Algumas reflexões sobre encontros de jogos de personagem, em parte motivadas por alguns dos comentários na presente lista.
O óbvio: um encontro de jdp não é um encontro de jogos de tabuleiro. O menos, óbvio, porquê. Do meu ponto de vista a diferença básica prende-se com o envolvimento dos jogadores. Vejamos e corrijam-me se estiver errado:
Um jdp dura em média 3 horas, um jdt 1h30. Um jdp envolve em média 5 jogadores, um jdt 3, mas enquanto num jdp os jogadores estão lá do princípio ao fim, num jdt podem ir saindo à medida que vão perdendo, logo podemos estimar que um jdt envolve do princípio ao fim 2,5 jogadores. Agora façam as contas, em 9h de encontro com 15 jogadores jogam-se 9 cenários; com jdt jogam-se 36 partidas!
Isto torna os encontros de jdt muito mais atrativos pela simples razão de que é muito mais provável os participantes encontrarem algo para jogar, jogarem várias coisas variadas, poderem decidir se ficam mais ou menos tempo, etc. Em suma, mais flexibilidade.
Agora acrescentemos mais dois dados: o jdp obriga (quase sempre) à presença de um "escravo", o MdJ, o que raramente tem equivalente nos jdt; o rpg está feito para a continuidade e não para cenário isolado, os jdt funcionam precisamente ao contrário. Mais dois fatores que contribuem para o sucesso de um encontro de jdt e que tornam difícil organizar-se encontros de jdp.
Eu estou para aqui com este paleio todo porque precisamos de uma fórmula ganhadora para os encontros de jdp. Ora se lerem as entradas aqui na discussão, há vários bem intencionados que se oferecem para levar para o encontro uma série de jogos; e uma série de bem intencionados que mostram interesse em jogar isto e aquilo; mas a dificuldade é conseguir-se que as coisas casem de forma natural, sem se estar a perder tempo ou a mandar pessoal embora (mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa, no 1º encontro cheguei atrasado com a minha filharada e pus fora da mesa gente que já estava sentada, preparada para jogar um jogo diferente do que jogámos; desculpem lá, pessoal).
O que me parece é que há que ser mais restritivo e organizado do que nos encontros de jdt. O fator crítico de sucesso parece-me ser mesmo os MdJ pois são eles os motores da coisa.
Em primeiro lugar, há que assegurar que dispomos de 3 ou 4 MdJ devidamente preparados. Que tal um acordo de cavalheiros que os jogadores oferecem uma bebida ou uma sandes ao MdJ? Enfim, qualquer coisa simbólica que motive o esforço.
Em segundo lugar, penso que é de limitar o número de jogos oferecidos em cada encontro. Aqui vejo três critérios:
Os perenes. Aqueles jogos que têm sempre alguém disposto a jogar. O DD é a opção óbvia mas pode haver mais. A ideia é a de que nos encontros há sempre uma mesa para o jogo X ou Y, portanto quem lá vai sabe que esse vai estar disponível.
As novidades. Há sempre um jogo que ninguém jogou mas que há pessoal que quer jogar. Em lugar de se atirar os tiros para o ar a ver se caiem patos, decide-se logo à partida que jogo ou jogos é que vão estar à experiência. Há mais jogos a experimentar? Paciência, ficam para o encontro seguinte.
Os temáticos. Escolhe-se um tema para cada encontro e oferecem-se jogos ligados a esse tema.
Os portais. São jogos que fazem a ponte entre o jdt e o jdr, jogos estilo Runebound, Arkhan Horror, Castle Ravenloft, jogos que não exigem MdJ e que servem três propósitos: permitir a pessoal que não encontre uma mesa disponível ir jogando; permitir aos roleplayers hardcore experimentar jdt; incentivar tabuleiristas hardcore a experimentarem o rpg.
Em suma, organizemo-nos pois nós precisamos de mais organização do que um encontro de jdt.
PS Como é óbvio, estou para aqui a falar no ar. Ó pessoal do Porto, dêem lá uma mãozinha e digam como as coisas se passam por aí.