Shandri Lhal

Shandri separa-se do grupo em Proskur, seguindo pelo rio Tun até ao Lago dos Dragões (Naramyr). Seguia num barco que tinham "libertado" de Viseslav, ainda em Ovotsk aquando do cerco. A tripulação (5 marinheiros) era composta por súbditos de Predeslava, homens de confiança.

A corrente do rio Tun era tão forte que era possível ver o rio literalmente a entrar no lago, dado que a cor das águas era diferente: as águas do rio traziam consigo alguma lama. Mesmo com tão escassa tripulação não tardou muito até que avistassem Suzail no horizonte. O porto de Suzail não era tão grande como o de Marsember mas nem por isso deixava de ser uma visão magnífica, quer pela quantidade de barcos a entrar e a sair dos diversos cais, quer pelo colorido e pelo exótico que isso representava.

Uma vez atracados, Shandri desembarca e prontamente se dirige ao quartel da Guarda Real para se apresentar ao serviço militar. Lá, é submetida a uma série de provas de esgrima e de pontaria com as suas armas favoritas (espada longa e curta, e besta leve) e, depois de confirmado o sêlo da sua família, foi apresentada ao Capitão d'Armas que lhe deu dois envelopes:

"No primeiro vai encontrar senhas de alimentação para si e para os seus subordinados, válidas para a duração da vossa missão. No segundo (lacrado com o sêlo real) vão as suas ordens, que deverá entregar com sêlo intacto ao Capitão da Guarda de Arabel." — explica o Capitão d'Armas, desejando-lhe boa viagem.

As saudades da cidade-natal eram muitas, mas antes de regressar ao barco Shandri iria antes utilizar algum do crédito que a sua família tinha nesta cidade.

Feitas as compras pretendidas, Shandri volta ao barco onde lhe assalta um pensamento: «O reencontro com a minha mãe vai ser muito agradável, vai...» e, com uma cara de tédio, entra no barco.

Os marinheiros manobram o barco para fora do porto de Suzail e lá seguem, sempre com terra à vista a bombordo, até ao Wyvernflow - rio que vem desaguar as águas do lago Wyvernwater ao Mar dos Dragões.

Pelo caminho, ficam assombrados pelo tamanho do porto de Marsember que, mesmo a esta distância, é bem maior do que o de Suzail - e com muito mais movimento. Shandri lembra-se de ter ouvido em comentários que Suzail era a capital administrativa do reino, mas Marsember era a capital económica. Algumas horas depois, o porto de Blustick, na foz do Wyvernflow, parecia irrisório em comparação.

Obrigados a parar em Wheloon por causa das marés, Shandri vê-se obrigada a dar licença aos marinheiros para irem a terra, tal era a insistência por parte duma série de donzelas com lenços vermelhos para que eles as visitassem. Shandri lembra-se de que numa das suas escapadelas para ajudar os pobres em Arabel, tinha salvo uma donzela com um lenço semelhante que se debatia contra um brutamontes sem modos. Shandri partiu-lhe o nariz com a pega da espada - foi a primeira vez que desferiu sangue em alguém, mas também a primeira vez que sentiu fazer-se real justiça. Seja como fosse, não conseguia deixar de sentir pena destas mulheres que, vendendo o corpo por meia dúzia de Estrelas, estavam sujeitas a todo o tipo de salvajaria.

No dia seguinte atravessam o lago Wyvernwater e, subindo pelo Rio Espada (Sword River), rapidamente chegam a Arabel.

Shandri Lhal, de Proskur a Arabel

Shandri sai do barco e olha em volta absorvendo todas as novidades ocorridas nos últimos anos da sua ausência. Os seus olhos percorriam todas as pessoas e todos os objectos até que se deteram num corpo estático à entrada do porto. Aquelas feições não lhe eram estranhas... os olhos do guarda encontraram os seus e, era Dustin o seu melhor amigo de infância e companheiro de treino, um sorriso de reconhecimento brotou em ambas as faces. Dustin estava pronto para vir ter com Shandri quando algo o deteve, constrangido, olhou para o seu colega que pela indumentária era decerto o seu superior.

