Disclaimer Primeiro: Foram 3 anos desde a última vez que escrevi como Amiga da Onça. Muitos de vocês não se lembram do que é que isto quer dizer -- preparem-se, porque nestas entradas, os palavrões abundam, o ódio é muito, e a Political Correctness ficou fechada a sete chaves - aqui há bichas e rotos, não há homosechuales. Facilmente impressionáveis, abstenham-se. Considerem-se avisados e não esperem por pedidos de desculpa da minha parte.
Disclaimer Segundo: Para aqueles que só chegaram ao AbreOJogo à menos de 3 anos, fica aqui já a informação. O que é A Amiga da Onça? A Amiga da Onça foi possívelmente o primeiro conjunto de posts serializados neste site que usava vernáculo do pesado e descascava fortemente em tudo o que me chateava na altura relacionado com o RPG. Posts da Amiga da Onça fizeram com que pessoas se juntassem ao site só para me caírem em cima, fizeram pessoas desistir de postar e abandonar o site PARA SEMPRE!!!!!11111um!!1111 (ou eles dizem, porque não me surpreenderia que voltassem com outros nomes), causavam discussões épicas (sobretudo entre mim e o Rui), e por várias vezes fizeram o saudoso e ausente RicMadeira ameaçar trancar os tópicos por causa dos nervos exaltados. Em suma, diversão do melhor!
Durante muito tempo, pensei que não ia trazer a Amiga da Onça de novo ao mundo dos vivos. O meu mundo de RPG andava fraquito, e apesar de os hábitos predominantemente homosexuais da minha companheira de RPG (que aparentemente não consegue jogar personagens que não sejam a) Muito Inteligentes, b) Muito Bonitos e c) Muito Bichas) sejam cómicos, e merecedores de paródia, ainda tenho alguma (muito pouca) moralidade para não chamar roto ao nú (sobretudo porque as minhas personagens tendem sempre a ser (ainda que gajas) a) Muito Inteligentes, b) Muito Bonitas e c) com Muito Mau Feitio E Capazes De Dar Porrada A Quem Olhe Para Elas De Lado). Para além disso, o Épisódio 5 sempre me irritou grandemente, e jurei não voltar a trazer a Amiga da Onça de volta a não ser que tivesse verdadeira bílis para atirar (voltei em boa forma com o Especial de Natal, mas não contava porque não era sobre RPGs.
Neste episódio, meus pastelinhos de Chaves, decidi declarar guerra ao GNS e ao Ron Edwards. O meu ódio pela maior parte dos Indies, descobri recentemente, era apenas muito mau feitio em relação ao senhor acima mencionado (note-se que uso o termo "senhor" no mais lato sentido da palavra), o qual culpo por abortos como "Sorceror" e "My Life With Master". Ao ler uma mui interessante coluna por um fã dos RPGs no seu blogue, apercebi-me que odiava o Edwards e o seu grupo de fanbois, o GNS e os RPGs Indies que estavam na moda.
Fãs de D&D, podem parar de se rir. No próximo episódio vou atrás de vocês.
Porque é que eu odeio o Ron Edwards e a cambada de camelos que o adorava? Primeiro, porque pregou a mania ao RickDanger dos Indies, e não é que o gajo se recusava a mestrar coisas INTERESSANTES? "Ai, porque Indies é que é giro." ou "Ai, agora os RPGs vão ser todos assim". "Ai, experimenta, que podias gostar". Pois, e podiam sair-me dragões a voar do cú. Note-se que há RPGs indies que agora eu gosto -- mas eles saíram depois da internet mandar o Ron Edwards pastar e decidir que o GNS é uma cambada de baboseiras.
Segundo, porque durante n-tempo, aqui no Abre o Jogo só se ouvia falar do odioso GNS (que poderia ser chamado também pela sua versão simplista de "Retro-Stupid-Pretencious"). Suponho que o meu ódio foi aumentado porque foi esta altura em que mais uma vez apareceram os cíclicos de debates sobre se "Dungeons & Dragons É Uma Merda", com os defensores do vestusto jogo a terem ataquinhos porque haviam hereges que OUSAVAM dizer mal do seu jogo. O que vos digo, meus queridos, é que se gostam do jogo, joguem-no! Parem de perder tempo a ficar ofendidos com as opiniões de um bando de pessoas a escrever na internet. Por isso, entre dois tópicos que eu odiava na berra, não é de admirar que me passasse um bocado.
