Reiner Knizia: Designer brilhante ou horrivel?

Eis o nosso tópico de hoje: Reiner Knizia, um grande designer ou alguém que não merece estar ao pé de um boardgame?

Todos os boardgamers conhecem Reiner Knizia. O homem, quer gostem ou não, é uma lenda no meio dos boardgames.

A questão é, será que os jogos dele são bons ou nem por isso?

Todos sabemos que o Knizia produz jogos que não têm quase tema nenhum. Mas será que só isso é suficiente para amaldiçoar o homem para sempre? Será que ser-se doutourado em Matemática é bom ou mau para produzir boardgames?

Será que os jogos dele valem alguma coisa?

Discutam!

Considero o Knizia brilhante pelas mecânicas que inventa. Conseguiu inventar algumas inéditas, que apresentam decisões dificeis, modelando o tipo de pensamento que temos de ter. Julgo que o background matemático dele ajuda, mas não é determinante. A mecanica de pontuação no Tigris e no Ingenious, é brutal e faz todo o sentido (e apesar de simples origina pensamentos muito complexos) e até acho estranho nunca ter sido usada antes (ele não joga jogos de outros designers, o que ajuda a não ficar preso a outras ideias). Apesar de não gostar do high society (por causa do fim de jogo) gosto muito muito das suas mecanicas.

Relativamente ao tema, como parece uma pessoa mais focada em mecânicas, normalmente perde-se pelo caminho para colar um tema ao jogo. Ele bem diz que começa sempre pelo tema, mas acho que no fim, o papel da editora é bastante grande. Eu considero o Tigris temático, mas o tema do Ra é pessimo, apesar de ser uma epoca de estimação para o knizia.

Claro que com a quantidade de jogos que ele consegue produzir (227), mais tarde ou mais cedo acabam por aparecer alguns jogos muito bons (modern art, samurai, carcassonneTheCastle, Ingenious) ou mesmo obras-primas (Through the Dessert, Tigris&Heuphrates). Há para todos os gostos...

Para mim o Knizia é brilhante.

Disse à pouco, creio que precisamente ao vch, que não há jogos dele que eu tenha jogado e que não gostasse, excepto o TraumFabrik que joguei no encontro em Leiria. Mas mesmo nesse, fiquei com vontade de jogar outra vez no fim... aquela sensação de que eu é que não tinha apanhado bem a ideia ficou latente e continua a atormentar-me até hoje.

Também tenho tido muito sucesso em usar os jogos dele como introduções a non-gamers. O Lost Cities funciona perfeitamente como jogo para dois e o Ingenious dá de um a quatro sem qualquer problema, moldando-se perfeitamente ao número de jogadores. É um desafio em solitário, é cut throat a dois e difícil de controlar a três e quatro.

O Tigris & Euphrates é genial. O tema funciona e os desafios são excelente, mesmo que a sorte dos tiles seja um bocadinho determinante.

Há muitos outros exemplos mas, resumindo, o simples facto de ele causar tanta discussão e ser tema de tantos debates é suficiente para demonstrar que, goste-se ou não, é uma figura incontornável deste hobby e alguém que contribuiu definitivamente para o crescimento do mesmo.

Caríssimo MGBM,

Andas sempre um passo à minha frente!

Ando à uns tempos para escrever uma entrada no blog acerca da minha relação tormentosa com os jogos desse senhor Knizia.

Irei fazê-lo mais tarde ou mais cedo, mas entretanto deixo uma amostra: Um dos meus primeiros jogos foi o Tigris e Eufrates. Julgo que foi um típico erro de newbie garganeiro (expressão alentejana para designar, entre outras coisas, alguém que tem mais olhos que barriga!!!).

T&E é um jogo fácil de aprender a jogar mas díficil de aprender a jogar bem. Por causa disso acabei por me desinteressar e vender a minha cópia.

Sensívelmente um ano depois, não resisti à tentação e comprei-o de novo, embora numa edição diferente, a da Top Licence Games (edição francesa e holandesa) cuja arte é igual à da edição original da Hans Im Gluck, quanto a mim, gráficamente superior à da Mayfair.

As razões para este volte face são, por muito que me custe a admitir, a qualidade dos jogos em si. Tigris, Ingenious, Through the Desert, Battle Line, Blue Moon City, etc, são exemplos da qualidade dos designs do bom do Reiner.

Ainda me custam a engolir os temas colados com cuspo, daí que o Ingenious (abstracto) seja talvez, o meu Knizia favorito. Mas a tendência é cada vez mais não ligar a esse “pormenor”.

Knizia é incontornável. Goste-se ou não dele, ele é um ícone incontornável no universo dos boardgames. No meio da muita tralha que produz anualmente, vamos encontrando pérolas, algumas delas já míticas. TIGRIS & EUPHRATES (é pacífico dizê-lo) é a sua obra-prima. Um portento de arrojo matemático cruzado com a poesia do Crescente Fértil. Esta é uma das suas criações que mais concenso gera em seu torno e não é um jogo particularmente bem tematizado, ainda que também não seja dos piores casos, tipo RA. Mas se falarmos de AMUN-RE, por exemplo, encontra-mos aqui um jogo onde o tema cola bem e onde a orgânica funcional do jogo é estupenda. Um fabuloso e inovador esquema de leilão e depois as mil e uma maneiras de pontuar, tão características da sua mente claramente matemática. Mas há ainda mais jogos de qualidade com a marca Knizia, como TRAUMFABRIK, STEPHENSON'S ROCKET, THROUGH THE DESERT, LOST CITIES só para mencionar os que realmente conheço.
Sendo verdade que, salvo raras excepções, os seus jogos não primam pela componente temática, é também verdade admitir que as mecânicas e sub-mecânicas que cria para os seus jogos têm sido um farol que tem guiado muitos gamedesigners e mesmo editoras por esse mundo fora.