Shandri tira a sua mochila do barco e dirige-se a Dustin. Assim que lá chegou perto dele comprimenta-o com um sorriso e olhar de cumplicidade, em seguida virou-se e chamou à atenção do outro militar, assim que este se virou e lhe deu atenção… esta ficara bastante surpreendida ao reconhecer o seu inimigo de infância!

- Philips? Vejo que conseguiste o teu lugar de sonho! Agora já podes dar ordens a toda a gente… com a excepção de mim, à coisas que não podem mudar! – concluiu triunfante. Philips, antes da minha partida era apenas um colega nosso de treino irritantemente graxista.

- Shandri! Que bom reverte! Já tinha ouvido rumores do teu regresso! – “As notícias correm depressa” pensava Shandri - Então? Sentiste falta dos banhos diários e dos perfumes requintados? Ou terá sido da protecção e autoridade que o teu palácio te oferece? Estou admirado por te teres aguentado tanto tempo por fora… ou será que não andas-te por onde disseste que ias andar e conseguiste enganar um lorde rico com quem casas-te e herdas-te uma grande herança e agora com não tinhas mais razões para lá ficares voltas-te para a mamã e para o papá?

- Philips… é bom saber que não mudas-te nada… – afirma Shandri de forma irónica. - A tua língua afiada e venenosa ataca, ataca, mas nunca acerta o alvo… também serás assim com a espada? Um… Zarolho? – Philips começava a dar indícios de uma raiva a fervilhar-lhe por dentro… – Sabes… no “mundo lá fora”, como tu te referes, a tua língua não é eficiente numa batalha ao contrário das exibições que fazes no campo de treino… - Philips moveu a sua mão para o punho da espada… logo Shandri, continuou a provocar e se preparou para o golpe de raiva que se iria seguir - É que como tua amiga aviso-te que, por experiência própria, normalmente, o teu oponente não fala a mesma língua que tu e… digamos que tu não consegues acompanhar a língua dele com a espada.

Shandri apenas teve tempo de esboçar um sorriso irónico pois, teve que recuar e desembainhar a espada para se defender do ataque enraivecido deferido por Philips, este estava totalmente dominado pela raiva pelo que os seus ataques se baseavam na força e nos ataques e não na técnica e na defesa. Em menos de 1 min. Philips estava desarmado, deitado no chão e com um espada a milímetros do seu pescoço.

- Eu sabia! Continuas um fraco de espírito e um péssimo esgrimista! – Philips tenta levantar-se e logo Shandri lhe coloca um pé em cima do peito obrigando-o a manter a posição. – Primeiro usas a língua contra os outros mas não sabes defender-te dela, deixas que a raiva te controle e atacas como um iniciado que só sabe atacar e esquece-se de defender. A esta hora, “no mundo lá fora”, já jazias no chão com a cabeça decapitada. Segundo esqueceste-te de qual era o teu lugar e acabas-te de atacar um membro da nobreza, o que, segundo me lembro, dá direito à despromoção do cargo actual do militar, podendo mesmo este ser expulso do exército. – Neste momento a cara de Philips já era de completo terror. – E pela tua cara vejo que a Constituição ainda não mudou! – Shandri recolhe a espada e deixa que Philips se levante e endireite. Foi nesse momento que reparou na população que se reuníra em seu redor atraída pela confusão, e comentando o regresso da filha primogénita da família Lhal desaparecida há alguns anos e que alguns já davam como morta. - E, terceiro e último ponto, apenas te vinha exigir que dês ordem ao Dustin para me escoltar ao meu “palácio”. Temos conversa para pôr em dia… - Acrescenta em tom de confissão.

