Pessoas,
Recentemente, nos Estados Unidos, decorreu mais um GenCon, onde milhares de jogadores como nós se juntaram para jogar, jogar, jogar e jogar.
Por outro lado, em Portugal, o “vazio” é cada vez maior – recordo o tópico “Onde anda o RPG em Portugal”, de há cerca de um ano:https://www.abreojogo.com/forum/rpg_geral/2007/04/onde_anda_roleplay_em_portugal
Existe alguma luz ao fundo do túnel – notei por exemplo o JMariano, no tópico do LeiriaCon a pedir autorização para jogar um bocadinho de D&D 4.0.
O que me motivou a sentar e escrever este tópico foi o meu assumido vício por D&D. Leio avidamente meia dúzia de blogs estrangeiros de pessoal que partilha esta minha “tóxico-dependência” (somente aqueles que têm algo de jeito para partilhar, e não as imbecilidades da “guerra de edições” e afins). É interessante ver comunidades inteiras a discutir ideias e partilhar experiências – muitas delas em redor da nova série “Pathfinder”, que está a fazer um grande sucesso lá fora. Toda a gente fala das suas experiências, e dá sugestões de como melhorar um ou outro módulo, ou tornar um NPC mais interessante.
Ora, por Terras Lusas, parece-me (do pouco feedback que consigo apanhar na net) que os poucos jogadores de D&D que existem, têm os seus “core groups” criados ao longo dos anos, e raramente têm disponibilidade para pensar em algo mais do que os seus núcleos. Aqui falo também por experiência própria. No entanto, quase todos nós já andamos na casa dos vinte e muitos/trintas, e já não temos a facilidade de outros tempos para agendar sessões com frequência, e acabamos por jogar uma sessão lá de mês-a-mês, e pouco mais. Se já existem poucas oportunidades para dinamizar as campanhas “de qualidade”, menos oportunidades existirão certamente para experimentar uma ou outra aventura solta e/ou ideia diferente.
A maioria da malta acaba por se resignar, até porque não dispomos de uma rede de lojas e/ou outros veículos de comunicação/interacção. Pela parte que me toca, eu gostaria de experimentar e conhecer outras pessoas que também gostem de D&D e que procurem sempre que possível “avivar” o jogo. Existem imensas barreiras à “comunicação” entre grupos/indivíduos – nomeadamente geográfica, ou por debilidades na facilidade de comunicação entre pessoas, ou até porque uns jogam no setting “A”, outros no setting “B”, e por aí fora.
Mas, sofrendo eu de uma “esquizofrenia entrópica” patológica que me leva sempre a criar mais e a nunca estar quieto, tenho tentado puxar pela cabeça para procurar algo que ajude a mudar a realidade, nem que seja muito pouco.
Já sabemos que as raras lojas que existem não têm funcionado para agregar a comunidade. Já sabemos que as tentativas de promover encontros entre roleplayers acabam sempre com duas ou três pessoas sentadas nas cadeiras a olhar para a porta. Já sabemos que a comunidade online não funciona. Portanto... há que procurar novas ideias. Mesmo que estas venham a falhar de igual forma.
Inicialmente, a ideia surgiu-me para dar resposta às sessões regulares que acabam invariavelmente por ser adiadas por falta de quórum. Para evitar o trabalho de preparação das sessões “a sério”, sugeri aos meus jogadores que fosse experimentado um mundo de D&D, feito essencialmente à imagem das antigas BD de Conan. Com várias pequenas aventuras, que poderiam estar – ou não – ligadas entre si, sequenciais, ou não. E que isto fosse feito num mundo de quasi-improviso, onde mediante a necessidade se fossem criando elementos, permitindo assim jogar aquelas aventuras oficiais “prontas a jogar”, que se resolvem em uma ou duas sessões sem grande compromisso. Isto permitiria ter uma referência de base, sem ser necessário ter um setting oficial super produzido, e evitando estar apenas a jogar aventuras “no ar”, sem qualquer ponto de ligação entre elas.Aos poucos vai-se criando um setting comum que, expectavelmente, poderá ser interessante para experimentar sessões esporádicas com aventuras pré-fabricadas.
Acabei de abrir um tópico no nosso blog de campanha, para ver se as ideias surgem. Quem as tiver, é bem-vindo a partilhá-las: https://balazanar.blogspot.com/2008/09/d-aventura-sem-compromisso.html
Não contente com apenas isto, comecei a pensar na potencialidade de estender este conceito a mais pessoal, de outras comunidades nacionais – que são poucas, mas devem existir – que possam de tempos a tempos juntar pessoas diferentes para experimentar D&D casualmente sem qualquer compromisso sério, e que com as suas experiências possam contribuir para a construção de um mundo em conjunto. Criava-se um site específico para a ideia, muito simples, para ir englobando os elementos criados, e eventualmente um blog ou fórum para discutir as experiências do jogo. Até se podiam integrar elementos como existem em World of Warcraft, onde há quests oficiais que podem ser jogadas por vários grupos diferentes, e depois discutir os resultados de cada um. Ou até pode haver uma aventura que termine mal para um grupo de jogadores de Lisboa, acabando com eles todos aprisionados pelo tirano necromancer, e mais tarde um grupo do Barreiro fazer essa aventura, e acabar por soltar os prisioneiros.Assim, tanto haveria espaço para jogar mini-aventuras oficiais, como para desenvolver mini-aventuras homebrewed, como, quem sabe, para um ou outro mega-evento que envolva vários grupos a perseguir o mesmo objectivo/tema, um pouco à semelhança do que a Paizo fez no GenCon com os drows, tendo 20 e tal DM e centenas de jogadores envolvidos em algo em comum.
Com sorte, isto ajuda a incentivar a comunicação entre os viciados nacionais de D&D, resulta nalgumas experiências giras, tanto serve para D&D 4.0, como 3.5 como AD&D 2, e – num mundo utópico – acaba de vez com a letargia nacional no que toca a D&D (toca a tudo o que é RPG, mas eu só tenho proximidade com D&D). Com isto tudo, não sei se consegui passar alguma ideia conexa... Tenho o mau hábito de escrever demais, e no meio da esquizofrenia acabo por falar de tantas coisas em simultâneo que acabo por nem eu perceber metade do que quero dizer...
Em suma, alguém acha que esta ideia seria interessante/viável/útil?Ou o melhor é ir a correr à farmácia comprar medicamentos anti-alucinações?