Pissed Off

https://firepigeon.smugmug.com/photos/1023258127_V7jN6-X3.jpgEle há cenas neste hobby que me chateiam terrivelmente e passam normalmente pela forma como as pessoas olham para determinadas mecânicas ou componentes e as classificam automaticamente como minorantes dos jogos. Ou seja sempre que aparece um jogo com uma destas mecânicas ou um destes componentes, o jogo é automaticamente rotulado de lixo. Mas não é só isso. É também as atitudes que se vêm muitas vezes à volta de uma mesa de jogo, por forma a demonstrar os intelectos superiores, os ditos iluminados.

- Dados e a sua correspondente aleatoriedade - UI!!! É logo o primeiro da lista pois é aquele que mais está associado a estas atitudes. Basta um jogo ter dados nos seus componentes para existir pessoal que se recusa a joga-los. Normalmente a desculpa esfarrapada é: eu não tenho sorte aos dados, ou: a pessoa Z vai jogar e esse tipo nem precisa saber jogar para ganhar, uma vez que os dados fazem tudo o que ele quer!!! Fenomenal!! Um jogo tem de ser um exercício matemático e previsível senão não é jogo. Coloque-se uma pontinha de imprevisibilidade e fogem que nem ratos a abandonar um navio, recusando-se a aceitar que simplesmente não sabem lidar com situações imprevistas, e adaptarem-se às alterações fora dos seus planos.

- Miniaturas e componentes de plástico - nem sei como é que é defensável a atitude de que se um jogo tem miniaturas ou componentes de plástico então automaticamente o jogo é rotulado de menor ou menos interessante. Felizmente que as editoras de jogos começam a ter dinheiro para deixarem de incluir lenha nos jogos e apostarem em componentes à séria.

- Choramingas - Yap!! Aquele jogador que nem ainda o jogo saiu da caixa e já se está a chorar que os outros se vão coligar contra ele, e que todas as jogadas são para o lixar!! Chiça!! E se perder? É de certeza porque os outros não sabem jogar e porque só tiveram sorte durante o jogo todo. Esta é daquelas coisas que me irritam solenemente.

- Ah e tal...isto é mais que um jogo, é um exercício de inteligência superior - mas será que não percebem que se não é um jogo, imediatamente não pertence a este hobby? Se um jogo é um esforço para o jogar e não tras divertimento, então não é um jogo, e para isso basta o trabalho para por melões na mesa. Isto não põe melões na mesa, logo não vale a pena o trabalho que dá!

- Se está ao alcance das massas é porque é mau - Arre!!! Aqui à uns anos atrás o Settlers of Catan era considerado dos melhores jogos modernos, mas com os seus mais de 15 anos e já muito ao alcance das massas, é agora relegado para segundo plano, como se tivesse passado a cheirar mal. Como este, existem outros que o intelecto superior desdenha só porque o filho do vizinho da mulher da limpeza até o já pode ter jogado. É o gosto por pertencer a uma minoria, de dizer mal só porque todos os outros comuns mortais gostam.

- Tem expansões - Sim e depois? Qual é problema com isso? Se as mesmas trazem consigo maior re-jogabilidade, se trazem mais opções e não se limitam a ser correcções ao jogo-base, qual é o mal com isso? Só porque tem expansões, o jogo é logo rotulado de mau? Porque carga de água? Muitos ficam sem conhecer um jogo (e as suas expansões) só por causa desta atitude.

- Tem demasiado tema - Porreiro, joguem abstractos, já que não conseguem ver para lá do design gráfico, apresentação e componentes do jogo, ou seja tudo aquilo que visualmente atrai o comum dos mortais (ahh é verdade quem diz isto não encaixa nesta categoria de comum mortal!! São os iluminados!!). Aliás, acho que mais do que o jogo do galo (mau exemplo, este tem tema no titulo, eu sei! :P) qualquer jogo tem tema. More power to you!!

- Demora muito tempo - Mas divertiram-se a joga-lo ou não? É ou não é isso que interessa? Afinal mede-se a participação neste hobby numa noitada que só é boa se se jogarem 10 jogos em 6 horas, ou se apenas se jogar um jogo nessas mesmas 6 horas? Afinal quem se diverte mais?

- Estou mais de 5 minutos à espera que seja o meu turno outra vez - Opah!!! Vão jogar matrecos se não querem downtime!! Por norma é o tipo que não consegue ir imaginando que jogada vai fazer enquanto os outros estão a fazer os seus turnos, naahh, é demasiada confusão pensar e ver os outros a jogar ao mesmo. Acho que precisam de um upgrade ao processador.