Finalmente, porque as escritas do senhor Edwards (que é uma verdadeira Diva, que fazia de TUDO para aumentar a sua popularidade, e fazia coisas do género como fechar os threads que se opunham às ideias dele, banir que lhe dizia que ele não tinha TODA a razão do mundo, etc etc.) sempre me soaram muito paternalistas, e basicamente me faziam quer sentir estúpida (porque não conseguia ler os posts até ao fim, e me aborrecia de morte) e porque me chamavam directamente "estúpida". E isso eu não admito a ninguém, nem a um ranhoso de um designer pretencioso cuja única produção visível foi um jogo pouco original, sem setting (Porque o Senhor Ron Edwards, na sua magnificiência, achava que seria para nosso bem inventar o setting todo!) e com um sistema merdoso.
Exagero? Vejamos
"Paul and I are now thinking that Simulationism is NOT an actual outlook or goal, unlike Narrativism or Gamism. Nor is it a "design dial," as many have suggested.
No, we think that Simulationism is a form of retreat, denial, and defense against the responsibilities of either Gamism or Narrativism." - Ron Edwards, Designer de Pilinha Pequenina
Como alguém que se poderia ligeiramente classificar como "Simulacionista" (só porque deixo o narrativismo para o GM, e o Gamism para as cenas de combate) sinto-me grandemente ofendida porque este anormal decide que nós somos "inferiores" e apenas seguimos o estilo simulacionista porque não temos capacidades para ser "adultos" e seguir Gamism ou Narrativism. Olhe, desculpe lá, tá bem? E aqueles que levam a sério o "ROLE" em "Roleplay"? Não estamos aqui para ser só contabilistas nem para roubar o papel do GM, GOSTAMOS DE INTERPRETAR AS NOSSAS PERSONAGEMS. Interpretar personagens até às últimas consequências é uma enorme responsabilidade, visto que temos que amordaçar o nosso lado Gamist (e até o Narrativista se tivermos desejos que os nossos PCs tenham histórias fixes) e fazer coisas potenciamente estúpidas porque temos o objectivo de ser alguém no jogo. De ser mais que um punhado de números numa folha de papel. E porque jogos funcionam com todos estes elementos. Poucos são os jogos exclusivamente pertencentes a um único aspecto.
E como reage este babuíno a isso? Acusa jogos de serem incoerentes (tal como WOD, que supostamente promete Simulacionismo e entrega "apenas" um sistema Gamista). Poderia estar aqui meia hora a provar o quão idiota este homem é (Nature e Demeanor, e recebes recompensas por fazeres bom RP destas, SEMPRE XP rewards por fazer bom RP, etc. etc.) mas não me vou incomodar, porque tenho muito para dizer e pouco espaço. Tudo o que tenho a dizer foi que o GNS foi um projecto alimentado à base de ego -- e de um ódio marcado por quem não jogava como ele (narrativismo), sofrendo igualmente de uma grande falta de compreensão daqueles diferentes. Estou agora a resistir à tentação de referir o Partido Nacionalista Socialista Alemão, sobretudo porque, segundo as Leis da Internet, significava que ia perder a discussão imediatamente.
Falando de egos, claro que para se manterem como VIPs do mundo do gaming, os yes-men do Edwards (e ele próprio) apressaram-se a apresentar os seus jogos "print on demand". Sorcerer tem um culto de seguidores, e a cada um o seu, mas francamente, não é algo que eu gostasse de jogar. Porquê? Porque é horrivelmente limitado, sendo o que eu defino como "RPG de Pastilha Elástica" - mete-se à boca uma vez, mastiga-se, cospe-se e esquece-se. Sorcerer não tem nada que outros jogos não tenham feito antes e melhor, como Mage ou WitchCraft. Limita-nos horrívelmente a criação de personagem, dizendo-nos como é o nosso mundo e a nossa personagem -- e mal nos deixando dar um passo na direcção do diferente e do interessante antes de nos agarrar pelo cachaço e voltar a meter no caminho da rectitude e do bem, ie. do que eles dizem.
E porque é que devíamos jogar Sorcerer e não algo fixe como Mage? Porque, segundo o senhor Ronha Edwards, há bons e maus jogos. E o jogo dele é bom porque, em teoria, o sistema importa, e deve conseguir "satisfazer" determinadas orientações do setting.
