A Thread da Discórdia (era "De regresso às bases")

Tás banido do site, ric! Não quero saber! Vou fazer queixa ao Admnin.


“HOUSE FLAMBEAU - where you teach your apprentices by pissing them off until their will to set you on fire overcomes the stactic paradigm”

Amigo Ricardo, com outra pessoa a escrever coisas nesse tom, já tinhas mandado um "aviso à navegação" para parar ou moderar a conversa. Vamos a ter calma que aqui não se quer fazer mal a ninguém.

Não quer dizer que não tenhas uma certa razão no que estás a dizer. É às vezes desesperante parar tudo para um combate muito mecânico e rigorosista. Entramos na outra onda que eu torço o nariz, que é quando o RPG fica muito parecido com o wargame de combate homem-a-homem. E também prefiro (normalmente, há excepções - o de Weapons of the Gods é bastante complicado, e mecanicista por vezes, mas é muito giro de usar e de manipular, No entanto, estamos a jogar Qin, com um tema semelhante mas um sistema de resolução extremamente mais simples.) os sistemas com resoluções de combate mais simples. Mas por favor não me tirem os combates! A ficção que prefiro, e a que prefiro jogar, é rica em combates, armadilhas, perigos físicos e mentais vários, e gosto de os encontrar nos RPGs que jogo.

Outra coisa também: gosto de sentir que a minha personagem corre perigo. E de sentir a mesma surpresa que ela quando é emboscada. De sentir o thrill de seguir uma pista e juntar as peças de um puzzle, e ter o prazer que a hipótese que postulou está certa.

Obviamente, isso vem pela minha perdilecção pelos sub-géneros acção/aventura, mesmo quando integrados noutro, como seja a ficção científica, western, fantasy, policial ou mesmo wuxia. Calculo que alguém que prefira uma ficção mais intimista, pessoal, relacional, prefira um jogo que foque mais esses elementos, quer em tema quer em sistema. Reparem que aqui a palavra chave é "foco" - estes elementos mais pessoais têm de estar presentes nas estórias que jogo, ou não prestam, simplesmente o foco não é esse. De modo semelhante, e aqui perdoar-me-ás se estou a pôr palavras na tua boca, Ricardo, e corrigir-me-ás se estiver enganado, os elementos de perigosidade e acção também podem estar presentes nos teus jogos, mas estes terão um foco extremamente diferente.

Também a questão sobre o GM é interessante. Eu também gostaria de um jogo sem GM. Mas seria um em que fossem todos jogadores, exploradores da personagem e do mundo. Mas isso não é possível, embora com os avanços dos MMORPGs não seja difícil de imaginar no futuro, e assim, it's a dirty job but somebody's got to do it. Todos GMs ou co-criadores, participando na estóra para além das acções/decisões da personagem? Isso deve ser uma experiência tão diferente daquela que eu procuro que deve ser outro hobbie inteiramente diferente. Não duvido que há semelhanças. Mas não serão as semelhanças entre o futebol e o handebol? Ambos têm balizas, jogadores, campo, árbitro, e até os uniformes são parecidos. Mas são desportos diferentes. Requerem skills parecidos, mas também fundamentalmente diferentes. E não há nada que impeça um desportista amador de jogar qualquer um desses desportos e os apreciar. Claro, mais uma vez, estou a postular uma hipótese e a supor. Ainda não joguei PTA nem TSoY nem Dogs in the Vineyard, et al., e tenho de ter essa experiência. Estou a falar por observaçao e a aventar uma hipótese que ainda não testei.

No entanto, continuo a jogar Qin, talvez venha depressa a jogar Feng Shui mais uma vez, que são coisas que já sei que adoro.

Peace,

Verbus

So I bless you with my curse
And encourage your endeavour
You'll be better when you're worse
You must die to live forever

- Jim Steinman - Dance of the Vampires -

[quote=ricmadeira]Além de que "complicado" está no olho de quem vê, ou melhor no cérebro de quem joga...[/quote]

Eye of the Beholder... hmmm, interessante.

