Mayfair estabelece limites nos descontos dos vendedores

Segundo o BGG, a Mayfair vai ser a primeira empresa de boardgames a estabelecer limites de descontos tanto nos distribuidores como nos vendedores. Eis o uma mensagem enviada a um distribuidor nos EUA:

Dear Trade Customers,
Greetings from Mayfair Games! Our team wishes you all well. After all, we wouldn’t be looking forward to our 27th year of publishing fine games without your strong, enduring support.
We’re writing to you to outline our retail pricing policy. Our manufacturer’s suggested retail prices (“MSRPs”) reflect our firm belief in a healthy balance between “free trade” and “fair trade.” Mayfair Games embraces and supports healthy competition. We feel that in order for our market—and thus our company—to prosper now and over the long term all our partners in the distribution chain need to respect this balance.
Whenever a firm threatens healthy competition among our trade customers, and thus endangers this balance, we must act in a vigorous, even-handed fashion to police the distribution and sale of our fine products. Mayfair Games doesn’t intend to specifically dictate how its customers do business… but we will act in cases of predatory, irrational, or patently detrimental trade activity.
So, it’s important that all of our trade customers know where we stand on pricing and discounting…
• Distributors should sell Mayfair Games products at no less than a 25% margin or no more than a 50% discount off MSRP.
• Retailers should sell Mayfair Games products at no more than a 20% discount off MSRP, or the appropriate ratio given exchange rates.
Trade customers that violate these guidelines shall be subject to sanctions. If necessary, we will cut them off.
We’re well aware of the fact that our individual customers operate under individual circumstances. Some are more profitable than others. Some seek to establish themselves or need to acquire some critical market share. Mayfair Games understands, and sympathizes with, this reality.
At the same time, we’ve been in business long enough to know that that it’s far better for us to encourage healthy competition rather than cutthroat discounting. Ours is not a mass-market business, nor is it a business based on inter-changeable widgets. Our wares are special, unique, premium games. Savage discounting is unnecessary and counter-productive for everyone in the mid-to-long term. While some individual consumers might benefit in the short-run, rabid discounting only acts to erode the profits and incentives necessary to keep our market healthy.
As it is, consumers receive great entertainment value for full MSRP. It’s unnecessary—and even a bit insane—to subsidize folks who already enjoy a good deal. It is far healthier for us, our distributors, and our retailers to derive a healthy profit from the sale of our games than it is for us to see them dumped into the marketplace. Every viable firm in our distribution chain should collect its fair profit and have an incentive to further promote, buy, and sell our games.
Our trade customers should endeavor increase their profit margins, not their discounts. They can thus improve service, which—along with the high quality of our games—should be the principal means of growing our market.
Mayfair Games asks all its trade customers to understand that we are partners in growing a healthy games market. Again, we want free and fair trade. It’s healthy… for all of us. It’s in our best interest… and in the best interest of the entire social game industry.
That’s all for now. Take care.
For Mayfair Games,
Pete Fenlon
(CEO, Mayfair Games, Inc.)

Pior, o supremo tribunal dos EUA acabou com a lei que proibia price fixing. Embora isso não nos afecte muito, pode criar uma onda de price fixing também nos produtores Europeus.

Será este o fim das lojas online? Como economista, eu diria se esta tendência pegar eu diria que as lojas online vão perder o seu aspecto competitivo face às lojas normais.

O que irá acontecer agora? Discutam.

E isso é válido para tudo. Ou seja a possibilidade das lojas online estarem numa de Fire and Forget vai passar a colocá-las numa posição desvantajosa face às lojas tradicionais. O q distingue uma loja tradicional é a capacidade (caso se queiram dar ao trabalho) de apoiarem um produto depois da venda, auxiliando o cliente a escolher o produto, antes da compra e apoiando e promovendo o mesmo. Enquanto que as on-line venderam está vendido, e rigorosamente não trazem nenhum valor acrescentado à venda. Uma boa loja tradicional neste hobby irá promover encontros dos jogadores, auxiliá-los no contacto com o fabricante etc. O que até agora era pura carolice pois competir face às lojas online era quase impossivel.

