Oi, :)
Eh... <blink> <blank stare> <blink> ...
Ok. Aviso: vou pontificar. Vou fazê-lo porque, (a) gosto, e (b) pode ser útil a alguém. No entanto. Disclaimer: algumas das coisas que vou dizer aqui, só me apercebi muito recentemente. Não fiquem com a ideia que sou o guru de stakes negotiation, ou que se não fizerem o que eu digo vou achar que estão a jogar mal, ou outra imbecilidade qualquer...
But first, some homework:
1) Este thread meu na Forge, já antigo
2) Este outro thread na Forge, mais recente
3) Este thread no Story Games, mais comprido
Ok. Now that that's over with, gostava de repetir algo que disse upthread:
[quote=JMendes]É fundamental distinguir dois tipos de "não se deseja":
a) Não, não quero isto, vou ficar completamente entalado
b) Não, não quero isto, é blah...
(a) é bom, (b) é mau... :)[/quote]
Ponto Primeiro: Stakes Negotiation vs Character Ownership
[quote=Rui]Inês: Nós queremos que eles nos ajudem com um exército.
GM: Ok, vocês querem isso, eles querem que vocês sirvam como escravos deles durante um ano.
António: Epá, isso é demais. Desisto.
Inês: Hey, não podes baixar os Stakes?[/quote]
Gostava de perceber de onde é que isto vem. Minha opinião, o que se verificou à mesa nesta ocasião foi exactamente o mesmo que aconteceu na nossa sessão de TSoY no link #1 acima, nomeadamente, uma reacção instinctiva motivada por issues de character ownership.
Hipotética, com uma alternativa da minha autoria a bold:
[quote=Rui]GM: Vocês querem o exército do gajo, né? Rolem iniciativa.
*todos rolam, começam a fazer ataques sociais*
Padeira (como SeilSya): General, você está aqui com o seu exército porque se recusou a voltar à Ilha Sagrada, e quer aumentar o seu exército. Nós achamos que podemos ter uma excelente colaboração entre todos, nós e o seu exército, mas que este podia ser melhor gerido por nós. *rola dados, passa o Mental Defense Value (MDV)*
GM (como Saloy Hin): *gasta 1 de Willpower (WP) para resistir* Sim, claro vocês têm razão... mas o que estou a dizer? Não, este exército é meu, e será aumentado com mais Dragon-Blooded, e só teria a beneficiar se tivesse 4 solares nos seus ranks. Vocês deviam juntar-se a nós e trabalhar sobre as nossas ordens. *GM rola dados, passa o MDV do perso do Padeira*
Padeira: Epá, isso é demais. Desisto.[/quote]
Porque é que o jogador decidiu acatar as acções tentadas pelo GM em vez de protestar contra a tentativa, como o fez acima? Porque no exemplo acima, o jogador estava a negociar, e no exemplo abaixo, estava a jogar. Se o jogador estava a falar a sério em termos de não querer esses stakes como jogador, seria de esperar que protestasse como na hipotética. Se não o fez, isso leva-me a querer que o jogador apenas não queria esses stakes como personagem.
Nesse caso, em vez de "Epá, isso é demais. Desisto.", deiva ter dito "Epá, isso é demais. Vou-me bater tudo por tudo para não acontecer! Que é dos dados, dêem-me dados!"
Ponto Segundo: Stakes vs Intentions
Outra hipotética (again, o bold é meu):
[quote=Rui]Inês: Nós queremos que eles nos ajudem com um exército.
GM: Ok, vocês querem isso, eles querem que vocês sirvam como escravos deles durante um ano.
António: Epá, isso é demais. Desisto.
Inês: Hey, não podes baixar os Stakes?
GM: Não, estas são as intenções do NPC. Podes desistir à vontade. Ele não vai desistir. Rola.[/quote]
Em oposição a:
[quote=Rui]Inês: Nós só queremos ver as vistas...
GM: Ok, enquanto vocês vêem as vistas, aparece um gajo a tentar escravizar-vos durante um ano.
António: Epá, isso é demais. Desisto.
GM: Er... desistes de quê, exactamente...?[/quote]
A onda de balancing counter-stakes é um exercício de fairness e de interesse. Serve para não surgirem cenas como estas:
[quote=Rui]Inês: Nós queremos que eles nos ajudem com um exército.
GM: Ok, vocês querem isso, eles querem que vocês sirvam as bebidas no bar esta noite.
Players: Er... meh, whatever... se a gente servir as bebidas à mesma, podemos ter o exército?[/quote]
Basicamente, nada obriga os counter-stakes a serem minimamente equilibrados. Apenas têm que ser interessantes para toda a gente. Acontece que pensar em intenções equilibradas para os NPCs é um bom ponto de partida para chegar a stakes interessantes.
Mas. A partir do momento as intenções dos NPCs estão determinadas, estão determinadas! (Nota: determinadas = anunciadas à mesa; até lá, o GM pode gerir a "realidade" conforme lhe fôr mais útil ou interessante para o jogo.)
Isto significa que "eu desisto" não é particularmente útil para os jogadores. Nada impede o NPC de tomar a iniciativa e partir ele para o conflito. Da mesma forma, implica que o GM não deve nunca usar counter-stakes para levar os jogadores a desistirem das suas intenções, e implica que os jogadores devem confiar em que a intenção do GM com aqueles counter-stakes agressivos não é levá-los a desistir, mas sim, encontrar um conflito interessante.
Por exemplo, o meu primeiro impulso seria apresentar counter-stakes de o dito exército se juntar ao inimigo... :)
Ponto Terceiro: Drift.
Ya. Também já tentei, nomeadamente durante a minha actual campanha de D&D.
Basicamente, drift tem os seus problemas. Às vezes, uma ideia que parece óptima no papel e parece funcionar em primeira análise revela ter consequências inesperadas a long prazo e acaba por ter que ser abandonada.
Aqui entra o ponto três do Fun Now: play with rules you like.
Ao que parece, os jogadores do vosso grupo estavam virados para um tipo de jogo que stakes negotiation não suporta muito. So, cool deal, foi uma tentativa. Não concordo contigo quando dizes que foi um erro. Aprendeste qualquer coisa, e ao partilhá-la connosco, nós (ou eu) também. Quando os introduziste, melhoraste o jogo. Quando os retiraste, melhoraste o jogo outra vez. (How's that for an apparent contradiction?)
Go Play! :)