[quote=ricmadeira]eu acho complicado quando o jogo "pára" todo para ir resolver round a round, acção a acção, durante uma hora ou duas uma cena de combate que demora um minuto de tempo real, ou quando tenho à frente uma folha de personagem que parece saída de um excel[/quote]

De facto é complicado. Mas eu tenho a opinião contrária e permite-me, muito educadamente, que te contrarie. Eu não acho nada complicado as folhas de PTA mas aquilo não me diz nada. São simples e tal... mas enfim, preciso de mais conteúdo nas folhas. De qualquer maneira, um jogo onde se pode ter "nipple confidence" não é mau de todo, digo eu...

[quote=ricmadeira]e preciso de andar a consultar o livro para ver quais são as limitações e as extensões do que posso fazer, quando o que quero fazer não encaixa no sistema rígido do jogo, etc, etc, etc. Dêm-me PTA em qualquer dia da semana. :)[/quote]

Sim, de facto é complicado. Eu também jogava PTA todos os dias da semana. Infelizmente não sou fã das Donas de Casa Desesperadas ou do Lost. O PTA pode ser muito interessante mas não permite jogar tudo: dungeon crawls, wuxia, Mythos Horror, etc. A não ser que estejas a dizer que só porque não jogamos PTA estamos a jogar mal. Mas não acredito que seja isso. Até vou pôr um sorriso para veres que estou na brincadeira. :-) Pronto...

[quote=ricmadeira]Também ninguém se queixa que quebra a imersão para todo o sempre quando tem de ir á casa de banho fazer xixi[/quote]

Por acaso acho que quebra. Até já sugeri aos jogadores que se comprassem daquelas cadeiras com penicos onde as crianças se sentam. Assim, eram maratonas sem sair da mesa e quebrar a imersão

[quote=ricmadeira]para mim, no meu consciente pessoal, não há qualquer diferença entre isso e "parar" para pedir uma cena ou estabelecer um stake... até acho os últimos mais imersivos no jogo em si. É tudo uma questão de como escolhem ver as coisas, ou de como estão habituados a senti-las.[/quote]

Não percebi por isso não sei se concordo ou discordo. Tu achas que um stake é mais imersivo que parar a cena para discutir uma regra?


"You think I'm old and feeble, do you? Well, face my Flying Windmill Kick, asshole!"

Eu ia responder a esta conversa do imersivo, mas dois senhores anteciparam-se. Concordo com o JPN que é complicado ser imersivo e haver poderes de criação - aliás, digo mais, é provavelmente impossível ser seriamente imersivo, mas nem vale a pena entrar por aí porque alguém me vai dizer que eu falo do que não sei porque nunca joguei, digamos PTA, e eu em troca terei de perguntar, “e tu, sabes o que é jogar de modo seriamente imersivo?”.
Depois aqui o amigo Verbus diz o resto: claro que jogos estupidamente mecanicistas também correm graves riscos de destruir a imersão, mesmo que os jogadores estejam apenas concentrados na tarefa de interpretar personagens. A minha receita: não joguem RPGs estupidamente mecanicistas, mas também não adianta ir à procura da ilusão do jogo perfeito (mesmo que alguns jogos sejam O Jogo perfeito para alguns jogadores. Infelizmente nem todos têm a sorte de ter encontrado o seu jogo perfeito como o Ric Madeira e o seu PTA!). Há por ai muita escolha. Por enquanto, enquanto os MMPORCOS ou whatever não dominam por completo.

Tu e muito boa gente que acha que aqueles númerozinhos não são apenas númerozinhos são atributos e skills e backgrounds e isto e aquilo e mais não sei quê, que têm que ser justificados tanto na criação de personagem, como em jogo. Isto é complicado? Don’t think so… Claro que há… pausa para criar suspense… maus jogadoeres (sim, eu disse a expressão tabu), há maus jogadores para quem os números são apenas números. Mas esses também não são capazes de imersão no mundo de jogo. Deviam dedicar-se a outra actividade menos criativa.

Na minha humilde opinião nenhum jogo pode simular tudo, há alguns mais versáteis do que outros, mas de facto esse em questão tem apenas por objectivo simular soap operas. Sim, eu disse soap operas e não séries de TV. Eu já li o manual, até nem é grande e é o que lá está - soap operas da nova geração, mais evoluídas a todos os níveis do que o Dallas ou Dinastia, mas soap operas na mesma. Soap operas satíricas como é o caso de Desperate Housewives, soap operas num hospital, como Grey’s Anatomy, soap operas disfarçadas de thriller, como o Lost… Quando quiseres jogar wuxia com PTA aqui vai a minha sugestão: Pai Mei é um ex-mestre de artes marciais com um problema de bebida, que se mudou para uma pequena cidade do interior dos EUA com a filha quando, ao tentar salvar a primeira mulher de um ataque de um tríade, ficou coxo de uma perna. A mulher, obviamente morreu. A filha torna-se a town slut, enquanto Pai Mei tenta abrir uma escola de meditação transcedental que não cai bem entreos rednecks. EXplora os conflitos emocionais subjacentes a esta situação. Mas sem artes marciais…

Errr… Lembra-me de nunca jogar contigo, ok?

Só agora é que vi este post, com algum atraso, mas como temo que certa parte seja razovelmente dirigida a mim creio ter o direito de me defender. Frustração. Também conheço bem a sensação como já tinha dito, mas normalmente é quando me dizem a mim que aquilo que jogo há 20 anos é uma treta que está completamente datada. E depois eu não posso responder à letra, senão… Bom, eu nunca tive a pretensão de adivinhar o que vai na alma dos jogadores, portanto decerto não fui eu que que disse como é que tu vives os teus personagens no teu íntimo. Também nunca chamei porcaria adulterada a nada (se calhar até já, mas não a falar sobre role plays). Simplesmente disse, PTA não é role play. Burning Empires não é role play. Outras coisas não são role play. Um Porsche e um Jaguar não são role play e, embora não conduza, não me importava de ter um…

Essa palha genérica, suponho que te refiras ao setting. É essa palha genérica que me faz escolher um jogo, gostar dele ou não gostar dele. Experimenta tu colocares-te na pele de outra pessoa, com outros gostos e sentir a frustração dele ao chamarem palha genérica ao que os faz jogar. É que não é isso que me aborrece a mim de morte!

Bom aqui entramos no domínio do “as skills e atributos e etc etc. são entraves arcaicos ao RPG”. Não, não são, são representações possíveis de um perosnagem no universo de jogo. São perfeitas? Não, não são, mas a democracia também não e ainda ninguém inventou algo melhor. Bom, sobre a democracria há outras opiniões, mas esta é a minha…
Então vamos a exemplo… Num jogo indie genérico (que não é PTA) queres representar a personagem da Teri Hatcher, cujo nome me escapa por isso vou-lhe chamar Paspalha Romântica. A folha de personagem da Paspalha Romântica é algo do tipo:
Coisas que a emocionam: passarinhos, borboletas, relvados verdejantes, a filha adolescente
Coisas que a perturbam: a vizinha velha chata e má, a loura boazona que lhe queria roubar o canalizador (eu sei, estou um bocado desactualizado, mas o que importa é o princípio da coisa), o ex-marido canastrão com queixo de American Dad|
Coisas que a excitam: o canalizador a tratar-lhe da canalização
Características significativas: tem graves problemas em controlar as lágrimas, quando quer fazer algo de bom sai sempre asneira, embora esteja cheia de rugas ainda tem um bom corpo (esta não interessa, fui eu que acrescentei)
Ok, onde é que isto não se pode fazer noutro jogo qualquer? Isto que no tal RPG Indie Genérico é a folha de personagem, num jogo tradicional é a descrição da personagem mais o background e pode ser bastante mais extenso porque não tem de ser condensado a meia dúzia de espacinhos numa folha A4. O GM não liga a backgrounds e descrições de personagens, por isso não importa o que lá se escreve? Então o GM é imconptente e não joguem com ele, a culpa não é do sistema! A outra vantagem do RPG tradicional é que além de falar nos passarinhos e borboletinhas e canalizadores com grandes canos, também descreve aquilo que ela sabe e não sabe fazer e dá um ideia de quais as suas capacidades inatas (que neste caso concreto são muito poucas). Mas, felizmente, nem todos os jogos são sobre as Desperate Housewives!

