Jogar D&D, Vampire e outras polémicas

Isto vem de uma outra discussão, no sítio errado; vou tentar transpô-la para aqui.

[quote=Rui]Segundo o core do DM (não sei o nome) de 3.x, pode-se jogar D&D de 3 maneiras: kick in the door, deep immersion, e um misto dos 2. Acontece que, também no mesmo livro, as regras dizem que só se ganha XP por matar monstros (ou ultrapassar desafios, não me lembro bem - matar um monstro é ultrapassar um desafio, mas convencer o mayor também pode ser), o que significa que uma party que só faça deep immersion nunca vai subir de nível.[/quote]

[quote=Nazgul]Em que páginas é que isso está escrito?
Ou estás a dizer que no DM Guide se referem a alguns estilos de jogo que podem ser aplicados ao jogar D&D 3.x?

Depende é claro do que está a ser considerado como um desafio...

E porque é que tudo o que se faça em D&D tenha que "render xp" ou significar "subir de nivel" ?[/quote]

[quote=Rui]Logo no inicio, se não me engano. Não estou a referir-me a nada que não esteja lá escrito.

Pois que não sei, limito-me a falar sobre o que vem no livro.

Mas sendo necessário ganhar XP para subir de nível para "ficar mais forte" e sendo isso o núcleo central de tudo o que é D&D 3.x, eu diria que é impossível não se falar sobre isso. [/quote]

[quote=]Eu sei o que lá está escrito, estava era a questionar a maneira como foi exposta a situação por ti.
Provavelmente até há mais maneiras de jogar sem ser "kick the door", "deep imersion" ou "um misto dos dois"...

Não necessariamente...um desafio pode ser "contabilizado" de um modo "hadoc" onde as personagens "crescem" conforme as necessidades da história ou mesmo uma aventura/campanha pode ser estruturada em objectivos (incluindo obejctivos pessoais das personagens) e cada objectivo alcançado tem um determinado valor em "xp" independentemente de ser "matarem todos os monstros" ou nenhum.

Pois aqui é que as nossas experiências em D&D, aparentemenete , divergem abismalmente...

Ter mais xp não significa ficar "mais forte", e deve haver muita boa gente por ai que te pode confirmar isso...

O maior poder que alguma "criatura" pode ter pode ter em D&D não passa por ter mais xp, hp's, poderes ou objectos mágicos, pois por mais "forte" que sejas vai haver sempre alguém mais "forte" que tu...

Dizer que o núcleo central de D&D 3.x é subir de nivel...enfim...no comments...[/quote]

[quote=Rick Danger]Pode ser discutível, mas não vale a pena rotular alguma coisa que não os próprios jogos em si. Caso contrário, qualquer um diria que usou qualquer jogo para jogar qualquer coisa e todos os RPGs serviriam para tudo. Neste caso, não poderiamos generalizar nada sobre D&D, porque de certeza que alguém, algures já jogou de outra maneira.

Por outro lado, se partirmos daquilo que está escrito e falarmos dos jogos em si, podemos discutir como determinados RPGs são acerca disto ou daquilo e que servem muito bem para jogar desta ou daquela maneira.

De acordo com a leitura que o Rui faz de D&D - com a qual eu concordo - este é um RPG fixe para matar monstros e subir de nível :) Aquela coisa toda do vencer desafios cada vez mais difíceis funciona bem em D&D. [/quote]

[quote=Nazgul]

Sim , é fixe para matar monstros e subir de nivel, mas daí assumir que não é mais do que isso ou que toda a gente o joga assim vai uma grande distância.

:)[/quote]

Tenho algumas questões, mas vou tentar esclarecer algumas coisas:

As regras de D&D dizem claramente: há 3 tipos possíveis de campanhas, kick in the door, deep immersion, um misto dos dois (imagino que esta última abarque muita coisa...); as regras dizem mais: só se ganha XP por ultrapassar desafios; as regras continuam: ganhando XP, sobe-se de nível, e subindo de nível ganham-se poderes. Eu não estou a inventar isto nem a ler mal nada, é o que está lá escrito, aqui exposto resumidamente.

