Pocket Dragon - "Lobo em Pele de Cordeiro"

Tenho andando a jogar RPG com os meus alunos na sequência de os ter sensibilizado para este hobby afim de participarem uma atividade que irei realizar numa Festa Medieval a acontecer na escola.

Para o efeito decidi correr uma mini-aventura disponibilizada para o Pocket Dragon (a versão ultra-light de uma homenagem brasileira de Dungeons & Dragons old-school chamada Old Dragon - https://www.olddragon.com.br) pois ela permitiu-me experimentar um segundo estilo de jogar RPG com este grupo de alunos de 12-13 anos que só haviam jogado uma vez antes desta. Antes desta sessão eles haviam experimentado Dungeons & Dragons 4ª Edição e apesar de não terem perdido o entusiasmo passadas 2h30m ficaram um pouco preocupados com termos ficado a meio do primeiro encontro de combate e com o facto de eu lhes ter apenas disponibilizado materiais em inglês (depois de me convencerem antes que não seria problema).

Peguei então no Pocket Dragon (que havia acabado de descobrir um dia antes apesar de já conhecer o Old Dragon) e em sua aventura, “Lobo em Pele de Cordeiro”, e corri-a para três dos anteriores cinco jogadores depois eles criarem as próprias personagens, algo que não tinham feito ao jogar D&D. Desde logo eles gostaram bastante da possibilidade de serem mais proactivos (e menos reactivos) ao poderem investigar o mistério e explorar a aldeia de maneira não-linear. As regras são simples o suficiente para se improvisar bastante algumas cenas e acabei por reagir narrativamente ao plano dos jogadores (e suas personagens): depois de falaram com Champs, um dos dois Mestres da Guilda de Criação de Galinhas, cujos animais não haviam sido roubados e mortos de entre os restantes membros criadores, decidiram vigiar uma das casas onde se estavam a roubar galinhas para apanharem o lobo em flagrante!

Um dos personagens, o clérigo halfling, escondeu-se no galinheiro e o guerreiro anão e o ladrão elfo ficaram em locais estratégicos em volta da casa. Decidi introduzir o jovem Luccius, disfarçado de lobo e o executante por detrás dos crimes, a tentar roubar de novo mais galináceos. Pedi aos jogadores Testes de Personagem (para realizar uma ação fora do combate basta os jogadores lançarem um teste com d20 com um valor acima ou igua a 15) para constatarmos se conseguiam ouvir ou ver o falso “lobo” aproximar-se ou no caso do clérigo halfling para ver se ele aguentava o cheiro nauseabundo do galinheiro o tempo o suficiente para descobrir algo.

Ao darem conta do Luccius iniciou-se uma perseguição até à orla da floresta onde o conseguiram rodear e o enfrentar (descobrindo que era apenas um jovem) até este ser atacado pelo ladrão elfo com um adaga no pé e cair inconsciente de dores. O clérigo, devido a este ser um devoto de um deus solar, decidiu curá-lo até recuperar os sentidos e usando esse acto solidário conseguiu convencê-lo a confessar as razões (recorrendo a um TdP) que o levaram a roubar e para quem.

Neste momento apareceu um potencial novo jogador (que nunca havia jogado RPG antes) e convidámos-o a juntar-se a nós. Os jogadores explicaram, recorrendo às personagens, o que se passava e depois de explicarmos as regras este juntou-se nós como sendo o jogador do próprio Luccius, um ladrão humano (dado que não existe classe Ranger no OD mas apenas Homem de Armas, Ladrão, Clérigo e Mago).

Entre personagens ficou acordado que o jovem ladrão para se redimir do que havia feito (pois afinal ele só queria era ver o mundo como os restantes aventureiros) iria juntar-se aos nossos heróis para levar à justiça Renvar, um dos criadores de galinhas e rival dos dois membros da guilda que estavam a ser injustamente incriminados.

Entretanto, para ilustrar as regras de combate e impor assim um ritmo mais “mexido” descrevi uivos na floresta e a aproximação de três lobos que os nossos heróis tão rapidamente derrotaram depois de se terem prontificado a esconderem-se atrás das árvores (cujos TdPs a maioria falhou, menos o ladrão que usou sua habilidade especial).

Eu havia criado as caraterísticas de lobo adaptando-as do Old Dragon normal e acho que os fiz demasiado fracos. Ficou então o mistério, depois de um teste de TdP geral para os jogadores, porque seria que lobos tão jovens e fracos haviam-se aproximando tanto da aldeia.

Depois de resolvido o combate e de modo a acabarmos a sessão os jogadores falaram com o Theo, o criador que lhes havia pedido ajuda originalmente para limparem o seu nome, informando-o das do plano de Renvar e prometeram ajudar a encontrá-lo. Os três jogadores iniciais ganharam 600 xp e jogador do Luccius ganhou 300 xp.

João, gostei muito do teu report e tive a ver o sistema Old Dragon e também gostei muito, achei muito interessante, com muito e bom material. Não sou especial fã de material em português, mas reconheço que em muitas situações, nomeadamente estas que relatas aqui no teu post, dá muitíssimo jeito.

E como também sou fã de pesquisar quickstarts e simple rules systems (embora tenha muito pouca ou nenhuma experiência no seu uso), gostei muito de ler o teu post.

Abraço!

Henrique

De nada! O autor da aventura pediu-me para lhe enviar feedback depois de ver os meus comentáriosn no Twitter, colocou-os no fórum do Old Dragon e eu lembrei-me de postar aqui.

É difícil seres fã de material em Português porque existe muito pouco disponibilizado! Só para arranjar material brasileiro (como por exemplo livros do novo World of Darkness e do Vampire: the Requiem e para não falar de Dungeons & Dragons) é bastante difícil.

Sinceramente, gostava de ver esse panorama mudar para termos mais material em Português que facilitasse introduzir novos jogadores. :slight_smile:

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Pois, não acho que o material em Português (leia-se Brasileiro) seja impedimento para atrair novos jogadores já que muitos poucos jogadores lêem as regras. Isso fica para o GM. E enquanto a palavra operacional for Brasileiro, fico-me pelo idioma do Abana Lança ou do de Gaulle (onde também se fazem muito bons roleplays). Vampiro: A Máscara? Ou essa abominação chamada Rastro de Cthulhu? Já agora porque não Trilho de Cthulhu? /modo rant inofensivo off.

Podia escrever tantos “Não, estás enganado…” em resposta ao teu comentário que decidi escrever apenas esta frase. :stuck_out_tongue:

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Muito boa iniciativa. Algum dos jogadores pareceu-te potencialmente interessado em assumir o papel de mestre-jogo? Quão acessivel poderá ser o material do Old Dragon para isso?

Quando vivia na Índia tive um vizinho inglês, autor de policiais. Um dia deu-me um exemplar de um dos seus livros em tradução brasileira. Confesso que não estava com grande disposição para ler a coisa fosse em que língua fosse, mas quando me deparei com «caras», «moços», «mocinhos» e similares a leitura tornou-se impossível. Não é nada contra o português brasileiro, é só que para mim esta linguagem é linguagem de Pato Donald e Rato Mickey. Não dá para levar a sério num policial. Não dá mesmo, cara. O mesmo se pode dizer dos rpgs.

PS Diga-se também que o Pato Donald e o Rato Mickey perderam toda a piada quando passaram a ser traduzidos para português europeu.

Eu por mim, e depois ter visto a dobragem em Português do Brasil, nunca mais achei tanta piada ao South Park. :stuck_out_tongue:

P.S.: E sim, é um problema teu. :slight_smile:

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Por acaso não se lembraram desse aspecto. Acho que sendo eu professor e o mestre-de-jogo na perceção deles a coisa deve ser provavelmente indissociável.

O Old Dragon Fastplay (uma versão intro do sistema e não tão light como o Pocket Dragon) está mais ao nível da caixa vermelha original da Mentzer com algumas diferenças mais inovadoras.

Ao Pocket Dragon faltam-lhe regras e exemplos de antogonistas, o que torna mais uma ferramenta a usar por quem tem o Old Dragon.

Já agora, na linha do Pocket Dragon (https://www.olddragon.com.br/pocket-dragon/), também já foi lançada uma nova aventura, “O Pequeno Ataque das Formigas Gigantes”, e uma versão das regras para se jogar aventuras épicas chinesas, “Wuxia”.

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