O jogador hedonista
Sessão de Dungeons & Dragons da caixa vermelha (aprox. 1992) em que eu era o GM: o grupo que já não me recordo muito bem em que classes/raças consiste viaja por uma floresta até que encontrar uma aldeia élfica. Uma grande multidão acolhe os PCs e leva-os até ao palácio do rei (?) élfico (não perguntem ). No interior, todos os PCs fazem uma grande vénia e cumprimentam o rei, etc. quando um dos jogadores se sai com esta:
Idiota: "Como está, rei? Paz, amor e muita f**a!"
GM:?
Outros jogadores: ?
Antes de continuar, devo dizer que sempre que fiz sessões de fantasia, deixei bem claro que não gosto de asneiradas à mesa, principalmente se a fantasia é clássica. Ninguém ouve o Aragorn ou o Gandalf a mandar bojardas e, ainda para mais, isto era D&D e não Warhammer Fantasy Roleplay. Mas continuando: ficaram todos parados. Obviamente que o rei não gostou da brincadeira e mandou prender o idiota. O meu irmão, que na altura jogava, decidiu interceder pelo idiota até porque queriam que o grupo se mantivesse unido. A título excepcional e porque poderia ter sido um deslize do jogador, lá aceitei e o rei pediu ao idiota que fosse à presença dele e lhe pedisse desculpa.
Idiota: (de joelhos) "Rei, peço muita desculpa. (pausa) E paz, amor e muita f**a!"
GM:???
Outros jogadores: (grandes risadas)
Marcha a personagem do idiota de novo para a cadeia. Lá vai o meu irmão, que por esta altura também já perdia a paciência, interceder de novo pelo idiota. Repetição da cena:
Idiota: (de joelhos) "Pronto, está bem, Rei, agora é peço muita desculpa. (pausa) E paz, amor e muita f**a!"
GM: Ok, é assim. O rei nem te manda para a prisão, és sumariamente executado ali, cortam-te aos bocadinhos e alimentam os cães com os teus bocados. (Isto era mesmo para evitar que o idiota voltasse a jogar, believe me, ele era mesmo idiota.)
Outros jogadores: Ok, nós continuamos para o templo.
O grupo continua na direcção de um templo para o investigar. Rebenta um combate. Todas as personagens lançam a sua iniciativa e declaram as suas acções:
Idiota: Eu ataco um dos orcs
GM: Espera lá. Tu... o quê? A tua personagem está morta.
Idiota: Hã? Mas eu pensei que aquilo tinha sido tudo a brincar!
Os outros jogadores rebentam à gargalhada e o GM só não lhe manda com a mesa na cabeça porque estava atrás do "shield" sem saber se havia de rir ou chorar.
Jogador com déficit de atenção
Shadowrun em que outro era o GM e eu um dos jogadores (e não, não fui eu o jogador a quem queriam bater):
O grupo viajava a pé pelo deserto em direcção a uma cidade. Acampam para pernoitar. O mágico do grupo decide entrar em forma astral e explorar o caminho adiante, e talvez chegar à cidade (em Shadowrun viaja-se extremamente rápido em forma astral). Deita-se no chão e pede a uma outra personagem para o guardar. Convém assinalar que enquanto está em forma astral, o mágico deixa o corpo físico inerte para trás e não pode fazer nada fisicamente até voltar ao corpo. E assim é, uma personagem em forma astral, outra a guardá-lo e os restantes a preparar o acampamento.
Troll (tanto personagem como pessoa): Estou farto desta porcaria de sessão. VOU AVACALHAR!
Eu: O quê?!
Mercenário (que guardava o corpo do mágico): Eu continuo a guardar o corpo.
Troll: Eu ataco o mágico.
Mágico: Eh lá. Acalma-te lá. O mercenário está a guardar-me!
Troll: Então eu ataco o mercenário.
Mercenário: Eu... defendo-me?
Reparem que o GM não abria a boca e aceitava toda a situação como normal. Não ajudou muito à cena que o Troll fosse uma personagem chulada ao máximo e que cada murro era logo para arrancar a cabeça. A situação descambou e, todos, menos o troll, decidiram que era melhor ir ver se estava a chover lá fora do que aguentar aquilo.
"You think I'm old and feeble, do you? Well, face my Flying Windmill Kick, asshole!"