Eu confesso que gosto do homem. Não será o meu favorito, mas é um criador que merece o meu respeito e a minha admiração.

 

https://oblogdocosta.blogspot.com

Também um bocado como o Hugo, ultrapassaste-me. Estava mesmo para escrever qualquer coisa em relação, não ao Knizia em particular, mas aos criadores em geral. E a verdade é que o Knizia está lá sempre. E está lá, não só pela quantidade de jogos que produz como também pela quantidade de jogos que agrada a tanta gente que os conhece. O homem é um caso de sucesso, verdade seja dita.

De início, confesso que o nome Knizia me estimulava para comprar um jogo. Achava que era garantia de qualidade. Depois, comecei a perceber que os jogos dele são um bocado iguais uns aos outros. Não sou um grande apreciador do género, embora reconheça que tem alguns dos mais brilhantes jogos do mercado. O T&E é incontornável. Só lhe falta ter uns bonequinhos e umas coisas mais agradáveis para que não fosse tão abstracto e aí estaríamos a falar de um jogo quase perfeito.

Mas o que eu gosto de dizer do homem é que, tantas vezes ele experimenta, que alguma haveria de acertar. E a vantagem disso em relação a muitos é que, mesmo experimentando o que ele experimenta, nunca hão-de lá chegar. Portanto, não compro por ser dele, como já fiz, mas continuo a dar-lhe atenção. E ele gosta disso!

[quote=soledade]De início, confesso que o nome Knizia me estimulava para comprar um jogo. Achava que era garantia de qualidade.[/quote]

Já eu, de início confesso que o nome Knizia me deixava indiferente. Achava que comprar Knizia por ser Knizia era patetice. Mas agora... não sei, se calhar o pateta sou eu e vou começar a dizer "Knizia é Prestígio!" Tigris é de facto bom, 9 em 10; acho eu, não pude ver bem porque o totó aqui do grupo que comprou vendeu-o imediatamente a um alfacinha Laughing Enfim, Lost Cities é mais ou menos (5), Samurai, Through the Desert e Genial já são melhores (6), Ra leva um 7, e só quero pôr as mãos no Blue Moon City... suspeito um 9... ai, ai...

Resumindo: o tipo sabe o que faz. Claro que não é autor de todos os meus jogos favoritos, nem todos os jogos que faz são supremas pérolas do boardgaming, mas tudo bem. A reputação de Senhor dos Tabuleiros é merecida.

Falando de outros criadores... gostava de explorar mais o Bruno Faidutti. Conheço apenas o Citadels, ao qual dou um 9 em 10; a mecânica é fabulosa. Gostava de pôr as unhas num Silk Road ou num Mission: Red Planet. O site dele é uma referência incontornável para mim: se ele gosta de um jogo, eu gosto, nem preciso de jogar! Sou Faiduttista.

Bem, eu dantes tinha uma fixação, não tanto com um autor mas com 1 “reviewer”, o Tom Vasel. Tudo o que o Tom recomendava era logo para a wishlist e pouco depois estava a caminho.

Moral da história, tenho vendido copias de jogos que jogo mas acabam por me desiludir porque ficam muito àquem das expectativas que tinha criado (com base em recomendações/reviews) em torno deles.

Tendo jogado o Citadels durante o passado fim de semana acho que irá pelo mesmo caminho. Aliás, jogei outro jogo do Faidutti (co-autoria) chamado “Fist of the Dragonstones” que é, quanto a mim, fraco. Mais fraco só mesmo o Diamant.

Aliás, tirando Mission: Red Planet onde a mecânica do “drafting” de cartas dos personagens encaixa que nem uma luva no jogo e no elemento de area control, tanto no Citadels como no FoTDS esta mecânica não me convence. No Citadels porque a mecânica É o jogo e no FoTDS porque simplesmente a martelaram no sistema no leilão.

Em suma, para mim o Faidutti é mais “flash” enquanto o Knizia é mais “substância”.

OK, fico avisado... mas durante a Páscoa adoptei uma postura de variedade em vez de suprema qualidade; ou seja, jogar mesmo os jogos que não são os meus ultra-favoritos. Se não, não teria jogado Coloretto, Memoir '44, Samurai, Lost Cities... que não são maus - apenas há melhores. Mas talvez a variedade seja mais importante do que jogar a nata da nata, neste momento.

Eu insisto no Faidutti... Aí do pessoal de Lisboa: ninguém tem o Silk Road para emprestar? Mandem pelo Tereso. Wink

Tintazul, acho que fazes muito bem! Eu não jogo apenas top 10 pois decerto que morreria de tédio.

Eu ando a fazer o mesmo porque ainda só conheço (jogados pelo menos 1 vez) cerca de 50/60 jogos. Quantos mais jogos diferentes mais vezes jogares, melhor.

Repara, o Citadels parece-me ser um bom jogo. Mas não me parece ser excelente. Agora, eu só o joguei 1 vez e, com mais partidas poderei ficar com outra ideia. Depois há a questão das minhas expectativas, e quanto a isso o “cromo” sou eu.

P.S.: Boa sorte com a organização do encontro em Alcobaça/Leiria! Região Oeste a dar-lhe com força!