GMless play

Espero não criar uma barreira invisivel entre uns e outros com este meu comentário, mas cá vai:

Amen, brother!

(lido com a pronúncia do Bela Lugosi). Pela minha experiência os role players são os tipos mais fáceis de melindrar no mundo. Aliás, peço já desculpa a alguém que tenha ficado ofendido por eu dizer que os role players se ofendem com facilidade. É só a minha opinião, não quero ferir os sentimentos de alguém…

[quote=Nietzsche](mas será que PTA é considerado um jogo sem mestre de jogo? Suponho que sim, mas não tenho a certeza)[/quote]

Não, não, amigo. Tens lá o Produtor, tal como num jogo da White Wolf tens um StoryTeller, tal como em D&D tens um Dungeon Master. São apenas nomes diferentes, com deveres diferentes em certos aspectos (se quisermos falar de estereótipos e/ou da "maneira certa" de jogar dado jogo, podemos mapear o tipo de trabalho do mestre típico de cada jogo em correspondência directa nas categorias que o Rick Danger nos oferece aqui mesmo ao lado), mas nada mais. Todos os três estão lá para criar adversidade/conflito, marcar o ritmo, arbitrar disputas, ser o interpretador oficial das regras, ser os olhos e ouvidos dos personagens, etc, etc.

hhmmm, não vou responder em relação a dizer que rpg sem regras não é um rpg. Não concordo, mas não tou com grande vontade de entrar nesse comboio por agora.

Só um pequeno comentário:

[quote=Nietzsche]Ainda que a palavra "jogo" possa significar muita coisa, a maioria das suas acepções inclui um conjunto de regras e a existência da aleatoriedade, representada por dados, cartas ou whatever. Para mim quando não existe aleatoriedade (ou é tão reduzida que é quase irrelevante) deixamos de estar na presença de um Role Playing Game.[/quote]

Estás a equiparar regras a aleatoriedade e existem rpg's (ou o que lhes quiseres chamar) com regras mas sem aleatoriedade. E parece-me perfeitamente possível a existência de outros sem regras mas com aleatoriedade, daí que não perceba essa ligação!

Isto é uma cópia do post q te tinha posto a responder a esse teu post, no outro thread, antes de ver este. Muito ligeiramente alterado com a última frase acrescentada!

Isso é bue complicado.

Quando dizes "temos chamado rpg" estás-te a referir a quem exactamente?

Esse "temos" indica um nós que à partida te envolve a ti. Ou seja, em que grupo te estás a incluir nessa frase? Jogadores do mesmo sistema que tu? Jogadores do mesmo estilo que tu? Onde estás a colocar as fronteiras e porquê? E porque és tu a definir essas fronteiras?

Não existe propriamente um conceito tradicional de rpg. Existe sim um conceito de rpg tradicional! ;)

O que tu estás a dizer não passaria de a maioria dos jogadores de rpg, que jogam em geral rpg's tradicionais, virarem-se para os que jogam outros jogos e dizerem: "Não, rpg é o que nós fazemos. Arranjem outra palavra para o que vocês fazem." yada, whatever!

É apenas uma visão mais abrangente daquilo que sempre se fêz! Uma análise mais completa por assim dizer. Não há nenhuma razão para fazer uma limitação artificial de um termo não o aplicando a algo que está tão obviamente incluido pelo seu significado literal!

Básicamente o que quero dizer é que não são novos conceitos diferentes mas uma maior abrangência de um mesmo conceito!

[quote=Nietzsche]Sobre a ausência de regras e de mestre de jogo, acho que são coisas diferentes, mas acho também que a ausência de qualquer uma delas dá origem a algo que eu (bem entendido, eu) não sou capaz de entender como um role playing game e não sou capaz de me ver a jogá-lo.[/quote]

A parte de te veres a joga-los ou não, é-me perfeitamente indiferente. Nunca defendi que o pessoal deveria experimentar tudo pelo menos uma vez nem algo semelhante. Mas qd não se conhece algo minimamente não se têm grandes bases para se formarem opiniões sólidas sobre esse algo. Nota: Por conhecer minimamente, não considero sequer necessária a experimentação directa, mas pelo menos alguma tentativa concreta de o perceber.

Agora o facto de não seres capaz de os entenderes como role playing games! Isso é algo diferente. Básicamente duas visões da coisa:

-Tu tens uma visão muito limitada do termo "role playing game" e estás a colocar fronteiras perfeitamente artificiais ao termo sem verificar se tudo aquilo que estás a colocar de fora, por acaso, não se encaixa perfeitamente no significado do termo!

-O ppl que lhes dá esse nome está a ultrapassar o significado próprio do termo, ampliando-o para abranger coisas que não se encaixariam à partida nesse significado próprio.

 

Ora analizando o significado das palavras que compõem o termo role playing games e analizando o que se passa nos jogos em causa, a minha conclusão é que eles se encaixam perfeitamente no termo, daí concluir que a situação é a primeira que indiquei. Agora a questão é se realmente fizeste essa análise, tanto ao significado próprio do termo como ao que se passa nos jogos em causa (o que implicaria conhece-los de alguma forma) e chegaste à conclusão que tens ou se apenas formaste essa conclusão/opinião por conveniência de forma a separar algo que conheces, com que estás familizarizado e confortável do que não conheces, é novo e, por consequência, desconfortável?

Por abrir horizontes acho que se deve entender apenas "dar a conhecer coisas novas ou diferentes"! Não há nenhuma implicação no termo de que essas mesmas coisas sejam melhores, mais divertidas, mais intelectuais ou superiores em algum sentido. Se depois de conhecer as novas a pessoa continua a preferir as antigas, óptimo para ele. Se não pretende sequer conhecer as novas, não há mal nenhum disso, mas, sinseramente, nunca terá o conhecimento para poder dizer se a antiga é melhor ou mais divertida nem poderá comentar em relação às novas já que não as conhece. Vai-se limitar a ficar com o "horizonte mais fechado"! Não há mal nenhum nisso, se o preferir. Mas tem de aceitar que o seu conhecimento nessa área é então realmente mais limitado do que o de alguém que se deu ao trabalho de conhecer algo mais!

Eu, pessoalmente não gosto e prefiro conhecer o que posso. Nem sequer percebo quem, dada a escolha, prefira não conhecer algo novo. Mas, mesmo não percebendo, aceito essa opinião.

Portanto, o Produtor é um mestre de jogo convencional, mas, como diria o Padeira, um mestre de jogo preguiçoso :wink:

Bem, já que isto está a tornar-se uma discução de semântica:

Tu dizes "vamos jogar Free Form!"

Eu pergunto: "jogar Free Form o quê?"

Free Form, forma livre, mais liberdade, menos estroturado. Jogar futebol Free Form em que não temos equipas e andamos só a fazer fintas uns aos outros? Jogar cartas Free Form, sei lá, atirar cartas para a mesa, ir fazendo combinações ou ver que resultados giros saiem? Qualquer tipo de jogo pode ser jogado Free Form. O mesmo acontece com os RPG's. Pode-se jogar um RPG Free Form, ou seja, um RPG jogado mais ao saber do vento, pouco estroturado, etc.

Se disseres jogar RPG Free Form, sim, percebo-te e estou em inteiro acordo ctg. Agora se queres excluir os jogos de RPG Free Form como nem sequer sendo RPG's! Então são o quê? Futebol é que não são.

Certamente que não são RPG's estroturados, nem podem ser considerados como tal, mas não deixam de ser RPG's. Um tipo muito especifico de RPG's:

RPG Free Form, é mesmo isso. RPG's de forma livre!

