Hmm, mais leitura interessante e provocadora de novos pensamentos… Como seria um RPG sem quaisquer elementos fantásticos, sobrenaturais, de ficção científica, etc.? Apenas pessoas normais em situações difíceis:
Swimming with sharks: Story now (Matt Snyder) - I wrote a blog post recently called “Lasersharking my ass.” I was very surprised to hear some pretty negative reactions in comments there and on another blog or two about the topic. So, I’m interested in taking a fresh approach… [The 20’ By 20’ Room]
Eu próprio estou-me regularmente nas tintas para super-poderes (embora o nosso António pareça achar que é impossível não gostar, eheh), armas ultra-poderosas, jogos de poder, etc. Já me conhecem! Mesmo no PTA dou nas vistas. Sou o tipo que diz que as relíquias da nossa série televisiva - supostamente o cerne dos episódios - são apenas a “desculpa” para disfarçar (só um bocadinho) o facto de aquilo é suposto serem as estórias de de pessoas mais ou menos normais em situações com as quais qualquer um de nós se consegue relacionar, mas acho que ninguém me liga muito a julgar pelo impacto relativamente menor que as “issues” dos personagens têm tido no desenrolar da série.
O que eu acho e acredito mesmo é que os elementos de géneros com Fantasia, Ficção Científica e Terror podem ser incrivelmente úteis para criar o tipo de situações difíceis onde o “dífícil” pode ser facilmente elevado em vários graus de dificuldade para realçar tudo e mais alguma coisa.
Por exemplo, se ser um dos protagonistas principais de Romeu & Julieta já é um desafio angustiante, ainda mais intenso seria estar no papel de Romeu ou a Julieta no meio da Terceira Guerra Mundial, separados não só por uma guerrinha familiar mas também por centenas de quilómetros de ruínas radioactivas! A principal razão pela qual a mini-série do remake da Battlestar Galactica me agradou tanto foi, exactamente, a quantidade incrível de bangs por metro quadrado que há para explorar quando toda a civilização cai em pedaços perante um inimigo impossível de combater. Aliás, estou à espera de viver algo semelhante na mais recente campanha do Jota, lá mais para a frente quando as coisas começarem a ficar negras para a Humanidade: 2300AD - Invasão. Vamos ver.
Mas a questão também tem outro lado… alguns dos livros e filmes que mais me impressionaram tratam de situações perfeitamente normais. As minhas obras favoritas do meu escritor favorito, Stephen King, são quase todas histórias de pessoas perfeitamente normais em situações “difíceis”, é verdade, mas que podiam acontecer a qualquer um de nós, hoje, amanhã, ontem. Mesmo nos livros “sobrenaturais” do King, o que me diverte mais é, de longe, a parte das pessoas normais que tentam fazer as suas vidas face aos azares e caprichos do destino. O sobrenatural é algo de perfeitamente secundário, e o próprio King ter tido desde sempre uma noção mais ou menos perfeita disso. Acho que é por isso que me agrada tanto.
Em resumo, acho que as duas abordagens são perfeitamente válidas. E que, como em tudo na vida, se devia fazer poder variar entre elas para não cair na rotina ou, pelo menos, para se poder fazer uma escolha informada. E se da primeira já temos muitos jogos para as explorar (o que não quer dizer que muitas pessoas os explorem dessa forma, infelizmente para mim), da segunda… da segunda… hmm, parece-me que há ainda um longo caminho a percorrer. E portanto que venham de lá esses jogos sobre pessoas normais e os seus fins-de-semana “normais”. Diz Matt Snyder nos comentários do seu post:
“I’m talking about, oh, say the weekend in which I found out my fiance was miserable with the prospect of marriage and being tied down. Or, the weekend I went home to tend to my family’s estate a couple months after my father died, and ran into my old classmates. Or, maybe the time I found out I got into medical school on the same day my brother got shipped off to Vietnam. And we never spoke again. Or, how about the doozie when I ran for mayor, hilarity and geriatric romance ensues.”
Hmm, parece delicioso. Quero dois de cada!