REIGN - um RPG de Poder e Liderança


Greg Stolze, o aclamado autor de jogos como Unknown Armies e Godlike, regressa às lides para sozinho escrever e publicar aquele que é um forte candidato a RPG do ano: Reign - a Game of Lords and Leaders.

Não só este título beneficia do fabuloso sistema One Roll Engine, como permite todo um jogo em grande escala, elevando a acção ao confronto entre guildas, cidades, nações, qualquer facção que os jogadores queiram criar, defender ou liderar.

[quote=reign.gregstolze.com]In REIGN, the characters aren’t lone wolf strangers in strange lands, but leaders of communities, and those groups of followers can resolve large-scale conflicts against their rivals. This divide allows players to focus on the story elements they choose. If they don’t care for blow-by-blow combat, they can simply send their army to besiege an enemy stronghold. On the other hand, if they lead the attack in person, they can drastically improve the chances of success… or doom their enterprise through foolish choices. The benefits of ruling are great, but the consequences of failure are drastic.(...)With REIGN, your characters can defend threatened nations, bring prosperity to desperate provinces, make laws and perpetuate justice… or, if you prefer, loot conquer and pillage on a vast and awesome scale.[/quote]

Este é o RPG pelo qual muitos estavam à espera.

REIGN foi lançado recentemente através de Print on Demand no Lulu.com, empresa que está a fazer uma promoção na Europa com valores de expedição até aos 2 euros. A não perder.

Já o tenho e de pois de ter lido um boa parte parece ter sido uma boa compra: o sistema das Companhias (o tal que permite a liderança de nações e exércitos) é simples e melhor conseguido que o Exalted, a escrita é irreverente mas funcional e o universo tem uns pormenores deliciosos que o distinguem de outros mundos de fantasia apesar serem genéricos os suficientes para serem usados sem grande trabalho.

O livro é esparso em ilustrações (apenas umas poucas mas excelentes do Langdon Foss [ilustrador prolífico de Mage: The Ascension e Trinity) e algumas arte digital repescada de bibliotecas de imagens. Ah sem esquecer as ilustrações do bestiário que estão executadas num estilo abstracto tipo arte caligráfica árabe!

O sistema é um versão fantasia do sistema ORE do Nemesis (sistema gratuito de terror lovecraftiano) ou do Wild Talents (jogo limitado de superheróis em realidades alternativas) mas menos mortal no combate e mais épico. E claro com a adição do sistema das Companhias que é tão elegante que dá para integrar em qualquer jogo (Exalted estou-te a ver!). Se quiserem regras de relações pessoais sempre as podem ir buscar ao Monsters and Other Childish Things, um jogo sobre miúdos e os seus terrores inomináveis extra-terrestres de estiamação, totalmente compatível com as regras do Reign ou de os outros jogos.

Os suplementos vão ser distribuídos gratuitamente depois de terem sido pagos o seu resgate (basicamente o autor aceita doações de dinheiro dos fãs até um certa quantia e depois pôe os pdfs disponíveis na net para quem quiser). O primeiro já saíu, aqui!

Acho que o único problema do jogo é ter uma distribuição pequena e não existirem materiais de demonstração. Imaginando que eu queria mostrar o jogo a alguém (e que devo ser eu a ter a única cópia das redondezas), por exemplo pessoal novato de Santarém! ( ;) ), ia ser muito difícil!

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

Eu ainda estou à espera da minha cópia :) não ficas sozinho.

É verdade que o jogo poderia ser melhor se fosse publicado por uma editora, mas a ideia que dá é que esta é a única maneira de ver em papel mais um jogo do Sr. Stolze.

A falta de material de demonstração é uma falha a colmatar, mas todos já adivinhamos que onde este joguinho brilha é naquelas campanhas que nunca mais acabam e que se prolongam por uma série de anos, percorrendo até várias personagens por jogador.

Peço desculpas por dar cabo da ordem, mas esta tinha que as colocar. Até agora ainda não percebi que raios é o Reign, por isso se alguém me quiser elucidar, sinta-se à vontade:

1-O jogo é sobre o quê, mesmo?
2-Como é que o jogo faz isso?
3-Que comportamentos é que o jogo recompensa?
4-Porque é que isso é divertido?

–~~–

To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

[quote=Rui]Até agora ainda não percebi que raios é o Reign, por isso se alguém me quiser elucidar, sinta-se à vontade:[/quote]Eventualmente, poderá justificar-se uma bela review. Para já, aguardo ver as minhas expectativas correspondidas :)

Entretanto, pensei que eras cliente habitual da rpg.net, Rui. Este tem sido _o_ jogo ultimamente. Foi assim que o encontrei.

[quote=Rui]
1-O jogo é sobre o quê, mesmo?

[/quote]

O jogo é sobre aquisição, manuntenção e perda do poder e suas adjuntas responsabilidades por parte de um líder político, militar ou comunitário num mundo de fantasia e as consequências heróicas e trágicas que daí advém.

[quote=Rui]
2-Como é que o jogo faz isso?

[/quote]

O jogo por si só não o faz mas dá alguns instrumentos e ferramentas aos jogadores para o fazerem. :P O sistema das Companhias permite aos jogadores controlarem, através dos seus personagens, grupos de pessoas com objectivos diferentes tais como os enunciados anteriormente. Cada Companhia (quer seja uma Nação, um Guilda ou um grupo de Piratas) tem um conjunto de Qualidades (Tesouro, Território, Soberania, etc.) que as definem e que são usadas como características (representadas por pools de dados de 1 a 5) que se opôem entre si. Estas acções colectivas podem levar à conquista de uma outra Companhia levando à que vencedora cresça exponencialmente por exemplo. Existem também acções de espionagem, policiamento, melhoria de cultura ou guerra não convencional e outras mais.

