RPGMob ou sessões de RPG espontâneas em lugares públicos!

Lamentavelmente não têm sido muitas as notícias concretas face à minha iniciativa de divulgar o RPG e recrutar novos jogadores na zona de Santarém e Almeirim.

Os meus alunos, depois de sensibilizados para a experiência de jogo (e espero afectados pelo potencial pedagógico da experiência) com a actividade de contextualização histórica das dificuldades linguísticas do homem primitivo em formato de jogo de RPG numa das minhas aulas e de terem tomado contacto com o D&D Roleplaying Starter Set. mexendo-lhe e questionando-me ao ritmo da sua curiosidade acerca do jogo, não deram seguimento à promessa/compromisso de se jogar RPG em Santarém aos fins-de-semana.

As férias (escolares ou não) são realmente um maior obstáculo à divulgação do que eu inicialmente pensava! :slight_smile:

Mesmo que eu tenha descoberto a existência de um Clube de Jogadores de Magic: The Gathering em Santarém (ou seja eis que surge um novo foco de divulgação pois até jogam jogos de tabuleiro como o Carcassonne) as coisas não parecem muito promissoras.

Contudo, durante um almoço com um amigo meu de infância e também grande sonhador do RPG, o Jofazepa, onde se puseram as novidades em dia e se discutiram novas possibilidades de iniciativa relativas aos nossos gostos pessoais, chegamos a um ideia engraçada: porque não seguir o exemplo dos fenómenos das flash mobs (“aglomerações instantâneas de pessoas em um local público que depois de fazer uma determinada ação previamente combinada se dispersam tão rápido quanto se reuniram”) e organizar sessões espontâneas de RPG em locais públicos?

Em Portugal existe um problema de divulgação do hobby devido à rede social de roleplayer ser pequena ou as suas relações estarem pouco reforçadas e não se interligarem demasiado. Este facto não só não junta os jogadores já existentes entre si como também um grupo de interesses com massa crítica suficiente para criar visibilidade do potencial lúdico do RPG para quem se encaixe no perfil de entusiasta mas que nunca tenha jogado antes.

Por aqui costumamos divulgar os eventos ou iniciativas relativos ao roleplay àqueles que já jogam ou gostam de RPG, o que é de certo modo, “pregar aos convertidos” além de que usamos demasiado a Internet como meio de comunicação chegando assim a uma franja demasiado pequena.

Além disso, em especial eu e o Jofazepa (e também muito dos roleplayers activos e visíveis em Portugal devido à falta de novos jogadores), não nos podemos comprometer demasiado ou com demasiada regularidade devido a necessidades familiares ou profissionais.

Lembramos-nos então experimentar algo diferente relacionado com estas duas problemáticas: escolhemos uma vez por mês um local público em Lisboa cheio de gente que se distrai numa das tardes de fim-de-semana, onde iremos jogar uma sessão de um RPG que requeira pouca preparação e que permita o máximo de divertimento em pouco tempo; anunciamos o plano no blogue, por exemplo o “rpgmob.wordpress.com” onde lá estará descrito o essencial de informação pertinente e apelativa para quem quiser ir lá jogar; aparecemos lá à hora marca à lá guerrilla style jogamos durante 1 a 2 horas acolhendo com esclarecimentos qualquer curioso que passe; por fim cada um dos participantes, espontâneos ou recrutados on-line, preenchem um mini-poster que irá servir para promover o evento mas também para receber feedback acerca da sua experiência; depois deixa-se o mini-poster no sítio onde se jogou com informação de contacto (o nome do blogue, por exemplo) no próprio sítio onde se jogou numa mistura de “RPGMob was here!” com BookCrossing; o ciclo repete-se um mês depois e escolhe-se novo RPG e assim por adiante até à exaustão.

É uma ideia diferente mas que em teoria irá dar-me muito gozo e estímulo em realizá-la. Assim que criarmos o blogue com o primeiro “alvo” vou anunciá-lo aqui. :slight_smile:

Para o fazeres precisas de um sistema de jogo muito simpes que possa ser ensinado em cinco minutos e exija o mínimo de material.

Sugiro esta adaptação do Prince Valiant:

Atributos - Mente, Corpo e Autocontrolo (emocional). Os jogadores distribuem 9 pontos pelos três, com um mínimo de 1 e um máximo de 5.

Competências - cada personagem tem uma competência que pode ser qualquer coisa, desde médico a criativo. A competência tem um valor de 2.

Equipamento - cada personagem tem um objecto especial (pistola, computador, PSP, mala de prontos socorros, etc.) que pode utilizar em jogo. O equipamento pode ser indispensável para a acção e nesse caso a acção só pode ser realizada se ele for utilizado; pode apoiar a acção e nesse caso ele vale 1; pode ser indiferente e nesse caso não tem impacto na acção; ou pode ser prejudicial, e então vale -1.

Exemplo: O equipamento do Arnoldo é um telemóvel, o que quer dizer que ele lhe dá muita utilização, é um telemóvel-dependente. Ele quer contactar o Chefe e para isso precisa de lhe telefonar, logo o telemóvel é indispensável. Noutra situação ele está a tentar convencer o Boss de que o deve deixar ir embora; para isso telefona ao Amigo do Boss para este confirmar que ele Arnoldo precisa de se ir embora; o télélé apoia a acção. O Arnoldo está a comer uma sandes; o tm é indiferente. Finalmente, ele está a tentar escapulir-se da presença do Boss sem dar nas vistas; há o risco de o iPhone desatar a tocar, logo ele é prejudicial à acção.

