Redes Sociais de Roleplayers

Depois de ler algumas coisas sobre Redes Sociais pensei em como as redes sociais de jogadores de RPG afectam não só a experiência de jogar como também a disseminação e divulgação do hobby.
A teoria diz que os grupos de pessoas e a sua transmissão de ideias, confiança e afinidades pode ser comparada a uma rede em que cada um das pessoas é um “nó” que se liga a vários outros “nós” fazendo-se mostrar como sendo uma tapeçaria em forma de comunidade.

E como é que isto se relaciona com o RPG?

Bem acho que para alguns, os roleplayers, enquanto comunidade de jogadores de RPG (quer sejam mestres de jogo ou jogadores de personagens) assemelha-se mais a um caldo primordial de células que esbarram de vez em quando umas nas outras e de vez em quando criam seres pluricelulares. Considerando o Mestre de Jogo o núcleo da célula pois os demais jogadores do grupo de jogo gravitam à sua volta, “atraídos” por uma historial de jogo que em muitos casos é maior que a soma das experiências colectivas de jogo e centrado na autoridade criativa do mestre atribuída pelos restantes bem que esta analogia até possa fazer sentido. Complementando o facto de que a experiência de jogo ser única para cada grupo e de difícil de comparar entre grupos de jogos mesmo quando jogam o mesmo RPG não é difícil de perceber que a diferença entre “nós” da rede não crie comunidades maiores e mais permanentes, as “espirogiras” da metáfora.
Contudo se considerarmos os roleplayers como fãs de RPG em todos os sentidos e não só como elementos de grupos de jogo semelhantes aos que descrevi, cuja orgânica seja originária da natureza do jogo que jogam ou de outros factores (maior conhecimento de causa de um dos jogador face aos outros, responsabilização selectiva da capacidade de entretenimento, dinâmica social, etc.) a imagem que nos é relatada pela teoria da Rede Social assenta que nem uma luva. A questão é como ligar todos os nós entre si e maximizar estas ligações de maneira a criar uma comunidade que cresça de maneira sustentada e sem grandes custos de modo a que eventualmente abranja a cidade onde moro, Almeirim, e me permita ter um grupo de jogadores à disposição.

A primeira hipótese é a Internet 2.0, e o seu potencial de troca de conteúdos, com redes sociais já bem estabelecidas no domínio público tais como o Hi5, Facebook, MySpace, e tal. Nesse sentido decidi reforçar a minha presença na Internet como roleplayer criando grupos de interesse de RPG a nível nacional nessas redes ou postando anúncios acerca da minha disponibilidade e interesse em jogar ou explicar em grupos locais mas sem foco definido (tipo o grupo “Almeirim” no Hi5). Sei que sem grandes referências e explicações do que raios é o RPG e com a inevitabilidade deste ser interpretado como um CRPG (Computer Roleplaying Game) ou um MMORPG vai ser mais difícil converter o meu esforço em jogatanas efectivas.

Já há uns quantos anos que sou colaborador activo de uma comunidade on-line portuguesa de RPGs e Boardgames, o Abre o Jogo. Esta comunidade usa a plataforma Drupal, baseia-se nestes princípios do 2.0 e contribuiu muito para a troca de ideias e contactos entre roleplayers o que culminou em encontros públicos e alguma iniciativas de sensibilização ou criação de novos grupos. Por outro lado o que Abre o Jogo me tem mostrado e depois constatei noutro site ainda maior sobre o RPG, o RPG.net é que a pequena percentagem de roleplayers que contribuem em fóruns e tal é ela própria uma fracção marginal de todos os roleplayers. Depois de inquiridos num thread sobre quantos elementos do seu grupo de jogo eram membros activos na internet a maioria dos utilizadores eram os únicos a fazê-lo. O site do Abre o Jogo já me o havia demonstrado exactamente isso desde que comparei mentalmente a lista de membros que são roleplayers e os restantes jogadores de RPG que conheço que não participam no site mesmo conhecendo-o ou não.
A Internet tem um grande potencial de aproximação mas não pode ser a única opção pois é apenas mais um meio de comunicação, uma espécie de passa-palavra (“bate-boca”) glorificado, com direito a alguma distorção e “ruído” se efectivamente tivermos em conta a tensão causada entre ideias diferentes na sua dinâmica social muito própria. Tudo na internet é elevado à 22ª casa!

Mas as ideias replicam-se e espalham-se e espero que quando estas são postas em prática o acto de jogar RPG (quer tenha em vista o entretenimento sublime ou não) também o seja fácil de replicar e ganhar vida própria. Vou tentar não só mostrar o RPG ao máximo possível de pessoas desta zona que se mostre interessada (sei que nunca serão sempre muitas pois o “espécime” roleplayer é um animal muito específico e isso será tema de outra entrada neste blogue) como também de maneira rápida e sem grande compromisso pô-las a jogá-lo mesmo que não o conheçam ou sequer tenham consciência do que o estão a jogar.
Vítimas insuspeitas desta conspiração serão os meus alunos que numa actividade pedagógica irão experimentar algo sugerido no interessante site brasileiro Narrativas Interativas e Construção de Conhecimento (site acerca do “desenvolvimento de materiais didático-culturais a partir da sistematização de conhecimentos em formas interativas de exposição.”). Esta actividade, baseada no RPG “Terra de Og” editado pela Devir (o original é o “Land of Og” da Wingnut Games) levará os meus alunos a representarem os papéis de homem pré-históricos do altura do degelo que acabaram de descobrir a linguagem e usando o número limitado de palavras teram de cooperar para superar vários obstáculos. Pretendo não só reforçar a aprendizagem contextualizada dos conteúdos relacionados com as origens históricas e antropológicas da linguagem humana como também proporcionar-lhes uma experiência lúdica que os apresente à ideia do RPG mesmo sem a formalizá-la.

Logo postarei os resultados dessa e outras iniciativas. A ver…

De facto, para quem gosta disto, o mais importante é haver iniciativa e espírito positivo.

[quote=jrmariano]E como é que isto se relaciona com o RPG? Bem acho que para alguns, os roleplayers, enquanto comunidade de jogadores de RPG (quer sejam mestres de jogo ou jogadores de personagens) assemelha-se mais a um caldo primordial de células que esbarram de vez em quando umas nas outras e de vez em quando criam seres pluricelulares.[/quote]Na minha experiência, eu não diria "alguns", mas "na maior parte". [quote]Contudo se considerarmos os roleplayers como fãs de RPG em todos os sentidos..[/quote] ..verificamos que este tipo de pessoas é uma minoria.

Penso que esta tendência estatística para os roleplayers se isolarem se poderá explicar pelo lado das pessoas ou pelo lado dos próprios jogos.

Do lado das pessoas, já conhecemos o fenómeno segundo o qual muitos mais adeptos gostam do Benfica/Sporting/Porto do que de futebol, ou seja, preferem a experiência que de forma mais próxima e imediata é compensadora. As pessoas sentem-se mais confortáveis e idenficam-se mais facilmente com situações específicas, concretas, pequenas e controláveis. Se fosse possível levar os jogadores ausentes a falar nisto - essa grande maioria silenciosa que nunca virá ao abreojogo - certamente irão admitir que não gostam particularmente de RPGs em geral, mas que gostam muito de jogar com aquele mestre-jogo XYZ, só naquele grupo, numa determinada campanha do RPG ABC, por muitos e longos anos sem querer saber de mais nada. Já agora, o peso do mestre-jogo aqui é enorme: o mestre-jogo XYZ é o Benfica/Sporting/Porto destes jogadores - sem ele(a) o futebol deixa simplesmente de existir. Além disso, qualquer RPG apresenta um desafio a uma pessoa para que saia dela própria, algo que muita gente tem dificuldade em fazer. O que as pessoas normalmente fazem num jogo - seja de cartas, computador ou tabuleiro - é forçarem o tema do jogo a coincidir com elas, ou seja, não saiem de si próprias para irem ao encontro do jogo (não criam realmente uma personagem). Assim sendo, num RPG, as pessoas sentem-se pouco à vontade em terem de ultrapassar este desafio em público, acham mesmo que é impossível. Quando eventualmente o conseguem fazer, acham que só foi possível apenas porque foi naquelas circunstãncias e só com aquelas pessoas. Acham que só assim é que conseguem jogar. Isto quer dizer que as pessoas isolam-se porque querem efectivamente estar isoladas. Querem mesmo manter aquele grupinho como está e querem poder controlar quem eventualmente possa entrar.

Do lado dos próprios jogos, vemos que eles correspondem estatisticamente a esta mesma estrutura da comunidade roleplayer. Da mesma forma que a maior parte dos jogadores se isolam, também a maioria dos RPGs promovem esse mesmo isolamento, nomeadamente: centrando-se em absoluto no mestre-jogo, exigindo imenso tempo de preparação, estruturando-se em sessões de pelo menos duas horas, deixando em aberto múltiplas interpretações das regras, enchendo páginas e páginas com coisas que se tem de decifrar/erratar, não chegando a concretizar para que tipo de histórias/personagens estão voltados, agarrando-se a um nível de abstracção que alimenta ambiguidades e mal-entendidos e, em geral, desresponsabilizando-se sobre o que se passa concretamente na mesa de jogo. Desta forma, o RPG em si fica entregue inteiramente aos participantes - ou seja, ao mestre-jogo - como uma massa de barro, um caldo primordial que é moldado conforme as circunstãncias muito particulares a que estiver sujeito.

Concerteza que já falamos muitas vezes sobre este assunto, por isso não me quero estender mais. Continuo a defender a minha posição actual que é a de aproximar os RPGs dos jogos de tabuleiro. Diria mesmo: fazer coincidir os RPGs com os jogos de tabuleiro. Julgo ser evidente o modo como os boardgames rebatem ponto-por-ponto estes factores negativos acima indicados. Isto do lado dos jogos. Do lado das pessoas, continuo também a bater na mesma tecla que precisamos de mais mestres-jogo - toda a gente tem de ter a experiência tanto de jogar como de mestrar.

Agradeço desde já o interesse pelas minhas ideias e a tua resposta pronta, Rick! Por acaso importas-te que eu duplique esta resposta no meu blogue original onde escrevi isto, no sopadorpg.wordpress.com?

Pois eu estava a tentar quantificar os roleplayers que descrevi hipoteticamente. Não tenho provas verificáveis se a maioria é mais “celular” ou não apesar de desconfiar que sim. O uso de “alguns” foi cauteloso.

