Universo para exemplos

Da forma como estou a desenvolver o sistema de MdA a apresentação das regras será sistematicamente acompanhada por exemplos de jogo. Isto é uma lição que aprendi com o meu primeiro rpg (RuneQuest 2) e com os que mais gosto e considero melhor estruturados (Prince Valiant, Toon, etc.).

Ora bem, já disse que o jogo base vai ser um jogo de fantasia. Trata-se de «gritty fantasy», a minha preferida. A questão é, que universo para os exemplos? Não quero um universo de terceiros para evitar problemas de direitos. A minha ideia é usar um universo «home made», simples e pouco aprofundado, mas que tenha alguns elementos originais que o distingam da fantasia industrial de inspiração dêdêística que há por aí a pontapés. Há partida estou a pensar em duas alternativas:

A Adamastória é um mundo inspirado nos mitos gregos, com dois grandes «twisst»: os titãs ganharam a grande guerra que os opôs aos deuses, em lugar de uma titanomáquia o que ocorreu foi uma teomáquia. Os deuses foram expulsos e presos na Atlântida (e aí foram criados os humanos para os servir), o Mundo Antigo ficou nas mãos dos titãs e das raças mortais que os apoiaram (a habitual ementa de minotauros, centauros, ninfas, sátiros, gigantes, cíclopes, etc.). A Adamastória é a terra mais ocidental do Mundo Antigo, mansão do gigante Adamastor. Para aí vão alguns humanos, o Adamastor consorta com as pequenas e tem como descendência os anaios e as almajonas (o segundo «twist», introduzir elementos do folclore tuga). Os titãs sabem disso, prendem o Adamastor nas profundezas da terra, isolam a Adamastória que se torna uma ilha, entregue aos mortais que aí habitam.

Bauna, cidade da aventura é uma cidade medieval fantástica estilo Lankmar, Thieves World, etc. Mais uma vez, uma das diferenças é que não haverá elfos, trolls, orcs, anões e similares. Em seu lugar, as criaturas serão retiradas do folclore português (almajonas, anaios, moiras, olharapos, etc.). Bauna é a cidade mais importante da Lidzia, a região em torno do lago de Lidz. É uma zona de fronteira entre regiões com características diferentes (planícies para o sul, montanhas para o norte, o mar uns dias de viagem para ocidente).

Que vos parece? Qual o universo que vos atrai mais para a criação dos exemplos de jogo? E qual é que consideram que terá mais apelo para outra gente? Ou acham melhor avançar noutros sentidos?

Nota 1: os exemplos actuais são baseados na Adamastória mas é-me fácil mudar para outro universo.

Nota 2: não liguem aos nomes. Não valem grande coisa pois a minha criatividade nesse domínio é muito medíocre mas posso alterar depois.

Dos dois preferi o primeiro, Adamastória. Tenho um gosto particular (embora não equivalente ao meu conhecimento sobre) na mitologia grega, nas suas criaturas, deuses, etc.

Sendo também um mundo mais vasto, dá azo a poderes fazer mais coisas com eles, inclusivé incluindo o segundo cenário da cidade de aventuras, bem como outros sub-cenários e dar a liberdade aos grupos de jogo de fazerem as suas próprias criações.

A Adamastória tem um conceito fixe mas acho que estou mais curioso com a Bauna e em como vais contornar o facto de que é “cidade medieval fantástica + folclore português” sem se tornar genérica na primeira e demasiado particular na segunda.

sopadorpg.wordpress.com - Um roleplayer entre Setúbal e Almeirim

A Adamastória tem duas vantagens, a primeira é que é o que tenho estado a usar para os exemplos. Substituir por outro universo não dá muito trabalho mas por pouco que seja pode ser escusado... A segunda é que há ali um pouco de homenagem à Glorantha do RQ2 (que era bem mais interessante daquela em que se transformou ao longo das últimas duas décadas), em particular as referências visuais gregas em contexto idade das trevas.

Quanto à questão que colocas quanto a Bauna... é um desafio que me lanças! À partida ainda nem tinha pensado nesse tipo de questões. Umm, acho que a minha resposta iria no sentido do espírito do que foi feito com o WHRPG: pegar num período e localização históricos precisos. No caso do WHRPG o que eles fizeram foi pegar nas cidades alemãs da idade média tardia. E eu?

Eu pegaria na Lisboa manuelina! Vejamos, temos crises de peste; crises de perseguição a minorias (a matança dos judeus de 1506); um secretário de estado com intuitos reformadores de mão de ferro (António Carneiro); uma cidade em decomposição/recomposição devido a um acesso de riqueza inesperado; os textos do Gil Vicente. Parece-me que há matéria de trabalho que seja ao mesmo tempo muito familiar e diferente o bastante do que se faz por esse mundo fora. Que te parece?

Eu gosto muito das criaturas. Olha que a minha ideia é não ir muito fundo na fiabilidade histórica/mitológica. A minha ideia é mais ao estilo Xena ou sword and sandals, nada de muito profundo. Muito «as armaduras gregas são bué».

Nota também que a minha ideia não é a de desenvolver o universo de jogo a fundo. Quero apenas dar os elementos necessários para ter exemplos de jogo interessantes e pôr o pessoal a jogar sem se sentirem no vazio. Estilo a velha caixa vermelha do DD ou o já referido RQ2. (Para universos a desenvolver a fundo e bastante diferentes da fantasia standard tenho o meu Mardijdam, mas isso é outra história e para outra ocasião.)

Não posso ajudar-te nesse campo; a minha sensibilidade americana não coincide com a imagética do sobrenatural pós-renascentista!

No entanto, entre um e outro, escolheria o da cidade, por me fazer lembrar aquele livro das Aventuras Fantásticas, Cidade dos Ladrões.





A planear: D&D 4th Dark Sun

A minha perspectiva da sensibilidade americana é que se baseia em pilhar tudo o que apanha nas sensibilidades alheias, mete o pacote no centrifugador, junta uma dose de esteróides - e mais outra dose para não falhar por defeito -, bate à velocidade máxima e pronto, sai produto cultural. Mas isto podem ser os meus maus fígados a falar.

Quando tiver o sistema de jogo feito faço um livrete a desenvolver a Adamastória, onde incluirei Bauna como uma das principais cidades. Por agora o que me interessa são as personagens e as situações de jogo mais do que o contexto em que ocorrem.

Sim, e não.

Se fores olhar para Hollywood, há muito que está de imaginação falida. Se fores olhar para os comics americanos, encontras coisas absurdamente originais.

Provavelmente no rpg passa-se a mesma coisa.





A planear: D&D 4th Dark Sun