Resolução de conflitos - Primeiro decide-se o impacto do equipamento. Depois decide-se qual o atributo relevante; finalmente define-se se a competência é aplicável. Soma-se o valor do atributo, da competência e do equipamento. Toma-se o nº final em moedas, rolam-se e sucedem as que têm caras. Compara-se com o valor da resistência, se for maior, a acção sucede.

Como é normal a resistência pode ser uma acção contrária (calculada nos termos acima) ou um conjunto de factores do meio.

Quando um conflito envolve vários participantes de um dos lados, somam-se todas as moedas de cada lado. O resultado é distribuído de forma equitativa por todos.

Para o GM

Não tem nada com valores prédefinidos. Estes serão estabelecidos em termos relativos.

Em cada situação de jogo decide se esta é Impossível, Difícil, Equilibrada, Fácil, Automática. Resolve-as nos seguintes termos:

Impossível - As personagens não conseguem resolver a situação, nem vale a pena pôr as moedas a rolar.

Difícil - O mais provável é os PCs falharem mas há uma hipótese de sucesso. Dá à resistência o dobro das moedas dos PCs.

Equilibrada - Dá à resistência um número igual de moedas ao dos PCs.

Fácil - dá à resistência metade das moedas dos PCs.

Automática - os PCs sucedem sem necessidade de pôr as moedas a rolar.

Exemplo de Jogo

Um sniper quer matar o Boss com um tiro de carabina.

Sniper - (Atributos) Mente 3, Corpo 2, Autocontrolo 4. (Competência) Tiro ao alvo. (Equipamento) Carabina com silenciador.

Boss - (Atributos) Mente 3, Corpo 4, Autocontrolo 2. (Competência) Brigar. (Equipamento) matraca.

Jogador do Sniper: «Eu sei que o Boss vai sempre almoçar ao restaurante da madrinha. A casa de banho do restaurante do outro lado da rua dá para o alvejar com calma. Faço-lhe uma espera e acabo-o em beleza.»

MJ: «Ok. Para o fazeres precisas de uma carabina mas essa tu tens. Qual é a tua capacidade?»

Jogador do Sniper: «Tenho 4 de Autocontrolo e a competência de tiro ao alvo o que me dá 6 moedas.»

O jogo avança até ao momento em que o Boss vai sair. O MJ pensa para com os seus botões que não é o melhor momento para o Boss ser abatido mas que se isso suceder o jogo não é posto em causa.

MJ: «A casa de banho é ao nível da rua e há carros que passam. Alguém bate à porta da casa de banho onde tu estás. O Boss leva apenas alguns segundos a ir da porta da rua até à sua limousine. Isto vai ser difícil. Vais em frente?»

Sniper: «Claro, não posso perder esta oportunidade.»

MJ: «Vamos atirar as moedas ao ar.»

O jogador lança 6 moedas e o MJ lança 12. Há duas hipóteses:

Se o jogador ganhar o lançamento acerta no Boss, o que o pode matar ou pelo menos deixar fora de acção até ao fim do cenário. Resta saber se o Sniper consegue fugir antes de ser apanhado pelos capangas do Boss; e sem deixar rasto e testemunhas como a pessoa que está a bater à porta da casa de banho.

Se o jogador perder, não consegue alvejar o Sniper. Aí o MJ tem várias hipóteses de interpretação da cena:

O Sniper falha por muito: a bala perde-se, ninguém dá por ela.

O Sniper falha por pouco: fere o Boss, um dos seus capangas ou atinge a viatura. Os homens do Boss dão-se conta do atentado e reagem...

Isto é apenas uma sugestão. O que dizes?

Sérgio Mascarenhas

Ainda não tinha pensado num sistema específico ou jogo.

Como a ideia é experimental estava a pensar em cada “raid” dedicar-se a um jogo diferente dentro dos moldes de que falei.

De qualquer modo, e já que o Prince Valiant é um dos RPGs que gosto partiularmente, a tua adpatação parece-me bem interessante e bem possível de ser usada no RPGMob. Acho que vou a apresentar o universo do Numis através dela e tudo!

href="sopadorpg.wordpress.com">sopadorpg.wordpress.com - Um roleplayer entre Santarém e Almeirim
ideonauta.wordpress.com - Viajando pelos mundos do RPG!

Vai pondo-nos a par dos desenvolvimentos.

O que é o Numis?

Sérgio Mascarenhas

O Numis foi uma ideia que tive depois de entrar em contacto contigo na RPG.net relativamente ao RPG do Fernão Mendes Pinto, lembras-te?

A ideia consiste num jogo dirigido a um público mais juvenil onde os jogadores encarnam jovens heróis em tudo parecido com eles que têm na sua posse umas moedas mágicas com poderes desconhecidos. O jogo usaria as próprias moedas no sistema e girava à volta do mistério das moedas e da razão porquê é que só jovens as podem usar com sucesso.

sopadorpg.wordpress.com - Um roleplayer entre Santarém e Almeirim
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Houve mais algum ensaio?

Sérgio Mascarenhas