Efectivamente “os fãs de RPG em todos os sentidos” são mesmo a minoria como disseste. E a questão é mesmo porquê. Apesar de que eu generalizo um pouco mais do que tu e acho que o “roleplayer” (seja “celular” ou em “rede”, eh eh) é ele mesmo um “espécime” infrequente e específico. Ia inclusivamente falar disso num post seguinte acerca do “homo ludus personae” tentando caracterizá-lo para o efeito. :slight_smile: Dá-me tempo…

Por acaso já tinha pensado que o fenómeno da experiência de jogo de Roleplay é mesmo localizada à volta do grupo e como total depende muito da dinâmica entre os elementos. E acho que isso alastra-se a todos, mesmo os que têm consciência da importância dessas relações e mesmo assim não deixam de gostar da experiência de jogar RPG fora do seu “habitat”, pois eles também não são imunes ao seus efeitos extrínsecos. Neste caso falo inclusive de mim pois este ou aquele jogo já esmoreceram (comigo esmorecem muitas vezes) mais rapidamente devido a dinâmicas grupais menos do meu agrado independentemente da culpa “consciente” dos elementos do grupo nesse sentido.

Realmente interpretar e encarnar uma personagem não é fácil e até a psicologia desenvolvimentista diz que só a partir de uma certa idade é que começamos a ter consciência de como poderá ser o outro e pôrmo-nos na pele deles. Aliás, existe muita gente que nem apresenta este “desenvolvimento” ou anda até um pouco ferrugento. Além disso, e já falei isto umas quantas vezes por aí, o acto de criar e puxar pela imaginação é algo sempre íntimo e frágil pois basicamente pôem-se as próprias ideias ao escrutínio e crítica de um grupo. Há gente que se sente intimidada por tal facto pois muitas vezes hoje em dias as apresentações de ideias em público mesmo que argumentadas são consideradas como imposições, tentativas de manipulação ou mania de grandeza. Essa carácter perjorativo leva a que muitos nem sequer apresentem ideias, receem tal e estejam na defensiva quanto a situações que o tenham de fazer.

Acho que a minha ideia não era obrigar as pessoas a saírem do isolamente contra a sua vontade só porque tenho alguma espécie de “consciência alargada” ou uma missão em trazer o roleplay às massas, eh eh! Era mesmo por tentativa e erro ligar as pessoas que o querem fazer. Sim, os números são pequenos e temos que aceitar isso. E é difícil de aceitá-lo… Eu por mim tenho dificuldades em fazê-lo.

Realmente existe esse centralismo na autoridade criativa do Mestre de Jogo devido a razões históricas e de “cultura” de jogo. E existe atribuição de responsabilização excessiva do sucesso da experiência de jogo por partes dos restantes elementos ao Mestre agravada pela falta de comunicação e expectativas irrealistas ou mal intepretadas. Por outro lado existe a vitimização do MJ, como a força motriz considerada muitas vezes inglória de todo o esforço criativo que reclama da falta de participação e de esforço comparável ao dele por parte dos restantes elementos chegando-se ao auto-vitimizar-se e tudo.

Propôes de certo modo que autoridade criativa seja despersonalizada e passe para a figura abastracta da autoridade criativo do jogo delegadas pela aceitação colectiva das suas regras e sua interacção entre o tabuleiro, peças e mecânicas? Uma figura neutra e razoável que possa ser acedida a qualquer altura sem bagagem emocional e tudo o resto? Tu queres acabar com o Mestre de Jogo e transformá-lo num tabuleiro e só existirem jogadores, seu herege!? Eh, eh, eh!

É uma possibilidade mas não resolve aquele isolamento dos grupos que preferem um “habitat” de jogo seguro e confortável, pois só transformas isso tudo num jogo favorito transformado em hobby exclusivo. O que não é mau por si só mas que para mim era uma chatice porque teria que mudar o meu cartão de visita no parágrafo correspondente a hobbies e teria que lhe acrescentar para aí umas 10 linhas só para descrevê-los a todos. :smiley:

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

[quote=jrmariano] Propôes de certo modo que autoridade criativa seja despersonalizada e passe para a figura abastracta da autoridade criativo do jogo delegadas pela aceitação colectiva das suas regras e sua interacção entre o tabuleiro, peças e mecânicas? Uma figura neutra e razoável que possa ser acedida a qualquer altura sem bagagem emocional e tudo o resto? Tu queres acabar com o Mestre de Jogo e transformá-lo num tabuleiro e só existirem jogadores, seu herege!? Eh, eh, eh![/quote]Há duas vertentes que assinalei a negrito: uma é essa aproximação aos jogos de tabuleiro - que, como conhecemos de vários exemplos, não implica necessariamente eliminar o mestre-jogo - e a outra é precisamente promover o papel do mestre-jogo e fazer com que hajam mais destes verdadeiros herois da divulgação do roleplay. Bem sei que há bastante gente que diz só querer ser jogador, mas é a própria continuidade do hobby que está em causa.

Este diálogo está interessante, e vou tentar contribuir na medida do possível.

Para começar, não estou inteiramente de acordo com a vossa visão de “haver algo errado”. Verdade seja dita, este modelo de que estão a falar – do grupo centrado no Mestre do Jogo e etc – é um modelo que prevalece há 30 anos... Se algo sobrevive por 30 anos é porque não está assim tão errado.

