( Para evitar repetir temas mais antigos e poder dar continuidade aos assuntos mais recentes, vou começar por comentar os últimos posts (que por acaso têm novas ideias, algumas delas interessantes) e no fim abordo aquelas respostas mais directas às coisas mais antigas.)
(Devido ao bug do bold decidi sublinhar aquilo que era uma citação)
1ª parte-
JPN, até agora tiveste, a par do SMASSCRNS, os comentários mais lúcidos e interessantes de todo o thread (NMHO... para ti JrMariano :P). No entanto discordo, ou pelo menos ponho sérias reservas a que se diga, que é divertido jogar contra o DM. A meu ver, luta-se contra os conflictos que o DM criou para diversão e entretenimento dos outros jogadores, e espera-se ainda que o DM supervisione a questão das regras (inerentes ao sistema). Lutar contra o intelecto do DM é um conceito pouco lúcido, porque o que o DM faz (ou deve fazer) é limitar-se a agir como se fosse o personagem ou personagens ou instituições que se opõem aos jogadores em determinado conflicto. O DM não usa todo o seu potencial para "lutar" contra os jogadores, apenas realiza uma das suas funções de responsável pelos NPCs e afins... Essa é apenas uma das milhentas funções importantes que um DM assume.
Quanto ao que JPN disse, susbscrevo por inteiro isto:
Acredito que no fundo, esticando ao máximo a definição de "conflito" para abarcar toda e qualquer situação que opõe um gajo contra outro, sim, realmente nos RPGs tradicionais o GM está sempre contra os jogadores. Daí até se dizer que isso é o mais importante, que é o objectivo maior (claro ou subconsciente) do GM, ou que é um factor determinante em todos os jogos, vai um grande passo que só pode (na minha opinião) ser dado como provocação. O absurdo do post original deste thread é exactamente isso, e é uma visão generalista e redutora. É degradante afirmar que os jogos de roleplay se resumem ou giram à volta dessa luta. Há inúmeros péssimos exemplos do que se faz e cria quando se vê o roleplay como tal.
Smascrns: Adorei tudo o que escreveste após "esforço colaborativo". Nem vou comentar, está correctíssimo (NMHO, para ti JRMariano! :)
No entanto, acho que tomas uma posição demasiadamente crítica em relação à expressão "esforço colaborativo para CONTAR uma história". Pá, o verbo "contar" pode não ser o mais adequado, porque o que quer de facto simbolizar são verbos como REPRESENTAR-CRIAR-VIVER-REALIZAR-REVIVER. Todos esses seriam mais próximos do que é "roleplay"; ou seja, interpretação de papeis. Usa-se o verbo "contar" nessa expressão porque se enquadra mais no léxico literário (logo fica mais bonito).
O somatório de uma sessão ou campanha de roleplay é de facto algo que pode ser convertido numa estória. São actos, eventos, palavras e conceitos que todos juntos são solo fértil onde cultivar uma boa estória ficcional. (PODEM SER, também podem ser uma porcaria qualquer, lol... Mas a ideia é criar algo de qualidade, pelo menos a meu ver.). Pronto, tudo isto para que não batas tanto na expressão "contar uma estória", hehe. :)
Para finalizar as minhas longas participações neste thread, e ignorando o disparate do post original, gostaria de dizer apenas o seguinte: o roleplay é uma actividade lúdica com enormes potencialidades, é inclusive utilizada com objectivos terapêuticos na medicina há várias décadas. A forma como se joga roleplay é sempre uma mescla do sistema de jogo que se está a usar com as opiniões, tiques, interpretações e gostos dos que participam no jogo. Na grande maioria dos sistemas de jogo, há uma figura cuja opinião e gosto pessoal influencia mais o tipo de desenvolvimento que o jogo vai assumir. Não existe "um modelo certo", não existe um modelo único. E isso é positivo. Existem no entanto, aspectos que têm sido mais descuidados por parte das comunidades que jogam este tipo de jogos. Estes aspectos são usualmente os mais difíceis de compreender e intelectualmente mais complexos de dominar. Um exemplo clássico é o "pull vs push" playstyle. É apenas um entre muitos. O exemplo mais bárbaro e acéfalo é o de algumas formas de jogar em que o DM faz de controlador dos inimigos dos outros jogadores e encara a sessão como uma batalha entre intelectos, uma medição de orgãos masculinos, para ver quem tem o maior, etc.. é outro exemplo (infelizmente foi o que começou este thread, *sigh*).
