Um artigo sobre as razões que algumas pessoas colocam para aprender novos jogos...
Gostei, especialmente do ponto "Explore vs. Excel" que muito me admirou quando "entrei" para esta comunidade, mas a realidade é mesmo essa.
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Já notava essas resistências todas, e aquela parte do querer ser melhor num só jogo do que andar a saltar de jogo em jogo é muitas vezes a maior barreira quando se fala de jogos de tabuleiro a quem joga magic. É o "ganhar, ganhar, ganhar" em vez da procura pela diversão. Contudo isso reflecte a sociedade de hoje em dia onde quem tem sucesso a nível de emprego é aquele indivíduo super-especializado num campo (diria mesmo com palas nos olhos que é para não arriscar olhar para o lado), enquanto o zé-de-todos-ofícios vai ficando a chuchar no dedo.
A quem joga magic é fácil de convencer.
Se escolheres aqueles tipos que jogam mesmo bem Magic vais ver que são tipos versáteis e são capazes de pegar em qualquer jogo e jogá-lo de forma divertida sem o factor prémio em jogo.É claro que se meteres um prémio em jogo já não vou comentar, porque acho que para eles vale tudo menos tirar olhos.
Esses tipos que jogam magic tsssss
[quote=lbfigueira]
A quem joga magic é fácil de convencer.
Se escolheres aqueles tipos que jogam mesmo bem Magic vais ver que são tipos versáteis e são capazes de pegar em qualquer jogo e jogá-lo de forma divertida sem o factor prémio em jogo.É claro que se meteres um prémio em jogo já não vou comentar, porque acho que para eles vale tudo menos tirar olhos.
Esses tipos que jogam magic tsssss
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Acho que depende mais da personalidade do que propriamente da habilidade a jogar, se fosse como tu dizes eu não jogaria jogos de tabuleiro porque não presto mesmo nada a jogar magic :p
E isso dos prémios acontece com tudo não só com magic, quando há a possibilidade de um "ganho", nem que seja uma batedeira usada, fica logo tudo competitivo e só não matam a mãe e a avó se não calhar.
É claro que a personalidade é a coisa mais importante.
Mas acho que não me fiz entender ;.)
Para se ser um bom jogador de Magic é necessário ter skills que vão ajudar de certeza em qualquer boardgame.
E qualquer boardgamer que comece a jogar magic vai partir em vantagem em relação a um não bordgamer, pelo menos é o que eu acho (generalizando é claro)
Isto tem muito por onde comentar.
Eu vejo a coisa assim... há pessoas que eu nunca me meteria a tentar ensinar boardgames, porque simplesmente não vale a pena, não vai resultar: pessoas que não gostam de estar paradas no mesmo sítio a pensar, que têm gostos completamente diferentes, que nunca iriam ter paciência para aprender uma coisa nova assim... E quando é assim, acho que não vale mesmo a pena insistências.
E depois há outros.... alguns que eu acho que se ensinasse, até são capazes de gostar....nestes é que é de tentar levá-los.
Quanto ao "ganhar", ou "não ganhar".... achei piada no artigo ao explore vs excel, mas realmente lembrei-me imediatamente de magic. LOL isto porquê? Para jogar magic, é preciso além de saber bem as regras (e quando digo bem, é mesmo bem, não é como alguns putos que pensam que sabem=P), é preciso sempre conhecer bem TODAS as cartas de cada edição que se está a jogar. E isto foi o que me fez não gostar de jogar magic. Acho o jogo giro, mas se não conheces as cartas de fio a pavio (e isto leva tempo e muito treino de jogar com elas), não consegues usá-las da melhor forma. (não podes escolher as melhores interacções, se não sabes que cartas existem...). E isto torna o jogo muito desiquilibrado, porque se estás a jogar com alguém que conhece as cartas melhor que tu, estás basicamente lixado, independemente de jogar bem ou mal (isto claro, supondo que o adversário seja alguém que também jogue bem lol). E acho que isso é um dos motivos que leva a que quase ninguém goste de perder em magic.... porque é "inglório". Não se mede "skills", mede-se quem conhece melhor as cartas (já jogou mais), se estivermos a jogar em formatos limited, ou mede-se quem tem mais dinheiro, se estivermos a falar de formatos construídos. Talvez se não tivesse sempre a mudar de edição isto não acontecesse....ambas as coisas.