""But it's still just a matter of opinion what games are good. No one can say for sure which RPG is better than another, that's just a matter of taste." Again, I flatly, entirely disagree." - Rolo Edwards, aka A Segunda Vinda de Cristo
Se isto fosse verdade, o cavalheiro estaria a viver num iate, com uma secretária loira de grande pernão, vendendo a 4 Edição de Sorceror como se fossem pãezinhos quentes. Como não está assumimos ou que a) o jogo é mau ou b) as pessoas é que decidem o que gostam e ser "bom" ou "mau" é totalmente limitado ao gosto de cada um. Por isso é que há pessoas que compram D&D, porque gostam e estão no seu direito. Não porque o jogo é bom.
(Nota: Não meti este comentário como um ataque gratuito a D&D, mas aposto que vai ser a maior fonte de controvérsia. Afinal, D&D ataca-se a si mesmo, seria quase como bater num cachorrinho indefeso).
A desculpa que ele usa é porque se um sistema é mau, o GM perde muito tempo a ajustar o jogo para funcionar, que poderia investir melhor a fazer a história mais memorável. Note-se que novamente, a feia tendência de por "a história" acima de tudo ergue-se, mas não vamos por aí. O que realmente REALMENTE me aborrece é que o senhor Edu declara que um jogo pode ser classificado como "Bom" ou "Mau" se só segue um determinado objectivo e quão teimosamente e eficazmente o segue. Deus nos livre de um jogo que pode ser jogado de diferentes maneiras ou que tenha suficientemente sistemas no jogo para poder agradar a vários tipos de jogadores, ou queira por nas mãos de GM e Jogadores a responsabilidade de se divertirem e produzirem um jogo interessante. A grande enrabadela que os acólitos do GNS receberam foi quando a Wizards of the Coast (de todas as pessoas!) decidiu fazer um estudo sobre os jogadores de RPG (numa tentativa de descobrir como pensam, para ver se lhes conseguem sacar mais dinheiro) e, para grande tristeza dos GNSistas, descobriram que as suas opiniões eram uma gota de água num mar de vontades.
Podem ler um resumo do estudo aqui, mas deve pôr-se já em destaque o seguinte, que foi determinado por um estudo intensivo feito pela Wizards of the Coast: os jogadores virados para o combate não querem só combate -- os Character Actors não querem só interpretar as suas personagens a toda a hora, querem combate também! GASP! Será que é possível que Don Run y Sus Perritos estejam ENGANADOS sobre o que faz os jogadores divertirem-se, e não tem nada a ver com um único aspecto do jogo?
Permitam-me:
"All of the people who indicated a strong interest in RPGs identified eight "core values" that they look for in the RPG experience. These 8 core values are more important than the segments; that is, if these 8 things aren't present in the play experience it won't matter if the game generally supports a given segment's interests - the players will find the experience dissatisfying. These 8 core values are:
- Strong Characters and Exciting Story
- Role Playing
- Complexity Increases over Time
- Requires Strategic Thinking
- Competitive
- Add on sets/New versions available
- Uses imagination
- Mentally challenging
In other words, even the players who enjoy a "Tactical Focus" still want to be challenged to use Strategic Thinking; likewise, even the Combat Focus player wants a Strong Character and Exciting Story. A person who segments into a "Tactical Focus" segment, when compared to the population as a whole is likely to be perceived as someone who enjoys Strategy; only when compared to the population of people who enjoy RPGs is the difference visible between the hard-core strategic players and the slightly less hard-core tactical players."
Voltando a citar o senhor Ronald MacDonald:
"Please consider comparing a few systems yourself before reacting too strongly to this essay. I do respect your opinion, but it's fair to consider how many role-playing games you have actually, truly played.(...). I suspect that those of us who've played more than five or ten RPGs in a committed fashion will agree that "system doesn't matter" is a myth."
Eu já joguei:
- Vampire: the Masquerade (primeira, segunda e terceira edições), Mage: the Ascension, Legend of the Five Rings, Werewolf: the Apocalypse, Cyberpunk, Cybergeneration, Call of Ctuhlluh, Lord of the Rings RPG, Vampire: the Dark Ages, Dungeons and Dragons, e Advanced Dungeons and Dragons, e todos estes foram sistemas que joguei em crónicas que duraram mais DE SEIS MESES seguidos.
E o que tenho a dizer a isso? O SISTEMA NÃO IMPORTA. Pode ser ligeiramente irritante (como o de D&D), ou estúpido (como o de Cyberpunk... ou D&D), mas não é importante, nem faz um jogo bom ou mau -- os meus jogos favoritos têm dos sistemas piores que andam por aí e não me faz diferença (D&D, apesar do que possa parecer, NÃO é dos meus jogos preferidos). Desde que o setting seja bom, desde que as pessoas gostem do que estão a fazer (e tenham mínimo de capacidades) o sistema é relegado para segundo plano e em nada afecta a orientação do jogo (ou a diversão). O GNS é uma divisão grotescamente simplista, e o caralhómetro do Ron Edwards uma cavalgadura de tamanho épico, e sem dúvida uma das maiores justificações para a legalização do aborto pós-parto.