Eu compreendo, e partilho, da vossa frustração por não haver possibilidade de promover mais o jogo em si, mas também não creio que seja motivo para sermos tão analistas ao ponto de acharmos que temos que recriar um modelo novo.

É muito difícil colocar as pessoas a falar umas com as outras, e isto não tem nada a ver com RPG ou com o facto de o pessoal preferir jogar em casa, só com o seu grupo. Isto tem a ver com a sociedade per se. Hoje em dia somos assim. E para piorar as coisas, nós Tugas somos uns snobes do caraças e achamo-nos superiores a toda a arraia-miúda que nos rodeia. Não digo que todos nós sejamos assim, mas acredito veementemente que é a regra...

Há algumas ideias soltas que me foram surgindo na cabeça à medida que lia as vossas dissertações.

1º - Grande parte do insucesso dos RPG nas nossas terras passa pela total ausência de uma estrutura de apoio/dinamização. Não há lojas! Não há a porra das chamadas “FLGS” – Friendly Local Game Stores; não há revistas/programas especializados; não há nada de nada... Há alguns grupos, pontuais, que vivem a sua realidade, e pouco mais – nota: não estou a dizer que isto seja correcto ou errado! Quando eu era mais novo passei muitas horas na Devir (eu sou da zona de Lisboa) a ser DM de D&D (na área dos RPG eu só tenho relação com D&D). O espaço era agradável, e muita gente acabava por se juntar à nossa roda a assistir às sessões. Ainda no ano passado, quando voltei a jogar D&D passados vários anos, fiz mais de um ano de campanha na Runadrake, e novamente muita gente se sentava ao nosso redor a assistir – por vezes a tarde inteira – às nossas sessões.

Entretanto, as lojas “morreram”, e verdade seja dita também não há comunidade para as suportar – durante semanas a fio, as únicas pessoas que estavam na Runadrake aos Domingos eram as do meu grupo de D&D... De resto, só lá estava o gato preto a olhar para nós com ar sonolento...

2º - Sobre redes sociais, pensei recentemente em iniciar uma com o “Ning”, baseado no que um amigo meu do Brasil fez para o CCG de L5R, mas acabei por pensar “para quê?”. Se mesmo a malta do meu grupo não está interessada, quanto mais o resto do pessoal... Eu falo frequentemente com um amigo do Barreiro que tenta promover D&D (e tem tido alguma dificuldade), mas fora isso... digam-me sinceramente, para que serviria comunicar mais com outros jogadores? 90% do pessoal não está interessado, e não nos compete a nós criticá-los. Eu tenho excelentes jogadores de D&D no meu grupo, mas que não estão minimamente interessados em saber o que se passa nos outros grupos. E por terras lusas também se passa muito pelo snobismo. A maioria da malta que joga D&D olha para os de Vampire e torce o nariz, e vice-versa. Já com os CCG era a mesma coisa. Eu jogava L5R e a comunidade de L5R nem sequer olhava “para os palhaços que jogavam Vampire”, e esta atitude passava a quem jogava Magic e outros jogos. Infelizmente somos assim.

E até mesmo aqui no AoJ, das poucas vezes que tentei falar alguma coisa sobre D&D, acabei sempre por me arrepender, porque aparecem sempre “os senhores-sabe-tudo” que se proclamam senhores da razão.

Posto isto, acompanho o AoJ (com pouco interesse, verdade seja dita)... e não há mais para acompanhar... Não conheço blogs de campanha, ou sites de campanha nacionais ou seja o que for (conhecia um ou dois que morreram).

Em Portugal? Conheço o meu grupo de D&D – que não estão interessados em comunicar com outras pessoas -; sei que existem “umas pessoas que vivem num sítio muito distante chamado Porto” que também jogam qualquer coisa... e resume-se a isto.

Ninguém quer saber das campanhas dos outros.

Ninguém quer saber dos jogos dos outros.

Ninguém quer saber de regras, porque sempre que se toca nesse assunto volta a idiótica discussão do “pá, 3.5 é que é bom, 4.0 é para os grunhos”.

Em suma, vivemos uma triste realidade. Sim, tal como o Rick disse, é a própria sobrevivência do hobby que está em causa, mas fazer o quê?

Lembremo-nos que quem joga RPG é uma minoria minórquica. Juntemos a isso o facto de, os poucos que jogam provavelmente só quererem jogar “o seu jogo”. Depois desses, há aqueles que não estão minimamente interessados em falar com gente desconhecida, porque gostam do seu grupo, do seu jogo e não se ralam com o resto. Ficamos resumidos a quê? A 5% desse universo, dos quais é ainda preciso retirar a maior fatia, pois dos que sobram, provavelmente nem estão para perder tempo em fóruns.

Sobramos duas ou três comadres rezingonas que se fartam de dizer “isto está em crise”, mas que na verdade não podem fazer nada de tangível.

Talvez seja possível dinamizar ligeiramente um “grupo D&D Tuga” ou um “grupo Vampire Tuga”, mas muito sinceramente duvido que seja possível promover um diálogo entre uma “comunidade RPG Tuga”. Para quê? O meu jogo é que é bom e quero mais é que os outros se lixem! Eu percebo muito mais de RPG do que esses idiotas todos!!! Português que é Português, não se mistura! Eu sou de L5R, e por isso sou de uma casta superior que esses totós que jogam D&D! Bando de parvos!

