Questionário: As perguntas a que sempre quis responder

De vez em quando gosto de ver as listas do BGG. Na maioria das vezes são uma perda de tempo, mas um dia prometi a mim mesmo que deveria aproveitar algumas delas, principalmente quando não tenho nada para escrever e prefiro passar os dias deitado no sofá a fazer zapping vertiginosamente em vez de trabalhar e escrever coisas originais que maravilhem uma legião de leitores que sinistramente apreciam passar por aqui entre a consulta de um e outro site pornográfico mais atrevido, alguns deles envolvendo repteis e anões.
Às questões que se seguem já todos os jogadores tentaram responder quando perdidos nos seus pensamentos. Enquanto estão numa fila de trânsito, quando estão preste a adormecer ou mesmo enquanto estão na casa de banho e lhes falta uma revista para lerem. Agora, graças a nós, têm a hipótese de partilhar as suas ideias na comunidade. Seja como for esta pequena compilação tem a autoria de Mike Marmont.

Aqui vai o questionário:

1 – Será Puerto Rico realmente o melhor jogo?
A simples resposta a esta questão pode originar merecidamente uma tese universitária. Existem manuais na Internet sobre a melhor forma de jogar Puerto Rico que têm umas 50 páginas, daí se pode concluir que o jogo é muito mais complexo do que o que se pensa. Seja como for já aqui lhe fiz uma crítica e realmente acho que merece o título. Não é o meu jogo preferido, nem pouco mais ou menos, mas é sempre um prazer jogá-lo e sempre o será, porque a sua mecânica é genial e consegue agradar a toda a gente. Este clássico consegue sintetizar nele todas as virtudes dos eurogames.
Eu posso-me considerar, com algum orgulho, o pior jogador de Puerto Rico do mundo e não vou descansar, dentro da racionalidade é claro, enquanto não ganhar um jogo aqui ao Zorg que joga que se farta.
A minha resposta é, portanto, sim.

2 – Ainda se joga Catan?
Catan tem vindo a cair drasticamente no top do BGG. É considerado por muitos como um clássico. É merecido, porque na verdade o é, mas à medida que o tempo corre e a indústria vai evoluindo, Catan não parece tão atractivo, embora para muitos, os clássicos nunca envelhecem.
Desapareceu dos Tops pessoais e já não vejo ninguém a jogá-lo. Seja como for continua a vender e isso deverá querer dizer alguma coisa. Mas eu já não lhe consigo pegar.

3 – Analysis Paralysis: Motivação ou tortura
Este é talvez o assunto a que ando mais sensível. Bem sei que há quem goste de ganhar e que a jogada perfeita existe, mas estar 10 minutos á espera que um jogador veja todos os ângulos e calcule todas as consequências para cada uma das suas possíveis opções é realmente estragar-me a experiência. Chega ao ponto de se tornar insuportável e um jogo que em média demoraria 90 minutos tem tendência a arrastar-se para o dobro. Admito que numa ou outra fase uma pessoa esteja mais receosa, mas em todas as jogadas fazer os outros esperar é francamente irritante. Meus amigos, se são acusados de demorarem muito tempo a fazerem as jogadas é porque, de facto, demoram muito tempo e estão a estragar o jogo aos outros jogadores. Levem este tipo de comentários a sério, ou muito provavelmente mais ninguém vai querer jogar convosco nos próximos 10 anos.

4 – Jogar com a namorada/esposa/namorado/marido
Terá alguma piada? Este tipo de proximidade funcionará em jogos de negociação?
Há quem diga que é o suficiente para salvar um casamento e há quem diga que prefere estar em aventuras sexuais em vez de estar a gastar tempo a lançar dados com o cônjuge.
Eu, felizmente, tenho a sorte da minha namorada odiar jogos de tabuleiro…:slight_smile:
Seja como for, nos jogos que envolvam negociação, a existência dum casal na mesa estraga quase de certeza a experiência.

5 – O tema é importante?
Eu pessoalmente gosto de temas e que os jogos assentem bem neles, mesmo que o jogo seja abstracto e possa, nesse sentido, funcionar tanto em alhos como em bugalhos. Não gosto muito de colagens à pressão e sem sentido. Mas também há o reverso da medalha. Os jogos do Knizia são péssimas colagens e muitos deles são brilhantes.
Mais importante do que esta questão é que o jogo traga com ele mecanismos inteligentes e motivantes para o jogador.