- Tem demasiadas pecinhas - É ver o pessoal a fugir dos jogos com mais de uma dúzia de peças, como se estas tivessem a peste. Parece-me mais um problema de pouca capacidade de processamento e de memória do que outra coisa qualquer. Como no anterior, acho que precisam de um upgrade, mas desta vez geral.

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Cada um tem as suas queixas, estas são algumas das minhas, mas fica tudo esquecido quando a companhia e o jogo são bons, e nos estejamos todos a divertir, que é o que procuro em qualquer bom jogo de tabuleiro.

Manuel Pombeiro
aka Firepigeon
LUDO ERGO SUM

Se bem que também tenho a minha opinião sobre todos os outros pontos vou só falar sobre o primeiro.

Não tenho medoo nenhum de dados aliás, dados, cartas e qualquer outro mecanismo que adicione alguma aleatoriedade ao jogo. Gosto do sentimento que se tem ao planear uma jogada mas sabendo que vem ai "algo" que pode virar o meu plano às avessas.

No entanto não gosto daqueles jogos que são uns autênticos maralhais de aleatoriedade onde a minha acção quase não tem impacto no decorrer do jogo. Por outro lado também não gosto do jogo bafiento que se joga 2 ou 3 vezes e é tão determinísico que a partir da 4ª vez se joga sempre da mesma maneira.

Esta questão da aleatoriedade é bastante engraçada, já que nos jogos de vídeo a falta de aleatoriedade (tipo inimigos que aparecem em sítios diferentes, IAs a comportarem-se de maneiras diferentes perante a mesma situação, etc) normalmente tornam o jogo completamente impossível de jogar pela sua previsibilidade.

Acho que no fundo em tudo é necessária alguma moderação, e este último ponto aplica-se que nem ginjas também ao ponto das expansões. Uma expansão bem planeada pode abrir um universo de opções a um jogo, no entanto uma enxurrada de expansões faz-me pensar que só está ali alguém a querer mungir a vaca do dinheiro, ou que o jogo estava tão mal feitinho que são necessários uns "patches" para a coisa funcionar.

Quanto ao demorar "muito tempo", para mim um jogo pode realmente demorar muito tempo para o tipo de decisões que traz, independentemente de me ter divertido com ele ou não, se a uma dada altura estou a fazer exactamente a mesma decisão 5 turnos seguidos possivelmente o jogo traz ali uma falha de design (e isto tanto me posso tar a referir a um jogo de 6 horas como a um jogo de 15 minutos, há jogos de 15 minutos que parecem uma eternidade e jogos de 6 horas que parecem demorar 1 ou 2).

No entanto o que acho que tem acontecido ultimamente é que os designers com medo que os jogadores achem que o jogo demore tempo demais cortam tempo de jogo "à parva" e fazem jogos que demoram tempo a menos.

Enfim acabei por falar sobre mais do que o que inicialmente me propus, no entanto deixo um último pensamento que dá bastante jeito a muita gente (mas que duvido que quem precise de o acatar, lhe ligue alguma): Joguem para se divertir e para divertir os outros. Não joguem obrigados a nada que não queiram jogar. E acima de tudo não estraguem a diversão aos outros com atitudes que envergonhariam até uma criança de 5 anos.

--

Estou convencido que o pessoal dos matrecos que frequenta este site (fora de brincadeiras, acho que o pessoal do Subbuteo frequenta) é capaz de não ter achado piada a isto.

Revejo-me um pouco nas discussões sobre rpg (principalmente no ponto sobre superioridade intelectual), mas como não acompanho a cena dos boardgames, não posso comentar mais que isto.

Podes dar alguns exemplos específicos ou isto é coisa para ferir egos?





A planear: D&D 4th Dark Sun

Bom rant de acordo com a própria definição: longo, apaixonado e com pouca lógica. Tongue out

LOL


Não é objectivo apontar dedos mas sim por o pessoal a falar sobre estes assuntos tal como o Tiago já fez.

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Bebe uma cerveja que isso passa. Cool

É assunto, que de tanto se bater na mesma tecla, já não chamusca ninguém.

[quote=Asur]

Bom rant de acordo com a própria definição: longo, apaixonado e com pouca lógica. Tongue out

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Longo e apaixonado talvez, mas tem lógica e faz todo o sentido sim senhor, apesar de alguns pontos estarem abertos a debate. Mas há verdades fundamentais que só não vê quem não quer.

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[quote=Tiago]

Longo e apaixonado talvez, mas tem lógica e faz todo o sentido sim senhor, apesar de alguns pontos estarem abertos a debate. Mas há verdades fundamentais que só não vê quem não quer.