Não te esqueças do "nipple confidence." Laughing

Mas brincadeiras à parte, é isso mesmo sem tirar nem pôr. Aquilo que num qualquer Indie Genérico são as características da personagem, num roleplay fazem parte do background da personagem. Aliás, sempre que tenho jogador, quer como GM, que como jogador, esses atributos, chamemos-lhes assim, fazem parte da personagem. O que é que a personagem gosta e desgosta? Quais as suas ideologias? Personalidade? Etc. Ora se o GM recebe a folha de personagem e está-se a borrifar para isso, é altura de mudarem de GM, porque esse mesmo background pode ser usado para um sem número de aventuras ad infinitum. No fundo, é a maneira que os jogadores têm de dizer ao GM o que querem ver durante a campanha. E isto não acaba com o background. DURANTE a campanha os jogadores têm um papel de relevo na direcção que a história toma, por isso essa história. Digo já isto antecipadamente antes que alguém se lembre de dizer: "isso do background é bonito mas depois em chegando à campanha, os jogadores seguem aquilo que o GM quer..."


"You think I'm old and feeble, do you? Well, face my Flying Windmill Kick, asshole!"

Num rpg tradicional interessa aquilo que o personagem sabe fazer, por isso está na folha de personagem uma skill ou um atributo, e não está um background ou uma vontade.

Nesse teu rpg indie genérico (que não é PTA) interessa aquilo que faz mexer as personagens, não aquilo que elas sabem fazer (por acaso, o PTA até tem um espacinho para aquilo que as personagens sabem fazer).

Vi a 2ª série da Galactica há pouco tempo, estou a tentar ver a 3ª. Há uma diferença abismal das séries dos anos 80 para estas: a dos anos 80 era carregada de acção, estas não.

Não quer dizer que não haja acção ou batalhas épicas, que as há, mas estão sempre no background. Para quem acompanha a série, se se lembram da porrada entre a Galactica e a outra battlestar cujo nome me escapa mas que julgo ser Pegasus, e as duas naves de batalha cylon, a acção entre naves não durou o episódio inteiro. O que durou o episódio inteiro foi o Adama a pedir à Starbuck que fosse matar a outra gaja, as duvidas da Starbuck enquando falava com o Apollo sobre isto, o Apollo a ir falar com o Pai, a gaja da Pegasus a pedir ao oficial que levasse um batalhão para a Galactica para matar o Adama, o oficial nervoso e a suar durante a batalha toda, e no final a Starbuck também a suar enquanto se preparava para dar o tiro na outra; quando o Adama lhe diz que não o faça, ela sorri de alivio, assim como o oficial quando a gaja lhe dá a mesma ordem. Isto é extremamente intenso de se ver, têm que concordar comigo.

Ou, se se lembram da 1ª série do Rome, quando o Titus Pullo matou o escravo do Lucius Vorenus porque este estava a dormir com a escrava que ele queria comprar e casar. A dúvida do Titus sem saber o que fazer ao melhor amigo, que lhe tinha salvo a vida tantas vezes, mas que ali lhe punha nas mãos um dilema incontornável. Ou quando o Pullo se recusa a lutar contra os gladiadores até lhe falarem mal da 13ª Legião. E a série tinha carradas de batalhas épicas também, com todas as vitórias do César na Gália, no entanto estas nunca eram mostradas, porque não era isso que era importante para a série.

É por causa destes momentos épicos que eu gosto dos jogos indie, ou story-games, se lhe quiserem chamar, porque o foco do jogo é sempre e só sobre estes momentos intensos.

–~~–

Não te metas comigo, camarada; tenho n avisos à navegação, alguns deles em público, e não tenho medo de os usar.

Já agora, o UA tem uma maneira excelente de fazer as personagens:

1º Quem és tu?, quais são os teus medos, o que te faz mexer, etc?, e tudo isso escarrapachado na folha.

2º, e só em 2º, o que é que sabes fazer?, e então vêm as skills e atributos; as skills, coisa gira, são completamente inventadas pelos jogadores a seu bel-prazer, o que achei brilhante.

Ainda acho que o jogo se contradiz a espaços, mas estou a contar com o meu grande amigo Verbus para me ensinar e mostrar que estou errado.

–~~–

Não te metas comigo, camarada; tenho n avisos à navegação, alguns deles em público, e não tenho medo de os usar.

[quote=Rui]É por causa destes momentos épicos que eu gosto dos jogos indie, ou story-games, se lhe quiserem chamar, porque o foco do jogo é sempre e só sobre estes momentos intensos.[/quote]

Com certeza que esta frase não foi intencional mas o que fica aqui espelhado é que nos ditos outros jogos, que não Indies, o foco não é sempre e só sobre os momentos intensos. Então em jogos tipo D&D não há momentos épicos? Não há momentos de intenso dilema moral ou de conflictos psicológicos internos? Nem todos os jogos Indie são sobre conflictos morais internos (veja-se Spirit of the Century ou Hollow Earth Expedition), nem todos os jogos Indies são sobre as frustrações épicas de uma dona de casa (veja-se Cold City) e nem todos os jogos Indies são de proporções épicas.

Mais ainda, dizer que os Indies são também chamados de storygames, implica que os ditos outros não o são. Então não temos histórias para contar cujo foco são as personagens? Não anda a Xiao-li Pai atormentada porque perdeu a família e sente-se perdida? Não anda o Gavião Escarlate dividido entre os seus Irmãos de Sangue e as consequências dos seus actos sanguinários? Ou será que são apenas os Indies a terem o monopólio dos conflictos existencialistas?

Nota: Qualquer sugestão implícita ou explícita que os roleplays devem ser só sobre dúvidas existencialistas e conflictos morais épicos não é defendida pelo autor deste humilde post.


"You think I'm old and feeble, do you? Well, face my Flying Windmill Kick, asshole!"

Opá, calma calma!

[quote=Dwarin]

[quote=Rui]É por causa destes momentos épicos que eu gosto dos jogos indie, ou story-games, se lhe quiserem chamar, porque o foco do jogo é sempre e só sobre estes momentos intensos.[/quote]

Com certeza que esta frase não foi intencional mas o que fica aqui espelhado é que nos ditos outros jogos, que não Indies, o foco não é sempre e só sobre os momentos intensos. Então em jogos tipo D&D não há momentos épicos? Não há momentos de intenso dilema moral ou de conflictos psicológicos internos? Nem todos os jogos Indie são sobre conflictos morais internos (veja-se Spirit of the Century ou Hollow Earth Expedition), nem todos os jogos Indies são sobre as frustrações épicas de uma dona de casa (veja-se Cold City) e nem todos os jogos Indies são de proporções épicas.[/quote]

Nem eu quero que sejam! Que haja sempre grande diversidade, para que se num dia me apetecer escolhas morais dificeis e no outro uma viagem alucinante pelo extase provocado pela urina de um dinossauro, eu o possa fazer! :D

Mas, respondendo à tua frase: de facto, o que fica por dizer é o que é mal interpretado; não é verdade que os jogos mais tradicionais não sejam dados a grandes momentos épicos, conflictuosos, dramas morais ou o que sejam; mas é verdade que grande parte dos jogos indies são muito mais focados para este tipo de jogo (um com dramas morais - sejam de donas de casa sejam de caçadores de monstros com nacionalidades diferentes na guerra fria - , outro com combates épicos contra gorilas zombies de corpo mecânico em zepelins sobrevoando o Sena), e é nisso que, julgo eu, está a diferença. Nisso (no foco), e nas mecânicas que são apresentadas, muito mais dadas a resolver o conflicto presente, do que golpe a golpe num combate (TSoY, por ex, tem as duas opções).

 

[quote=Dwarin]Mais ainda, dizer que os Indies são também chamados de storygames, implica que os ditos outros não o são. Então não temos histórias para contar cujo foco são as personagens? Não anda a Xiao-li Pai atormentada porque perdeu a família e sente-se perdida? Não anda o Gavião Escarlate dividido entre os seus Irmãos de Sangue e as consequências dos seus actos sanguinários? Ou será que são apenas os Indies a terem o monopólio dos conflictos existencialistas?[/quote]

Atenção, não sou eu que chamo story-games ao jogos indie; eu estou a chamá-los assim, porque vejo que se lhes continuar a chamar roleplaying games vou ser trucidado. Prefiro simplesmente chamar-lhes outra coisa e seguir em frente. Mas repara que não é um termo assim tão mau: um roleplaying game é um jogo onde se pretende uma representação de um personagem e/ou imergir-se nela tanto quanto possível, até deixar de haver distinção entre um e outro (aquilo que o Sérgio e o Zé tanto defendem), habendo no fim a história interessante para todos, e um story-game é um jogo onde se pretende contar uma história, com todos os participantes a ter a mesma parte activa e igual contribuição (o que acontece, por ex, no PTA), havendo no fim uma imersão dentro do personagem de cada um (como aponta o Rick Danger no seu último pastel, e com o qual eu concordo). Acho eu. Posso estar só a mandar postas de pescada, mas esta é a percepção que tenho das coisas hoje, diferente da que tinha há um ano atrás, e possivelmente da que irei ter daqui a um ano.

