[Sorcerer] O senador, a bibliotecária e o ex-militar

Ontem à noite, quando outros planos falharam, o JP, o JMendes e a sua mulher Ana fizeram uns adoráveis feiticeiros e os seus demónios nasty, e depois eu tentei improvisar qualquer coisa fixe e falhei miseravelmente… já nem quando tenho 2 ou 3 semanas para preparar uma campanha de Sorcerer a coisa corre sobre rodas, quanto mais sem qualquer preparação prévia.

Mas a experiência não deixou de ser interessante e talvez um pequeno início para vôos bem mais altos.

Bom, mas tenho de fugir daqui; só queria abrir desde já o tópico para que os outros presentes dissessem de sua justiça. Voltarei mais logo com os meus comentários.

O João Mendes colocou os seus comentários num post no seu blog e numa thread na Forge, de modo que foi na Forge que acabei por colocar os meus comentários.

Cheers!

Já agora, queria discutir algo de vital importância para o jogo: a nossa definição de Humanidade. Perdoem o post rápido e pouco explicativo, mas estou cheio de pressa para ir dormir, sorry…

Fiquei muito contente de termos logo à primeira encontrado uma definição de Humanidade cheia de potencial e diferente da mais normal “Empatia”, e ainda mais feliz fiquei por essa definição vos ter colocado os motores a trabalhar e a rugir.

Sinceramente, ainda não tive grande tempo para pensar nisto com calma, mas já agora gostava que me ajudassem a perceber como posso usar isto na prática. Na área da magia, bom, aí não há qualquer dúvida, a coisa funciona excelentemente e com certeza dará origem a uns rituais bem espectaculares se vocês (e eu) se deixarem guiar pela noção de que a feitiçaria consiste em fazer o exacto oposto daquilo que a Humanidade é.

Agora na parte não-mágica, é que ainda não consegui explorar todo o potencial que a ideia pode ter. Acham que podemos discutir isto e criar vários exemplos em de rolls de ganho e rolls de perda de Humanidade? É que ver as coisas assim escritas no papel/ecrã, é algo diferente do que falar… as ideias não desaparecem no éter. :slight_smile:

Para já, nem me lembro muito bem daquilo que falámos sobre o que ligaria, por exemplo, a Raindrop a este mundo. A relação com a família, talvez? Bom, eu consigo chegar lá, só preciso de pensar um bocadinho.

Anyway, o meu problema seria mais, por exemplo, no caso do João Mendes. Aquilo que mais liga o personagem a este mundo é a sua imagem pública; ora no ramo em que ele está, a política, a imagem pública é quase um equivalente de poder, portanto vai ser difícil arranjar situações/dilemas em que o personagem tenha a hipótese de conseguir aquilo que quer (que por agora parece ser apenas poder) nem que para isso tenha de arriscar a sua “Humanidade”. Isto porque conseguir o Poder e ganhar/manter a Humanidade serão muitas vezes sinónimos para ele. Ora não será impossível criar dilemas em que ele tenha de arriscar perder Humanidade para conseguir o que quer, mas assim à partida parece ser bastante mais difícil de criar esse género de situações.

Bom, eu amanhã volto a postar, com mais calma. Até lá, estejam à vontade para contribuirem com ideias, opiniões, pensamentos e sugestões. :slight_smile:

Hey, :slight_smile:

Só queria dizer que tenho estado a pensar nisso ao longo destes dias, mas ainda não tive nenhuma ideia brilhante. Vou continuar a pensar, tipicamente terei alguma coisa antes da próxima sessão…

Cheers,

J.

Eh pá, a definição que encontrámos foi inovadora e foi por isso q fui a favor (senti q estava a tomar nas mãos o destino da campanha, foi mto fixe :slight_smile:

Mas… Acho q, como está agora, tem pouco potencial pra rolls de humanidade. Acho até q a ideia da imagem pública do JMendes é o exemplo capaz de gerar mais situações em jogo. A ligação da Raindrop à família não tem tanta capacidade de ser explorada… E do Sven nem falo, o que é que ele pode sacrificar, as memórias? Isso é complicado de pôr em cima da mesa de jogo…

Se queres aprofundar isto, acho q deviamos primeiro discutir o que é a “ligação ao mundo”. Eu vejo isto como todo o tipo de laços comunitários: imagem pública, família, amigos, memórias, ideais comunitários (patriotismo), etc.

Depois é q vinha a discussão dos rolls de humanidade. P ex, pró JMendes a humanidade pode ter a ver com imagem pública + ideal de servíço público. O ideal está sempre a ser traído pela busca do poder, mas a imagem pública pode nem ser afectada… Ou vice versa!

(e mesmo q a humanidade do JMendes esteja apenas relacionada com a imagem pública, eu vejo boas situações de poder vs. imagem, por exemplo ceder a lobbies pra ganhar poder sobre eles, whatever the press may write).

Esta definição de humanidade não é nada clara… Deviamos também discutir se há a hipótese de vários factores da humanidade entrarem em conflito uns com os outros, ou se cada personagem deve definir o ponto-chave da humanidade pra si. Se o caso for o segundo, eu defino a humanidade do Sven como sendo ligada ao patriotismo-servíço público.

JP

Eu julgo que o potencial está lá, precisamos é de o trazer ao de cima e deixá-lo claro se queremos ver isto a funcionar bem. Depois não será nada complicado; conforme a definição de Humanidade, conforme o tipo de história que irá resultar. Um foco nessa ligação ao passado, por exemplo, acho que daria origem a todo o tipo de situações interessantes… flashbacks reveladores, memórias re-escritas, magia espaçotemporal, histórias de amnésicos em busca de memória e identidade, histórias de trás pra frente Memento-style, etc. Sei lá, só estou a atirar coisas para o ar. Mas não foi esse o jogo para o qual se inscreveram, portanto vamos guardá-la para outro dia, eheh.

Okay, portanto comecemos do início. A Humanidade está definida como a ligação de uma pessoa ao mundo/universo/dimensão que a rodeia. É isso, certo? Mas podemos ir mais longe… esta ligação é só física/corporal ou tem também uma componente mais espiritual/psíquica? Parece-me que queremos optar pela segunda hipótese de modo a manter a coisa flexível e, francamente, mais explorável no sentido de criar uma premissa. Até aqui todos de acordo, cero?

Agora, o que é que é um personagem com Humanidade Zero? Imagino-o como alguém que perdeu a sua ligação a esta dimensão e:
[list][]ou simplesmente se dissipou física e espiritualmente, sendo apagado da nossa realidade;
[
]ou se tornou de tal modo desligado do nosso universo que se tornou invisível e incorpóreo e para quase todos os efeitos inexistente para o resto do mundo (aqui lembro-me de um excelente episódio da 1a temporada da Buffy, sobre uma rapariga tão discreta e apagada que se tornou de facto invisível)
[*]ou perdeu o seu sentido de pertença a este mundo e a sua identidade própria, tendo sido a sua consciência (e talvez até forma corporal) substituída pela de uma criatura “do outro lado”[/list]

Mais ideias, sugestões, comentários, a estes dois assuntos? (Definição de Humanidade, e definição de Humanidade Zero)

Okay, vamos discutir isso, então. A questão dos rolls ficará com certeza 90% resolvida assim que esta estiver despachada. Queres elaborar a tua definição de ligação a esta realidade?

Eu tenho aqui uns chavões para atirar também: identidade. Alguém com uma identidade forte estará mais ligado ao mundo, logo terá menos hipótese de se tornar incorpóreo e invisível? Talvez, mas tenho de pensar com mais calma porque, novamente, isto pode já implicar muita coisa para lá da definição acordada inicialmente… nomeadamente parece-me que elevaria a coisa a um nível mais espiritual do que propriamente uma questão de física cósmica.

Se identidade não for a palavra mais adequada, talvez consciência/awareness de si mesmo e do mundo que a rodeia.

Novamente, só estou a atirar coisas para o ar. Quero pensar nisto com mais calma, mas até lá pode ser que alguém tenha ideias brilhantes sobre isto, ou pelo menos que isto sirva para despoletar alguns raciocínios brilhantes.

Sim, tens razão… não é nenhum beco sem saída. Há bastante por onde pegar; eu é que falei sem analisar muito mais que a superfície do problema.

Já agora, ajudaria se vocês falassem mais um bocado dos vossos personagens, nomeadamente possíveis objectivos e coisas que lhes importam. Mas pronto, tb isso podemos sempre ir descobrindo por tentativa e erro, eheh.

O ideal seria termos uma definição abragente de Humanidade que desse para todos ao mesmo tempo. Na falta disso, uma definição em dois eixos, ou uma definição que fosse ligeiramente diferente de personagem para personagem, também não era nenhuma catástrofe. Basicamente o esquema por detrás disto é que se a Humanidade for minimamente semelhante para todos, há mais interesse dos jogadores como audiência nas decisões uns dos outros. Do estilo “eu Fulano decidi arriscar humanidade para tentar conseguir X; será que aqui o meu amigo Cicrano vai arriscar mais/menos do que eu para atingir Y”? Se a Humanidade for muito diferente, perde-se um bocado no termo de comparação.

Isto também implica, é claro, que a definição de Humanidade tenha um elevado interesse para cada um. Daí que convém que a definição diga algo importante a todos, de preferência o mesmo algo, eheh.

Yo!

Já percebi que a definição de Humanidade é muito mais central pró Sorcerer que eu pensava… Leiam este thread (“Favourite Humanity Definitions”) pra terem uma ideia:

https://www.indie-rpgs.com/viewtopic.php?t=11788

Tem umas ideias porreiras, em especial a definição de Humanidade num jogo de Samurais, e deu-me uma ideia pra jogar Sorcerer nos Descobrimentos :wink:

[quote=ricmadeira]Agora, o que é que é um personagem com Humanidade Zero? Imagino-o como alguém que perdeu a sua ligação a esta dimensão e:

ou simplesmente se dissipou física e espiritualmente, sendo apagado da nossa realidade;[/quote]

Esta parece-me a mais consistente com a q tinhamos definido durante o jogo.

[quote=ricmadeira also ]Okay, vamos discutir isso, então. A questão dos rolls ficará com certeza 90% resolvida assim que esta estiver despachada. Queres elaborar a tua definição de ligação a esta realidade?

Eu tenho aqui uns chavões para atirar também: identidade. Alguém com uma identidade forte estará mais ligado ao mundo, logo terá menos hipótese de se tornar incorpóreo e invisível? Talvez, mas tenho de pensar com mais calma porque, novamente, isto pode já implicar muita coisa para lá da definição acordada inicialmente… nomeadamente parece-me que elevaria a coisa a um nível mais espiritual do que propriamente uma questão de física cósmica.[/quote]

Gosto desta ideia ser centrada em identidade. Mas a identidade não se medindo em termos de “força de vontade”, mas sim em termos de “definição do lugar na sociedade” (pq acho q a força de vontade já é o atributo “Will”).

O Ron Edwards resolve este dilema algures na Forge, no thread q citei em cima. Basicamente, uma definição de humanidade pode ter dois ou três eixos; mas a humanidade perde-se sempre da mesma forma: quando há sofrimento humano. A definição de humanidade define apenas o que pode provocar esse sofrimento.

[quote=Ron Edwards]Best way to do the classical feudal-Japanese thing is like this:

Passion = hate, love, ambition, kindness, pity, etc

Obligation (Duty) = family, lord/job, culture/people as a whole

Face = reputation, appearance, “cool”

Now for the nasty part: although all of these are, cumulatively, “Honor,” every one of them can lead to Humanity loss or gain.

Is this, then, triple Humanity rather than dual? No. The Humanity loss or gain has to do with one thing, and one thing only: human suffering. More suffering = potential for lost Humanity. “One person’s grief is our collective loss.”

So the Honor thing is not, itself, Humanity - it’s the triple arena in which suffering may be alleviated or increased.[/quote]

Acho sinceramente que temos melhor que pensar nesta definição de perda de humanidade = sofrimento humano. A nossa ideia de um gajo mudar pra outra dimensão é demasiado física pra isto. Acho q a ideia de identidade, em termos sociais (referência a relações, imagens, ou sistemas de crenças), devia ser explorada.

JP

PS: isto da Humanidade no Sorcerer parece-me ter mto mais piada que os demónios :stuck_out_tongue:

[quote=jpn][quote=ricmadeira]Agora, o que é que é um personagem com Humanidade Zero? Imagino-o como alguém que perdeu a sua ligação a esta dimensão e:
[list][*]ou simplesmente se dissipou física e espiritualmente, sendo apagado da nossa realidade;[/list][/quote]
Esta parece-me a mais consistente com a q tinhamos definido durante o jogo.[/quote]

Pois, mas eu estava a propô-las a todas, não só essa! Sempre fica mais variado, e parecem-me todas válidas. :slight_smile:

Exactamente!