6 – Knizia Vrs Kramer
Gosto dos dois, mas sou muito mais vezes surpreendido pelo Knizia, muito embora aceite que não seja um designer do agrado de todos e nesse sentido o Kramer possa ser mais consensual e os incontáveis prémios que ganhou até agora sejam prova disso. Voto no Knizia.

7 – Joga sempre da mesma cor ou não tem preferência?
Esta pergunta é estúpida, mas engraçada. Gosto de jogar dos amarelos, mas não faço birra se não jogar deles. Mas gosto do efeito que dão no tabuleiro. É estúpido, eu sei, mas pronto.

8 – Qual é o melhor jogo de Richard Borg: Memoir 44, Commands and Colors ou Battlelore?
Só ainda joguei ao Commands e é brutal. Mas também sinto uma grande curiosidade em relação ao Memoir 44 que já li umas regras e pareceu-me também ele bastante bom, além de que a forma de jogar me parece diferente.
O Battlelore não achei muita piada ao facto das miniaturas virem todas da mesma cor. Apesar de todo o aparato não gostei de olhar para o tabuleiro e diferenciar uns dos outros pelas bandeiras. Prefiro os cubos do Ancients.

9 – Jogos de Guerra: Os verdadeiros jogos ou a verdadeira chatice?
Tenho vindo a olhar para eles com outros olhos. O problema de muitos deles é que exigem um envolvimento grande por parte dos jogadores. Arranjar tempo para ler as regras e estudar o manual e também ter um amigo que se preste ao mesmo pode ser uma missão algo difícil de completar. Mas, entretanto, apareceu o senhor Richard Borg que facilitou em muito este problema. Agora em apenas 40 minutos podemos fazer uma batalha histórica sem grandes esforços.

10 – Cooperative Games: Sim ou não?
Nunca joguei a nenhum por isso não me vou pronunciar muito sobre o assunto. Mas ao ver muita gente a jogar Shadows over Camelot parece-me que dão mais prazer do que estava à espera e que têm uma repetitividade bem superior ao que julgava. Terei de tirar as minhas próprias conclusões brevemente.

11 – Serão as miniaturas necessárias nos jogos de tabuleiro?
A minha resposta é SIM. Não há nada como as miniaturas para tornar a experiência encantadora. Parte do sucesso do Ticket to Ride vem das miniaturas. O Railroad Tycoon é um colosso com aquilo tudo em cima do tabuleiro. Valerá a pena pagar mais uns Euros para ter mais tralha?
Obviamente, SIM!

12 – Dados: Os maus da fita?
Eu não sou fundamentalista, gosto da lançar de vez em quando os dados. Mas sou mais adepto das cartas, parece-me que é um mecanismo mais sensual de distribuir a sorte. Uma coisa é certa, os jogos que utilizam dados têm tendência para diminuir o bug “Analysis Parlysis” e isso pode significar acabar a partida a horas e não desmaiar de fome.

13 – Jogar pela Internet. Vale a pena?
Não jogo. O nervosismo dos jogadores online para fazer um jogo de Puerto Rico em 5 minutos irrita-me tanto como o Analysis Paralysis.

14 – É aceitável continuar a jogar monopoly?
Aceitável é, mas qual é o objectivo? Acho o Monopólio bastante dependente da sorte. O dinheiro pode cair do céu sem que um jogador faça nada por isso. Tem uma coisa boa, a parte negocial mas, que por si só, não justifica perder tempo com ele.

15 – Age of Steam ou Railroad Tycoon?
Isto é como perguntar se nasceu primeiro o ovo ou a galinha. Venha o Diabo e escolha. Adoro os dois jogos. Os dois têm muitas virtudes e poucos ou nenhuns defeitos.
Qualquer dia, quando jogar novamente aos dois vou-me debruçar sobre esta resposta, por enquanto marco um X. Ficam empatados.

Mas porque raio isto nao vai para a primeira página?
E logo eu que sou tão exibicionista!