E é precisamente o oposto disto que eu gosto nos boardgames. É perfeitamente possível jogar um jogo pela primeira vez e ganhá-lo (claro que há jogos em que isto é mais complexo, mas em quase todos é possível). Porquê? Porque mede skills (com o factor sorte também incluido, claro), e não dinheiro ou conhecimento. Acabamos, com a prática, por ir conhecendo novas mecanicas, e com isso treinando novas skills em nós, e isso sim tem valor.
Completamente de acordo com o artigo. A minha experiência tem mostrado que a maioria das pessoas:
1- Não gosta de aprender regras de jogos novos.
2- Prefere jogos que já conheça bem onde possa jogar para ganhar.
3- Prefere jogar com os amigos a experimentar jogos com pessoas que não conhece.
No entanto, apesar de me parecer que isto relega a colecção descontrolada de jogos para uma pequena minoria, não impede que um ou dois jogos de tabuleiro modernos possam conseguir entrar no inconsciente colectivo (e o Settlers parece ir a caminho disso).
Para já, apesar de já ter mostrado vários jogos igualmente simples, aquilo que os conhecidos ainda dizem é: “Vai uma suecada?”
Acho que o artigo fala de um caso bastante particular, apesar de ser interessante ler o ponto de vista pessoal de quem o escreve. Nós aqui gostamos é de malhar no Risco e no Monopólio :) mas os jogos referidos no artigo estão a outro nível. Alguém aqui quer começar a dizer mal do poker, do xadrez ou mesmo do Scrabble? Acho que são hobbies bastante válidos e muita mais gente os devia jogar em vez de estarem sentados a ver televisão. Não considero que sejam um entrave aos boardgames.
Parece-me que há uma outra maneira de olhar para o «Joe» e o «Bob». Cito: «Both Joe and Bob enjoy and somewhat frequently play Chess, Scrabble, and Poker. They’re intelligent and clearly enjoy board games».
Ora bem, eu vi ao longo da minha vida atitutes semelhantes noutros domínios: «Rock/Jazz/Hiphop, blehhh» diz um amante de música clássica; «a pintura contemporânea é que é, gosto do abstracto, a pintura figurativa não me diz nada», diz um amante do mais moderno; «o cinema de acção não tem conteúdo nem densidade psicológica» afirma um fan de Bergman.
Podia continuar. O que sucede com frequência em casos destes é uma aliança de snobeira intelectual e estética ao prazer de pertencer a um culto pequeno e reservado. A verdade é que para todos os efeitos o Xadrez e o Scrabble são jogos minoritários nos dias que correm (suponho que no contexto americano o mesmo não se pode dizer do poker, mas posso estar enganado). São clássicos a que todos os miúdos são expostos mas que só um pequeno número joga verdadeiramente e por sua própria vontade.
Parece-me que para alguns miúdos ou jovens de hoje afirmar que se joga de Xadrez, Scrabble e Poker é dizer que se não gosta de jogos de computador, Magic, etc. Tem o mesmo gozo de pertencer a uma elite pequena e «diferente» do daqueles miúdos e jovens que dizem que só gostam de música clássica e que tudo o que seja moderno, popular, etc. não presta.
Pela forma como o artigo explica a atitude do «Joe» e do «Bob» é um comportamento deste tipo que está em causa:
Note-se que «Joe has also expressed nostalgic interest in Risk». A palavra chave é «nostalgic». Ele mostra interesse num jogo que partilha da mesma característica dos três que joga, é um «clássico».
«They explain that they’re already familiar with the rules to the classics that they do play and don’t want to go through the effort of learning something new», como é evidente porque as regras dos clássicos são o que melhor se pode fazer neste domínio, não há nada de novo para apresentar que valha verdadeiramente a pena.
«They want to master a board game ... like advanced amateurs» como os amadores de um estilo de música, arte, etc. Parte da satisfação resulta precisamente de nos sentirmos acima da maralha. É certo que toda a gente conhece o Xadrez, mas há muito pouca gente que o sabe jogar. Conhecer as regras vale pouco, é preciso saber aplicá-las. A satisfação do amador é que sabe o que os outros não sabem. É a satisfação do fanático de saber onde em cada filme de Hitchkock este aparece quando a maior parte das pessoas nem sabe que Hitchkock aparecia nos seus filmes, por exemplo. O conceito de «vitória» toma conotações diferentes em diferentes contextos mas ele aparece sempre.
«They don’t want to just play a game, they want to be good at a game, not just good but great if they can swing it.» Esta é uma questão central para muitos amadores: não é só uma questão de ser o melhor no nosso domínio, é uma questão de ser melhor em geral. Ora quando o amador se aventura fora do seu domínio ele deixa de estar no topo, fragiliza-se, dá o flanco. Há imensa gente no domínio novo que sabe mais que ele, que o consegue bater sem dificuldade. Se ele não arriscar, não se expõe.
Parece-me que é verdadeiramente esta a questão com os «Bob» e os «Joe». Para eles o jogo/música/arte/etc. a que se dedicam é um nicho, uma lugar onde são bons e se distinguem, onde podem olhar os outros nos olhos e dizer ou dar a entender, «eu sou melhor». Quando a atitude é esta... não há nada a dizer, mais vale ir em frente.
Note-se que é perfeitamente possível haver gente que exprime esta atitude numa dedicação total aos jogos novos, especialmente de uma categoria particular: «eu só jogo eurogames, tirem-me da frente essa ameritrash»; «os jogos indie é que são jogos, os jogos comerciais são lixo para nos sugarem os €€€»; e assim por diante.
Como sempre, o que há a fazer é ignorar os «bobs» e «joes». O latim e o tempo gasto com eles são pura perda. Queremos divulgar os jogos contemporâneos? Queremos aumentar a sua audiência e o interesse neles? Vamos à procura de quem ainda não cristalizou o seu gosto, de quem está aberto a experiências, de quem se delicia com o prazer estético de um jogo. As crianças.
Sérgio Mascarenhas
Falar mal do Monopólio, Poker, xadrez e scrabble? Se quiseres ainda atiro aí para o meio o Trivial Pursuit e não me calo durante muito tempo. (O Risco mesmo assim ainda se "come").
Não são necessáriamente entraves, mas a habituação aos "jogos de sempre" pode ser tanto um ponto de entrada para o hobby como o maior dos entraves para este. Como disse acime depende das personalidades de cada um.
Nem todos podem ser "convertidos".
Concordo com tudo o que disseste excepto o ùltimo ponto. Não são só as crianças que estão abertas a novas experiências!!!
No final de contas nem todos podemos ter os mesmos hobbies. E eu pessoalmente não me posso queixar de quem não queira experimentar o hobby nem que seja uma vez, porque sei que se alguém me convidasse para surfar ou andar de skate por exemplo, também não lhe dava hipótese, recebia um rotundo NÃO. E acho que todos nós conseguimos identificar um hobby que nunca experimentaríamos.
[quote=Tiago]Falar mal do Monopólio, Poker, xadrez e scrabble?[/quote]Não. Falar mal do poker, xadrez ou scrabble. Há certas coisas que nem sequer são jogos :)
Sabes, ainda pensei em editar o post e acrescentar a crianças «de todas as idades»! A verdade é que há algo de infantil (no bom sentido) nisto de adultos andarem a aprender jogos. O que, aliás, não nos diz nada acerca das pessoas. Por exemplo, li uma vez que o sinistro General Noriega era um viciado em jogos de computador...
É bem verdade que nem todos temos os mesmos gostos. E todos nós deixamos de fazer imensa coisa por razões... pouco atendíveis, digamos. Agora não precisamos de estar com explicações ou racionalizações, basta dizer, «não estou para aí virado». E menos ainda com críticas - mas quem nunca disse mal do Marco Paulo?
