Começo pelo fim:
Em termos de arranjar novos jogadores, os meus blogues nunca serviram para grande coisa. Normalmente contacto-os directamente quando aparecem aqui no Abre o Jogo ou por intermédio de outros que, não querendo jogar os meus sistemas, conhecem alguém que pode estar interessado. Podemos mesmo dizer que os meus blogues, e agora o Obsidian Portal, servem mais para o grupo em si do que propriamente para estranhos aos sistemas.
Quando ao Burning Wheel, estamos a assimilar as regras aos poucos. Aliás, o manual aconselha mesmo a ir introduzindo os vários sub-sistemas gradualmente. Até agora, temos-nos mantido no básico sem os quatro grandes sub-sistemas do jogo: Duel of Wits (conflictos sociais), Fight! e Range and Cover! (conflictos físicos), Circles (uma espécie de contactos no setting que os jogadores podem introduzir a seu bel-prazer) e Resources (os recursos monetários e não só que cada personagem possui).
A meu ver o Circles e Resources são quase indissociáveis do jogo base (apesar de poderem ser introduzidos mais tarde). Passo a explicar, o Circles é uma mecânica que permite aos jogadores (e não ao GM) introduzir NPCs na campanha. Quem é que eu conheço que pode fazer isto ou saber fazer aquilo? Isto vai mais além do que o mero blacksmith a quem os PCs querem comprar uma espada. Abrange coisas como: quem é que eu conheço na corte que favorece o meu ponto de vista? conheço algum mágico que me possa abrir um portal para a dimensão Y? Ou mesmo, conheço pessoalmente o rei? Claro que, como tudo em BW, existem consequências. Se os jogadores falham um lançamento para conhecerem alguém segundo os seus critérios, conhecem alguém sim, mas que lhes é oposto. Em breve a campanha está cheia de antagonistas introduzidos pelos próprios jogadores.
Os Resources são aquilo que permite aos jogadores adquirir coisas desde espadas a castelos. É um recurso abstracto que mede não apenas o dinheiro na bolsa, mas o crédito monetário, a capacidade de usar a reputação para pedir favores para adquirir algo, a capacidade de pedir emprestado, etc.
Claro que é perfeitamente viável jogar uma campanha sem introduzir qualquer um destes sub-sistemas quanto mais os conflictos social e físico (que podem ser resolvidos com um simples lançamento versus). Aliás, há grupos que admitem que jogaram anos sem tocar em qualquer regra para além das bases. A nossa primeira correu assim e foi muito boa. Enquanto os jogadores estiverem contentes com o que têm, enquanto não sentirmos a necessidade de introduzir outros sistemas, é como jogaremos.
Quanto à longevidade, o BW é muito bom para campanhas longas (o default). Todas as mecânicas encorajam isso (embora também seja muito bom em one-shots ou pequenas aventuras). Gosto principalmente de como a percepção que o resto do grupo tem do roleplay de cada jogador, lhes permite alterar mecanicamente as personagens. Mas isso fica para outra discussão, se quiseres continuar a falar disso.