-Nazgul, tu questionas a maneira como eu exponho as coisas, mas aquilo que exponho é o que está no livro, sem tirar nem por. Aponto-te para os tipos de campanhas que, segundo o livro, se podem jogar, e mais digo que o "misto dos dois" pode abarcar carradas de coisas; que outro tipo de campanha conheces?

-Não contabilizando os desafios tal e qual como vem no livro, com as tabelas para construção de Challenge Rating apropriadas ao nível e constituição da party, como sabes se o desafio é adequado ao nivel dos personagens? Imagino que, quando dizes "por muito forte que sejas, há sempre alguém mais forte que tu", que os desafios que lanças aos personagens sejam desequilibrados/desajustados?

-Se ter mais XP não significa ficar mais forte, apesar de ser apenas esta a maneira que tens de subir de nível e ganhar poderes, o que é que significa ter mais XP?

-Se o núcleo central de D&D não é ganhar XP para ficar mais forte, sendo que as regras só apontam para isso, então qual é?

A minha análise ao que tu mostras aqui, é que tu na realidade não jogas D&D; gostaria no entanto de ler as tuas respostas às minhas perguntas.

Mudando um pouco o assunto, mas continuando na mesma linha de pensamento.

Tenho falado ultimamente com um rapaz que joga no mesmo grupo que eu, e o seu rpg de eleição é o Vampire: The Masquerade; eu tenho alguns preconceitos pessoais contra o Vampire (it sucks), que vou tentar não interfiram na minha análise.

Diz-me este amigo que Vampire é um "jogo adulto", pelos temas com que normalmente lida, a Humanidade vs a Besta, as politicas dos clãs, etc.

Eu digo que ele está errado, e aponto porquê: o único que vi até hoje ser qualificado "para crianças" foi o Fairy's Tale, que tem escrito, em várias páginas "for kids"; todos os outros não trazem qualificação alguma (isto está aberto à discussão, claro, e espero que me provem que estou errado).

Mais aponto o erro do seu julgamento, quando falo sobre XP (um ponto fulcral em qualquer jogo: o XP são a recompensa aos jogadores pelas acções que tomam em jogo, e isto influencia a maneira como jogam): o Vampire recompensa os seus jogadores por "bom roleplay", mas esse XP só pode ser usado, unica e exclusivamente, a comprar atributos, pericias, disciplinas, e humanidade (talvez me falte um item ou dois), o que me parece errado: se eu jogo tanto para a politica, porque raios é que só posso subir a minha Celerity?

Como em todos os meus posts, este também está aberto à discussão.

Ok, vou tentar responder.

Quanto quiseres falar sobre este assunto a sério lê primeiro o DM Guide…

“Many styles of play exist, two that sit on opposite ends of the playing spectrum are detailed below as examples”
DMG pág. 7

Como vês, O DMG não diz claramente que há 3 tipos possiveis de campanhas, mas diz sim, claramente para quem se dá ao trabalho de o ler, que há muitos estilos de jogo e prossegue descrevendo dois deles…

[quote=Rui]

-Nazgul, tu questionas a maneira como eu exponho as coisas, mas aquilo que exponho é o que está no livro, sem tirar nem por. Aponto-te para os tipos de campanhas que, segundo o livro, se podem jogar, e mais digo que o "misto dos dois" pode abarcar carradas de coisas; que outro tipo de campanha conheces?


[/quote]

Queres reformular alguma coisa nesta questão?

[quote=Rui]

-Não contabilizando os desafios tal e qual como vem no livro, com as tabelas para construção de Challenge Rating apropriadas ao nível e constituição da party, como sabes se o desafio é adequado ao nivel dos personagens? Imagino que, quando dizes "por muito forte que sejas, há sempre alguém mais forte que tu", que os desafios que lanças aos personagens sejam desequilibrados/desajustados?


[/quote]

Está tudo muito bem explicado no DMG como fazer esses cálculos…

O ser mais ou menos desiquilibrados/equilibrados tem a ver com o estilo de jogo escolhido pelos intervenientes.

