O primeiro dos jogos da minha colecção que voltou à mesa no âmbito deste projecto foi o Tempus.
Este jogo não teve uma recepção auspiciosa na comunidade internacional. Penso, como muitos outros, que tal se ficou a dever a um nível de expectativa desadequado. Muitos queriam um jogo tipo Civilization mas que fosse curto, fácil, bonito e muito profundo e complexo como o Civilization... E quando tiveram apenas duas partes disso ficaram tristes por não terem tudo. A crítica mais comum feita ao jogo é de que o tema está ausente, que o jogo é demasiado abstracto. Raramente esta crítica é suportada com razões objectivas, como normalmente acontece. É sempre difícil encontrar razões objectivas para algo que é, em última análise, subjectivo. Todos os jogos são abstracções, alguns a partir de um tema... Outros nem tanto. Esta relação por vezes é difícil de destrinçar e pode escapar-nos completamente.
Tempus é, de facto, um jogo rápido sobre civilizações, as suas evoluções e conflitos. É fácil de ensinar... Não é muito bonito. Não tem bonequinhos de plástico para guerreiros, padres, edifícios, monumentos, etc... Não tem uma árvore de tecnologias complexa. Não tem a possibilidade de batalhas de dados longas... Mas se as tivesse não tinha nenhuma das duas outras coisas. Ser rápido e fácil.
Muitos andam há muito tempo à procura de algo que nunca vão encontrar... Um jogo para substituir o Civilization que se adeqúe a um estilo de vida em que não se dispõe facilmente de cinco horas para um jogo, sem contar com o tempo que demora a ler e explicar regras com muitas complexidades e excepções e a estudar os poderes especiais conferidos por uma árvore de tecnologias muito elaborada. Pensavam que o encontrariam em Tempus e ficaram desiludidos.
Mas Tempus é um bom jogo se for analisado sem esse nível de expectativa.
Este regresso à mesa foi muito agradável. Todos os que jogaram comigo estavam a jogá-lo pela primeira vez e todos foram capazes de entender e desenvolver estratégias interessantes. O resultado final foi relativamente equilibrado, com dois jogadores a destacarem-se mais e os outros três, entre os quais eu, a disputarem entre si o terceiro lugar de forma equilibrada.
Fluiu bem e foi divertido. Teve momentos memoráveis e, pelo menos para mim, a sensação de evolução de era para era foi interessante. A preparação para as eras seguintes foi uma das preocupações dominantes mas todos percebemos que, por vezes, há que pôr de lado um salto civilizacional e preparar antes para o que se seguirá.
Acho que este foi um primeiro regresso bastante auspicioso.