Espero que quem ler isto perceba que eu estou propositadamente a pecar pelo excesso e pela ironia, mas que na realidade, o panorama que temos é este. Cada Tuga no seu castelo, com o seu exército. Se for possível individualizar os grupos e promover algum diálogo entre malta que partilhe o gosto pelo jogo A, B, ou C, acredito que haja alguma viabilidade (acredito!, não quer dizer que haja!), agora, juntar toda a gente à mesma mesa? Cheira-me que não é para nós...

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"Blog" https://balazanar.blogspot.com/ "D&D" https://jrc589.googlepages.com/

Olá

gostava só de dar a minha posta de pescada, embora não tenha muito para contribuir...

tenho de confessar que não consegui ler os comentários até ao fim (o post li!) ou na

sua íntegra, mas, porque não, o que conta é participar :-).

Tenho experiência de outros fóruns. Enquanto era mestre de jogo em Ravenloft,

pedi aos meus jogadores que não frequentassem o site onde eu ia, primeiro o

Kargatane e depois o Fraternity of Shadows, porque Ravenloft vivia muito do segredo

do mundo em relação aos jogadores. Ou seja, estes devem ser um pouco mantidos

na ignorância do que os rodeia. À medida que a campanha foi avançando, deixei

de ter esta atitude e deixei de me importar com o que os jogadores podiam descobrir

online (eram sites muito mais frequentados por DMs que por jogadores, ou pelo

menos parecia que toda a gente lá tinha lido tudo o que havia para ler) porque, de

qualquer modo, eu estava a inventar quase tudo de raiz. Ainda assim, ocasionalmente

discutia lá os problemas que lhes ia pôr, como lidar com situações complicadas

ou mesmo pedia ideias para novos problemas.

Cheguei à conclusão que não interessou nada pedir ou deixar de pedir: nunca lá

foram e nunca lá iriam, por falta de tempo ou interesse. O meu grupo acaba por

funcionar apenas como um grupo que se encontrar para jogar RPGs porque gosta

de estar em conjunto descobriu há não sei quantos anos que com RPGs se passava

um bom bocado. Agora, o que eu reparo, é o costume é só mesmo o DM frequentar

um site ou outro. Sei que o DM da campanha em que estou a jogar agora frequenta

alguns sites online, e até vai lá buscar muitas coisas. Não sei se participa nos fóruns.

Eu vou a um de vez em quando, mas muito limitadamente. Como jogador, não quero

perguntar demais e sendo que esta é a campanha actual de DL, há uma quantidade

considerável de tópicos que lhe são dedicados e é por isso muito fácil descobrir

coisas que não devia sobre o enredo.

Não sei se é por esse motivo que as pessoas não frequentam fóruns com mais

assiduidade. Acho que, no fundo, lhes faltam tópicos de que falar. Pelo que tenho

visto, por exemplo nos fóruns da Wizards, muitas perguntas que são feitas são-no

por pessoas que não estão a jogar nada, estão simplesmente em preparação ou a

considerar ideias hipotéticas para quando arranjarem um jogo ou um grupo.

A meu ver, os fóruns acabam por ser muito mais úteis para os DMs.

E numa comunicade pequena, como o Abre o Jogo por exemplo, os tópicos gastam-se

muito depressa, não convidando pessoas novas a entrar.

Nesse sentido, gosto bastante dos fóruns de Ravenloft: há sempre gente nova a entrar

e a fazer as mesmas perguntas vezes sem conta, e a levar as mesmas respostas

n vezes de novo. É como um refrescar de gerações que acaba por ser saudável e

manter lá as pessoas.

E depois, há uma coisa muito importante que sempre uniu a comunidade de Ravenloft

desde pelo menos 1997, se não me engano: há netbooks anuais, organizados pelos

sites, e diversos concursos ocasionais que motivam a participação das pessoas;

há jogos online PbP, vários simultaneamente, o que também fideliza leitores: eu,

desde que deixei a minha campanha RL, já só frequento o site para participar num

PbP; e há iniciativas comemorativas, por exemplo do 1 de Abril (isto é um clássico

no mundo dos RPGs, pelo que pude perceber) e do Halloween (RL é particularmente

susceptível a este dia).

Quanto à variedade de jogos em si, é difícil variar: é preciso muito tempo e muito

esforço. E quanto à questão de variar de DM, isso só pode ser conseguido com

aventuras pequenas, one-offs, que, até me parece, são o que melhor funciona com

as regras D&D. (sim, eu só jogo D&D: mais um a obedecer à regra. Mas jogaria

Pendragon se encontrasse com quem). Mas aí há que tentar implementar uma

coisa: uma obrigação de se jogar periodicamente, senão, ninguém se vai incomodar

a preparar uma sessão.

Neste aspecto, até acho que preparar uma one-off não é assim tão difícil. Escolhe-se

um mapa (por exemplo, dos arquivos da Wizards), escolhe-se um tema de monstros, ou apenas

um grupo adequado, selecciona-se o número de encontros que se quer ter e

geram-se os tesouros aleatoriamente. Voilà: já fiz isto e não custa assim tanto.

É verdade, não é instantâneo, em particular se quisermos ter algum controlo sobre

a forma como as coisas vão decorrer, mas descobri que depois de se ter estas

coisas geradas, se consegue muito facilmente inventar uma história por cima, ou

dar algum colorido. Ah, e já agora: não descurem a geração de decoração para as

salas: uma das coisas de que os meus jogadores mais gostaram foi o facto de a

masmorra parecer realmente habitada por ter mesas, cortinas, tapetes, secretárias,

potes, etc. É como na vida: uma decoraçãozinha dá logo outro ar :-)

Olá Psygnnosed

tenho de dizer que não concordo muito com essa visão tão catastrofista. Mas lá está,

eu também não sou bom exemplo. Como te disse, só jogo e só joguei D&D (e se

quiseres começar tópicos sobre este assunto eu não te vou mandar às malvas)

mas estou aberto a outros jogos. Em particular, L5R e as Oriental Adventures é

um mundo que me fascina. Tenho um bom conhecimento de D&D e gostava muito

de jogar as aventuras antigas, mas sejamos práticos também: é preciso tempo para

isso, e tempo é o que mais falta por agora :-(

Mas quanto a sermos assim tão snobs, não sei. Nunca consegui ver essa atitude,

nunca me relacionei assim tanto. Parece-me mais que as pessoas não jogam RPG

por falta de divulgação. Ao longo dos anos, o meu grupo de amigos foi atraindo

outros amigos para o Hobby, que não o conheciam, e que gostaram da experiência.

O problema é mesmo falta de exposição, parece-me. E timidez. Não é qualquer um

que chega a um grupo novo e pergunta se pode jogar com eles... e depois, nunca se

sabe, os tipos dos RPGs podem ser esquisitos, e ouvir música estranha, brincar

com facas ou adorar o demónio... :-p Sabe-se lá! :-D

Já agora, se quiseres um blog de campanha em português, podes ver o meu na zona

dos blogues neste site.

Estou para aqui a pensar num ou dois jogos que consigam aproximar-se aos jogos de tabuleiro ou vice-versa mas por uma questão de clareza não queres dizer um ou dois nomes? Ou preferes falar nisso num thread à parte?

Eu discordo um pouco na glorificação deificante do mestre de jogo e preferia é que se promovesse o papel dos dois, jogador e mestre. Chama-me democrático! :slight_smile:

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

Estranho. Tentei ao máximo não passar nenhum julgamento de valor quanto a modelos de jogo pois nem o vejo errado nem certo. Apenas existe e é algo natural até por razões históricas e culturais. Tal como o facto de existirem alternativas.

Nem acho que seja preciso também. Estava a pensar efectivamente em melhorar o uso da rede social roleplayers actual de modo conseguir ter jogadores em Almeirim, apenas isso. Fui reler e reparei que não está muito claro e pus a frase que ilustra os meus propósitos a negrito.

[quote=Psygnnosed]

1º - Grande parte do insucesso dos RPG nas nossas terras passa pela total ausência de uma estrutura de apoio/dinamização. Não há lojas! Não há a porra das chamadas “FLGS” – Friendly Local Game Stores; não há revistas/programas especializados; não há nada de nada… Há alguns grupos, pontuais, que vivem a sua realidade, e pouco mais – nota: não estou a dizer que isto seja correcto ou errado! Quando eu era mais novo passei muitas horas na Devir (eu sou da zona de Lisboa) a ser DM de D&D (na área dos RPG eu só tenho relação com D&D). O espaço era agradável, e muita gente acabava por se juntar à nossa roda a assistir às sessões. Ainda no ano passado, quando voltei a jogar D&D passados vários anos, fiz mais de um ano de campanha na Runadrake, e novamente muita gente se sentava ao nosso redor a assistir – por vezes a tarde inteira – às nossas sessões.

Entretanto, as lojas “morreram”, e verdade seja dita também não há comunidade para as suportar – durante semanas a fio, as únicas pessoas que estavam na Runadrake aos Domingos eram as do meu grupo de D&D… De resto, só lá estava o gato preto a olhar para nós com ar sonolento…


[/quote]

Um facto inalienável é que somos poucos e não somos um número suficiente para alcançarmos massa crítica bastante para que essas iniciativas vinguem e tenham uma continuação de sucesso assegurada.

Não conhecia o Ning, obrigado pela dica. Já reparei que existe lá um grupo de Warhammer Fantasy RPG português que jogam frequentemente. Alguém teu conhecido?

Por acaso houve algum sucesso com fóruns focado num ou outro jogo. Lembro-me do VampirePT onde participei e que até fez jantares de convívio. Aí realmente deixa de haver fricções despropositadas entre gostos e preferências diferentes quanto a jogos mas não quanto a outras coisas peculiares do universo de jogo ou estilo de jogar. Acho que isso vai sempre ocorrer devido ao meio de comunicação em questão e à natureza humana.

Acho que de resto estou mais conformado do que tu com “as pessoas como elas são”. Apenas quero tirar melhor partido do que tenho. :slight_smile:

[quote=jrmariano]Estou para aqui a pensar num ou dois jogos que consigam aproximar-se aos jogos de tabuleiro ou vice-versa mas por uma questão de clareza não queres dizer um ou dois nomes?[/quote]Jogos de tabuleiro próximos dos RPGs e que incluem "mestre-jogo" são, por exemplo, o Fury of Dracula, o Descent ou o Doom. RPGs que são próximos dos jogos de tabuleiro são poucos. Talvez, por exemplo, o Agon e o novo D&D 4ed.