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www.breakingthemagic.com

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Não acho que haja muito a debater, mas se estás com pulmão para discutir "verdades fundamentais", tu chega-lhe. Wink Uma boa é "as pessoas têm gostos/interesses diferentes, who knew?".

Vê-se mesmo que essa malta nunca jogou A Victory Lost! Isso sim, umas boas 5 horas entretido... com algum raciocínio à mistura... aleatoriedade... muuuuuuuuitos componentes... papel cortado a fazer de peças de jogo... um tema profundo... por vezes uns bons 10 minutos até voltar a ser a minha vez a jogar (entretanto estou a levar no lombo, ou a planear um Stavka para dar no lombo ao Pombeiro)... só não tem é expansões, mas também não se pode ter tudo :p

Subscrevo.

Curioso o comentário sobre o AVL (quero dizer, apenas a referência a esse jogo no que me toca). Ainda recentemente o joguei com o Pombeiro. E é o que o Pombeiro diz! Tem muitas pecinhas, tem dados, tem yadayada e tem downtime que eu aprecio para analisar aquilo que o meu adversário está a fazer e pensar naquilo que hei-de fazer. E perdi esse jogo, mas não foi pelos dados - foi porque cometi um erro. Foram umas 4-5 horas de jogo e gostava de ter continuado a lutar se tivesse saído a chit certa. A guerra é imprevisível :P. Joguem o AVL e vão ver o que é um jogo!

Há gostos p'ra tudo.

Muito bom texto .

Podia ser uma crónica de um qualquer site de "jogos de cubinhos" ...

Também gosto de lições de história mas estas "estórias" são bem mais entretidas...

Tenho de reagir a esta arenga que me é claramente dirigida, numa tentativa de me denegrir perante a comunidade de jogadores de jogos de tabuleiro e afins, mesmo se a maior parte dessa comunidade não me conhece pessoalmente nem eu a conheço a ela com a intimidade que seria desejável.

- Dados e a sua correspondente aleatoriedade - como qualquer jogador normal, fui um fanático do Snakes e Laders até entrar na adolescência. Também como qualquer adolescente normal, dei-me então conta das limitações do randomizador aleatório usualmente chamado dados e virei-me para as Damas, jogo que proporciona excelentes momentos sem precisar de dados, a não ser para pôr no uisque do parceiro que se meter com a minha chavala, a ver se ele se engasga e descola da mesa.

- Miniaturas e componentes de plástico - sou ecologista, é verdade. Acho que o plástico não tem lugar nos jogos nem em lado nenhum, com a excepção do saco que uso às vezes para calar a boca às Damas.

- Choramingas - chama-se guerra psicológica, mas apreciadores de dados e miniaturas de plástico nunca atingirão tais níveis de pensamento estratégico.

- Ah e tal...isto é mais que um jogo, é um exercício de inteligência superior - pois, pois, e depois diz que tens falta de Damas. Qual é a gaja que pega num tipo que joga joguinhos de puto, dados e miniaturas de plástico incluídos?

- Se está ao alcance das massas é porque é mau - Claro. Como é que se impressionam as damas com a nossa inteligência superior se até o filho do vizinho da mulher da limpeza joga a porcaria do jogo?

- Tem expansões - digas o que disseres, as Damas são um jogo muito melhor que o Xadrez. Porquê? Porque nas Damas não se puseram com maluquices de irem introduzindo expansões a martelo, como aquela dos cavalos coxos que nem sequer andam a direito. Para não falar da pior de todas que nos atira para...

- Tem demasiado tema - E na maior parte das vezes nem sequer está bem colado. Que história foi aquela de adicionarem ao Xadrez uma expansão onde é uma Dama é quem dá mais porrada? Ao menos as Damas tem o tema na medida certa: só há mesmo Damas, e se jogamos bem, são duas de cada vez! Isto sim, é acerto temático.

- Demora muito tempo - os tipos como tu é que precisam de jogos infindáveis, pois não há Damas que peguem em vocês quando vos vêem a jogar joguinhos de puto em lugar de expressões de inteligência superior. Qualquer tipo normal sabe que todos os jogos são simples fillers antes de uma partida de Damas das boas. Ora um filler não pode ser infindável.

- Estou mais de 5 minutos à espera que seja o meu turno outra vez - se já tivesses passado pela experiência em que o tipo ali ao lado na mesa, não só não engole os dados que lhe enfiaste no uísque, como nunca mais larga a tua Dama, então perceberias a força do argumento.

- Tem demasiadas pecinhas - quando quero jogar com peças tenho aqui uma caixa de Lego e o puzzle da Capuchinho Vermelho. De resto, aplica-se aqui o que disse sobre o tempo.

Excelente!!!

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