Apareceu-me há bocado no correio um exemplar do RPG Under the Bed que encomendei a semana passada no site da sua editora, a Glyphpress. Do jogo não sabia quase nada, apenas li uns quantos comentários encorajadores, elogios e louvores, que fui apanhando de passagem aqui e ali no meio de outras conversas. Mesmo o próprio site oficial não tem qualquer informação, como podem verificar. Deve ser por isso que demorei tanto tempo a encomendar a coisa, porque normalmente papo tudo o que é indie assim que posso, à procura do próximo grande jogo que vá substituir o PTA no meu coração. :)
Ora qual não é a minha surpresa quando vi o tamanho do Under the Bed! Não é um mini-RPG, é mesmo um micro-RPG! :) Não resisti a tirar umas fotos antes sequer de abrir o jogo:
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O que vem dentro do plástico são 40 micropáginas de regras e cerca de 40 cartas de cartolina usadas pelo sistema de jogo. Só passei os olhos pelas regras, mas estão realmente engraçadas. As cartas representam ao mesmo tempo as características dos personagens e os seus "pontos de vida", vá lá; deve ser o primeiro RPG que vejo que não tem (nem precisa de) folha de personagem! De resto, usa dados (D8, curiosamente), usa tokens para medir quem vai à frente, usa um sistema de resolução de conflitos, não tem GM (a oposição é narrada à vez por cada um dos jogadores), e tem uma mecânica de fim-de-jogo que indica quando está na altura de confrontar o desafio final.
Contra todas as expectativas, o ambiente do jogo até me prendeu. Os jogadores controlam brinquedos que tentam ajudar uma criança a superar sucessivas dificuldades e medos, ao mesmo tempo que competem entre si pelo favoritismo da criança. Parece-me que tem o potencial para estórias muito tocantes (e trágicas), ao mesmo tempo que permite explorar todo o tipo de situações mais escuras e terríveis (se for esse o estado de espírito dos participantes). Não percebo como, mas estas coisas de temas infantis prestam-se sempre a horrores de gelar qualquer espinha... vejam o exemplo de Closetland, o roleplay de horror de fantoches criado pelo saudoso John Tynes, cujo conteúdo assume facilmente contornos bem mais horrendos do que um Call of Cthulhu ou um Kult.
Para terminar, e em resumo, Under the Bed é sem dúvida um RPG intrigante: cabe no bolso, não tem GM, parece um jogo de cartas, e é feito para ser jogado para aí numa hora ou duas. Definitivamente vou ter de sacar dele numa próxima oportunidade para ver no que dá!