Este foi o terceiro episódio (ou o quarto, se quiserem começar a contar do Episódio Piloto, que é normalmente designado por episódio zero) da nossa temporada de Heritage. O gang foi o do costume, com a diferença que conseguiram intrigar suficientemente a Raquel para se vir juntar a nós e servir de Guest Star neste episódio.
Impressionante como o tempo passa quando nos estamos a divertir. Parece que ainda ontem estávamos a discutir o que queriamos para a série e neste momento já só nos faltam dois episódios para encerrar a temporada!
E por falar em tempo: 3 horas e meia durou a sessão… outra vez! Eu não digo que as regras têm este efeito de cronómetro sobre a duração do episódio/sessão?
O episódio desta semana foi o episódio spotlight da Ana, que joga a nossa arqueóloga destemida e perita em artes marciais. O issue dela era “grief”, causado pelo desaparecimento inexplicado (e provável morte?) do seu marido há vários anos atrás, supostamente ao serviço de uma encarnação anterior da equipa H1.
O meu Screen Presence para este episódio era 2, mas quis ficar nas sombras e usar o meu poder para ajudar o issue da Ana a brilhar em vez de o aproveitar para criar aquele género de situações que tanto me agrada. É o que se devia chamar “o método Jotapê”, em honra do que o nosso JP fez por mim numa recente sessão de Amber.
Comecei logo a “trabalhar” na sessão passada. Usei o meu Next Week On não para arranjar complicações para mim mas para arranjar complicações para a Ana. Meti um segundo dela a olhar triste para uma foto emoldurada (que só podia ser do seu marido) e cortei de imediato para o patrão da Heritage Foundation a fazer um telefonema a avisar uma pessoa de que “eles vão a caminho”… e quem estava do outro lado da linha era nem mais nem menos que o homem da fotografia. Pimba! Em trinta segundos estabeleci que o marido dela estava vivo e não morto, como se pensava. Para começar, não estava mal, eheh.
Agora estava a aguardar este episódio com muita curiosidade, pois assim que o personagem da Ana apanhasse o seu marido vivo, ia de certeza haver ali muita peixeirada e muita coisa para esclarecer.
Como a Raquel estava a jogar connosco nesta sessão e também precisa de um motivo minimamente forte para se “ligar” temporariamente à equipa, matei dois coelhos de uma cajadada. É que a motivação que eu lhe “arranjei” dava um segundo motivo bem poderoso para haver ainda mais peixeirada entre marido e mulher. A personagem da Raquel era uma mercenária, e os outros personagens estavam curioso sobre o motivo porque ela estava tão interessada em ir com eles de “férias” para a Líbia (não perguntem!) investigar uma pista recente sobre o último paradeiro conhecido do marido desaparecido. Bastou definir uns estrategicamente os meus stakes num dado conflito, fazer um bom uso dos recursos à disposição para garantir que vencia o conflito e pronto: fui eu quem decidi qual era o motivo. E o motivo era muito simples: ela e o desaparecido tinham sido amantes!
É claro que o reencontro esperado acabou por acontecer, e que foi assim um pequeno abalo na escala de Ritcher. Foi engraçado ver os personagens todos (excepto o da Raquel) irem procurar coisas para fazer porque, lá diz o povão, “entre marido e mulher não se mete a colher”!
Bom, espero que a Ana tenha gostado do seu spotlight. Ela acabou por deixar a decisão final ao dados, e estes decidiram que ela se ficou tão desiludida que já não quis saber do marido para nada. Ultrapassou o seu grief, portanto. E substituiu-o pelo mais que apropriado “self-worth”; a sua personagem é agora uma mulher com problemas para acreditar nas suas capacidades e em si mesma, depois de o marido (que já na altura tinha uma amante) a ter abandonado estes anos todos sem uma palavra que fosse. Quanto ao marido, desapareceu rumo ao sol poente junto com a personagem da Raquel que, nas suas próprias palavras, “não se importava de ficar com as sobras”! Desnecessário será dizer que o Fan Mail choveu em cima da Raquel por causa dessa frase!
O próximo episódio é o spotlight do B0rg. Eu não resisti e aproveitei o Next Week On para o tramar bem tramado (espero eu). A relíquia em foco neste episódio tinha sido um medalhão usado por Haníbal (não “o Canibal”, e muito menos o Cavaco Silva), para derrotar uns quantos Romanos e outras coisas. Supostamente tem grandes poderes curativos e, por várias razões e alguma influência minha e do JMendes, o personagem do B0rg acabou por fical com ele no final do episódio sem que mais nenhum personagem se apercebesse. O nosso produtor já tinha criado um Next Week On onde um tipo Coreano mal-encarado (que era suposto ser o Nemesis do personagem do B0rg, mas que só apareceu agora) ameaça com uma faca uma amiga do personagem do B0rg para que ela o leve até ele. Bom, eu limitei-me a mostrar um segundo do Coreano e da rapariga a entrarem no apartamento do B0rg e de ela a gritar para avisar o B0rg para ele fugir; depois é um corte rápido e está o personagem do B0rg a olhar o cadáver azulado da sua melhor amiga(?), com o medalhão na mão. Por trás dele, está a nossa arqueóloga favorita, que o avisa: “Sabes o que vai acontecer se usares isso para a trazer de volta, não sabes?”
Portanto presume-se que os poderes do medalhão não são nada inócuos e que haverá consequências graves para alguém (provavelmente muitos “alguéns”) se o B0rg usar o medalhão para ressuscitar a sua amiga. É um bang instantâneo! Só falta o produtor (ou alguém) misturar a água, ou seja, arranjar umas “consequências graves” que realmente darão ao B0rg um dilema crucial sem respostas fáceis. Isto é canja! Espero agora que o B0rg se diverta com a situação no qual o entalei, eheh, e que nos divirta a nós, a sua audiência atenta.
A Raquel parece ter ficado fã do jogo. Ela até já conhecia um pouco, porque já tinha começado a ler o livro de regras que lhe emprestei no outro dia, mas ver aquilo em acção é algo completamente diferente. Parece ter ficado, também ela, maravilhada pela mecânica do Next Week On. Somos bem capazes de ter algo do estilo na nossa campanha de Amber quando regressarmos à actividade. É que além de ser um conceito fabuloso, é uma ajuda enorme para ela como GM que nunca sabe bem o que vai acontecer nas sessões tão complexos e inconstantes são os jogadores! Assim sempre tem um fio condutor, que os jogadores se vão esforçar por seguir para ligar os pontos que eles próprios definiram.