Muita gente diz que o melhor boardgame do Reiner Knizia é o Euphrat&Tigris. Outros dizem que é o Through The Desert. Para mim nada disso é verdade. Para mim o melhor do Reiner Knizia é um boardgame de comboios chamado Stephenson’s Rocket.
Este boardgame tem como tema os primórdios das empresas ferróviarias em Inglaterra. Os jogadores controlam todas essas empresas. Não é um train game, é mais um boardgame que tem como tema comboios, pouco mais. Não é algo tipo 18xx ou Age Of Steam ou Silverton.
Apresentação. A apresentação deste boardgame é decente, as peças são funcionais, o tabuleiro está bem ilustrado, os comboios de madeira são fixes. O único mal é o facto de haver pouco dinheiro no jogo. Já que o dinheiro acumula-se e não se gasta e serve como o único factor de quem ganha o jogo, as notas que vêm com o jogo acabam-se por esgotar demasiado cedo.
Quanto ao tema, é supreendentemente temático, considerando que é um jogo do Reiner Knizia. Realmente uma pessoa pensa que está a construir as primeiras linhas de ferro de Inglaterra.
Vamos ao jogo. O tabuleiro é uma representção de Inglaterra com cidades e vilas espalhadas. Temos três acções possiveis e só podemos jogar duas, com a unica excepção que não se pode aumentar a mesma linha férrea da mesma empresa mais que uma vez.
Ou ficamos com um token de uma cidade, ou colocamos uma estação, ou aumentamos uma linha férrea.
Os tokens são a representação de bens e passageiros. Podemos apanhar qualquer token no nosso turno. Eles contam como dinheiro no fim do jogo se tivermos o monópolio dos tokens.
Colocar estações é fundamental, e é a única peça do jogo que realmente pertence aos jogadores. Durante e no fim do jogo, em certas acções, a linha férrea com mais estações de uma cor acaba por ganhar muito dinheiro.
Expandir a linha férrea. É a acção que se vai usar mais vezes, e basicamente aumentamos uma linha férrea de qualquer companhia com um hexágono. Isto tem mais que se lhe diga, pois não só aumentamos a linha, como por cada vez que aumentamos ganhamos uma acção da empresa. As acções servem para no fim do jogo ganhar dinheiro para quem tiver a maioria das acções duma empresa, para determinar quem sobrevive num merger, ou então, na acção de expandir a linha, vetar a expansão da linha expandida. Basicamente o jogador que tenha mais acções que o jogador que expandiu a linha diz que veta, muda a direcção da linha e gasta suas acções. Um elemento de lixar o adversário num jogo que basicamente pacifico.
E é só isto. O scoring é que é complicado, pois sendo Knizia um doutorado em matemática, isso nota-se nos jogos dele, e em principal neste. Embora eu não tenha achado o scoring complicado, muita gente achou. Basicamente os jogadores ganham dinheiro por tokens, estações e acções. Quem tiver mais dinheiro no fim ganha.
Bem, este jogo, para mim, é fenomenal. É viciante, põe o cérebro a pensar intensivamente, é basicamente o melhor boardgame tipo Alemão que conheço.
Apesar de só haver três acções no jogo e que podemos executar duas delas, ficamos sempre a pensar que podiamos fazer muitas mais coisas. É sempre dramático escolher que acções a concretizar, princpalmente no fim do jogo, e isso é algo que gosto, um boardgame com um enorme leque de possibilidades.
Este jogo dá-se um pouco a analysis paralysis. Embora no meu grupo nunca tenhamos sofrido disso, eu consigo ver que com mentes mais analiticas os jgoadores podem demorar uma eternidade nos turnos.
Este jogo não só é profundamente táctico, também o é em termos estratégicos. Tanto os planos a curto e a longo-prazo são recompensados, e compensa não pensarmos só a curto ou a longo-prazo. O jogo recompensa um plano variado. Especializarmo-nos numa só empresa acaba sempre por sair furado.
Uma coisa importante deste jogo. Não tem absolutamente nenhum factor de sorte. Nada. Não tem nada randómico. Absolutamente nada. Isto é uma das razões porque gosto muito deste boardgame, e é o único boardgame que tenho, com excepção do Magna Grecia, que não tem absolutamente nenhum factor de sorte.
Em suma, para mim melhor que isto só o Civilization da AH. Este boardgame não só é espectacular como é o melhor do Knizia. É quase perfeito. Claro que as opiniões mudam de pessoa a pessoa e no meu grupo ninguém pensa como eu em relação a este jogo, mas eles gostam muito do jogo à mesma.
Se puderem comprar este boardgame, comprem. Vale a pena, mas preparem-se para uma experiência de boardgames do melhor que há.
19,5 de 20