Quando as coisas correm inesperadamente bem...

Fiquei de tal forma surpreso com o desenrolar da nossa última sessão de D&D que achei por bem partilhar dois dedos de conversa com os interessados.

Eu sou o tipo de DM apologista da boa preparação das campanhas de role, achando que o improviso é excelente mas que não dá tão bons resultados como o trabalho e a preparação. Felizmente para humanidade, por vezes até eu me engano... Smile

Então a situação aconteceu na nossa campanha a decorrer nos Silver Marches (Forgotten Realms). Supostamente, os PC queriam ir ao acampamento dos bárbaros dar uma olhadela numa tapeçaria antiga que poderia, ou não, guardar um segredo.

O pobre e inocente DM pensa o seguinte: "Bem, isto é pacífico... eles chegam lá, fazem um bocadinho de role para negociar com os bárbaros, olham para o tapete e vão-se embora, até porque o real destino deles são as Night Trees onde têm um confronto marcado com um evil druid..."

Até aqui estava tudo bem... o que eu não contava é que o meu clérigo caído em desgraça se envolvesse numa discussão teológica com o comandante da tribo. Pelo meio da troca de mimos, a conversa resvala para o bárbaro a ridicularizar o clérigo e a defender a supremacia do seu deus - Tempus, deus da guerra. O clérigo decide pressionar a argumentação, e no calor da disputa eu lembro-me de o desafiar para um duelo, que ele aceita.

O jogador até fica contente, pois sendo um clérigo/weretiger está plenamente convencido que consegue lidar com um mero bárbaro. O problema é que o bárbaro, além de ter mais 2 níveis do que o clérigo... é ele próprio um werewolf! E isto não foi impingido por mim, pois o NPC vem mesmo descrito no livro de recursos!

Em pouco tempo, o que eu sempre assumi que seria apenas um ponto de paragem temporário, escala para um grande banquete, com longas piras a iluminar a noite fria das montanhas, e os bárbaros a dançar e a tocar tambor, aos quais se juntou o monge do grupo, ele próprio de ascendência bárbara e praticante de um estilo de dança único.

Chega o momento do duelo, e os contendentes colocam-se na arena. Eu passo os olhos rapidamente pelo PHB, um pouco nervoso por não ter quaisquer estatísticas preparadas para esta personagem, dispondo apenas da referência que vem no livro de recursos: Morgwan, CE human Brb 7 werewolf. Faço umas contas rápidas e começa o duelo.

Eu começo a pensar: "Ele não vai aguentar... o bárbaro é mais forte... tem o dobro dos HP... e ele nem desconfia que o bárbaro também é um licantropo... vai levar uma tareia...". O clérigo, mal leva uma porrada, transforma-se em weretiger, convencido que acaba de ganhar uma grande vantagem, mas em resposta a isso o bárbaro também revela a sua natureza. O duelo desenrola-se com o clérigo a levar forte e feio e a ter que usar os seus feitiços para recuperar os HP. Chegamos a uma situação em que o clérigo/weretiger é encostado ao limite da arena, e está grappled pelo bárbaro/werewolf, tem apenas 2 HP e basta o bárbaro empurrá-lo para fora da arena e este perde o duelo. É então que, quase em desespero de causa, o clérigo decide entrar em opposed grapple checks e strength checks para tentar levantar o bárbaro e atirá-lo por cima do seu corpo, para fora da arena. Lançamos os dados... e empatamos o strength check! Surprised Ficámos de tal forma surpresos pelo sucedido, que decidi que ambos rebolavam para fora do limite da arena e empatavam. Foi um episódio memorável, que levou inclusive no dia seguinte a que a ranger da tribo oferecesse ao clérigo um manto de pêlo (survival +10) como prova do respeito da tribo, uma vez que nunca o chefe havia sido vencido.

Em suma... nunca me passaria pela cabeça que o episódio no acampamento dos bárbaros pudesse ter este desfecho, mas creio que no fundo é isso que nos vicia em role-play! Smile

 

Como já levei porrada neste fórum por colocar actual plays, deixo o convite a quem quiser visitar a página que tenho estado a fazer para a campanha:

https://jrc589.googlepages.com/

Acho que fizeste uma boa adjudicação do resultado do role de grapple, eu nunca me teria lembrado disso e provavelmente teria narrado a cena como os dois combatentes manterem-se frente a frente a fazerem força com os braços para tentar desiquilibrar o outro e pedia outro role (o que seria uma seca).