 

Quanto aos teus exemplos:

DOOM: Bem, isso só indica que o que o teu irmão e tu querem do jogo são coisas diferentes. Tu queres um tipo de desafio que ele não quer. Ele quer algo q te tira o prazer do jogo. Sendo o DOOM um jogo que aprecio bastante, gosto de o jogar em ambos os modos. Godmode serve para explorar os níveis, encontrar segredos, estudar a cena, simplesmente apreciar as vistas se quiseres. Sem Godmode dá o desafio em si. São coisas diferentes. Aprecio ambas.

[quote=efernandes]Eu resumo toda esta discussão em uma frase: "POR QUE COMER COXÃO DURO QUANDO DE PODE COMER UMA PICANHA"?[/quote]

Desculpa lá mas isso é inteiramente uma questão de gosto. Não podes dizer que uma coisa é inerentemente melhor em termos de gosto que a outra! Que foi exactamente o que fizeste!

Só para ser chato

[quote=ricmadeira]regras existem sempre, mesmo que não estejam à mostra, nem que seja a apenas a lei da selva ou a lei de "se não fazes as coisas como o grupo gosta, o grupo põe-te na rua".[/quote]

Permite-me discordar disto. Se quiseres dizer que um [u]sistema[/u] existe sempre, aí sim. Agora, regras, para mim, implica algo mais estroturado e que, pela sua natureza, não existem em sistemas free form! ;)

Posso estar a limitar muito o conceito de regras. Se achares que sim, vê-se isso!

E não sendo um teórico nunca me dediquei a análises particularmente intensivas sobre o tema. Além disso, também não fui eu que lancei a discussão sobre o mesmo tema. Inicialmente só me interroguei sobre a utilidade (ou não) de existir um termo para rotular os RPGs que se afastam, por um ou outro motivo, da definição tradicional do termo. Portanto, para colocar isto nos teus termos, formei a minha opinião para separar os Role Playing Games com que estou familiarizado e confortável de outros - e esta é a única parte que terei de refrasear - que não conheço bem, mas sobre os quais já li o suficiente para saber que não fazem o meu género e, assim sendo, não estou interessado em experimentar. Repito mais uma vez que não o disse para menorizar nenhum tipo de jogo, sejam os tradicionais, sejam os inovadores, apenas exprimi a minha opinião sobre as diferenças entre ambos que a mim me parecem bastante grandes. Talvez não sejam assim tão grandes - tendo em conta a exposição concisa que alguns de vocês fizeram sobre o tema - para que exista a necessidade de um outro termo para os designar. Posto isto, a não ser que me chamem à discussão, acho que não tenho mais nada a acrescentar…

Por mim tudo bem, não tenho nada contra. Dependerá talvez da definição de freeform (como acho que não há nenhuma geralmente aceite, lá está a inutilidade do termo) e de regras/sistema. Podemos não ter dito a mesma coisa mas parece que estamos a pensá-la, portanto tanto me faz. :)

Perfeitamente válido e perfeitamente de acordo! :)

Eu próprio há muitos jogos que não estou minimamente interessado em experimentá-los! É como tu disseste, li o suficiente para saber que não fazem o meu género! :)

[quote=B0rg]Desculpa lá mas isso é inteiramente uma questão de gosto. Não podes dizer que uma coisa é inerentemente melhor em termos de gosto que a outra! Que foi exactamente o que fizeste![/quote]

Ui, agora é que a fizeste bonita, Eduardo... irritaste o Polícia do Direito à Diferença, o nosso B0rg.

Eheh, brincadeira... Só estou aliviado por desta vez não ser eu a levar com o cacetete em cima. A língua costuma fugir-me um bocado quando falo daquilo que mais adoro, de modo que já tive a minha dose de nódoas negras. Felizmente o B0rg é bom rapaz!

[quote=Rui]A energia cooperativa de que falava e que tu falhas em vez, embora eu ache que é pelo avançado da hora ;), é a energia que se gera à volta de uma mesa quando todos sabem o que podem fazer.[/quote]

Continua a não fazer sentido para mim, tendo em conta que estás a falar de algo que supostamente existe em numa sessão de M&M e não existe numa sessão de PTA, que é um jogo cooperativo ao máximo e onde existem regras que definem claramente a função de cada pessoa à mesa.

[quote=Rui]Eu não quero perder tempo a pensar na cena de toda a gente quando ganho a descrição em PTA; eu quero pensar no que eu faço, não no que os outros podem fazer. Raios, os outros podem nem sequer gostar das descrições que eu faço dos personagens deles! E se, bolas, os personagens nem sequer forem deles, se forem de toda a gente, então como que raios posso eu falar em rpg?![/quote]

Aí já estás bem para lá do território de PTA. Pode faltar-me a memória, mas a maneira como jogámos aquelas 4 cenas de PTA foi o baunilha "quem ganha a narração torna-se o GM durante os trinta segundos ou dois minutos que demora a resolver o conflito", ninguém se apoderou dos personagens uns dos outros, apenas descreveu o resultado das acções que eles haviam tomado. Não é nada de ultra-revolucionário e subversivo que estilhace paradigmas e nos catapulte para outra dimensão; abre novas possibilidades, apenas.

Não percebo nada de Exalted mas, se as stunts funcionam como eu penso que as stunts de Wushu funcionam, o jogador pode narrar detalhes do cenário que "oficialmente" não existiam antes, e até tomar controlo por uns segundos dos NPCs "figurantes" do cenário... daí à narração de um conflito em PTA não vai muito. Cada jogo estabelece as suas fronteiras. Até onde cada um de nós prefere ir, já é consigo e com os seus gostos. Tens aqui o b0rg que não fica nada imerso no mundo por estar a narrar coisas fora do seu personagem, tens o nosso amigo Zé que criou o momento alto das primeiras sessões de Teen Supers ao narrar com toda a liberdade e criatividade a chegada da sua comitiva extra-dimensional e isso apenas o fez imergir mais no seu personagem e no mundo imaginário do jogo, temos aqui a Éowyn que se imerge tanto na personagem que se afoga seja o jogo D&D, PTA ou um play-by-chat freeform pelo MSN em que está a jogar uma personagem que é (era!) um NPC de longa data e a descrever cenário.

De resto, o tema da posse do personagem é um tema interessante que poderiamos discutir noutra thread. Qual é a diferença entre o jogador narrador pegar no teu personagem por alguns segundos e entre o GM pegar no teu personagem por alguns segundos para te dizer que estás a sentir arrepios na espinha, ou que acordaste sem memória recente numa cama manchada de sangue, ou que te sentes cansado, ou que perdeste a consciência? Qual é a diferença entre isso e o sistema de Humanidade de Vampire tomar controlo do teu personagem para te deixar uma besta homicida imparável? E o sistema de Cthulhu, que te rouba o controlo para durante alguns minutos (ou até horas, ou até para o resto da vida do teu PC) te deixar insano, incoerente e com os teus melhores fatos cobertos de vómito? Ah, e o nosso amigo RPG Wraith, da White Wolf, em que cada jogador tem um subconsciente maligno que é controlado e interpretado por outro jogador? É um tema interessantíssimo, de facto.

[quote=ricmadeira]Continua a não fazer sentido para mim, tendo em conta que estás a falar de algo que supostamente existe em numa sessão de M&M e não existe numa sessão de PTA, que é um jogo cooperativo ao máximo e onde existem regras que definem claramente a função de cada pessoa à mesa.[/quote]

Aqui entra o meu desconhecimento de PTA e a minha vontade de jogar mais vezes, não só o PTA como os outros jogos que descrevem. É que para mim, nessa sessão baunilha, não houve nada que distinguisse o GM dos jogadores. Todos tiveram a mesma participação, e sempre me deu impressão que qualquer um de nós podia dizer: "ok, eu agora ganhei a narrativa, por isso faço o mau aparecer à nossa frente e ser atropelado por um camião Mack", que é mais ou menos a mesma coisa que se faz quando se é GM.

[quote=ricmadeira]Aí já estás bem para lá do território de PTA. Pode faltar-me a memória, mas a maneira como jogámos aquelas 4 cenas de PTA foi o baunilha "quem ganha a narração torna-se o GM durante os trinta segundos ou dois minutos que demora a resolver o conflito", ninguém se apoderou dos personagens uns dos outros, apenas descreveu o resultado das acções que eles haviam tomado. Não é nada de ultra-revolucionário e subversivo que estilhace paradigmas e nos catapulte para outra dimensão; abre novas possibilidades, apenas.[/quote]

Ungh, mais uma vez, não fiquei com essa impressão. A maneira como o Padeira descreveu a 1ª cena não me agradou NADA, eu nunca faria aquele tipo de coisas; isso para mim é tomar conta do personagem, mas aqui podemos ter interpretações diferentes do que é tomar conta de um personagem.

[quote=ricmadeira]Não percebo nada de Exalted mas, se as stunts funcionam como eu penso que as stunts de Wushu funcionam, o jogador pode narrar detalhes do cenário que "oficialmente" não existiam antes, e até tomar controlo por uns segundos dos NPCs "figurantes" do cenário...[/quote] 

Nope, lamento desapontar-te :)

Podes descrever a situação como "eu uso a minha daiklaive para estilhaçar o cais e mandar toda a gente para a água", que é tanto uma situação gira como bem exemplificativa do que é o Exalted, mas se o GM fizer os rolls certos, então não é isso que acontece; o cais pode ficar estilhaçado porque uma daiklaive é mais forte que a madeira podre do cais e o Exalted tem força fisica e sobrenatural suficiente para o fazer, mas os outros podem ser toda a espécie de inimigos que resistem a este tipo de coisas. Portanto não se verifica:

[quote=ricmadeira]daí à narração de um conflito em PTA não vai muito. [/quote]

É que não se verifica mesmo. :D

[quote=ricmadeira]Cada jogo estabelece as suas fronteiras. Até onde cada um de nós prefere ir, já é consigo e com os seus gostos. Tens aqui o b0rg que não fica nada imerso no mundo por estar a narrar coisas fora do seu personagem, tens o nosso amigo Zé que criou o momento alto das primeiras sessões de Teen Supers ao narrar com toda a liberdade e criatividade a chegada da sua comitiva extra-dimensional e isso apenas o fez imergir mais no seu personagem e no mundo imaginário do jogo, temos aqui a Éowyn que se imerge tanto na personagem que se afoga seja o jogo D&D, PTA ou um play-by-chat freeform pelo MSN em que está a jogar uma personagem que é (era!) um NPC de longa data e a descrever cenário.[/quote]

Acho que estás a fugir um pouco à questão, que é a de se jogos sem GM ainda podem ser considerados roleplays, para falar de imersionismo; aí sabes que adoro e recompenso a malta que o faz, independentemente do sistema que uso.

[quote=ricmadeira]De resto, o tema da posse do personagem é um tema interessante que poderiamos discutir noutra thread. Qual é a diferença entre o jogador narrador pegar no teu personagem por alguns segundos e entre o GM pegar no teu personagem por alguns segundos para te dizer que estás a sentir arrepios na espinha, ou que acordaste sem memória recente numa cama manchada de sangue, ou que te sentes cansado, ou que perdeste a consciência? Qual é a diferença entre isso e o sistema de Humanidade de Vampire tomar controlo do teu personagem para te deixar uma besta homicida imparável? E o sistema de Cthulhu, que te rouba o controlo para durante alguns minutos (ou até horas, ou até para o resto da vida do teu PC) te deixar insano, incoerente e com os teus melhores fatos cobertos de vómito? Ah, e o nosso amigo RPG Wraith, da White Wolf, em que cada jogador tem um subconsciente maligno que é controlado e interpretado por outro jogador? É um tema interessantíssimo, de facto.[/quote]

É um tema excelente, concordo! Abre lá a thread! :D

Como o farias em PTA? Talvez assim: "Ok, eu ganhei a descrição da cena, agora é suposto o meu personagem estar a babar-se sobre este livro que achou pois fala e descreve coisas que o seu cérebro não consegue compreender; hum, ok, eu estou a babar-me sobre o livro, cena seguinte! - A-ha, nesta cena já não te estás a babar sobre o livro..." ;)

Embora sejam coisas diferentes, mais abaixo tu dizes:

[quote=B0rg]Eu, pessoalmente não gosto e prefiro conhecer o que posso. Nem sequer percebo quem, dada a escolha, prefira não conhecer algo novo. Mas, mesmo não percebendo, aceito essa opinião. [/quote]

Por "ler o suficiente para saber que não fazem o meu género" entenda-se "conhecer"! ;)

[quote=Rui]Podes descrever a situação como "eu uso a minha daiklaive para estilhaçar o cais e mandar toda a gente para a água", que é tanto uma situação gira como bem exemplificativa do que é o Exalted, mas se o GM fizer os rolls certos, então não é isso que acontece; o cais pode ficar estilhaçado porque uma daiklaive é mais forte que a madeira podre do cais e o Exalted tem força fisica e sobrenatural suficiente para o fazer, mas os outros podem ser toda a espécie de inimigos que resistem a este tipo de coisas. Portanto não se verifica[/quote]

Essa parece-me ser muito mais uma discussão de fate in the middle vs fate at the end! =P

(Só para ser chato) 

[quote=Rui]para mim, nessa sessão baunilha, não houve nada que distinguisse o GM dos jogadores. Todos tiveram a mesma participação, e sempre me deu impressão que qualquer um de nós podia dizer: "ok, eu agora ganhei a narrativa, por isso faço o mau aparecer à nossa frente e ser atropelado por um camião Mack", que é mais ou menos a mesma coisa que se faz quando se é GM.[/quote]

Eu explico o sistema. Quem ganha a narração torna-se para todos os efeitos o GM durante aqueles 30 segundos a 2 minutos que demora a resolver o conflito da cena (sendo que cada cena tem um conflito ou às vezes nenhum) da forma que as cartas/dados ditaram, com a oportunidade de descrever exactamente como isso aconteceu baseado na informação que tem. Ora, o vilão ser derrotado poderia ser o próprio conflito da cena (nesse caso o jogador está perfeitamente à vontade para o matar/mutilar/incapacitar como quiser se as cartas indicam o vilão derrotado; se o Produtor não quisesse mesmo isso, ele que tivesse arranjado "stakes" mais indicadas); ou então, a derrota do vilãopode ser um efeito secundário de outro conflito se isso fizer sentido e o pessoal achar que não tem importância suficiente para merecer pelo menos uma cena inteira (o que é um indicador bom de que o vilão não tem interesse para o pessoal e que eles querem outra coisa diferente, que possivelmente alguém pedirá na cena seguinte ou até do qual fará um pequeno foreshadow ainda neste conflito).

Aqui não existe a mentalidade defensiva, que infelizmente reina noutros jogos, que diz que os jogadores são o inimigo e têm de ser policiados e controlados e amordaçados para seu próprio bem porque dar um cheirinho de poder aos jogadores é a maneira mais rápida de desencadear o apocalipse sobre a Terra e a campanha. Aqui querem-se regras que permitam e estimulem todos a dar constantemente o seu melhor e maior contributo, manterndo o jogo focado e resolvendo conflitos de interesse. Se alguém está à mesa a desestabilizar o jogo e a arruinar a diversão de todos... bom, porque é que temos essa pessoa à mesa, mesmo? É dar-lhe um chuto no traseiro e mandá-lo para o sítio mais apropriado.

Anyway, pegar nisto (e na mecânica de Scene-Framing round-robin) e dizer que numa sessão (ou falavas apenas da resolução de conflitos?) o Produtor é igual aos jogadores, é mind-boggling para mim. No fim da sessão, feitas as contas, um jogador teve (quase?) tanto controlo sobre o jogo como Produtor - e essa é justamente a ideia; é isto que a White Wolf diz que os seus jogos são, muahahah! - mas esse controlo exerceu-se de formas bem diferentes.

[quote=Rui]A maneira como o Padeira descreveu a 1ª cena não me agradou NADA, eu nunca faria aquele tipo de coisas; isso para mim é tomar conta do personagem, mas aqui podemos ter interpretações diferentes do que é tomar conta de um personagem.[/quote]

Pá, não me lembro de pormenores ou detalhes, mas a solução é/era simples: uma pessoa só tem de dizer o que lhe vai na alma. Em PTA não queremos ninguém calado. Se tivesses sugerido outra coisa ao Padeira, ou lhe tivesses pedido para se limitar de facto a narrar o que acontecia à volta do teu personagem e deixado tudo o que era falas/pensamentos/acções do personagem para ti, de certeza que ele teria tido todo o gosto em fazer-te a vontade (neste último caso, até nem estaria a fazer mais do cumprir com que todos deixámos estabelecido ao princípio). Foi das coisas que eu frisei mais, antes e durante o jogo: se tiverem alguma ideia melhor ou acharem que as coisas ficavam mais fixe de modo diferente, falem, não se calem!

Uma coisa gira é que a economia do Fan Mail praticamente garante que o pessoal se vai esforçar por agradar e, ainda melhor, por aprender a agradar mais. Quem faz/sugere coisas que agradam aos outros jogadores, recebe Fan Mail que lhe permite ter mais poder sobre o jogo. Quem não procura ou não consegue agradar tanto, não recebe Fan Mail e desse modo fica com menos controlo sobre o jogo. Cria-se um belo equilíbrio.

Por exemplo, o nosso Padeira tornou-se um verdadeiro mestre do "agradanço", ou do "aim to please, shoot to kill": depois de tomar o pulso ao jogo durante uma sessão, começou a fazer tudo e mais alguma coisa para agradar e perceber do que é os outros jogadores mais gostavam. Porquê? Porque assim recebia rios de Fan Mail, que ia acumulando até aparecer um conflito daqueles que queria mesmo ganhar e/ou narrar, onde gastava tudo o que tinha para levar a sua avante e cilindrava toda a gente (excepto quanto tinha um azar monumental e perfeitamente incrível nas cartas, eheh). Com um bocadinho de cuidado, cilindrava toda a gente de forma agradável e perfeitamente incrível, recuperando logo ali algum do Fan Mail que gastara. Brilhante!

Enfim, é como em tudo na vida. Se tivéssemos jogado mais de PTA Supers, poderiamos ter aprendido mais sobre os gostos uns dos outros e encontrado um sweet spot que servisse melhor toda a gente. Poderias não ter ficado a gostar mais do jogo por isso mas, ei, tb não há mal nenhum, gostos são gostos.  Viste PTA no seu melhor (ou quase, pelos vistos) durante a criação de personagens/setting e mais 4 cenas; se não gostaste, não gostaste, pronto. Tenho pena - tal como tenho pena que sejas um Benfiquista de primeira - mas pronto, não há nada a fazer; cada um é como é. 

Agora se achares que com um bocadinho mais de exposição ao jogo vais ficar a curti-lo loucamente, ou que pelo menos ele tem algo para te ensinar a ti ou ao teu grupo, força; atira-te a ele. Tens-me aqui para tirar dúvidas e te segurar a mão (sempre de forma muito macho, claro), e tens o pessoal do fórum da editora, assim como o próprio autor.