Masmorras e Dragões

Devo confessar que nunca soube muito bem o que achar de D&D até o ter experimentado.
Não foi o jogo que me trouxe para roleplay, não é o tipo de ambiente que por si me atraia - acho que lhe falta intencionalidade - nem desperta em mim empatia pelas personagens. No entanto, já joguei muita coisa e não me lembro de nada que se compare ao que pode ser uma sessão de D&D.

Para mim, D&D é para ser jogado com toda a intensidade gamist possível, aproveitando para gerar e aproveitar todos aqueles momentos de tensão emocional dos personagens/jogadores. A única cedência simulacionista que quero fazer é lembrar-me que as personagens são de carne e osso e têem medo, chateiam-se, cansam-se e que roleplayam o seu alinhamento de forma expressiva em uma ou outra cena. De resto, acho que as personagens devem irrealisticamente tomar sempre a melhor decisão que ajuda a party, dividir os recursos (ouro/items) de forma a maximizar todas as personagens do grupo, escolher sempre o melhor equipamento/feats/spells/etc. para a sua classe(s) e usá-los sempre da melhor maneira.

Desta forma, não me interessa toda a variedade de ambientes que se diz poder jogar com D&D. Eu quero jogar com os clichés todos, desde que os NPCs sejam pessoas e não só botões onde carregar para fazer load à história. Uma narrativa simples pode ter muito mais potencial do que parece se as pessoas envolvidas nos mostrarem, de facto, o que é importante e o que é que está em risco.

Poucas coisas são mais relaxantes e divertidas do que matar monstros com os amigos e ganhar ouro e glória. Dêem-me masmorras e dragões!

Engraçado…Não jogo D&D regularmente porque não tenho tempo para estruturar as coisas como gosto de o fazer e fugir a sete pés do que como pretendes jogar D&D…
Acho contudo que se arranjam umas aventuras para jogar de modo descomplexado e sem dar grande enfâse às personagens e à história…
As voltas que isto dá…

Hehehehe

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Eu comecei com D&D, e joguei isso durante anos (e quando digo D&D, não me refiro AD&D, mas sim à caixa vermelha). Bom, começar a jogar outra coisa foi complicado, pois não havia mapas de salas, não havia adversários para matar ou tesouros para conquistar. Só se tinha de falar, num ambiente o mais aberto possível.

Também comecei com essa fabulosa caixa…ainda tenho isso algures…

:slight_smile:

Evil never dies, it just waits to be reborn…

[quote=Nazgul]Engraçado...Não jogo D&D regularmente porque não tenho tempo para estruturar as coisas como gosto de o fazer e fugir a sete pés do que como pretendes jogar D&D...[/quote]São, de facto, pontos de vista muito diferentes. Acho que tu gostas do teu "também podes fazer isso em D&D" e, por isso, não experimentaste muitos sistemas diferentes, quer dizer, nunca viste razão para experimentar.

Eu, de ter jogados com vários sistemas diferentes, acho que não é indiferente o tipo de regras que se usam relativamente ao tipo de jogo que queres jogar. Mais do que uma questão de um não prejudicar ao outro, o principal é o sistema justamente apoiar as histórias que queres roleplayar.

Desse ponto de vista, D&D tem para mim um lugar cimeiro para um determinado tipo de jogo. Para outras coisas, tenhos outros RPGs.

A munchkin at the heart!!

Esta é efectivamente uma forma de jogar D&D, tão válida como qualquer outra desde que todos os presentes na mesa se estejam a divertir.
Contudo esta é apenas uma das várias formas de tirar prazer a jogar, nunca podemos esquecer que há outras e num grupo normal, com um número de jogadores entre 4 e 6, é altamente improvável que todos os presentes (não esquecer o DM!) gostem todos do mesmo tipo de jogo. É assim função do DM avaliar o que cada interveniente mais aprecia no jogo e tentar pôr em todas as sessões todos esses factores, caso contrário, a jogar sempre do mesmo modo muito rapidamente metade do grupo (ou mais) vai estar constantemente a bocejar e acaba por perder o interesse no jogo.
Jogar com as motivações que sessão após sessão traz um jogador de volta à mesa, não é tarefa fácil…

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Tal como escrevi uma vez no meu blogue sobre coisas a fazer antes de morrer " D&D, num setting tipo Greyhawk ou então algo inspirado no jogo de estratégia Heroes Of Might And Magic".
Esse é exactamente o tipo de experiência que gostaria de ter em D&D, pegar num punhado de aventureiros e vê-los lançar-se ao mundo, num ambiente muito light cheio de planicies verdejantes e castelos resplandescentes com pessoas de bom caracter e outras mais desviantes (completamente fora do meu ambiente natural: Dark & Gritty), combater o Evil Sorcerer, hordas de goblins, salvar cidades, pilhar templos, enfim, todos os clichés. Se quiseres algo inspirado na fabulosa comic Order Of The Stick, um fantástica fonte de inspiração para uma crónica de D&D.

"the drunks of the Red-Piss Legion refuse to be vanquished"

Order of the Stick rula!!! Assim como Knights of the Dinner Table!!

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Um aparte sobre isto que disseste. Embora o alinhamento seja uma força presente em D&D com o qual se pode interagir através de magia ele é contudo um elemento passivo, ou seja, uma arma mágica pode ter poderes especiais se empunhada por uma criatura de determinado alinhamento ou dentro de uma área quem for de determinado alinhamento sofre determinado efeitos, etc.
Um alinhamento não pode ser “roleplayado” porque, apenas por si, ele não define uma personagem.

From the rules:

" A creature’s general moral and personal attitudes are represented by its alignment: lawful good, neutral good, chaotic good, lawful neutral, neutral, chaotic neutral, lawful evil, neutral evil, or chaotic evil.

Alignment is a tool for developing your character’s identity. It is not a straitjacket for restricting your character. Each alignment represents a broad range of personality types or personal philosophies, so two characters of the same alignment can still be quite different from each other. In addition, few people are completely consistent. "

Evil never dies, it just waits to be reborn…

[quote=Nazgul]"A creature’s general moral and personal attitudes are represented by its alignment:[/quote]Aqui podemos discordar da interpretação desta frase. Eu acho que o alinhamento é a única coisa na folha da personagem que nos diz algo sobre a sua personalidade. Por um lado, acho que não é simplesmente um elemento passivo. Por outro, acho que nunca deve servir de razão para afectar a intenção gamist que referi. Por mim, o alinhamento está lá, pode se notar quando a personagem fala, mas nunca interfere com o escalar da história e o trabalho de equipa da party.

O alinhamento é um elemento passivo no sentido em que os jogadores não o podem usar activamente; “Eu uso o meu alinhamento para fazer isto”, ele simplesmente existe e não pode ser usado pelos jogadores para fazer coisas.

A tua intenção “gamist” não tem nada de errado, como eu já disse anteriormente, tem é senãos.

:slight_smile:

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Discordo em que ha mt na folha de um pc que pode dizer sobre o mesmo, desde os skills até´à escolha de feats, por ex um fighter mais destrutivo ou outra que opta por um ataque mais subtil, etc.
O alinhamento é uma ferramenta util para ajudar na construção da personagem e in game pode ser usado como uma ferramenta, por ex, pode-se usar o alinhamento, ou seja o facto de ser-se Good ou Evil para activar algumas coisas, especialmente se fores por ex um cleric e algo só se activa com um gasto de um turn undead por cleric de determinado alinhamento.

Claro que para outras classes o uso activo do alinhamento é algo impossibel, está lá apenas quando têm de decidid accões ou sofrem por causa do mesmo.

Aqui vou discordar de ti. O que efectivamentes usas é uma “carga” do turn undead, o alinhamento que tens apenas vai decidir o efeito que o uso do turn vai ter. O personagem não usa o alinhamento para fazer coisas activamente.

[quote=Demonknight]
Claro que para outras classes o uso activo do alinhamento é algo impossibel, está lá apenas quando têm de decidid accões ou sofrem por causa do mesmo.[/quote]

Por norma, sempre que joguei, o que decidia as acções era a personalidade e os comportamentos da personagem. A escolha do que fazer baseado no alinhamento surgia muito esporádicamente quando um jogador não sabia, naquela situação, o que a sua personagem iria fazer.

Evil never dies, it just waits to be reborn…

[quote=Demonknight]Discordo em que ha mt na folha de um pc que pode dizer sobre o mesmo, desde os skills até´à escolha de feats, por ex um fighter mais destrutivo ou outra que opta por um ataque mais subtil, etc.[/quote]Isso não tem a ver directamente com a personalidade, alinhamento é a única coisa mesmo que está lá para isso. De resto, para mim, tudo o que sobra é para ser maximizado para eficácia de combate, não para definir personalidade.

Já agora, alinhamento também pode ser escolhido de uma forma maximizada, o meu lado gamist é que não vai até esse ponto :)

O alinhamento é uma coisa distinta da personalidade.

A personalidade em d&d, sempre foi, em todas as suas edições, definida à parte da folha de personagem. Um jogador pode contudo, no seu pleno direito, extrapolar traços de personalidade consoante as características, skills, feats, etc.

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Bom, aqui vem um gajo de fora mandar bocas… O alinhamento não serve para muitas outras coisas? Tipo há feitiços/objectos mágicos que só podem ser usados por por personagens deste ou aquele alinhamento ou que não têm / só têm efeito neste ou naquele alinhamento… algo assim?

Aproveito e meto também a minha boca, não há classes que estão limitadas a um certo tipo de alinhamento bem como deuses que apenas dão a sua força e poder (clericos por exemplo) a quem segue o seu?

"the drunks of the Red-Piss Legion refuse to be vanquished"

Bom, aqui vem um gajo de fora mandar bocas… O alinhamento não serve para muitas outras coisas? Tipo há feitiços/objectos mágicos que só podem ser usados por por personagens deste ou aquele alinhamento ou que não têm / só têm efeito neste ou naquele alinhamento… algo assim?[/quote]

Claro que há. É isso que eu digo.
Considera o alinhamento como uma força em d&d presente em todas as criaturas. As mesmas não podem usar activamente essa força para fazer algo. Essa mesma força presente em todas as criaturas determina, passivamente, como a criatura reage a esses efeitos mágicos.

Evil never dies, it just waits to be reborn…

sim. Os palandinos têm que ser lawful good, os clerigos têm que ter alinhamento “próximo” do seu deus, os monks têm que ser lawful, os barbaros não podem ser lawful, etc.
Todas estas classes têm uma série de comportamentos genéricos que é suposto seguirem porque elas retiram a sua força desses mesmos comportamentos. Se deixarem ser ter esses comportamentos regularmente (mudando de alinhamento), perdem as habilidades que essa classe concede.

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Pois, e dizes alto e bom som. Escapou-me isso no meio de tantos textos, desculpa. :slight_smile: