Para a história dos rpg em Portugal I

Já por um par de vezes veio à baila o meu envolvimento com a Torre do Necromante e o seu lugar na história dos rpgs em Portugal, daí eu ter decidido contar a minha visão dessa história. Aqui vai em termos muito pessoais:

Eu tomei conhecimento da existência dos rpgs em 1982 por acaso. Um dos meus entretens de adolescente (18 anos na altura) era ler revistas estrangeiras na Bertrand da baixa porque não havia dinheiro para as comprar. Um dia deparei-me com uma revista francesa chamada Jeux & Stratégies que me fascinou tanto que a comprei. Era um número dedicado aos rpg. Fiquei fascinado com as miniaturas, a descrição do jogo, as críticas de jogos, tudo enfim. Além disso a revista incluía um jogo sem MJ que se tornou o meu entretém e primeira experiência em versão solo. Imaginem um Runebound muito simples centrado na exploração de um casa apalaçada. Esse ainda o tenho assim como excertos da revista.

Passei a comprar a J&S e nesta encontrei um anúncio de outra revista, a Casus Belli, dedicada aos wargames e rpgs. Como a CB não chegava a Portugal, acabei por a assinar. O 1º nº que recebi foi o 9 mas mais tarde comprei todos os anteriores em deslocações a França. A CB começou por ser uma revista de wargames mas evoluiu para uma revista centrada nos rpg, respondendo aliás à evolução do mercado em França.

No verão de 1983 fui a França por um período de 2 meses e meio que incluíu dois meses a trabalhar numa pizaria em Lion. Isso deu-me capital para comprar o meu primeiro jogo. Com base nas críticas da J&S e da CB optei pelo RuneQuest 2. Na altura comprei também a minha primeira extensão, a caixa Pavis, excelente. E uma caixa de minis do RQ produzidas pela Citadel, a empresa de minis detida pela Steve Jackson que está na pré-história do Warhammer minis.

De volta a Portugal continuei a deparar-me com um problema. Os meus irmãos e amigos não tinham interesse no hobi, não tinha com quem jogar. E assim foi por mais um ano.

Até um dia, de regresso à Bertrand da Baixa. Estou, como era usual, a folhear revistas quando me chega aos ouvidos uma conversa sobre... RuneQuest. Olho e vejo um par de tipos da minha idade em amena cavaqueira. Meto conversa e confirmo que são roleplayers, logo por coincidência do jogo que eu tinha comprado!

Juntei-me ao seu grupo, mas isso fica para um segundo artigo.

Sérgio

Venha de lá o segundo artigo…! =)

Eu sei, eu sei. Trabalho novo, começo de ano lectivo das crianças, muitas outras coisas e não há cabeça nem tempo para o hóbi. Nem a sua história, nem outros projectos...

Sérgio Mascarenhas

PS Enfim, sempre vai avendo um pouco de tempo para um projecto que por enquanto é só meu, diga-se de passagem.