Vataça de Lascaris - O modelo

Como disse no meu anúncio do projecto de jogo baseado na história de Vataça de Lascaris, um dos jogos que me servem de inspiração é o Hero: Immortal King. Convém explicar um pouco o que me atraiu no jogo, mas quem o quiser conhecer melhor basta aceder ao sítio da Asmodée em https://www.asmodee.com/ressources/jeux_versions/hero-ik-la-forge-des-enfers.php (*).

H:IK pode ser jogado a dois ou em solitário. Eu jogo em solitário, pois foi para isso que o comprei. VdL:aV vai herdar esta característica. Afinal, não há assim tantos jogos para jogar a sós como isso, há aqui um nicho de mercado a explorar...

Como funciona o H:IK? Vejamos:

Em H:IK o jogador explora uma caverna (dungeon) até chegar ao encontro final. Se vencer este encontro, vence o jogo. No caminho terá de vencer uma série de encontros de força variável. O que é interessante para mim é a forma como isto é feito.

O jogo assenta num baralho de cartas de encontro - monstros de vários tipos, armadilhas, etc. Se vencer o encontro passa em frente. Até aqui tudo bem mas o que é particularmente interessante para mim é o seguinte,

O baralho é divido em três pilhas viradas para cima e o jogador decide qual o encontro de qual pilha quer enfrentar. Se ele estiver sempre a saltar de pilhas, o percurso torna-se muito mais longo, o ideal seria apenas enfrentar os encontros de uma pilha. O problema é que cedo ou tarde vão aparecer encontros mais fortes na pilha. Há, assim, que decidir a cada momento se se segue o percurso mais longo ou o mais fácil... sem saber a aposta é a melhor.

Acresce que o jogador tem em mão um conjunto de cinco recursos numa combinação que fica à sua escolha de personagens ou objectos. A cada momento de jogo estes recursos podem estar todos disponíveis ou pode haver alguns que já se gastaram, o que condiciona a capacidade de enfrentar os monstros visíveis.

Bem, estas são as ideias base, vejamos como as transponho para o meu jogo:

Em VdL:aV há também um percurso, aquele que leva Vataça de Sevilha a Sines na sua viagem de barco. Nesse percurso há paragens e eventos; e um encontro final: ao chegar a Sines Vataça enfrentou uma forte tempestade.

Na história de Vataça há uma personagem, a Vataça, e objectos, o barco e as relíquias que ela transportava. Estas foram utilizadas para vencer o encontro final pois a Vataça prometeu oferecer as relíquias ao primeiro porto com que se deparasse - foi Sines.

Torna-se assim fácil de ver que eu posso adoptar as ideias de base do H:IK para definir a ossatura do meu jogo VdL:aV. No meu jogo há também um percurso construído com cartas; este percurso é dividido em três vias alternativas - três «rotas»; há um encontro final, a tempestade à chegada a Sines; há uma personagem, Vataça, a que adicionarei outras; há objectos, barco e relíquia, a que adicionarei outros; pode ser jogado em solitário, o que quero também que ocorra em Vataça.

Por agora é tudo. O que pensam destas ideias iniciais?

(*) Ou https://us.asmodee.com/ressources/jeux_versions/hero-ik.php para quem não saiba francês.

Não conheços as referências em causa, qual é o tema da viagem de Vataça? Suponho que o caminho não era inexplorado e que as suas paragens e eventos já estariam programados, não?

Nada de muito excitante, em verdade. Ela estava em Sevilha e regressou a Portugal. Desceu o Guadalquivir, fez o percurso costeiro usual na época, e a meio da costa vicentina apanhou com um temporal, acabando por aportar a Sines.

Isso é secundário para o jogo. Este episódio é apenas o pretexto que liga o jogo à história de Vataça, diga-se em boa verdade. Não vai ser um jogo histórico, vai ser apenas um jogo com um «visual» histórico - o que, aliás, foi aceite pelos promotores dos filmes.

Em suma, o jogo roda à volta de eventos normais numa viagem naval pelas costas portuguesas na idade média, nos mesmos termos em que o Fórmula D roda à volta de corridas de fórmula 1 ou que o Carcassonne roda à volta do desenvolvimento urbano na idade média...

Sérgio Mascarenhas