"protagonism was so badly injured during the history of role-playing (1970-ish through the present, with the height of the effect being the early 1990s), that participants in that hobby are perhaps the very last people on earth who could be expected to produce *all* the components of a functional story. No, the most functional among them can only be counted on to seize protagonism in their stump-fingered hands and scream protectively. You can tag Sorcerer with this diagnosis, instantly.
[The most damaged participants are too horrible even to look upon, much less to describe. This has nothing to do with geekery. When I say "brain damage," I mean it literally. Their minds have been *harmed.*]" - Rolando Pela Encosta Abaixo Edwards, Poio Com Forma Humana
Quando alguém diz isto, com tal desprezo pelos seus iguais, porque simplesmente eles querem ser os heróis das aventuras de RPG e não por a história "conjunta" acima do resto (porque ele por aqui já tinha largado qualquer pretensões de considerar os três aspectos do GNS como iguais, e estava a defender Narrativismo com unhas e dentes) merece ser pendurado nú, do alto da Torre dos Cléricos, com a piroca coberta de mel, e ser-lhe soltado um exame de abelhas africanas em cima. Isto são as palavras de alguém apaixonado por si próprio, e que considera retardados mentais alguém que não pense ou aja como ele. É aqui que nos apercebemos que GNS deixou de ser uma teoria de jogo, e transformou-se no credo central de uma Seita Religiosa.
Para terminar (carago, que falei montes) devo apontar a minha pequena victória sobre A Santa Igreja do GNS. À uns anitos, o RickDanger comprou todo entusiasmado o "My Life With Master" e propô-se a mestrar para mim e para a Inês, sabendo que gostamos de histórias de vilões. O diálogo que se seguiu foi mais ou menos assim:
Rick: E o vosso Mestre é mau, porque é um senhor do Mal. E faz-vos fazer coisas más.
Inês: *suspiro* Aiiii, que fixe.
Rick: E castiga-vos, porque é poderoso e cruel.
Eu: Uiii, já gosto do mestre.
Rick: E depois é suposto rebelarem-se contra ele, para o destronarem ou tomarem o lugar dele.
Inês: Mas porquê?
Rick: Porque ele é mau?
Inês: Mas e se não quisermos? Afinal, o mestre é tão fixe.
Rick: *começa a suar* Mas é suposto rebelarem-se.
Eu: (que sempre odiei ser railroaded) Mas e se gostarmos do mestre exactamente por ele ser mau?
Inês: Ohhh, eu ajudava o Mestre a fazer TUDO o que ele quisesse.
Rick: Mas... mas... mas... *foge*
O Rick acabou por ter que escrever ao anormal do autor do jogo, chorosamente a dizer-lhe que as jogadoras cada vez gostavam mais do Mestre, e não queriam rebelar-se. O autor sugeriu que ele fizesse coisas ainda mais cruéis, mas o Rick contou-lhe que isso só nos fazia gostar mais dele. Não sei muito bem o que ele respondeu a isso, mas acho que foi nas linhas do "Olha, obriga as personagens a rebelarem-se quer as jogadoras queiram, quer não." Também pode ter sido "Foge daí, já e não fales com essas malucas." É bom ver que para gajos com muita teoria e amor pela história são incapazes de lidar com jogadores que fujam do cercado que aparentemente estes anormais acham que um ROLEplay deve ter. ROLEplay, motherfucker. Não "STORYPLAY".
Os Abortos de Primeira Geração gerados pelo Santo Culto do GNS tratava-se de jogos aborrecidos, limitados, e que peço ao Patrão Lá De Cima, serão esquecidos muito em breve. Só há dois tipos de pessoas capazes de gostar destes jogos, putas e futebolistas--- porra, a anedota não funciona neste contexto!
De todas as formas, fica aqui para a posterioridade a minha declaração de Guerra, e quem não gostar, sabem onde encontrar-me para ajustar contas. Fico à espera (mas fico sentada porque posso cansar-me.) Pelo menos, uma coisa boa veio do Ron Edwards -- é que apercebi-me que, de facto, posso gostar de jogar jogos independentemente do sistema, desde de que goste do mundo onde estou. Este mundo é o que importa, o resto são decorações.
Morra o Ron Edwards, morra. PIM!
Tenho dito.