[quote]Eu discordo um pouco na glorificação deificante do mestre de jogo e preferia é que se promovesse o papel dos dois, jogador e mestre. Chama-me democrático! :)[/quote]Democracia não só no sentido do poder ser distribuido razoavelmente, mas também de uma desejável rotatividade. Claro que as pessoas têem todas o seu valor, podem tanto põr o chapéu do mestre-jogo como o de jogador. Cabe ao design dos RPGs ajudar a que isso aconteça.

Olá Mariano,

Tenho andado muito calado, não tenho? É a vida. As prioridades são outras, as simple as that.

Quanto à questão de fundo, as redes sociais... olha para a questão por este ângulo, quantas redes sociais existem de jogos de tabuleiro abstractos? Conheces alguma? Eu não. Mas conheço uma rede bem estabelecida de xadrez. E pegada a esta as damas, sobretudo vistas como um jogo introdutório para o xadrez. E depois o go, visto como uma alternativa ao xadrez para gente verdadeiramente sofisticada.

O que eu quero dizer é que o rpg em geral não cria redes sociais. O que pode existir é uma rede social em torno de um jogo concreto. O DD podia cumprir essa função mas falta-lhe um elemento chave que encontramos no xadrez: a competição. Esta é a grande motivadora das redes sociais em actividades lúdicas, seja o xadrez, o futebol, o Magic, etc. e tal.

A competição e uma forte standardização do jogo. Uma das vantagens do DD é oferecer esta: regras para jogador, regras para GM, livros de desafios (monstros, etc.), cenários, materiais cenográficos (minis, tiles, etc.).

O problema do DD é ter um sistema demasiado complexo para ser acessível a jogadores ocasionais. É como procurar dinamizar o wargame em torno do Advanced Squal Leader.

Dinamizar redes sociais em torno do rpg em Portugal? Volto sempre à minha, sem um jogo em português tuga, suportado com produtos em português tuga, não vamos lá.

Sérgio Mascarenhas

«Continuo a defender a minha posição actual que é a de aproximar os RPGs dos jogos de tabuleiro. Diria mesmo: fazer coincidir os RPGs com os jogos de tabuleiro.»

Eu até nem discordo, bem pelo contrário. A questão é o como: como é que achas que isto se pode fazer?

Sérgio Mascarenhas

Bom, será coincidência o facto de, da vez que experimentei 4E, e depois de ter

folheado o PHB com algum vagar, ter ficado exactamente com a ideia de que era

uma versão que mais parecia um jogo de tabuleiro?

E as D&D minis, não serão também um passo nesse sentido?

Eu, pessoalmente, não sou nada a favor dessa aproximação e por isso não vou

dar ideias no sentido de a fazer. O que acho que faz falta, talvez, é tornar a tarefa

de DM mais simples, o que aliás tem sido sempre o objectivo dos diversos módulos

desde o início (mas lá está, só conheço D&D).

No entanto, cada grupo sabe de si, e em cada grupo há pessoas que querem

experimentar ser DM e outras que não. E depois, há aqueles que gostam de contar

uma história e aqueles que gostam de aventuras soltas. Realmente, o jogo em si

dá para tudo, não precisa de correcções. E o DM existe não porque seja preciso

um árbitro das regras (que qualquer um pode ser, e muitas vezes há jogadores que

sabem mais que o DM) mas porque é preciso alguém que conte uma história com

mistério para os outros. E se num jogo de tabuleiro isso é resolvido pela própria

limitação do jogo (é aquilo e nada mais), num RPG que se pretende aberto e

inesgotável isso é impossível. Pelo que abolir a divisão entre mestre de jogo e

jogadores me parece impossível e indesejado para o RPG em si.

Acho que já mostrei claramente de que lado do hobby estou :-D, mas também

gosto de jogos de tabuleiro. Só não me preenchem tão completamente: preciso

de uma válvula muito maior do que uma colecção de jogos de tabuleiro para

deixar fluir a minha imaginação e necessidade de aventura.

[quote=smascrns]«Continuo a defender a minha posição actual que é a de aproximar os RPGs dos jogos de tabuleiro. Diria mesmo: fazer coincidir os RPGs com os jogos de tabuleiro.»

Eu até nem discordo, bem pelo contrário. A questão é o como: como é que achas que isto se pode fazer[/quote]

É um tema do qual já falamos em várias ocasiões, mas julgo que estamos a escapar ao ãmbito deste thread e talvez por culpa minha. O jrmariano apresentou uma análise interessante sobre redes sociais e eu tentei encontrar algumas possíveis razões sem cair em negativismos - por isso deixei apenas dois propósitos que pessoalmente defendo como possível solução: a tal aproximação aos jogos de tabuleiro e a proliferação dos mestres-jogo (e não a eliminação destes como tem sido interpretado).

Daquilo que disse, talvez aquilo que seja mais relevante para o tópico seja a referência a dois pontos de vista - ou aos jogos em si ou ás pessoas que os jogam - e, indo por aí, acho importante termos uma ideia de como é que chegamos à rede social dos roleplayers. Olhamos para esta comunidade à procura de um mestre-jogo e perdemos interessante nela quando vemos que são tão poucos? Vemo-la da perspectiva de um mestre-jogo que não encontra jogadores que queiram experimentar o que ele(a) quer mestrar? Reparamos nela apenas como algo de abstracto que não nos diz respeito pois já temos o nosso próprio grupo?Achamos que o crescimento da comunidade é essencial para podermos continuar a roleplayar até morrer? Queremos fazer os nossos próprios jogos e procuramos formas de criar um mercado para o que queremos vender/oferecer? Já não temos tempo para roleplay e por isso só nos resta tentar acompanhar o que se passa na rede? Gostamos tanto do que estamos a jogar/mestrar que só queremos alguém com quem possamos falar sobre o que andamos a fazer? Achamos útil que a comunidade nos possa ajudar com as dificuldades que estamos a ter a mestrar/jogar?

É dependendo desta nossa perspectiva pessoal que respondemos à questão mais concreta de todas: "o que é que estou disposto a fazer pela comunidade?"

Sem me estender muito, para não divagar fora do contexto desta thread, não concordo que esta aproximação entre os RPG e os jogos de tabuleiro deva existir.

São duas realidades distintas, com parâmetros de interacção, entrega emocional e “limites de jogo” completamente diferentes.

A simples comparação de que num boardgame comum este termina passados 90mn ao passo que num RPG esse terminar pode eventualmente nunca chegar ou que em norma dura várias sessões, podendo estas estender-se durante meses ou anos, mostra o gigantesco fosso entre os dois tipos de jogos.

Para essa ligação, como já referiste, existem os “híbridos” que colmatam esta ligação entre os dois tipos de jogo, para quem a procura.

Por outro lado não posso concordar mais com a ideia de que necessitamos de mais mestres de jogo.
A realidade é quem com mais ou menos jogadores (sim há sempre um jogador por perto, e quando não há “criam-se” jogadores :wink: ), havendo mestre de jogo - joga-se, mas quando não há mestre de jogo o número de jogadores pode ser de milhões, que não se joga.

_____________________________________________________________<br “Artificial Intelligence is no match for Natural Stupidity.”

[quote=Nazgul]Sem me estender muito, para não divagar fora do contexto desta thread, não concordo que esta aproximação entre os RPG e os jogos de tabuleiro deva existir.[/quote]Ao contrário do Sérgio, tu não chegaste a participar nesta discussão do ano passado onde, entre muitas outras coisas se referiu:[quote=Rick Danger]Por outro lado - e esta é a segunda parte da minha ligeira provocação - também acho que os RPGs só têem a ganhar em incorporarem elementos dos jogos de tabuleiro (algo que já aconteceu na década de 80). Acho que seria bom haver um regresso aos mapas e aos dados, mas também - porque não? - usar umas belas cartas, miniaturas, tabuleiros, marcadores, contadores, etc. para tornar o jogo mais visualmente apelativo e fácil de aprender. Não vos parece que vender só calhamaços a4 é um bocado elitista?[/quote][quote=JB_Mael]Os complementos visuais e "físicos" são algo fundamental para tornar os jogos de roleplay algo mais empolgante. [/quote][quote=smascrns]Em termos de linguagem de gestão de marketing isto chama-se evidência física (physical evidence). É um termo que se aplica nos serviços imateriais como a banca, os seguros, etc. Nestes serviços o que se vende é uma ideia, um conceito. Ora é bastante mais difícil vender uma ideia do que um objecto físico, palpável, visível. Então acrescenta-se à ideia algo de físico (um cartão, por exemplo) o que facilita a venda da ideia. O mesmo sucede nos rpg com as miniaturas e outros materiais. Como é evidente, nem toda a gente precisa de evidência física e há mesmo quem não goste mesmo nada desta.[/quote]É a este ponto de vista que eu estava a fazer referência, mas não quis expandir-me sobre o assunto já que a questão, de facto, pertence a outro tópico.

..respondi aqui ao smascrns e ao Nazgul. É um assunto interessante, sobre o qual não se voltou a falar desde o ano passado.

Seria uma questão para outro tópico: "Porquê é que não há ‘um jogo em português tuga, suportado com produtos em português tuga’?

Quem quer avançar com essa discussão? :slight_smile:

sopadorpg.wordpress.com - Um roleplayer entre Santarém e Almeirim / "Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

Realmente a coisa estava a desviar-se e eu até incentivei a isso.

Por acaso queria apenas focar-me em usarmos o que temos ou seja: como reforçar a rede social sem nenhum apoio de lojas que vendem RPG, nada de RPGs em PT e sem possibilidade de mudar a natureza do RPG como o conhecemos?

Eu sei que limita a discussão mas era a minha intenção a início, apesar de estar pouco explícita.

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[quote=jrmariano] Por acaso queria apenas focar-me em usarmos o que temos ou seja: como reforçar a rede social sem nenhum apoio de lojas que vendem RPG, nada de RPGs em PT e sem possibilidade de mudar a natureza do RPG como o conhecemos[/quote]Começas por põr o pessoal a jogar jogos de tabuleiro (Starter Set de D&D também serve) e depois, quando estiverem mais desprevenidos, levam com o RPG! ;)