Eh, não te entusiasmes! Ele aí está a falar especificamente de como melhor abordar um certo género de história, não está a fazer generalizações ou muito menos a advocar uma definição de Humanidade diferente para cada personagem (que é um big no-no no jogo). Se reparares, os exemplos que ele dá dos seus jogos são todos uma única definição.

O que não implica que não possamos ter dois eixos, como já tinha dito. Até parece haver nessa thread quem prefira assim. Mas logo se vê. Para já só quero algo que faça sentido e que crie determinado tipo de história, não algo que se destine “só” a encaixar diferentes conceitos de personagem.

Vocês começaram por a definir em termos físicos, sim, mas assim que eu comecei a fazer perguntas inquisidoras entraram de imediato nos eixos certos e percorreram uma distância recorde por terrenos onde eu jamais me aventuria por mim… sinto-me bem mais livre e instruído por causa de vocês!

Anyway, como podes ver, eu lá em cima já incluí não só o aspecto físico da ligação ao mundo mas também o espiritual/psíquico/whatever que é o realmente importante (no fundo a parte de desaparecer deste mundo resulta do que se vai passar nesse componente espiritual). Isso acho que está mais que assente. Só falta decidirmos melhor em que bases se desencadeam as percas e ganhos de humanidade… ou seja, temos de especificar esse aspecto mais mental da ligação ao mundo.

A identidade parece-me cada vez melhor ideia, mas acho que convém aprofundá-la, nomeadamente no que causa perdas e ganhos, por exemplo. Só para todos (okay, para eu, que o GM é que o gajo importante, eheh!) ficarmos esclarecidos e podermos trocar ideias. É que desde que atirei a palavra para o ar ainda não pensei muito mais nela.

Eheh, os demónios são o outro prato da balança. Ou melhor ainda, a Humanidade é a própria balança. Num prato têm os demónios e os vossos objectivos; no outro têm-vos a vocês próprios. A questão aqui é saber o quão corajosos/loucos/insensatos/gananciosos/desesperados/tresloucados/whatever são vocês para arriscarem um desequilíbrio fatal da balança. :slight_smile:

Tendo a Humanidade definida, tudo o resto vem daí. Mas discutir os demónios também vai ser interessante, até porque é uma componente mais prática e menos teórica do jogo. E os vossos demónios bem precisam de um abanãozito! É impressão minha ou têm todos o desejo de Mayhem? :slight_smile:

Gang, além da questão da Humanidade, que ainda não está resolvida mas que acho que já temos bons ponteiros que consigo transformar em algo concreto assim que me dedicar a isso, gostava de saber mais sobre os personagens… qualquer coisa vale. Ou pelo menos rever os “conceitos” que foram discutidos ao vivo e que já perderam um bocadinho de exactidão na minha memória.

Isto porque ando a preparar as minhas munições de bangs para o jogo e qualquer ajuda e inspiração é bem-vinda. Nomeadamente, a minha dificuldade é mais saber em que tipo de situações estão interessados. Por agora, estou a guiar-me apenas pelos Kickers (espero que realmente tenham criado uns que vos interessem, mas ainda estão à vontade para mudar) e pelo pouco que explorámos na primeira sessão.

Er… Já tens tudo o q precisas sobre o Sven, acho. Agora, se tivesses ideias pra tornar um demónio parasita mais interessante, estou contigo. Lê as 2-3 páginas sobre demónios parasitas no Sorcerer and the Soul e isso resume bem o q eu tenho em mente (vê o personagem-exemplo q lá tá q é cópia do meu).

Se isto n chegar, eu posso escrever mais qq coisa…

JP

Tens razão, no teu caso falta-me só uma coisa, mas é tão básica que eu tenho de perguntar… O Kicker é que ele re-encontrou o seu Control Officer e…

e…

Deseja vingança? Acho que sim, mas não me recordo com toda a certeza nem com pormenores. E se realmente é sim, convinha-me saber porquê no geral… por coisas que o obrigaram a fazer ou só por lhe terem metido aquilo dentro? Ou outra coisa?

Pelas duas coisas :slight_smile: JP

Fogo, homem, não sejas monossilábico! Preciso de saber mais sobre este codename Drake, afinal ele é o teu Kicker. :slight_smile: