Star Wars Saga Edition: Auspícios de uma "4th Edition"?

Como alguns de vocês devem saber, a Wizards of the Coast lançou este mês um novo produto na linha de RPGs da setting de Star Wars. Chama-se Star Wars Saga Edition e tem a particularidade de surgir como uma forte revisão às regras que regem este jogo, alterando muitos elementos base do sistema d20. No Slashdot podem encontrar este artigo que se apresenta como uma review do livro (embora se pareça mais com um anúncio de publicidade, se bem que isso é assunto para outra ocasião) e onde se falam das diversas alterações ao sistema. A respectiva entrada na Wikipedia dá ainda mais informações.

Embora isto, isoladamente, não seja uma notícia terrivelmente relevante (excepto, talvez, para os fãs de Star Wars RPG), em conjunto com as recentes notícias do cancelamento da publicação das revistas Dragon e Dungeon, a não renovação dos contratos que exploravam as settings de Dragonlance e Ravenloft, e a criação de novos espaços online como o novíssimo Gleemax, abre espaço para alguma especulação. Em particular, há quem se pergunte (eu incluído) se a WotC não estará já a preparar uma futura quarta edição de Dungeons & Dragons e se o Star Wars Saga Edition não será mais do que o ambiente de teste para medir e analisar o impacto de futuras alterações ao sistema d20.
É óbvio, à partida, que o ritmo de publicação de acessórios para D&D 3.5 não tem decrescido e, a darem-se algumas alterações, isso não será com certeza para um futuro muito próximo. No entanto, é algo a que merece que lhe seja dedicado algum tempo de meditação.

Pessoalmente, não sei se o “mercado” está pronto para uma nova versão de D&D. Especialmente quando a versão 3.5 se tem vindo a consolidar e tanto suporte lhe tem sido dado. Mais do que isso, no entanto, não me parece que uma nova edição nestes moldes seja o mais apropriado. Uma breve revisão daquilo que é falado sobre o Saga Edition leva-me a torcer o nariz um pouco. Quando inicialmente ouvi falar de uma revisão as regras do Star Wars RPG pensei que fosse algo que se circunscrevia as particularidades do setting. Para o tornar mais apetecível e as regras mais adequadas. No entanto existe um conjunto de fortes mudanças que me fazem querer que não é só isso. Apesar disso, nenhuma destas alterações me parece dramaticamente positiva no geral. O novo sistema faz jus ao seu ponto de origem: não é mais do que uma revisão. Qual é o problema disto? Bom, é mais uma revisão. A passagem de D&D 3.0 para 3.5 não me pareceu muito forçada, houve alterações que acredito (tendo em conta o sistema raiz) que foram reais melhoramentos, mas para algo digno de ser chamado de quarta edição estou à espera de algo…diferente.

Sei que estou a especular, e que nenhuma destas alterações ou eventos são prova irrefutável que existem planos para uma nova edição a médio prazo (cuja existência eu duvido que não seja real, mas enfim), mas a verdade é que, a acontecer, espero que a quarta edição de D&D seja algo mais do que um novo “refinamento”. Para isso mais vale chamarem-lhe a versão 3.5.5 em vez de saltarem logo para a 4.0. Gostava de ver o sistema d20 a evoluir, gostava que houvessem mudanças de fundo na mecânica do jogo, coisas que o aproximassem mais de uma sensação real de roleplay e de desenvolvimento de uma personagem comparativamente ao power-leveling/number crunching/vício na maximização de stats/“munchkinismo” que tão facilmente se reconhece numa típica campanha de D&D num setting medium/high magic. Não sei se um caminho que passa por uma simplificação cada vez mais progressiva das regras originais (ie, v3.0) é o ideal. Em particular, se o problema reside nos alicerces, não é pintando o prédio com uma nova cor que eles vão desaparecer. No fundo, o que eu gostava mesmo era que o futuro nos trouxesse uma nova edição, não de uma nova revisão.

O que é que vocês acham sobre este assunto? Será tudo uma tempestade num copo de água? Ou haverá fundamentos para estas linhas de pensamento? Vai na volta estou a merecer uma visitazinha do nosso velho amigo Darth Vader para ver se me calo. Por outras palavras:

Posso dizer que apesar não ser um fã de Dungeons & Dragons este foi o primeiro RPG que joguei e não posso negar a sua importância.

Uma verdadeira edição (e não revisão) com um número de mudanças entre esta a anterior igual às que aconteceram entre AD&D e D&D 3ª Ed. parece-me ser legítimo. A questão é: quais as mudanças a fazer?

Uns advogam uma maior uniformização entre mecânicas de combate e sociais (Porquê um sistema de combate detalhado e não um sistema detalhado de interacção social?) e outros advogam a simplificação de todas as mecânicas (com menos contas e uma ficha de personagem que não pareça um impresso do IRS). Qualquer uma destas necessidades já têm vindo a ser preenchida por projectos de outras companhias que trabalham com D20 e alguns fãs dedicados (True20, Perfect20, etc.)

A minha dúvida é: que mudanças de base se podem fazer ao jogo sem que este deixe de ser D&D? Porque convém dizer que o D20 é bom no que faz: permitir ao jogadores interpretar personagens que a todos o instante se tornam mais poderosos ao superarem desafios tácticos num mundo de fantasia. Até que ponto se quer mudar esta natureza?

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

Esta nova edição de Star Wars parece ir por uma abordagem mais flexível das personagens, com as Talent Trees a permitirem percursos diferentes para a mesma classe. No entanto, tem havido críticas que os talents são pouco variados e limitados a combate, havendo quem diga que os Jedi não conseguem ser mais do que soldados.

Para já, gostaria de saber mais sobre este livro antes de fazer comentários. Se for mesmo stand-alone, estava até a pensar em comprá-lo. No entanto, não me parece que seja uma indicação do que D&D 4.0 poderá vir ser, acho que ainda falta algum tempo até passarmos essa ponte e, antes disso, outras novidades da Wizards virão.

Se a Saga Edition é, de alguma forma, um olhar para a mentalidade actual dos developers na Wizards, parece-me que estão a apostar mais na segunda opção. No entanto, acho que D&D só teria a ganhar com uma maior aposta na primeira opção também. No fundo, possivelmente um agregar das duas opções seria o ideal.
Actualmente o que se tem é um inundar cada vez mais maciço do mercado d20 com acessórios que trazem cada vez mais e mais opções de costumização para as personagens. Isto à partida é bom, não fosse o acréscimo de opções vir a complicar cada vez mais o jogo. Tudo bem, ninguém é obrigado a usar todos os acessórios, mas é de certa forma irritante a tendência cada vez mais acentuada na publicação de acessórios que se focam fundamentalmente numa única vertente das personagens: batalha.

Acho que não se trata de mudar a natureza. É mais um mudar de mentalidade, de meios a chegar a esse fim. O foco do D&D, e da complexidade das suas regras, está maioritariamente no tipo de desafios tácticos que envolvem combate. Seria interessante e agradável de ver um shift na mentalidade que nos trouxesse alternativas ao combate de uma forma mais standard no próprio core do jogo.

A tendência que observo é a de uma contínua refinação das formas como um dwarven barbarian pode, de uma forma mais eficiente, partir uns crânios ao invés de expandir o jogo de uma forma positiva dando espaço ao peso de esferas sociais e da engenharia social.

sendo um fã de Star Wars e mais a mais, GM do dito RPG, tenho seguido com alguma atenção o percurso deste novo sistema denominado Saga; e a julgar pelo que tenho lido, e baseando-me no historial da WotC no que toca à sua política de desenvolvimento de rpg's, atrevo-me a dizer que esta nova edição poderá ser precisamente um ensaio para novas reformulações do D&D e acima de tudo uma forma de definitivamente estabelecer as miniaturas como um add-on imprescindível ao hobby, i.e. tornar o roleplay e as miniaturas duas coisas que andem de mão dada.

com a revised edition, e apesar de não ser nem nunca ter sido fã do sistema D20, consegui um equilíbrio interessante entre o enfoque no combate e o "jogo social"; com as novas alterações que se prevêm na edição saga, há claramente uma simplificação das regras reduzindo-as a um sistema que os autores pretendem streamlined mas que me parece sim ultra-simplificado.

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Luke: "What's in there?"

Yoda: "Only what you take with you."

Este não é o jogo que vai levar o SW a ser mais boardgame que rpg? É assim que se passa com o D&D 3.x (basta verem todas as regras de movimento que lá estão e a maneira como se ganha XP), e dá-me ideia que é assim que vai ser com este SW.

Não acho uma má ideia, basta ver que hoje em dia qualquer papelaria de vão de escada (citando alguém num tópico parecido com este) tem boardgames, por isso até será uma boa estratégia.

Outra boa estratégia, seria associar o rpg aos jogos de cartas, como tentei fazer aqui - e esta ideia não está morta, está adormecida.

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To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

Star Wars Saga é o novo d20, mas será Star Wars?

Esta é a questão que a Andrew Montgomery pergunta nesta crítica a esta nova edição da Wizards of the Coast.

[quote]These changes create a game which moves faster, makes the characters more “heroic,” and brings back balance to the classes. The Jedi are great, sure, but with the cool Talents other classes get too, there will be a lot more interest in playing them. Even Nobles, which came off as pretty lame in previous editions, have now been brought up to par.

No game is perfect, however. While the Saga edition is faster and more cinematic, it still moves like a tortoise compared to something like Savage Worlds. On the other hand, it provides a great deal of depth and complexity for gamers who want that. And while Savage Worlds (or the old WEG version) may be closer to the spirit of the first trilogy, the d20 Saga edition has the scope to embrace the prequels and “Expanded Universe” of the books and comics.

However, the one thing preventing me from handing out any “5s” in this review was the decision to make the game miniatures based.[/quote]