Parece que finalmente temos um grupo de jogadores para jogar regularmente PTA outra vez. Reunimo-nos Domingo passado para acertar agulhas, e optámos por jogar uma continuação da Dirtside. A primeira sessão de jogo está agora marcada para este Domingo. Numa tentativa de tornar Dirtside 2.5 tão memorável como a série original, acho que se exige da parte do Produtor (eu!) algum trabalho de casa.
A ideia é atirar constantemente à cara dos jogadores todo o tipo de escolhas difíceis. É assim que gosto de jogar, e é assim que acho que vou criar à mesa de jogo as situações mais intensas e mais memoráveis. Dirtside I provou-me isso mesmo. Só falta saber se o meu "público" reagirá bem a este estilo de jogar. Tenho três jogadores: a Raquel, o António Padeira e o Rodrigo.
Da Raquel quase nem preciso de falar; ela adora isto, e eu pareço ter algum tipo de telepatia/empatia com ela porque é-me estupidamente fácil, e quase instantâneo, arranjar-lhe dilemas poderosos. Ela agarra-se emocionalmente a certos aspectos do jogo, tornando fácil a tarefa de desencadear nela emoções fortes. Não só isso, como ainda por cima ela nos transmite um feedback excelente sobre o que está a sentir; ninguém à mesa tem dúvidas sobre quando uma situação lhe aperta o coração, por exemplo, porque ela geme! Assim é canja saber onde está aquele sweet spot e como o atingir consistentemente, vez após vez após vez.
Será mais complicado agradar ao Padeira. Sei que está entusiasmadíssimo com a campanha e que se vai divertir imenso; só não sei até que ponto lhe conseguirei criar escolhas difíceis. Ele tem um bocado de tendência a encarar as minhas potenciais escolhas difíceis como desafios analíticos, de modo que, por exemplo, em vez de agonizar sobre qual de duas coisas boas incompatíveis ele vai querer, ele tenta usa a sua esperteza (que já é lendária em vários grupos de jogo) para tentar obter ambas ao mesmo tempo. Isto aconteceu-me nas duas ou três sessões de Sorcerer que tentámos jogar há muito tempo, e voltou a acontecer - em menor grau - ainda na recente sessão de Dirtside II. O problema acho que é mais meu que dele, por não me ter ainda esforçado ou dedicado o suficiente para encontrar o sweet spot que me permite chegar directamente ao coração dele sem passar pelo cérebro. Vamos ver como isto se desenvolve!
Sobre o Rodrigo, pouco posso dizer ou sequer especular neste momento. Jogou Call of Cthulhu comigo, uma vez, há muitos anos... nem eu me lembro disso, nem ele se lembra, o que é óptimo; são menos coisas para ele "desaprender", uma vez que o que se procura aqui é algo diferente e de certo modo incompatível. Não sei o que o emociona (rezo para que ele tenha realmente escolhido um Issue para o seu personagem que ache interessante), mas vou tentar descobrir. Façam figas!
Infelizmente, ter um alvo tão fácil como a Raquel estraga-me: deixa-me muito preguiçoso no que toca a arranjar problemas para os outros jogadores. No entanto, vou tentar contrariar isso; aqui fica a promessa para depois me virem pedir contas.
Enfim, mesmo sem ter tido ainda nenhum sucesso estrondoso com o Padeira, e não ter ideia de como se vai portar o Rodrigo, estou confiante. Acho que temos potencial como grupo, porque somos todos fãs babados da nova Battlestar Galactica, com certeza uma das melhores série de TV do nosso tempo... aliás, o mais certo é abrirmos/terminarmos todas as semanas as nossas sessões de jogo a ver o episódio de BSG que é emitido nos EUA às sextas, aparece na Internet aos Sábados, e aos Domingos costuma estar gravado num CD-RW dentro da minha X-Box. ;)
Engraçado, quando eu era mestre de Call of Cthulhu costumava abordar os meus jogadores depois de saber que eles eram fãs ou não de X-Files. Era meio-caminho andado para saber se iam gostar de jogar Cthulhu 1990s, com todos aqueles mistérios para desvendar e um ambiente pesado e escuro. Hoje em dia, para PTA Dirtside (e não só), seria a Battlestar Galactica que figuraria no meu perfil de candidatos ideiais. Nem sequer é a temática de Sci-Fi Militar que BSG e Dirtside partilham; afinal, o jogador mais entusiasta de Dirtside I depois da Raquel nem sequer gosta de jogar em ambientes Sci-Fi. É mesmo... por causa disto.
Destas escolhas difíceis, e para tirar o máximo partido possível de cada sessão, algumas delas serão planeadas antes da sessão (e usadas quando a ocasião se preste a isso) enquanto outras terão necessariamente de ser improvisadas no momento. Para me ajudar tanto de um modo como outro, tenho duas ferramentas poderosas: o Setting e os Issues.
Era sobre isso que queria escrever e organizar aqui as minhas notas, mas tipicamente perdi-me a escrever longamente sobre assuntos tangenciais (ainda bem que é o meu blogue e não tenho nenhum editor a quem prestes contas, eh eh), de modo que fica para o próximo post. Até breve!