Isto apareceu algures e o Mariano sugeriu um tópico separado. Aqui vai:
Ou ao que NÃO é roleplay. Duas coisas:
"É a mente dos jogadores contra a mente do GM, e ai do jogador que saia deste caminho, que vai estragar a preciosa história que o GM tem para contar".
Se há um maduro que quer contar histórias, seja, faça-o. Mas sentar um grupo de bacanos à volta de uma mesa, dizer-lhes "Tu és o A, tu és o B" e etc., e depois ditar-lhes as acções não é roleplay, é teatro.
"O que é suposto ser um jogo colaborativo para contar uma história"...
...é outro excelente entretém mas não é roleplay. Contar histórias é o que eu faço aos meus filhos de vez em quando antes de se deitarem. O mais frequente é eu inventar as histórias naquele momento. Então não conto, crio, ou melhor, crio e conto. Frequentemente eles assumem uma personagem nas histórias e vivem-nas ditando a acção das suas personagens. Eles não o sabem mas nesse momento passaram da posição passiva do auditor numa história que lhe é contada (tenha ou não sido criada no momento) para a posição activa dos jogadores de um jogo de personagens. Estão a jogar roleplay mas são demasiado crianças para perceber estas nuances de crescido.
As pessoas entreterem-se a contar histórias é um divertimento que hoje praticamente desapareceu devido à imprensa, cinema, tv, etc. Ou talvez não, a tagarelice em torno da vida dos outros continua a ser muito apreciada. Porém, não é roleplay.
O mesmo se pode dizer quanto a criar histórias colectivamente. No nosso país o exemplo clássico ainda é O Mistério da Estrada de Sintra. Pode ser interessante mas não é roleplay.
Roleplay é assumir uma personagem. Não é apenas dar-lhe vida, é vivê-la. Isso pode ser feito a solo. Afinal, o maior roleplayer português ainda foi o Fernando Pessoa. Roleplay é heteronímia em acção.
"esforço colaborativo"
Sim, o roleplay exige um esforço colaborativo. Não necessariamente entre pessoas mas entre papéis lógicos. As personagens, os heterónimos, vivem num mundo e este tem que ser criado. Essa criação não pode ser logicamente da mesma entidade que vive a personagem ou caímos num pesadelo de idealismo subjectivo para falar à filósofo. Num jogo de personagens há dois tipos de função lógica, a de MJ e a de jogador, aquele cria o universo em que a personagem evolui e este vive a personagem.
Como é evidente estas duas funções podem ser desempenhadas pela mesma pessoa (num jogo a solo como o do Pessoa) ou podem ser desempenhadas por pessoas diferentes, como é normal num rpg. Mas nada impede que num jogo com vários jogadores estes alternem no desempenho das duas funções lógicas e que um participante que assume fundamentalmente a função de jogador passe - mesmo sem se dar conta disso - à posição de MJ. Normalmente o MJ alterna as duas funções: ele é MJ sem mais quando dita o funcionamento do universo de jogo mas é também mero jogador quando encarna os PMJs.
Se tudo isto é feito em termos de conflito entre jogadores ou não é irrelevante de um ponto de vista do conceito de rpg. A única coisa que se pode retirar dessa situação é que os participantes preferem jogos centrados em conflitos directos e de soma nula. Nada mais.
Sérgio