Eu acho que é mais importante tentar compreender e potencializar estes aspectos mais profundos que um jogo de roleplay pode conter. Discutir quais são e como isso se pode atingir. E não andar constantemente a definir ou a excluir da definição determinado tipos de jogo.
Obrigado pela leitura. :)
FIM.
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2ª parte-
(Comentários aos posts mais antigos, logo após o meu último post... Só vale a pena ler quem estiver directamente interessado.)
JrMariano: achei interessante as coisas que disseste, algumas das quais vieram a propósito deste thread. No entanto, discordo em absoluto contigo na questão dos juízos de valor. A verdade é que cada um sabe que quantidade de dados são necessários para realizar um juízo de valor, e só cada um sabe que juízo de valor fez e em que dados se apoiou e recolheu. Para além disso, e enfiando a carapuça de enfiada, eu detestei algumas das coisas que o Rui disse, por serem mesquinhas e minimizadoras de um conceito que para mim tem algum valor. Como sou uma pessoa de convicções, julgo e condeno qualquer pessoa que fale daquela forma sobre aquele assunto. Caso seja com o intuito de "provocar discussão", apenas acrescento uma pitada de palermice e infantilidade à já negativa opinião que dessa pessoa fiz. Portanto, a menos que queiras tornar esta conversa AINDA mais flamable, não tentes pôr água na fervura dessa forma. Tenho plena consciência de estar a fazer um juízo de valor, e vou continuar a fazê-lo. Curiosamente, costumo ser das pessoas que demoro mais a concluir um veredicto pessoal (sou é dos primeiros a dizer claramente o que penso).
Já agora, aprecio as correcções ortográficas, acho que fazes muito bem. :)
Rick Danger:
"Bom, do que eu já vi em outros tópicos do Rui, é costume ele utilizar expressões inflamatórias para provocar discussão, acabando por haver sempre uma ou duas pessoas que "mordem o isco" ;) No tópico de D&D, foi o Nazgul, neste acho que és tu que te sentes picado."
Bem, em relação a isto tenho os seguintes comentários a fazer:
- "Expressões inflamatórias" serão sempre a pior maneira de iniciar uma discussão, a menos que o objectivo dessa discussão seja armar confusão.
- "Morder o isco" só não morde quem se estiver a marimbar para o conceito (neste caso os jogos de roleplay) que está a ser insultado. Ahh, também poderia não "morder o isco" se fossse evidente que a pessoa que escreveu aquilo tem por hábito dizer disparates provocatórios; mas como não conhecia a peça, tive a decência de lher dar algum crédito. Agora, depois do que todos os outros users têm explicado acerca dele, já percebi que o erro que cometi foi dar-lhe esse mesmo crédito. Seja como for, criticaria as palavras na mesma...
- "Sentir-me picado" tenho que dizer que está incorrecto, porque não é a minha pessoa que se sente "picada". Foram as potencialidades e qualidades dos jogos de roleplay que foram insultados, não eu. Se me indigno com disparates negativos ditos acerca de algo que aprecio, só me parece normal...
- Quanto aos "Juízos de Valor"... Olha, lê o que escrevi ao JrMariano. Eu acho que as pessoas DEVEM DEVEM ser julgadas (e condenadas) por palavras e comportamentos; e fi-lo. E faço-o, sempre.