Manuel Pombeiro
a.k.a.Firepigeon
LUDO ERGO SUM

vai retirar algum poder às lojas on-line, mas pelo menos as outras lojas poderão competir em termos mais iguias!

espero que outras empresas de jogos/miniaturas/livros/discos/etc tb sigam este caminho!

haverá sempre vantagens/desvantagens no formato on-line/fisico mas assim ninguém parte com voltas de avanço!

Vai afectar todo o comércio nos EUA e consequentemente no resto do mundo. Básicamente revogou uma lei de uns 50+ anos que impedia que um fabricante exigisse o cumprimento de preços minimos para os seus produtos. Parece incrivel mas actualmente quem mais ficava a perder era o fabricante, porque quem pode fazer os preços mais baratos são as lojas on-line e todos sabemos disso. Mas estas não fazem follow up da venda, revertendo para o fabricante o ter de suportar directamente o cliente final, tendo como consequencia maiores custos para o mesmo.

A ver se me consigo explicar melhor. Imaginem que chegam a uma loja e compram um boardgame. Olham para as regras, verificam os componentes e pensam pra voces que droga de jogo (básicamente não perceberam pevas do mesmo, LOL). Num dia que voltam à loja falam que o que compraram foi uma grande treta etc. O ppl da loja arranja um tempinho pra explicar aquilo que não se tinha percebido do jogo que afinal é mesmo mas é um jogão. Quem é que ganhou com isto? O jogador que ficou com um bom jogo; a loja que teve um cliente satisfeito o que implica mais vendas futuras (possivelmente); o fabricante que sem o apoio da loja nao poderia continuar a fabricar aquela linha de jogos. Já imaginaram isto acontecer com a loja on-line? Todos ficavam a perder, simplesmente a loja on-line em vez de ter vendido 1 jogo devido ao valor reduzido que o coloca no mercado, teria no entretanto vendido 5 ou 6, sendo que para esta se o fabricante entretanto faliu, azarinho, procura-se outro fabricante e se o cliente ficou mal servido não há crise, pois na semana seguinte já lá tem outro jogo de outro fabricante a 50%!!

E se a diferença de preços não for um factor eliminatório, confessem lá, onde é que vocês preferem comprar?

Manuel Pombeiro
a.k.a.Firepigeon
LUDO ERGO SUM

Não sei. No meu caso é simples... nem mais um jogo da Mayfair.

Para quem se queixa da concorrência das lojas online lembro apenas que não há, em Portugal, uma grande oferta de lojas físicas e muito menos uma onde os preços sejam interessantes. As lojas online têm o mérito de oferecer os jogos para todo o mundo enquanto as lojas físicas só podem cobrir uma determinada área geográfica. Além disso, nada impede uma loja física de vender também online em paralelo e beneficiando assim dos dois mundos.

É verdade que as lojas oferecem, em alguns casos, locais para jogar e conhecimento do produto, mas quando há apenas uma loja a 300 quilómetros onde, tanto quanto sei, esta oferta existe, a ideia de ter que pagar mais pelos meu jogos para beneficiar um editor que não faz esforço nenhum (nem sequer no site) para me prestar melhores serviços é uma afronta.

Esta comunicação da Mayfair está cheia de afirmações de que os seus jogos são melhores, que isto beneficia toda a gente etc... Parvoíces. O T&E da Pegasus mete o da Mayfair num bolso muito pequenino e cheio de cotão e migalhas antigas, o Settlers da Kosmos idem... Esta política só beneficia a Mayfair mais que todos, os distribuidores a seguir e alguns retalhistas no fim. Os consumidores só se lixam, como de costume...

Eu trabalho há algum tempo ligado à industria da publicação e venda de livros e deixem-me que vos diga que esta ideia de limitar preços e aproximá-los de um preço de retalho imposto pelo editor é uma mina para os editores. Eles controlam os descontos aos distribuidores estes aos retalhistas que, no fim da cadeia, têm que vender a um preço que não pode ser mais baixo que uma determinada percentagem imposta na produção.

Se isto não são regras de um jogo broken, então sei o que será...

O que pode acontecer com isto é que os consumidores vão deixar de ter a possibilidade de comprar jogos baratos online. Por isso irão comprar menos jogos e por isso vai existir menos actividade lúdica e, consequentemente, o crescimento que estávamos a testemunhar e que demonstra que esta atitude não era necessária, vai estagnar.

Mayfair, enquanto esta política durar não compro. E pronto...

Se a loja física tiver pessoal que perceba do assunto (extremamente raro se o dono ou sócios principais não estão lá e impossível em grandes superfícies estilo FNAC, T'r'U, Corte Inglês e assim),

Se a loja tem um stock razoável (sendo que isso também é raro porque sai caro à loja, o que implica demoras de disponibilidade),

Se fica no meu "raio de acção" (ou line of sight, LOL),

Se vou lá regularmente jogar,

Se está aberta em horas que me convêm depois de sair do trabalho,

Talvez compre na loja física. Não seria a primeira vez...

OU

Se a loja online fizer entregas rápidas,

Se o site é amigável,

Se a minha experiência e de outros com compras anteriores for boa (isso de não apoiarem o comprador não é bem assim, na minha experiência)

Compro online.

Há muito menos ses na compra online. É mais cómodo e mais eficaz...

Comprei um Bang! a 11€ fisicamente contra 8€ online...

Comprei 5 decks de Blue Moon no mesmo sítio a 9,99€ contra pouco mais de 8€ online,

Já um El Grande Decennial comprei fisicamente apenas porque não havia stock nas lojas online da versão inglesa e porque me arranjaram um desconto bom. Porque o preço marcado era alto o suficiente para que eu esperasse dois meses por uma nova edição... 60€ por um jogo que posso comprar online por 45? Nah...

Não me incomoda nada comprar online, em certos casos até prefiro.

Gosto de comprar fisicamente para apoiar os lojistas pequenos... mas não tanto que esteja disposto a pagar preços absurdos.

Isso desculpem lá mas já me chega o estado a chular em troco de nada... Não preciso dos editores de jogos a fazer o mesmo.

Bom, depois de algumas discussões teóricas, chegamos à prática. Para quem não conhece ainda o meu ponto de vista, um dos primeiros tópicos que apareceu sobre isto foi o
Editoras de Jogos Poderão Fixar Preços Mínimos
e recentemente já fiz comentários como
preços mínimos e
e uma loja é viável?

Não me querendo repetir, só digo que agora sim o Mallgur se pode começar a queixar de não haver lojas decentes. Com mais restrições como esta é que as lojas tradicionais se tornam um negócio em que valha a pena apostar.

É desta que a gente discute este assunto? :)

[quote=Mallgur]

Não sei. No meu caso é simples… nem mais um jogo da Mayfair.

[/quote]

Exactamente. Opinar com a carteira. E falo na qualidade de alguém cuja última aquisição foi da Mayfair, e que considerava fazer brevemente outras.

Quanto a mim, trata-se tão somente de uma situação "clássica" em que um player de um determinado mercado pensa que percebe mais da organização deste do que o mercado no seu próprio funcionamento espontâneo.

Em primeiro lugar, faço a ressalva que, do (pouco) que conheço, parece-me que essa linha de acção dificilmente seria legal na Europa, ou em Portugal, no caso. Os preços, margens e descontos não podem ser tabelados, a menos de produtos e serviços excepcionais que essencialmente são considerados de primeira necessidade ou em que o estado intervém nessa direcção (pense-se nos livros escolares, por exemplo) - já por si mal (mas isso são outros 500 Wink). Claro que, sendo o mercado de jogos essencialmente um mercado de importação directa, e muitas vezes de companhias extra-europeias e que porventura não têm representações oficiais nesta, a actuação contra esse facto pode ser complicada.

De qualquer modo, a resposta do mercado vai ser, quanto a mim, inevitável.

Para além do (já em curso) efeito de publicidade negativa, a reacção vai ser, quanto a mim, óbvia.

Mesmo que haja uma cartelização dos preços nas várias marcas (por si só outro problema de concorrência que também pode ter as suas consequências), impondo-se uma nivelação artificial entre os preços nas lojas online e nas lojas físicas, o que vai acontecer é que pura e simplesmente as lojas online se vão retirar do mercado e avançar para segmentos onde consigam alimentar uma procura condizente com a sua estrutura operacional. Estão a ver as produtoras a abdicar dos contratos de retalho e de distribuição que efectivamente lhes devem assegurar no presente o grosso das suas vendas? Estão a ver uma opção contra uma loja online que vende 1000 em prol de 10 lojas físicas que vendem 20 cada uma, mesmo que a preço final substancialmente superior?

Mais cedo ou mais tarde o que acontecerá é que as grandes encomendas começarão a ser negociadas casuísticamente, por quem pode, com condições especiais que quando transpirarem para o resto dos revendedores, originarão que sejam estes próprios a ameaçar abandonar o barco.

Vejam como funcionam presentemente os hipermercados na distribuição.

Como em todos os ramos de negócio em que há concorrência entre lojas online e lojas físicas, se estas últimas não se afirmarem pela complementaridade do serviço que proporcionam, servindo como centrais de aconselhamento e dando garantias que a compra que lá é feita é melhor feita e com prazos de entrega semelhantes aos das lojas online, ou proporcionando serviços adicionais (como um local para jogar, venda de bebidas, comidas e snacks), e se não apostarem no facto do aconselhamento personalizado ter essa maisvalia perante uma venda menos esclarecida online, mais vale já pensarem em fechar.

Além disso, quem cria as condições para agudizar estes problemas são os próprios produtores. Quando impõe compras mínimas, demoram a entregar, têm sistematicamente rupturas de stock na produção, acabam por transferir esses problemas para as lojas finais que, pela sua dimensão naturalmente inferior a uma loja online, não se podem dar ao luxo de alimentar grandes stocks ou de fazer esse género de encomendas frequentemente, ainda mais com preços altos impostos que as podem deixar mais cedo ou mais tarde ficar "a arder".

Finalmente, a atitude da Mayfair demonstra outro problema de adaptação à modernidade, à semelhança de outros ramos de negócio. A Mayfair entendeu não distribuir ela própria os seus produtos, e em limitar a extensão da sua actividade. Se quiser ter uma palavra a dizer no que toca a esse processo de distribuição tem um bom remédio: começar ela própria a vender o seu material como retalhista, quer abrindo representações físicas, quer a(s) sua(s) lojas(s) online. Deixando de o fazer, tem que aceitar que há lógicas do funcionamento dos seus vendedores intermédios e finais que não compreende (nem tem que compreender), e que portanto pouco terá a dizer.

A coisa já vai longa…

Fico surpreendido por esta empresa relativamente pequena ser das primeiras a optar por esta via. Estava a contar que o sinal ao mercado fosse dado por uma Wizards of the Coast, Alderac Entertainement ou White Wolf. Assim sendo, a menos que outras editoras se juntem à Mayfair, ela arrisca-se a ser queimada na fogueira por clientes como o Mallgur ou o JLP.

Para que a fixação de preços mínimos beneficie realmente as lojas tradicionais, não basta ser só uma editora. Por mais reputada que a Mayfair seja, ninguém pode ter um negócio só para vender Tigris e Euphrates. São precisas mais editoras a entrar neste comboio.

[quote=MGBM]Será este o fim das lojas online?[/quote]Não necessariamente, apenas passam a competir directamente com as lojas tradicionais a nível de apoio ao cliente e dos serviços que podem prestar.

Se isto fosse um jogo tinhas duas situações;

1º As regras ditam que há 4 tipos de jogadores. Os produtores, os distribuidores, os retalhistas e os compradores.

a) O produtor tem que pagar X por cada unidade que produz e pode vender o seu produto ao distribuidor ao preço que quiser. Depois disso não tem qualquer influência nos negócios dos jogadores seguintes.

b) O distribuidor compra ao produtor um número de unidades ao preço por este determinado. Pode vender ao retalhista pelo preço que quiser acima do que pagou.

c) O retalhista compra ao distribuidor da sua escolha e pode optar por dois modelos de venda online e físico. No online os seus custos fixos são mais baixos que no físico e por isso pode vender mais barato, mas não pode oferecer serviços adicionais ao comprador. No modelo físico tem mais custos físicos mas pode oferecer serviços extra aos consumidores.

d) O comprador escolhe um retalhista para comprar as unidades. Paga o preço das mesmas e, no caso de comprar a um retalhista físico paga os serviços adicionais. Ganha pontos de vitória pela escolha do produto e pelas vantagens que os serviços adicionais lhe dão, desempates a serem resolvidos em favor de quem fica com mais dinheiro.

e) Os outros jogadores ganham pontos de vitória em proporção ao dinheiro que têm após comprar e vender.

2º Com o mesmo tipo de jogadores:

a) O produtor tem que pagar X pelos produtos. Estabelece o preço que o comprador deve pagar no final da cadeia, os descontos sobre esse preço que o distribuidor tem ao comprar-lhe e os mesmos descontos que este pode fazer ao retalhista e este aos compradores. Ou seja, controla completamente, as margens de lucro dos restantes jogadores assim como, pela qualidade dos seu produtos, os pontos de vitória dos compradores.

b) O distribuidor tem que comprar com o desconto estabelecido pelo produtor. Pode vender ao retalhista dentro dos mesmos descontos.

c) O retalhista compra aos distribuidores de acordo com os descontos praticados sobre o preço final, sendo que há um limite, previamente conhecido e estabelecido pelo produtor. Pode escolher entre online e físico, sendo que os custos online são mais baixos mas o modelo físico permite-lhe oferecer serviços adicionais.

d) O comprador final deve escolher entre os retalhistas e pagar o preço estabelecido pelo produtor, ou mais, menos os descontos que estes possam, de acordo com o estabelecido pelo produtor dar. Ganha exactamente os mesmos pontos que na opção anterior e desempata da mesma forma também.

e) Os jogadores não compradores ganham pontos de acordo com os lucros obtidos.

Agora diz-me em qual destes modelos um jogador está em claríssima vantagem em relação aos outros. Qual deste jogos é broken?

[quote=Mallgur]Se isto fosse um jogo tinhas duas situações[/quote]Julgo que entendi a tua elaboração, mas penso que retiramos dela conclusões diferentes. Que é que queres dizer? Que, por uma questão de princípio, nunca é aceitável colocar restrições?

Os potenciais consumidores do modelo físico são 10% dos do modelo online.

Qual dos jogos está broken agora?

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Looking across the space, we are looking back in time.

Estás a simplificar muito as coisas.

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Looking across the space, we are looking back in time.

Os retalhistas podem laborar em ambos os modelos, se quiserem...

E agora?

Eis a minha opinião como economista.

Para começar, a Teoria do Jogo aplica-se neste caso. Estamos perante uma situação interessante, e o que acontecerá é isto:

A Mayfair estabelece limites de desconto. A partir daqui as outras empresas de boardgames têm exactamente duas opções, ou aplicam price fixing também ou não aplicam. A Teoria do Jogo aplica-se nesse momento, se for só a Mayfair a fazer price fixing e mais nenhuma empresa é óbvio que a Mayfair sai bastante prejudicada disto, vai perder lucro e clientes. Mas, e isto é um grande MAS, se as outras empresas decidirem, pelo menos a maioria, fazerem price fixing, então o consumidor final que compre boardgames não terá outra alternativa senão comprar boardgames à mesma, pois usar a técnica do boicote não funciona porque senão ele fica sem comprar quase todos os boardgames que saem no mercado.

Ou seja se as empresas de boardgames criarem um cartel de oligopólio, o consumidor final ou compra os boardgames ao preço que é oferecido ou acaba por não comprar mesmo nada.

Resultado final? Duma maneira ou doutra, o mercado sai a perder, vai haver uma diminuição na procura agregada de boardgames e isso é muito mau.

Isto é o que irá acontecer, ou uma situação ou outra, agora é esperar e ver o que acontece.

O que irá acontecer às lojas online? Simples, perdem a grande vantagem que tinham, descontos elevados. Embora isso pareça mau para o consumidor, para um economista é tão mau vender produtos muito baratos num mercado de especialidade como é o nosso. Basicamente o que acontece é, o produto vendido perde valor nominal e passamos a encarar os boardgames como a valerem menos do que realmente valem. Esta perda de valor já há muito que acontece neste mercado e é das piores coisas que pode acontecer. Porquê? Porque quando um produtor de boardgames decide corrigir o valor real para valores mais realistas, este tipo de reações acontecem com toda a malta a dividir-se em campos e andar à porrada.

Em relação a lojas online contra as tradicionais, sinceramente eu até acho bem que as lojas tradicionais fiquem com mais poder de competição face às online, que é o que vai acontecer com estes price fixings. Prefiro ir a uma loja tradicional e pagar menos 20% do que ir a uma loja online e pagar menos 35% sinceramente. Claro que cada um faz a sua opção, eu sou a favor das lojas tradicionais.

Portanto, como os Chineses dizem, vamos viver tempos interessantes.


A samurai once asked Zen Master Hakuin where he would go after he died. Hakuin answered ‘How am I supposed to know?’
‘How do you know? You’re a Zen master!’ exclaimed the samurai.
‘Yes, but not a dead one,’ Hakuin answered.

Agora o que é triste ver é no BGG toda a gente estar a andar a porrada uns contra os outros por causa disto. É mau e não gosto nada, espero que aqui tenhamos cabeça suficiente para não começarmos à batatada por causa de uma coisa que sinceramente não é tão importante quanto a fazem parecer.

O que é preciso é ter calma.

Não se esqueçam, cada um faz as suas escolhas, se gostam de lojas tradicionais então ainda bem, se gostam de lojas online, então ainda bem. Não importa o que usam para comprar, nós todos pertencemos ao mesmo hobby e como tal devemos co-existir pacificamente. Cada um escolhe o que escolhe e decide o que decide, não podemos é deixar isso afectar a nossa opinião dos outros. Cada um é liver de escolher o que quiser.


A samurai once asked Zen Master Hakuin where he would go after he died. Hakuin answered ‘How am I supposed to know?’
‘How do you know? You’re a Zen master!’ exclaimed the samurai.
‘Yes, but not a dead one,’ Hakuin answered.

[quote=Mallgur]

Os retalhistas podem laborar em ambos os modelos, se quiserem…

E agora?

[/quote]Isso é irrelevante. O retalhista escolhe tradicional ou online conforme lhe for mais vantajoso.
Enquanto não houver preços mínimos, é mais vantajoso online.
Quando houver preços mínimos, ele aí então poderá ter uma loja tradicional, promover os seus jogos e proporcionar um espaço agradável sem recear ser explorado pelos "clientes" que lhe vão à loja chular o seu serviço para depois só comprarem online.

Li tudo e no final percebi que ninguém se lembrou que gajos como eu que vivo em Aveiro não temos loja físicas para comprar! Tem mesmo de ser on-line ou então tenho de ir a Porto, o que não é propriamente o que me apeteça sempre que quero comprar um jogo!

Cá para mim, que de economia não percebo nada, o mundo anda a lixar a malta, e já nem sequer é possível comprar em lojas discount!

Bem, tens razão sem dúvida. Infelizmente não há lojas fisicas espalhadas por todo o lado, e esse é o grande problema e nesse caso não há outra hipótese do que mandar vir de uma loja online. É por isso que, por mim, quem quiser jogar boardgames deve podê-los comprar seja onde for que lhe der mais jeito.

A samurai once asked Zen Master Hakuin where he would go after he died. Hakuin answered ‘How am I supposed to know?’
‘How do you know? You’re a Zen master!’ exclaimed the samurai.
‘Yes, but not a dead one,’ Hakuin answered.