Village: Port


Sinopse:

Village Port é a segunda expansão do jogo Village e adiciona ao jogo tradicional a possibilidade de os jogadores viajarem por mar até diferentes ilhas onde poderão ganhar pontos, obter produtos locais que posteriormente poderão ser vendidos no mercado, os jogadores poderão ainda transportar recursos no seu barco e com eles obter pontos de vitória.

Como se joga:

A montagem de jogo varia em função do número de jogadores e das expansões em jogo, mas basicamente as regras do jogo base são as que prevalecem maioritariamente.

No inicio coloca-se o tabuleiro no centro da mesa, e sobre o canto superior direito coloca-se o tabuleiro da expansão Port, que substituirá a região das viagens.

A ficha com a indicação de quantos cubos se colocam em jogo também é diferente, usando-se uma das da caixa da expansão.

Image Viktor Kobilke

Ao lado a zona das viagens de barco colocam-se os capitães devidamente separados em 3 montes: capitães de 1 moeda, capitães de 2 moedas, capitães de 3 moedas.

É ainda possível adicionar ao jogo as cartas de objetivo de vida (expansão Life Goals). No início do jogo, e depois de retirar cartas em função das expansões com que se está a jogar e o número de jogadores, dividem-se as restantes em objetivos dourados e prateados, em seguida distribuem-se aleatoriamente uma a cada jogador. No fim do jogo, os jogadores que cumprirem os seus objetivos de vida marcarão os pontos extra inscritos nas cartas. Não haverá penalizações no caso dos jogadores não conseguirem os seus objetivos de vida.

Como já referi, o jogo tem o mesmo desenvolvimento que o jogo base, a expansão Port apenas “afeta” duas ações do jogo base: as viagens e o mercado.

No caso do mercado as diferenças prendem-se com a adição de duas novas barracas, onde os jogadores poderão vender o cacau e o chá a troco de 7 pontos e 5 pontos + 1 moeda, respetivamente.

No caso das viagens as mudanças são bem mais radicais. Ao escolher a ação Viagem, o jogador tem 3 opções:

  1. Zarpar;
  2. Viajar em alto mar;
  3. Regressar/Atracar.

Antes de explicar em detalhe cada uma das opções de viagem, convém diferenciar o que é barco e marcador de barco. O barco é o tabuleiro em forma de barco que está junto à quinta do jogador e que serve de suporte para transportar as diferentes mercadorias durante a partida. O marcador de barco é uma pequena figura em madeira que se coloca no tabuleiro da expansão e que terá a função de ir marcando os itinerários dos jogadores ao longo da partida.

Image Alban Thomas

Quando um jogador escolhe zarpar tem de seguir as seguintes etapas:

  1. Comprar uma carta de capitão. As cartas de capitão custam de 1 a 3 moedas e a diferença é que os capitães menos valiosos custam mais cubos para fazer mover os marcadores de barco, enquanto os de 2 e 3 moedas são mais flexíveis com as cores necessárias para fazer avançar o marcador de barco e avançam mais casas por menos cubos.
  2. Em seguida os jogadores carregam o seu barco. Esse barco tem 3 espaços e neles podem-se colocar fichas de recursos (vacas, cavalos, charruas, carroças, papiros…), cubos de recursos, fichas de recursos (cacau, chá), baús de tesouro e pessoas. No entanto, o barco tem de levar sempre coisas diferentes, ou seja, não pode levar por exemplo duas ou três pessoas, nem cubos da mesma cor, nem fichas com o mesmo recurso, nem mais que um tesouro, ficha de cacau, ficha de chá, sacos de trigo… É possível não carregar o barco, embora pouco sensato!
  3. Depois do barco carregado, o jogador fará o seu marcador de barco viajar. A primeira casa é sempre gratuita, os movimentos seguintes custarão os cubos ou cubo que estiver inscrito na parte de baixo da carta do capitão comprada. O jogador poderá mover-se tantas vezes quantos os cubos que tiver para pagar as suas viagens. Sempre que passar numa casa com o símbolo da ampulheta tem de pagar 1 tempo.

Nas ilhas os jogadores podem fundar um templo, pagando o exigido e deixando ficar aí um dos seus familiares que se torna então num missionário. É ainda possível trazer fichas de cacau, de chá e baús de tesouro que estão espalhadas pelas diferentes ilhas, no entanto, é preciso ter em conta que o nosso barco só tem 3 espaços e tudo o que lá colocarmos terá de ser diferente do que já lá estiver!

A segunda ação possível é viajar. Basicamente esta ação só se aplica se um jogador já tiver zarpado em turnos anteriores, nesse caso só precisa de pagar os cubos indicados pelo capitão para continuar a sua viagem. Atenção que o primeiro movimento é sempre gratuito!

A terceira ação é a de regressar/atracar. Se o jogador desejar voltar a Village, terá de pagar 1 tempo e colocar assim o seu marcador de barco no porto (mesmo que esteja muito longe do porto só pagar 1 tempo). Depois de atracar, o dono do barco descarrega toda a mercadoria do seu barco junto à sua quinta e descarta a carta de capitão, que sai do jogo.

Image Alban Thomas

Os baús de tesouro nunca se viram antes de chegar à área de jogo do jogador (depois de descarregado). Quando se viram os baús mostram quantas moedas o jogador ganha. Em troca descarta a ficha de baú definitivamente.

O fim do jogo acontece quando o livro de honra fica cheio ou o cemitério dos comuns fica cheio ou os três espaços de cemitério em alto mar ficam ocupados. O procedimento de pontuação é igual ao jogo base acrescendo agora os pontos conquistados pelas cartas de objetivo de vida concretizadas.

Avaliação:

Village: Port é uma expansão que dá uma nova vida ao jogo base, que já por si é um excelente jogo. A qualidade do material mantém o nível elevado e as ilustrações mantêm a coerência gráfica com o jogo base e com a primeira expansão.

Port parece mais uma variante ao jogo base que propriamente uma expansão, no sentido em que as mudanças na jogabilidade não são radicais e a sua fluidez não sai minimamente beliscada. A verdade é que ninguém perderá a sensação que está a jogar Village se adicionar esta expansão ao jogo.

A ação viagem ganha agora uma nova dimensão, mais convidativa e recompensadora em relação à ação viagem do jogo base. As etapas desta nova ação são um pouco mais elaboradas mas em duas ou três rondas assimila-se facilmente.

As cartas de objetivo de vida são mais uma “preocupação” para os jogadores, que se têm de dividir em múltiplas tarefas durante toda a partida, sem nunca perde de vista os requisitos das suas cartas e juntar mais uns pontos ao score final.

Em suma, esta expansão é um add-on que faz muito sentido para melhorar o jogo base, pois dá-lhe mais profundidade e aumenta as possibilidades estratégicas do jogo mantendo-o num patamar acessível a todos os jogadores com algum conhecimento e gosto por jogos de tabuleiro.

Realmente esta expansão, um pouco à semelhança da anterior, não aumenta o jogo, mas sim altera-o. Esta alteração parece vir com mais detalhes e alguma complexidade, o que é bom, mas fica a sensação de ainda estarmos a jogar na mesma dimensão anterior. Talvez testando uma vez antes de comprar. 

Quanto ao jogo base, é dos melhores títulos que conheço. 

E já agora, ótima review, mais uma vez, bastante detalhada, repleta de informação, já caraterística dos teus trabalhos. Parabéns. 

Obrigado Joca!

RiaCON 2015? Vejo-te por cá? :wink:

Tenho esta expansão e "joguei-a" uma vez (juntamente com a expansão Village Inn). A sensação com que fiquei foi de que a mesma, embora tenha algo de diferente, não acrescenta nada ao jogo. Na realidade, não fiz uma única jogada nesta nova área. Não digo que seja uma má expansão, mas diria que será mais para colecionadores…

 

Obrigado por mais esta review. yes