A figura de Philips era de alguém completamente humilhado, envergonhado, enraivecido e completamente aterrado, visto que aquilo porque sempre lutara estava em risco iminente de ser completamente destruído e por mim. – Dustin escolta a senhorita Lhal aos seus aposentos e até dispensa da própria irás obedecer-lhe como a um superior teu. – Ordena com voz autoritária tentando recuperar alguma da sua dignidade e redimindo-se perante Shandri.

Shandri vira-se para a população – Lamento que a minha aparição tenha sido inesperada, no entanto agradeço aos presentes pela vossa calorosa recepção e por me virem receber após tanto tempo da minha ausência e de forma tão acolhedora. Adoraria recompensar-vos contando-vos as minhas fantásticas aventuras, mas sinto-me um pouco cansada da viagem, pelo que fica aqui a promessa que após ter visitado os senhores meus pais e ter concluído o objectivo do meu regresso que vos contarei tudo aquilo que desejarem ouvir. Com a vossa licença. – E, deste modo, Shandri dirige-se para o estábulo do porto, escoltada por Dustin que de imediato lhe prepara um cavalo. Seguindo, ambos, logo de seguida, estrada fora, lado a lado, começando a pôr conversa em dia.

- Uau! Evoluíste bastante desde a última vez que te vi lutar! Já para não falar do quanto madura estas… - Acrescentou um pouco mais envergonhado!

P.S.: Peço desculpa aos leitores pela dierreia criativa mas não me consegui conter.

Durante o caminho Dustin ía contando sobre as suas tarefas como guarda da cidade e foi ficando mais sério à medida que começava a recordar a batalha contra os goblins que invadiram a cidade:

"Primeiro cercaram a cidade e, porque alguém nos traiu de dentro da cidade, eles conseguiram invadir Arabel! Por sorte os War Wizards conseguiram resgatar-nos a tempo..." — e, com um sorriso na cara: "Abriram um portal para nos levar para Suzail! Consegues imaginar? Um portal!"

Depois começa a contar que melhorou imenso nas artes da esgrima. Mas ainda não ía a meio da frase já Shandri se colocava à frente dele de espada em riste:

"En garde!" — atira ela em aviso, ao que ele dá um salto para trás que lhe dá abertura suficiente para desembainhar também ele da sua espada. E, com um sorriso, atira-se a ela com golpes bem desenhados.

<ZWING! TRIM! KAPLIM!>

Mas, apesar de Dustin provar ter melhorado bastante desde que Shandri deixara Arabel, não chegam a perceber quem é que levaria a melhor porque são interrompidos por uma voz estridente:

"Minha cara Shandri, pare já com essa insolência!" — era a sua mãe, a quem Shandri chamava de "tia" por ser prima direita do seu próprio pai. "Por Tymora, será possível conseguires envergonhar-nos ainda mais!?"

Dustin, em vénia, pede perdão e estica a sua espada, punho em frente, na direção da Lady Lhal, em submissão.

* * * * *

Pelo caminho não dirigiram uma palavra uma à outra, mas mal entraram no palazzo, Lady Lhal desata em altos prantos:

"Como se já não bastasse o povo não confiar em nós por causa dos goblins, ainda vem agora a menina armar confusão para as ruas!?" — os seus gritos ecoam no palazzo.

"Mas para onde é que a menina está a olhar? À procura do paizinho, é? Foi destacado para Tilverton... ou o que resta daquele antro!"

* * * * *

No dia seguinte, depois de uma noite bem dormida, Shandri sai do palazzo em direcção ao quartel —apesar das cismas da Lady Lhal em relação à indumentária escolhida— para receber as suas ordens. No entanto, antes de as receber, Shandri é apresentada à sua brigada de milicianos:

  • Aravilar Dundragon, half-elf ranger
  • Blazanar Bramblefoot, halfling rogue
  • Randal Evenwood, human paladin
  • Mourn Tarnruth. moon elf wizard


E pronto, o próximo post já vai ser aqui — esperem por próxima terça-feira. ;)