Dessa maneira conseguiste fazer a história avançar de uma maneira engraçada, porque criou uma espécie de impasse entre os dois personagens que pode ser resolvido no futuro de várias maneiras diferentes (verdade que se um tivesse ganho isto também podia ser explorado, mas desta maneira parece-me mais apelativo em termos de história).

"the drunks of the Red-Piss Legion refuse to be vanquished"

pormenor excelente! gostei imenso!

A pena é que o clérigo é capaz de não ter aprendido a lição... mais tarde ou mais cedo mete-se noutra disputa teológica.... Wink

Sim Senhor! Optimo improviso! :wink:

eu sou jogador de D&D ha relativamente pouco tempo e actualmente estou a jogar uma aventura de FR. tenho andado a investigar a possibilidade de me tornar um licantropo sendo que o weretiger foi o que me chamou mais a atenção. será que alguém me poderia elucidar quanto a esta questão?

Não sei ao certo qual é a questão, mas creio que estás a perguntar se podes fazer um weretiger? Se é isso, a resposta é sim. Basta ires ao Monsters Manual e tens lá as indicações todas quanto ao que fazer.

No entanto, discute isso bem com o teu DM, pois no caso do weretiger em específico, ele ganha +12 de força quando se transforma, o que é um abuso! O que eu fiz foi "negociar" com os meus jogadores, e no caso do weretiger dei-lhe as mesmas estatísticas do que um werewolf, com algumas diferenças obviamente (senão era o mesmo que ter um werewolf).

 

"A minha pátria é a língua Portuguesa!" - F.P.

ah agora percebo o porque do cleric ter levado porrada tao facilmente. o meu medo e precisamente k o meu DM me faça algo semelhante mas acho k a solução passa mais pelo LA e nao pelo numero de bonus de Ability Pts. mas obrigado na mesma.

Ele também poderia ser um shaper estilo dos de eberron :wink:
Excelente decisão e belo improviso!
Estou a ver que isto de clericos problematicos é mal comum!

Na realidade, tudo isto começou com uma daquelas situações em que "o tiro sai pela culatra" ao DM...

Digamos que o dito clérigo era um seguidor de Moradin (deus dos anões em Forgotten, e Lawful Good), e quando a party enfrentou os licantropos, eu atirei a weretiger para cima dele. A amiga mordeu-o e ele falhou o fortitude save. Vai o DM (leia-se: esta besta que vos escreve! Laughing) e pensa: "Bem... ele é um clérigo Neutral Good, seguidor de Moradin, por isso de certeza que se vai querer curar da maldição da licantropia...)

Pois... ou se calhar não! Então o gajo decide - pelas palavras dele - "Abraçar esta dádiva de Moradin para dar caça aos clérigos de Bane!". Este é um daqueles clássicos momentos em que o DM pára 10 segundos no tempo e fica: Surprised

Ora... eles vão ao MM, consultam as estatísticas para weretiger, e quando chegam ao confronto final da primeira campanha (onde eu esfregava as mãos maliciosamente com um drider à espera deles - estavam todos em nível 4), e de repente vejo o miau a fazer carne picada do drider... Como isso era altamente prejudicial para a campanha, eu conversei com o jogador e adaptámos os números de forma a ficarem equilibrados.

Acho que e uma solução que agrada a toda a gente, pois ninguém deve estar em D&D para "ser mais forte que os outros". Se é essa a intenção, então estamos a falar do jogo errado.

 

"A minha pátria é a língua Portuguesa!" - F.P.

A tua solução acabou por ser boa, da proxima manda um were evil para cima dele e nao um neutral :wink:

Faz-me lembrar de uma vez onde no meu inicio como DM em 2nd edition logo no inicio da campanha já estava a dar full plate mail a todos da party…

À pala dessas, os meus estão todos em nível 6 e o melhor que têm é longsword +1. Laughing E ai deles que chorem!

Na realidade conseguem-me mitrar forte e feio com uma simples wand of mage hand... Undecided

P.S. O were era mesmo neutral evil, daí após ele ter decidido ficar com a "maldição" eu lhe ter dito que o alihamento dele mudava de NG para TN.

Não quis ser demasiado extremista...

Mas depois fiz-lhe a vida negra e levei-o a ser expulso da Ordem de Moradin... Cool

 

"A minha pátria é a língua Portuguesa!" - F.P.