É muito simples, ter mais xp significa isso mesmo, ter mais experiencia, o que traduzido para a mecânica do jogo significa de um modo simplista e generalista; mais poderes.

O que esqueces é que assim como os personagens tem mais poderes, também os desafios que enfrentam aumentam consequentemente de dificuldade. Por isso ter mais xp/niveis/etc torna uma personagem efectivamente “mais forte”? Ou será que no fundo apenas vai permitir almejar a feitos maiores e mais perigosos?

[quote=Rui]

-Se o núcleo central de D&D não é ganhar XP para ficar mais forte, sendo que as regras só apontam para isso, então qual é?

[/quote]

A resposta a essa está na introdução do PHB, pág. 4…

[quote=Rui]

A minha análise ao que tu mostras aqui, é que tu na realidade não jogas D&D

[/quote]

:smiley:
Tens um sentido de humor fantástico!!!

Já agora, e a título de curiosidade, podes dizer-me o que ando a jogar?

[quote=Rui]

Mudando um pouco o assunto, mas continuando na mesma linha de pensamento.

Tenho falado ultimamente com um rapaz que joga no mesmo grupo que eu, e o seu rpg de eleição é o Vampire: The Masquerade; eu tenho alguns preconceitos pessoais contra o Vampire (it sucks), que vou tentar não interfiram na minha análise.

Diz-me este amigo que Vampire é um "jogo adulto", pelos temas com que normalmente lida, a Humanidade vs a Besta, as politicas dos clãs, etc.

Eu digo que ele está errado, e aponto porquê: o único que vi até hoje ser qualificado "para crianças" foi o Fairy's Tale, que tem escrito, em várias páginas "for kids"; todos os outros não trazem qualificação alguma (isto está aberto à discussão, claro, e espero que me provem que estou errado).

Mais aponto o erro do seu julgamento, quando falo sobre XP (um ponto fulcral em qualquer jogo: o XP são a recompensa aos jogadores pelas acções que tomam em jogo, e isto influencia a maneira como jogam): o Vampire recompensa os seus jogadores por "bom roleplay", mas esse XP só pode ser usado, unica e exclusivamente, a comprar atributos, pericias, disciplinas, e humanidade (talvez me falte um item ou dois), o que me parece errado: se eu jogo tanto para a politica, porque raios é que só posso subir a minha Celerity?

Como em todos os meus posts, este também está aberto à discussão.

[/quote]

Na minha opinião, a qualificação/teor é dada pelos intervinentes no RPG(seja ele qual for) e não pelo jogo em si.

Como a vida seria aborrecida sem comédias vampirescas ou fadas assassinas…

:wink:

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Evil never dies, it just waits to be reborn…

Gostava, se possível, que respondesses a uma questão que te pus na outra thread:

???..Então para que jogam?[/quote]

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Evil never dies, it just waits to be reborn…

[quote=Rui]mas esse XP só pode ser usado, unica e exclusivamente, a comprar atributos, pericias, disciplinas, e humanidade (talvez me falte um item ou dois), o que me parece errado: se eu jogo tanto para a politica, porque raios é que só posso subir a minha Celerity?[/quote]Do que me lembro, é sempre possível gastar XPs nos chamados backgrounds - o que inclui contactos, aliados, reputação e recursos. Supostamente, isto seria suficiente para atender ao lado político do jogo. No entanto, a minha leitura do jogo é que a componente política é apenas uma parte do ambiente e não algo para o qual Vampire sirva particularmente para jogar.

Não é possivel comprar Backgrounds com Experience Points. Estes apenas servem para:

  • Atributos
  • Abilities
  • Disciplines
  • Paths (Thaumaturgy/Necromancy)
  • Virtues
  • Willpower
  • Humanity

E isto é algo que faz perfeito sentido. Pois toda a parte "politica" do jogo (nomeadamente os referidos Backgrounds) tem de ser evoluida através de Roleplay. Não faz sentido comprares pontos a Allies a não ser que tenhas criado/obtido um através do teu roleplay (por muito que gostassemos, a Fada dos Dentinhos não aparece do nada para largar um Ally no colo do jogador). E se já te esforçaste, em jogo, para obter o dito aliado, seria injusto gastar XPs para o marcares na ficha. Pelo mesmo ponto de vista, a não ser que treines/aprendas, não consegues evoluir as caracteristicas fisicas ou mentais da tua personagem. E o que é o treino/aprendizagem? XPs

 

PS: Quanto a subir Celerity, se és uma personagem mais virada para a politica, teria mais sentido subires Charisma/Manipulation (Atributos utilizados em situações sociais ), ou qualquer outra Ability que seja necessária ao tipo de jogo que fazes: desde Empathy a Politics, passando por Intrigue e Masquerade Smile

Nazgul, peço-te que releias tudo o que escreveste nesta thread, tudo o que escreveste na outra thread, que compares, e que vejas o quão incongruentes e contraditórias são.

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To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

A isto já eu respondi várias vezes; inclusivé tu já respondeste.

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To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

Certo; mas o meu ponto nisto é: há jogos onde jogar para uma determinada coisa é recompensado com pontos para subir essa coisa.

D&D, que também discutimos aqui, é um deles: jogas pra matar monstros, para receber XP, ficar mais forte, e matar mais montros (ou monstros mais poderosos).

Pode ser discutido que subir Presence, Manipulation e afins é subir na política, mas depois quero ver como são feitos os “combates sociais”: se apenas com lançamentos de dados, se com roleplay puro e duro.

Edit: se Vampire fosse realmente sobre a grande luta interna e moral entre ser uma Besta e um Ser Humano, então, na minha opinião, não seria sobre política, nem sobre poderes, nem sobre ter muitos contactos ou influência; e no entanto, é isso que se vê. Tanto quanto sei, ou se joga Vampire para a politica, ou para os poderes, mas nunca para a tal luta interna, que é aquilo que é vendido. Na minha opinião, o jogo é errado.

Para jogar política, mais valia ter um jogo de, digamos, gangsters em Chicago em 1920 (humm…), o que teria muito mais piada, se tivesse regras só sobre isso.

Para jogar poderes, há sempre carradas de jogos sobre super-heróis.

Mas para jogar esse conflicto, não é com este Vampire.

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-Noddy, Lord of Darkness

[quote=Rui]se Vampire fosse realmente sobre a grande luta interna e moral entre ser uma Besta e um Ser Humano,[/quote]Da mesma maneira que não acho que Vampire esteja bem feito para jogar politicamente, também concordo que o conflito Monstro vs Humano não está suficientemente enquadrado. Partindo daquilo que se lê do livro (apesar de já ter lido há muito tempo atrás), dá a ideia que o jogo está mesmo mal desenhado, pois promete uma coisa e depois não cumpre - ou seja, a intenção do "game of personal horror" está lá expressa, mas depois não é concretizada.

Já agora, se eu desse a minha opinião a partir daquilo que já joguei ou mestrei (inclusivé a minha campanha actual com Requiem), era capaz de te dizer que o jogo até é muito bom e que funciona perfeitamente para esse conflito. Estaria a dar o mesmo tipo de resposta que o Nazgul deu em relação a D&D :) Agora, olhando para este RPG tal como ele foi criado, reconheço que já há muito tempo que não jogo propriamente Vampire.

Eu acho que o novo WoD está um pouco melhor nesse aspecto, da pouca experiência que tenho com o Werewolf: The Forsaken.

Muito menos poderes e política de tribos, uma sociedade muito menos complexa que a anterior, e um setting completamente revisto e revisitado, onde está tudo contra os jogadores; a parte que endereça esse conflicto é dada pela Virtue e Flaw: ambas te recompensam de alguma maneira, és tu que escolhes como ser recompensado, o que é giro.

Como disse, não tenho assim tanta experiência com o WtF, a pouca que tenho veio de correr a demo e mesmo assim não tenho certeza de ter feito 50% das coisas bem; mas pelo menos disso lembro-me que era giro.

Sobre este tema, o único jogo que realmente me parece bem construido é o Promethean: há realmente uma luta para se tornar Humano, e há realmente conflicto emocional para que isso aconteça, e é realmente sobre horror pessoal; a parte se calhar menos gira, é ter um end-game, mas isso a mim chateia-me pouco; outra parte menos gira, é a panóplia de poderes que acompanha sempre qualquer jogo da WW.

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-Noddy, Lord of Darkness

Se este é o teu argumento perante o facto de que o que disseste não corresponde ao que está claramente escrito nas regras (claramente e sem dar lugar a interpretações pessoais) como eu te mostrei, aquilo que dizes, efectivamente, não merece qualquer tipo de crédito…

Mandar umas postas de pescada e fazer uns comentários bombásticos para quem não está familiarizado com as regras até pode parecer um discurso com conteúdo, outras vezes e perante quem conhece as regras, não resulta …

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Evil never dies, it just waits to be reborn…

Dizer que em D&D o que os jogadores querem não interessa é uma afirmação de quem, efectivamente, não sabe o que é o D&D e que faria um melhor serviço à comunidade não dizendo nada.

Podes citar-nos neste assunto, por favor ?

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[quote=Rui]Certo; mas o meu ponto nisto é: há jogos onde jogar para uma determinada coisa é recompensado com pontos para subir essa coisa.

D&D, que também discutimos aqui, é um deles: jogas pra matar monstros, para receber XP, ficar mais forte, e matar mais montros (ou monstros mais poderosos).[/quote]

Pelo menos aqui referes que é uma opinião pessoal…

As regras são muito claras, fazem alusão ao que é um RPG (bem ou mal…) e explicam a mecânica do jogo. Em nenhuma parte das regras é dito que o D&D é para ser jogado de determinada maneira, até pelo contrário, dizem que pode ser jogado de várias maneiras diferentes, de um modo claro, explícito e sem lugar a interpretações pessoais.

A tua leitura do D&D, na minha opinião, é a de um jogo de computador, o que claramente está muito longe do que é o D&D.

Quanto a vampire, como não conheço bem as regras, não vou sequer comentar…

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[quote=Nazgul]As regras são muito claras, fazem alusão ao que é um RPG (bem ou mal...) e explicam a mecânica do jogo. Em nenhuma parte das regras é dito que o D&D é para ser jogado de determinada maneira, até pelo contrário, dizem que pode ser jogado de várias maneiras diferentes, de um modo claro, explícito e sem lugar a interpretações pessoais.[/quote]Se os RPGs fossem tão claros e explícitos que não dessem lugar a interpretações pessoais chamavam-se boardgames ;)

De forma semelhante ao que eu referi acontecer em Vampire, D&D pode muito bem dizer que se presta a jogar este, aquele e outros estilos - mas depois essa intenção não é suportada pelo jogo quando lido por inteiro. Vejamos, por exemplo, o número de parágrafos dedicados no PHB/DMG a aspectos sociais ou psicológicos das personagens comparado ao número de páginas sobre combate, equipamento ou magia. Façamos também essa comparação a nível dos feats ou das special abilities. Será que no DMG há mais conselhos sobre interpretação de NPCs, mapas relacionais e formas de estruturar uma história ou mais tabelas de tesouro, mapas de masmorras e explicações detalhadas sobre como calcular um chalenge rating? Será que no PHB há mais dicas sobre criação de personagem, personalidade, motivações e informação sobre o ambiente ou há mais regras de combate, listas de equipamento e tabelas para subir de nível?

Se os RPGs fossem tão claros e explícitos que não dessem lugar a interpretações pessoais chamavam-se boardgames :wink:

[/quote]

Nunca disse o contrário. O Rui é que disse que estava claramente escrito nas regras que D&D só se pode jogar de 3 maneiras quando o que lá está claramente escrito não é nada disso…

Quanto a interpretações pessoais não tenho nada contra, até acho salutar.

[quote=Rick Danger]

De forma semelhante ao que eu referi acontecer em Vampire, D&D pode muito bem dizer que se presta a jogar este, aquele e outros estilos - mas depois essa intenção não é suportada pelo jogo quando lido por inteiro. Vejamos, por exemplo, o número de parágrafos dedicados no PHB/DMG a aspectos sociais ou psicológicos das personagens comparado ao número de páginas sobre combate, equipamento ou magia. Façamos também essa comparação a nível dos feats ou das special abilities.[/quote]

Sim a mecânica é pesada e necessita de volume…

Na minha opinião,a beleza de todo o sistema está em deixar os aspectos sociais e psicológicos nas mãos da imaginação dos intervenientes e longe de mais “restrições” em forma de regras e tornar o jogo numa enciclopédia de manuais base.
Cada grupo dá mais ou menos enfâse a esse aspecto do jogo conforme for do seu agrado.

[quote=Rick Danger]
Será que no DMG há mais conselhos sobre interpretação de NPCs, mapas relacionais e formas de estruturar uma história ou mais tabelas de tesouro, mapas de masmorras e explicações detalhadas sobre como calcular um chalenge rating?[/quote]

Sim, há.

A Trick question… :wink:

Como bem sabes, há claramente mais regras sobre mecânicas do que sobre o aspecto não mecânico das personagens.
Mas qual é efectivamente a relevância disso?

Se calhar se esses pontos efectivamente existissem e até em deterimento das mecânicas, ia sempre alguém apontar o dedo à falta de mecanicas ou a qualquer outra coisa.

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[quote=Nazgul]Como bem sabes, há claramente mais regras sobre mecânicas do que sobre o aspecto não mecânico das personagens.[/quote]Na minha opinião, "regras" é igual a "mecãnicas" e, dependendo do RPG, não há nenhum aspecto de um jogo que não possa ser "mecanizado". Por exemplo, Pendragon tem uma mecãnica de traits de personalidade, Unkown Armies tem um sistema detalhado para degeneração psicológica, Reign tem um conjunto de regras para organizações políticas, Primetime Adventures tem mecãnicas específicas para estruturar a história, Burning Empires tem regras para combate social, Mage tem um sistema/ambiente que permite improvisar magia, etc, etc, etc.

Por isso digo que, pensando nos RPGs em geral, não existe "aspecto não mecãnico das personagens". O que existem é determinados jogos que optam por mecanizar ou não determinados aspectos, direccionando-se assim para um ou outro estilo de jogo.

No caso de D&D, a opção é notoriamente para ultrapassar desafios e subir de nível. Se quiseres mais um exemplo, dos três livros-base de D&D, um deles é inteiramente dedicado a detalhar monstros para os personagens matarem.

Questões semânticas não levam a lado nenhum…o que importa saber é se percebeste o que queria transmitir.

[quote=Rick Danger]
e, dependendo do RPG, não há nenhum aspecto de um jogo que não possa ser "mecanizado".Por exemplo, Pendragon tem uma mecãnica de traits de personalidade, Unkown Armies tem um sistema detalhado para degeneração psicológica, Reign tem um conjunto de regras para organizações políticas, Primetime Adventures tem mecãnicas específicas para estruturar a história, Burning Empires tem regras para combate social, Mage tem um sistema/ambiente que permite improvisar magia, etc, etc, etc.

[/quote]

E qual é para ti a relevância de mecanizar comportamentos de personalidade/comportamento em D&D?

[quote=Rick Danger]

Por isso digo que, pensando nos RPGs em geral, não existe "aspecto não mecãnico das personagens". O que existem é determinados jogos que optam por mecanizar ou não determinados aspectos, direccionando-se assim para um ou outro estilo de jogo.

[/quote]

E onde é que isso inviabiliza em usar esses mesmos aspectos com outros estilos de jogo?

[quote=Rick Danger]

No caso de D&D, a opção é notoriamente para ultrapassar desafios e subir de nível.[/quote]

Não, não é, estás a confundir as coisas.
O estilo de jogo não tem nada a ver com subidas de nível ou ultrapassar desafios, isso são aspectos mecânicos do jogo ou se preferires, regras do jogo, estilos de jogo é a maneira como jogas o jogo usando as regras disponiveis.

Isto está bem claro nas próprias regras quando descrevem, a titulo de exemplo, o que consideram ser os extremos dos muitos estilos de jogo que podem ser usados em D&D; “Kick the Door” e “Deep Immersion”.

[quote=Rick Danger]
Se quiseres mais um exemplo, dos três livros-base de D&D, um deles é inteiramente dedicado a detalhar monstros para os personagens matarem.

[/quote]

Não é bem assim. Um dos livros é dedicado a detalhar monstros que podem ser usados como desafios e não necessáriamente para “serem mortos”. O XP de um monstro é atribuído sempre que o desafio que ele representa for ultrapassado, independentemente de ter sido morto ou não.

A meu ver a ideia geral sobre o d&d está fortemente condicionada e limitada pela visão materialista dos jogadores.
Reconheço que uma parte dos jogadores joga o jogo como se fosse um jogo de computador onde o que importa é acumular niveis e poder para matar monstros mais poderosos mas outra parte, não tão pequena como isso, não joga d&d assim.

Curiosamente, as faixas etárias dos jogadores e o tempo de contacto com o jogo parecem modificar gradualmente os estilos de jogo utilizados.

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[quote=Nazgul]estilos de jogo é a maneira como jogas o jogo usando as regras disponiveis.[/quote]A primeira coisa que disse no outro thread é que não via interesse em discutir as 1001 maneiras em que um determinado RPG é jogado, partindo dos gostos, interpretações, alterações e acrescentos que cada um faz.

Assim sendo, aquilo que posso designar por "estilo de jogo" é o tipo de RPG que os respectivos autores decidiram fazer, tal como reflectido nos livros.

Desse ponto de vista, acho que os autores de D&D me estão a tentar dizer qualquer coisa quando um dos livros principais se chama "Monsters Manual" :) Hmm.. talvez seja para conversar com eles e fazer piqueniques. E se calhar todas as empresas que publicam dungeon crawls atrás de dungeon crawls não devem ter lido bem o que é verdadeiramente D&D ;)

Não vejo então razão em prosseguir este assunto uma vez que para nós “estilos de jogo” são coisas distintas.

Para mim, os que os autores pretendem transmitir é algo secundário ou mesmo pouco relevante, o que realmente me interessa num RPG é gostar do sistema e divertir-me a jogá-lo como eu bem entendo.

[quote=Rick Danger]

Desse ponto de vista, acho que os autores de D&D me estão a tentar dizer qualquer coisa quando um dos livros principais se chama "Monsters Manual" :) Hmm.. talvez seja para conversar com eles e fazer piqueniques.[/quote]

É tão linda a semântica… :wink:

[quote=Rick Danger]
E se calhar todas as empresas que publicam dungeon crawls atrás de dungeon crawls não devem ter lido bem o que é verdadeiramente D&D :wink:

[/quote]

O que vende é o que se publica.
Para uma empresa não é relevante o que é ou o que se pretende com D&D, o que interessa é lucro, e se dungeons crawls vendem, então que façam dungeons crawls!

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[quote=Nazgul]Para mim, os que os autores pretendem transmitir é algo secundário ou mesmo pouco relevante, o que realmente me interessa num RPG é gostar do sistema e divertir-me a jogá-lo como eu bem entendo.[/quote]Concordo inteiramente. Aqui chegamos aquele cruzamento na discussão sobre RPGs em que tu viras para o lado da completa subjectividade e eu para uma tentativa mais objectiva. Do teu lado, podemos falar de ti, dos teus jogadores, das vossas ideias, capacidades, gostos, experiências, etc - de tudo o que faz dos teus RPGs um jogo único e pessoal. Do meu, ainda podemos tentar falar dos jogos em si - da intenção dos autores - aquilo que toda a gente que os compre terá em comum e, por isso, mais amplamente discutível.