Como apontei acima, há jogos e jogos; há jogos indie mais focados para o drama, há outros mais para o épico, etc; há jogos tradicionais mais virados para exploração, para o horror, para o épico, também, mas nunca vi nenhum que fosse focado unicamente no conflicto moral interno (embora o UA me atraia e confunda ao mesmo tempo nesta questão...).

No vosso jogo de Qin, um jogo dedicado às artes marciais na China antiga, ter esses dramas morais é, para mim, excelente e bom que hajam à mesa, no entanto não vejo na folha de personagem algo que indique que o jogo as pode ter; se não lesse os teus AP's e olhasse apenas para o livro e a folha de personagem, diria que é apenas mais um jogo de artes marciais.

Agora, os dramas morais com que se debate a personagem podem ser feitos em qualquer jogo, se os jogadores assim o quiserem, e é excelente quando acontecem, porque aumentam a diversão em jogo e aumentam a sua qualidade; no entanto, há jogos onde o foco é apenas esse.

Se te lembras, perguntas-me em tempos como seria um PTA virado apenas para as séries chinesas de artes marciais, porque o PTA como está feito é apenas para as novelas americanas recentes, que têm o combate como pano de fundo (vide Galactica ou Rome); eu não sei como seria um PTA assim, honestamente, mas estou tentado a descobrir. :-)

--~~--

Não te metas comigo, camarada; tenho n avisos à navegação, alguns deles em público, e não tenho medo de os usar.

[quote=Rui]Isto é extremamente intenso de se ver, têm que concordar comigo.

-snip-

É por causa destes momentos épicos que eu gosto dos jogos indie, ou story-games, se lhe quiserem chamar, porque o foco do jogo é sempre e só sobre estes momentos intensos.
[/quote]

É engraçado ler isto, jogando eu num grupo que vibra a ver as séries desse tipo (o Lost e o Rome são vistos em grupo para máximo efeito) e depois não suporta jogá-lo à mesa de jogo, apesar de o ter tentado várias vezes e com jogos “story-games” puros e duros :slight_smile:

O meu maior desapontamento com os jogos indie foi terem-se focado em maximizar os tais momentos intensos. Esperei ideias brilhantes sobre jogos que maximizassem a competitividade e nada surgiu melhor que os Great Ork Gods (giro, mas exige álcool e não posso estar sempre a beber nas sessões, já basta fora :P)

E é por causa de tudo isto, no fundo, ser apenas uma questão de gosto pessoal que não era suposto haver tanta discussão sobre o tema. Mas que as há, há.

Portanto… estás a contrariar o que eu sinto no meu íntimo pessoal? :open_mouth:

Pensei que o eye of the beholder tivesse sido bastante claro, assim como as outras expressões todas “eu acho”, “para mim”, “no meu consciente pessoal”, etc. Mais claro que isto acho que não consigo ser! :slight_smile:

Sim, vamos lá a ter calma. Jesus…

Eu não insultei ninguém, eu não chamei mentiroso a ninguém, apenas constatei uma série de factos sobre o que eu gosto e não gosto. Importam-se? São coisas pelas quais passei e vivi, e que continuo a passar e a viver, e é o que eu sinto. Não percebo qual é o problema.

Se é pela palavra “xixi”, bom, o João Baião usa-la por todo o lado em directo na TV nacional e quem me conhece sabe que eu costuma brincar com isso e o Baião.

Obrigado pela compreensão.

Estamos de acordo, DESDE que tu e os teus não insultem o que EU gosto e o que EU experimentei e vivi, nem o diminuam nem o tornem coisa de reaccionário fascista. Até aqui, também tentei transmitir aquilo que senti e aquilo que procuro no RPG, e alguma coisa das minhas dúvidas sobre coisas que ainda não experimentei. Tentei também não ser defensivo, pois ninguém me agrediu. Nem agressor, pois não quero mal a ninguém, sejam quais forem os jogos que joga ou as doutrinas que segue.

Mas quem sou eu? Não posso responder à letra a quem tem a faca e o queijo na mão, Deus sabe que bem o tentei, outrora. Ricardo, NINGUÉM TE ESTÁ A ATACAR, NEM A TI NEM AO PTA! Estamos defender-nos, mas é, da atitude "Mother May I" de quem tinha a obrigação de saber o que são RPGs mas nem sequer faz a mínima ideia (e falo também de certos teóricos do outro lado do Atlântico, para além de grandes amigos meus deste lado).

A ideia é: ou páras todas as alarvidades ou com nenhuma. E se vamos discutir o que é uma alarvidade, bem... eu perco porque o site é teu, como bem mo fizeste sentir o ano passado. Mas não precisamos de entrar por aí. Pois nós os dois entendemo-nos muito bem e até procuramos o mesmo, achamos é que chegamos lá por caminhos diferentes.

A coisa é: NINGUÉM AQUI QUER MANDAR ABAIXO O PTA, se o GURPS, CoC, Hero System, Deadlands, Unknown Armies, Vampire, Mage, Werewolf, Trinity, et al., não forem mandados abaixo de cão primeiro e impunemente, e subsequentemente todos os que jogam e adoram esses jogos (não incluo aqui o D&D por o L. Ron Hubbard-Edwards o ter declarado jogo "gamist" por excelência, e como tal não faz parte da "ralé simulacionista").

Em conclusão, porque é que estás tão defensivo? Mostra mas é os teus momentos PTA (ou DitV, ou TsoY, ou Capes) e o que te faz "vibrar". Seguiremos ou não, mas podes contar que contarei os meus momentos dos jogos que jogar.

Qaunto aos palavrões, fazes favor, porque que eu acho que se usam poucos, aqui. "#$% da "#$%" do "#$% que a "#$%!!!

Peace,

Verbus

So I bless you with my curse
And encourage your endeavour
You'll be better when you're worse
You must die to live forever

- Jim Steinman - Dance of the Vampires -

É chichi e não xixi… Acho estas pequenas coisas importantes! :wink:

Pronto, fico corrigido. Não são uma porcaria adulterada então, são apenas… RPGs que não são roleplay. Pareciam-me sinónimos, que queres? encolhe os ombros

Não, palha genérica é algo com que de certeza também não simpatizas.

Como disse, eu venho de um background de escrita de ficção. Bom storytelling para mim = personagens e histórias adaptados um ao outro, tanto que são muitas vezes indissociáveis. Por isso é que os meus personagens não transitam entre campanhas, ou se o fazem são revistos de uma ponta à outra, ao contrário de quem joga o mesmo personagem durante anos a fio.
Personagens metidas em históras(palha) génerica = mau (para mim e muitos autores) storytelling. Pode dar kicks a boa gente, mas não a mim… se vou jogar/ler algo, prefiro o melhor que se puder arranjar, obrigado, opções não faltam. Só isso.

Satisfeito?

[quote=ricmadeira]
Pronto, fico corrigido. Não são uma porcaria adulterada então, são apenas… RPGs que não são roleplay. Pareciam-me sinónimos, que queres? encolhe os ombros [/quote]

Não, não são sinónimos, não se trata de uma questão de semântica. Simplesmente agrada-me a expressão storygames, cuja utilização (estranhamente) é admissível a alguns, mas proibida a outros. Eu, por exemplo, se chamo storygame a alguma coisa, há um grupo de utilizadores do site que lê imediatamente “monte de esterco”. Não sei se é culpa minha porque me expliquei mal noutras ocasiões, ou se já estão à espera que eu vá ser provocador. Mas esta segunda probabilidade soa-me pouco plausível, se há quem tenha suportado secas imensas e até ofensas pessoais sem perder a compostura tenho sido eu. Não vejo porquê agora, de repente, passar a ser tratado como um tolinho que não percebe nada só porque mantenho as minhas opiniões e não sou vira-casacas. E nada tem a ver com o desconhecimento sobre aquilo que falo, porque onde tu lês o Nietzsche a disparar sobre aquilo que não conhece, o que lá está é o Nietzsche a falar genericamente sobre aquilo que lhe agrada ou não lhe agrada no que diz rspeitos a jogos, sejam RPGs ou Storygames. não encolhe o ombros, porque respeita o interlocutor