Sérgio Mascarenhas
O quê? O Xadrez e o Scrabble são um nicho? O Scrabble já vendeu mais de 150 milhões de exemplares, há torneios mundiais e até versões para televisão. (E da última vez que vi, o Settlers tinha vendido pouco mais de 10 milhões de exemplares.)
O Xadrez é uma coisa que toda a gente tem em casa e sabe jogar mais ou menos (mal). Os seus profissionais são figuras mediáticas e até políticas; há clubes de xadrez em toda a parte e até há quem defenda que este se torne disciplina escolar.
Mais nicho ainda são os boardgames alemães.
Em relação à snobeira e não querer experimentar outros estilos, concordo. Mas essa parece-me ser a norma social: os adeptos da música clássica não ouvirem rap, os rappers não gostarem de rock, os do rock não gostarem dos apreciadores de pop e os apreciadores de pop não gostarem de música experimental.
No fundo é exactamente aquilo que diz o artigo: a maioria das pessoas prefere o que lhes é familiar e não gosta de experimentar coisas novas.
Expliquei-me mal. O que eu queria dizer é o seguinte, toda a gente conhece as regras do Xadrez, Scrabble (e Poker nos EUA, entre nós o Poker é um jogo de nicho). Mas quantas pessoas os jogam bem? Saber mexer as peças do Xadrez não é saber jogar Xadrez. O nicho é o de quem se dedica a estes jogos para os saber verdadeiramente jogar. Os outros, a imensa maioria, sabem as regras mas não as sabem aplicar. É isso que explica, por exemplo, que se ponha criancinhas a aprender Xadrez (como os meus sobrinhos, filhos de pai e mãe que nunca jogaram um jogo na vida, Xadrez incluído) ou pensar em o tornar disciplina escolar: ignorância com pretensões a saber.
Bem, é certo que se jogos de tabuleiro tiverem tanta divulgação como este venerável trio lhes vai acontecer o mesmo. Se toda a gente tiver uma caixa do Carcassonne ou do Settlers em casa haverá uma minoria que saberá jogar a fundo e uma grande maioria que saberá pôr as componentes na mesa.
Depois todos temos limitações de tempo e de gostos. Não razão nenhuma para nos dedicarmos a tudo. O que é menos compreensível é nem sequer experimentarmos.
Sérgio Mascarenhas
Continuam a ser jogos de nicho, aí as vendas e número de exemplares presentes em casa não significam nada. Acredito que 50% (talvez mais) dos sets desses jogos não são jogados mais que uma vez, servindo apenas como bibelôs no armário de alguém ou como prenda indesejada num canto dum quarto.
Também não acredites que por os terem sabem jogar, até aos 14~15 anos tive um set de xadrez cá em casa e nesse tempo nem uma ùnica vez o soube/quis jogar (mais ninguém cá em casa sabia jogar).
A minha opinião em relação ao Settlers e ao Carcassonne é que em breve ascenderão a esta categoria (ou será descerão?). Vão-se tornar clássicos de ficar no armário.
Um aparte: Um caso engraçado de pessoas a quem não consigo ensinar jogos de tabuleiro são uns colegas meus, que acham que jogar jogos desses tipo (e eles jogam Magic) é considerado super-geek e por isso "não-fixe".
[quote=smascrns]
Expliquei-me mal. O que eu queria dizer é o seguinte, toda a gente conhece as regras do Xadrez, Scrabble (e Poker nos EUA, entre nós o Poker é um jogo de nicho).
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Bem, se consideras entre nós o Póker como um nicho, então o que dizes dos "nossos" boardgames? São casos pontuais? Eu não sei como é o cenário ai por Lisboa mas posso dizer que cá no Porto o Póker, está em força. Tenho amigos na FEP que passam tardes na faculdade a jogar, tenho primos que vão para casinos jogar, há um café com wireless ao pé de minha casa e vejo sempre lá no minimo 2 ou 3 pessoas a jogarem online... Quem me dera que fosse assim com os jogos de tabuleiro!
E tás a falar de pessoas que têm vergonha de jogar Magic em público......... de jogar boardgames então.... deve ser quase coisa do demo, se alguém os vê com uma coisa dessas... =X
que idade têm esses teus amigos?
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