As acções individuais dos personagens adicionam dados a essas características levando a que estas acções colectivas das Companhias tenham mais probabilidade de ter sucesso. Cada personagem pode também através de gasto dos seus pontos de experiência aumentar uma Qualidade da sua Companhia (a que todos os jogadores pertencem) criando um razão no universo de jogo para que tal aconteça.

Cada personagem pode ser construída através de Características, Habilidades, Vantagens e Problemas, Técnicas Marciais e Disciplinas Esotéricas dando ao jogador uma grande possibilidade de especular e experienciar o efeito que essas singularidades têm sobre um mundo de fantasia. Existe até a hipótese de se construir aleatoriamente a personagem deixando o acaso escolher-nos um conjunto de detalhes interessantes para o personagem que nunca o escolheríamos de nossa vontade mas que nos dão uma experiência de jogo nova e refrescante.

As tais consequências trágicas e heróica advém não só da escala gigantesca das Companhias mas também das Paixões. As Paixões são os desejos, objectivos ou códigos morais que movem o personagem a fazer o que faz e a fazer que tal aconteça tal como ele ambiciona. Sempre que este tentar realizar algo que esteja de acordo com as suas Paixões ganha dados para que essa acção tenha mais probabilidades de ter sucesso. Se fizer algo que esteja contra o personagem perde dados.

O jogo tem também um sistema de resolução de acções rápido sem perder detalhe onde se lançam dados de 10 lados e que num só roll se vê não só a qualidade da acção como também a sua rapidez.

[quote=Rui]
3 - Que comportamentos é que o jogo recompensa?

[/quote]

Ao se poder criar uma Companhia de raíz que tem os personagens como foco o jogo recompensa acções arriscadas para a melhoria da situação desse colectivo no universo de fantasia. Os jogadores tentarão o máximo possível causar o máximo possível de situações que melhorem a situação da companhia e resolvê-las não só para que as façam cresçer em poder (influência, tesouro, território, etc.) mas para que possam crescer e melhorar a nível individual. Ao crescerem a nível individual garantem que a Companhia tenha mais sucesso e o efeito bola-de-neve leva a que os personagens se tornem eventualmente personalidades capazes de mudar o mundo. O jogo também recompensa a criatividade fora e dentro da sessão de jogo, incentivando os jogadores a criarem detalhes para o universo de jogo e para a trama da história (e inclusive alterarem completamente a direcção da trama!). O jogo recpmpensa também a inclusão dos defeitos e pecados dos personagens na trama de modo a que esta se torne mais memorável e trágica para o agrado dos jogadores.

[quote=Rui]
4 - Porque é que isso é divertido?

[/quote]

Depende do gosto de cada uma mas...

A possibilidade de se ter uma personagem criado por nós, cheio de defeitos e qualidades, e ver esses traços de personalidade e "calcanhares de Aquiles" demonstrados, reforçados e negados ao longo de toda a sua subida ao poder de uma Igreja, Exército ou Nação, num mundo de fantasia onde a magia e o sobrenatural, e "outras estranhas formas de vida" que nos dão uma perspectiva fresca sobre todo este crescimento do personagem parece-me ser bem divertido...

Mas não sei... Ainda nem acabei de ler o livro. ;)


"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

Sim, também podes ler esta aqui.

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

[quote=jrmariano]Acho que o único problema do jogo é ter uma distribuição pequena e não existirem materiais de demonstração. Imaginando que eu queria mostrar o jogo a alguém (e que devo ser eu a ter a única cópia das redondezas), por exemplo pessoal novato de Santarém! ( ;) ), ia ser muito difícil![/quote]Acho que ainda não existe material oficial, mas é um assunto que está a ser discutido no forum oficial e na rpg.net:

[quote= Reign - One Shot/Introductory adventure?]

1. pre-gen characters that have an allegiance to a "company".
2. They are sent on a mission to recover an item/person in a foreign city.
3. They start the adventure with some investigative type action.
4. Some where in here given them a "mook" encounter with some low lifes.
5. The item/person they need is in possession of company A that is hostile to the PCs for some reason.
6. They strike a deal with a rival, company B, to raid A and recover the item/person. This will let me demo the detailed combat rules.
7. End the session with a roll between Company A and Company B.

So mechanically there would be three "big" points in the game. The mook encounter. The detailed combat encounter. Finally the Company roll.[/quote]

Recebi hoje a minha encomenda do Lulu.com, bem embrulhada e sem qualquer tipo de atraso. Não li ainda uma única linha do livro, mas posso desde já comentar sobre o trabalho de impressão, factor que tem sido criticado acerca desta edição hardcover.

Estamos a falar de um livro de capa dura com cerca de 365 páginas. Logo à partida, noto que é ligeiramente mais pequeno e mais leve do que os hardcovers a que estou habituado. Comparo-o, por exemplo, à minha cópia do Vampire: Requiem e verifico que tem menos cinco milímetros de comprimento e, apesar de Requiem ter cerca de 300 páginas, os livros pesam o mesmo.

A capa em si é bonita, mas de umas cores mais vivas do que eu estava à espera. Aquele vermelho é mesmo vermelho e o amarelo das letras é mesmo amarelo, não é dourado.

As páginas estão bem encadernadas, mas são de um papel relativamente fino, o que explica o facto do livro ser mais leve. A impressão é de boa qualidade, mas está encostada ao centro e em baixo, ou seja, tem umas ligeiras margens brancas no lado e em cima.

É assim. Estas pequenas falhas de qualidade certamente não afectam a leitura e o usufruto do livro, mas mostram que o Print on Demand ainda está uns pontos abaixo do que se consegue fazer com uma editora a sério.