a utilização de certa mudança ou a adição de canhões são formas de influenciar os resultados. Nem sempre resultam, mas é mais fácil conviver com isso que com situações em que as coisas simplesmente acontecem ou não. E é por isso que jogo os jogos mencionados.

Não tenho nada contra a capacidade que algumas pessoas têm para se divertir com jogos de sorte (ou azar na terminologia mais oficial) como slot machines, roleta, bingo e outros... Eu aposto no Totoloto e no Euromilhões afinal... Mas para mim isso não são jogos na verdadeira essência da palavra. São passatempos, são apostas, são formas de contribuir para uma instituição de caridade, são tentativas absurdas (tendo em conta as probabilidades) para enriquecer sem trabalho. São tudo isso, mas não serão jogos.
Para mim, jogo implica a tomada de decisões, a avaliação de riscos e possibilidades. Nesta perspectiva será "mais jogo" o Totobola que os outros da Santa Casa porque aí é necessário conhecer as equipas, estar mais ou menos ao corrente da forma actual de cada uma para fazer uma aposta (não deixa de o ser...) com mais possibilidades de sair vencedora.

Resumindo, um jogo para ser bom pode ter sorte, mas não pode depender em exclusivo disso. Pelo menos na minha opinião.
Quando falo de um jogo este é um dos aspectos que foco, falando dos factores aleatórios que existem no jogo e de que forma se pode ou não influenciar o peso dos mesmos nas nossas jogadas. Cabe a quem me ouve ou lê decidir do que gosta mais...

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tmgd disse:

Sobre a sorte li há alguns meses o livro "O Factor Sorte" de Richard Wiseman.

Depois de ler o livro, que me surpreendeu pela positiva, houve algumas ideias que considerei bastante interessantes e que retive na minha memória, sendo que uma delas era mais ou menos assim:

Fizeram um estudo a várias pessoas que se diziam com sorte e que ganhavam vários concursos e a outras que se diziam azarentas e que nunca ganhavam nada. O que se verificou foi que as pessoas que se diziam com sorte e que ganhavam vários prémios regularmente também costumavam concorrer a vários concursos semanalmente, enquanto com as pessoas que se diziam azarentas e que nunca ou raramente ganhavam alguma coisa, verificou-se que simplesmente não participavam em concursos ou muito raramente o faziam.

Nos dados (sempre muito ligados ao factor sorte) é um pouco diferente da ideia anterior, mas creio que o que acontece é que temos tendência para valorizarmos muito mais a sorte dos outros e a nossa má sorte, ao contrário do que acontece quando temos sorte e os outros azar em que temos tendência para esquecer rapidamente esse facto.

Não sei se por isso ou se por qualquer outra razão, também prefiro jogar um jogo com pouco ou nenhum factor sorte mas, no entanto, também gosto de ocasionalmente rolar uns dados e esperar que a sorte esteja a meu favor! :D

14 Janeiro 2010 - 10:39


 

Asur disse:

Se chamares sorte a: "no jogo, até à data, a probabilidade esteve mais do teu lado" existe.
Se sorte fôr: "magia que faz com que as probabilidades estejam mais do lado de certas pessoas do que de outras", acredito tanto como em astrologia.

14 Janeiro 2010 - 11:14


 

Rui Conde disse:

Concordo c o Livro, realmente as pessoas c sorte são pessoas q procuram a sorte e isso, nos jogos, mtas vezes é uma má jogada, q um bom jogador n faria e como tal, n procuraria a sorte e n a vai ter.
Para alem de Boardgames, tb jogo Poker e neste, há jogadores q sabem a Estatistica toda e q fazem contas, nunca vão pagar mais do q devem para completar um projecto  c 10% de chances de ser bem sucedido, no entanto, na mesma mesa, vão estar maus jogadores q o fazem e q aqui e ali, vão ser bem sucedidos. Acredito q vão completar o referido projecto 10% das vezes, mas, um bom jogador nunca o fará, n vai correr esse risco idiota.

14 Janeiro 2010 - 14:34


 

dugy disse:

Sorte... o tmgd explanou bem o fenómeno.
Não acredito que a sorte acompanha as pessoas.
Tirando o Tichu, claro. Aí, existe um alinhamento planetário que faz das suas ;)

14 Janeiro 2010 - 17:00

 

[quote=Mallgur]prefiro aqueles em que podemos influenciar as possibilidades de que o resultado desses eventos aleatórios nos seja favorável[/quote]



É sem dúvida o ponto-chave da questão!!

Ah. Sorte. O tema que em jogos de tabuleiro acaba normalmente com sangue, morte e discussões entre as diferenças entre dados de madeira e dados de plástico wink



Acaba sempre por ser uma questão de preferência, há de todos os extremos, quem prefira cair no caos sem sentido e no qual não se tem qualquer mão no próprio destino e quem prefira decisões tão analíticas que quase é necessário ter um supercomputador ao lado para fazer os cálculos. E todas as outras pessoas no meio destes extremos. smiley

essa obscura, mas tão sobrevalorizada, variante da vida.

Pela minha parte, gosto da sorte. Já no que respeita à sorte nos jogos, aí a questão é mais complexa. Por exemplo, eu adoro war games com dados (como gosto sem). Mas muitos jogadores não. Alguns até apreciam apenas os jogos determinísticos, ou de estratégia absoluta. Os jogadores de Go e de xadrez devem sentir um nó no estômago quando vêm dados :). A propósito, há uns anos joguei muito xadrez, e agora já não tenho pachorra.

Mas, convenhamos, toda a vida, toda a história é feita de estratégia, táctica, decisão …e sorte…ou azar (daí o risco da decisão tomada) Se assim não fosse, como poderia ser?

Já agora, embora note que o tema "sorte" seja muitas vezes colocado sobre os jogos, e até sobrevalorizado, nunca vi explorado o tema (para mim mais importante) do "erro".

Em suma, gosto de sorte no jogo, mas não num plano antecipatório da estratégia. Não, primeiro pensar, prever, decidir, tomar decisões. Só depois, aguardar pela sorte do jogo…ou da vida. :slight_smile: