Mayfair estabelece limites nos descontos dos vendedores

[quote=Abruk]Li tudo e no final percebi que ninguém se lembrou que gajos como eu que vivo em Aveiro não temos loja físicas para comprar! [/quote]É possível dizer-se que uma das razões pelas quais ninguém abre uma loja em Aveiro (ou mais uma no Porto) é precisamente porque, mesmo que abrissem, a malta continuava a comprar online porque é mais barato. Como estão a dizer no BGG:

[quote=Mike Z]'m sick of people exploiting the resources of my local store (demoes, game space, kick-ass terrain, late hours, knowledgable staff) and then buying their games online because it is so much cheaper. [/quote]

Fixando preços mínimos, o negócio local fica protegido desta concorrência desleal e poderá motivar quem estiver interessado. Se houver iniciativa, existe potencial para se criarem muitas novas lojas.

Se o retalhista pode, ao mesmo tempo, vender na loja física e online não há qualquer desvantagem na situação. Ele lucra num ou noutro lugar. Pode, inclusivamente, usar os lucros da loja online para melhorar o serviço que presta na loja física. Porquê essa absoluta radicalidade de escolhas?

Quanto a essa ideia de que os "clientes" chulam os retalhistas parece-me uma imagem um bocado negativa dos boardgamers. Queres dizer-me que nós fomos chulos por jogarmos na XXL? A verdade é que eles simplesmente não tinham jogos para vender... Eu já comprei no Mundo Fantasma e nunca lá joguei nada. Será que, neste caso, fui eu o chulado? Quem me pagou a mim para levar todas as semanas pessoas para a loja, que podem até ter lá comprado algo porque estiveram a jogar?

E aqueles que querem comprar os jogos online para jogar em casa com os amigos e nunca "chulam" lojas nenhumas, deverão eles ter que pagar preços mais caros simplesmente porque o produtor, que não é chulado no caso de não existirem peços mínimos, acha que tem o direito de limitar e impor os lucros dos outros?

Se as lojas físicas, de facto, têm algo para "vender" para além dos jogos, cobrem-se disso. Vendam os jogos a preço concorrente com os online (se a diferença não for exagerada as pessoas compram lá) e cobrem os extras... o espaço, o conhecimento, os meios de contacto com mais jogadores, etc.

Esta coisa da Mayfair só beneficia um interveniente, a Mayfair. Todos os outros perdem, principalmente os compradores de jogos. Eu e tu...

O Mike Z fartou-se de levar nas orelhas por causa dessa boca. Ouve muitos que o informaram que as lojas de que dispunham para comprar eram fracas e que o serviço não prestava. Nem todas as lojas físicas são boas... E ele é que diz que a dele é boa. Não é propriamente um observador imparcial.

Além disso, quem o impede de vender também online?

Lembras-te da Devir e da sua forma de promover jogos de tabuleiro... se calhar é porque eles não promoviam nada! O Magic dá que chega. O melhor é comprar as licenças dos jogos de tabuleiro, por-lhes preços exorbitantes e assim diminuir a concorrência à vaca gorda que é o Magic... dá lucro à mesma.

Fixar preços mínimos não vai resolver nada. Certamente não vai fazer abrir mais lojas em Portugal porque, a bem dizer, mesmo assim compensa mais uma loja online. Os custos fixos são sempre menores. Uma loja física tem que competir à custa dos seus serviços extra, não à custa dos preços impostos por outros... os retalhistas não têm qualquer controlo sobre os preços do produtor. Há que não esquecer isto.

Mesmo que o preço seja exactamente igual online e na loja. Online ainda tem vantagens... os jogos vêm ter a nossa casa, sabemos, sem sair do conforto da cadeira, se há stock ou não, a oferta é mais vasta, etc...

Dá ideia que agora os negócios online são o bicho papão... Se virmos bem, o BGG e este site também são uma ameaça às lojas tradicionais. Oferecem o mesmo (estou a ser simpático, na realidade oferecem muito mais) conhecimento dos produtos, à borla! Se calhar devia a Mayfair impedir o BGG de ter lá reviews dos seus jogos, fotos, variantes e clarificações de regras. Se calhar o abreojogo é responsável por não existir uma boa loja de jogos no Porto, ou em Aveiro.

Se calhar a internet é obra dos adoradores do demo que jogam D&D, meus amigoz! Não havia necessidade...

[quote=Mallgur]

Se calhar a internet é obra dos adoradores do demo que jogam D&D, meus amigoz! Não havia necessidade…

[/quote]

E eis que chegámos ao cerne da questão! Esses mafarricoszz…

Smile

[quote=Mallgur]Se o retalhista pode, ao mesmo tempo, vender na loja física e online não há qualquer desvantagem na situação. [/quote]Dizes isso como se ele tivesse algum prazer perverso em manter uma parte do negócio que só lhe dá prejuízo. Independentemente dessas situações, aqui estamos a comparar o modelo tradicional e online, sendo irrelevante se pertencem ou não ao mesmo retalhista.

[quote]...por jogarmos na XXL...já comprei no Mundo Fantasma...[/quote]A nível dos boardgames, nem a Arena nem essas lojas encaixam no modelo que eu chamaria de tradicional, dado que, ou nem sequer tinham o produto, ou não dão qualquer apoio. De facto, precisamos de uma loja tradicional aqui no Porto.

[quote]Se as lojas físicas, de facto, têm algo para "vender" para além dos jogos, cobrem-se disso.[/quote]Com já disse noutro thread, não funciona cobrar aconselhamento/espaço/etc. à parte. Um jogo não é só o produto, é um serviço de entretenimento prestado em conjunto pelas editoras e pelos retalhistas e os preços mínimos reflectem esse valor acrescentado. Além disso, a loja local é também um agente de promoção do jogo e um angariador de clientes para si e para a editora e é por isso que é aqui favorecida em detrimento da loja online.

[quote]Esta coisa da Mayfair só beneficia um interveniente, a Mayfair. Todos os outros perdem, principalmente os compradores de jogos.[/quote]Como já comentei, esta coisa da Mayfair só a vai prejudicar a ela própria a menos que outras editoras façam o mesmo até ao natal. Eu não me sinto a perder, porque não me considero apenas um comprador de jogos, eu sou um cliente e não me chega só o produto.

Eu quero uma loja porreira onde possa jogar a qualquer dia, possa falar sobre estes assuntos, possa ver o que têem lá quando não sei ao certo o que quero comprar e possa ter um ponto de encontro permanente com outros jogadores. Quando compro um jogo, quero um serviço conínuo prestado pela editora e pelo retalhista que assegure que o material que comprei seja muito mais que uma caixa guardada na prateleira.

Além disso, do crescimento e sucesso das lojas tradicionais de jogos depende a própria divulgação deste hobbie para lá da nossa pequena elite. Só com agentes locais é que se poderá criar novos clientes e os jogos poderão ter reconhecimento público.

[quote=MGBM]Eis a minha opinião como economista.

Para começar, a Teoria do Jogo aplica-se neste caso. Estamos perante uma situação interessante, e o que acontecerá é isto:

A Mayfair estabelece limites de desconto. A partir daqui as outras empresas de boardgames têm exactamente duas opções, ou aplicam price fixing também ou não aplicam. A Teoria do Jogo aplica-se nesse momento, se for só a Mayfair a fazer price fixing e mais nenhuma empresa é óbvio que a Mayfair sai bastante prejudicada disto, vai perder lucro e clientes. Mas, e isto é um grande MAS, se as outras empresas decidirem, pelo menos a maioria, fazerem price fixing, então o consumidor final que compre boardgames não terá outra alternativa senão comprar boardgames à mesma, pois usar a técnica do boicote não funciona porque senão ele fica sem comprar quase todos os boardgames que saem no mercado.

Ou seja se as empresas de boardgames criarem um cartel de oligopólio, o consumidor final ou compra os boardgames ao preço que é oferecido ou acaba por não comprar mesmo nada.[/quote]

O "problema" é que, exactamente como se pode aplicar a Teoria dos Jogos para justificar a criação de um cartel, esta pode também ser utilizada para justificar a sua dissolução espontânea. Um cartel que não se sustente por meios coercivos, e ainda mais neste caso que não é de um artigo em particular mas sim de uma classe de produtos, cria nos seus membros, particularmente nos mais fracos, ou nos concorrentes que entrem no mercado num instante posterior à formação do cartel toda a motivação para agirem contra este.

A questão é que um cartel, para funcionar, obriga além da fixação de preços aos seus membros ao estabelecimento das quotas de mercado destes. Ou seja, basta que um dos membros do carte venha a discordar da fixação dessa quota, ou da evolução desta (imaginam que uma editora de pequeno sucesso lança um grande exito de mercado) para ter toda a motivação para romper com o cartel.

[quote=MGBM]Resultado final? Duma maneira ou doutra, o mercado sai a perder, vai haver uma diminuição na procura agregada de boardgames e isso é muito mau.[/quote]

Aí estamos de acordo!

[quote=MGBM]O que irá acontecer às lojas online? Simples, perdem a grande vantagem que tinham, descontos elevados.[/quote]

A questão é se isso lhes fará alguma diferença. As lojas online são essencialmente uma plataforma logística de vendas. Se um determinado sector do mercado deixa de dar, mudam para outro. Aliás, suspeito que a atitude de persistência nesse género de monopólios e de "exclusivos", ou de regras leoninas impostas aos distribuidores é o que faz com que, por exemplo, os RPG não tenham disseminação (em termos de oferta) assinalável nas lojas online generalistas que vendem livros.

[quote=MGBM]Embora isso pareça mau para o consumidor, para um economista é tão mau vender produtos muito baratos num mercado de especialidade como é o nosso. Basicamente o que acontece é, o produto vendido perde valor nominal e passamos a encarar os boardgames como a valerem menos do que realmente valem.[/quote]

Em relação a essa afirmação, desculpa o meter a foice em seara alheia, mas isso não é "Economia". É, quando muito, uma corrente económica (e que para mim é em grande parte uma treta).

O que é o "valor nominal" de um jogo? O que é o seu "valor real"?

O valor, quanto a mim, de um jogom, é o resultado de uma análise subjectiva do comprador da qual preço, "qualidade" e outros factores são tão somente possíveis variáveis que podem estar em cima da mesa. É o encontro dessa vontade da procura com a da oferta que definem o negócio, e não um mero "encontro de preços".

Pressupor que os bens têm um determinado "valor natural" ou "intrínseco" é, mesmo afastando-nos de paradigmas de teoria do valor marxistas, quanto a mim profundamente errado quando ligado à realidade dos factos.

Porque, além disso, há outros factores que o mercado tem em conta: por exemplo, o facto de o mercado naturalmente aumentar em eficiência. Quando a produção de jogos se desloca para centros onde os custos de produção são largamente inferiores aos do passado, quando se verifica que o volume de vendas de um determinado jogo justifica crescentes economias de escala, e contudo o preço final de venda se mantém constante, é natural que o mercado desconfie. Portanto, essa "diminuição do valor forçada" que referes não é mais na generalidade das vezes o ajustar do mercado (nomeadamente das margens) à realidade da produção (produtividade, custos), ao aumento da oferta de jogos e da concorrência entre produtoras.

[quote=Rick Danger]

Com já disse noutro thread, não funciona cobrar aconselhamento/espaço/etc. à parte.[/quote]

Azar, temos pena. O mercado existe para satisfazer as necessidades efectivas e reais dos produtores e dos consumidores, não para sustentar artificialmente modelos de negócio.

[quote=Rick Danger]Um jogo não é só o produto, é um serviço de entretenimento prestado em conjunto pelas editoras e pelos retalhistas e os preços mínimos reflectem esse valor acrescentado.[/quote]

Curiosamente a realidade parece desmentir essa tua afirmação. Se não houvesse um grande (dominante) grupo de pessoas para as quais o jogo é um produto e não um "serviço de entretenimento", se calhar a situação presente não se tinha atingido. E é legitimo estares a impor essa tua perspectiva a quem tem a perspectiva contrária, e ainda mais obrigando-os a sustentar a tua visão do que é um boardgame?

[quote=Rick Danger] Além disso, a loja local é também um agente de promoção do jogo e um angariador de clientes para si e para a editora e é por isso que é aqui favorecida em detrimento da loja online.[/quote]

Se o é, isso é uma vantagem competitiva para os produtores, e não objectivamente para os consumidores. O que dizes não faz sentido: as lojas físicas têm "melhor marketing" para a marca, são agentes de promoção dos jogos, mas aparentemente estas é que têm os problemas? Elas que negoceiem então condições preferenciais com a marca e se façam pagar por esse serviço.

[quote=Rick Danger]Eu quero uma loja porreira onde possa jogar a qualquer dia, possa falar sobre estes assuntos, possa ver o que têem lá quando não sei ao certo o que quero comprar e possa ter um ponto de encontro permanente com outros jogadores. Quando compro um jogo, quero um serviço conínuo prestado pela editora e pelo retalhista que assegure que o material que comprei seja muito mais que uma caixa guardada na prateleira.[/quote]Então tens um bom remédio: tenta convencer possíveis interessados em abrir lojas que existe uma mercado de pessoas como tu e com as tuas necessidades, e quais são as possíveis concessões que estes podem esperar como contrapartidas desse serviço.

A questão é que, aparentemente, não pareces ter muita companhia que consiga criar essa confiança nos investidores (ou estes são desmentidos pela realidade).

Ou seja, está-se a prejudicar todos os outros que pensam de uma maneira diferente sobre a questão (e mesmo uma punição económica efectiva a todos os que nem sequer têm opção entre os tipos de loja), em nome de uma visão de minoria sobre o problema. Isso é justo?

Yeap, concordo. Sem dúvida nenhuma que a Teoria do Jogo pode-se aplicar em ambas as situações, esqueci-me de mencionar isso na mensagem original. Como disseste, basta um dos membros discordar para romper com o cartel.

Quanto a isto só mesmo o tempo dirá. É bem provável que o que disseste seja verdade, eles virarem-se para outra vertente do mercado, ou para outro sector, o que será sempre bom para as lojas tradicionais.

Hmmmm. Sempre fui do género de pessoa que acha que tudo tem um “perceived value”, e que esse perceived value é um valor subjectivo, pois com o mesmo bem varia de pessoa a pessoa. Mas tens razão, é puramente uma corrente económica. Nisto culpo o meu professor de Microeconomia II que ensinou-nos isto quase como se fosse parte da ciência de economia e por causa disso isto ficou tautado na minha mente hehehehe.

Por acaso estamos perante esta situação, muitas empresas de boardgames estão a deslocar os seus centros de produção de boardgames para a China onde os custos totais e marginais são muito menores.

Bem, tou contente que um colega economista, ou pelo menos alguém que têm uma correcta visão económica, esteja a ter uma conversa sobre economia, é o que gosto mais é de falar de economia aplicada a boardgames e RPGs. :smiley:

Sinceramente no entanto, quanto a este ponto, sou a favor das lojas tradicionais mas reconheço o grande problema que é não haver essas lojas em todo o lado, o que obriga os consumidores a recorrerem a lojas online. Mas fora isso, vou ficar neutro nesta questão, não quero fomentar discussões azedas, isso é algo que não quero mesmo.


A samurai once asked Zen Master Hakuin where he would go after he died. Hakuin answered ‘How am I supposed to know?’
‘How do you know? You’re a Zen master!’ exclaimed the samurai.
‘Yes, but not a dead one,’ Hakuin answered.

[quote=MGBM]Quanto a isto só mesmo o tempo dirá. É bem provável que o que disseste seja verdade, eles virarem-se para outra vertente do mercado, ou para outro sector, o que será sempre bom para as lojas tradicionais.[/quote]

Sim, poderá ser bom, conjunturalmente, para as lojas tradicionais (se for sustentável, o que duvido). Mas tenho dúvidas que seja bom para o mercado como um todo, e principalmente para os jogadores e compradores de jogos, o que julgo engloba a grande maioria dos que frequentam fóruns como este e o BGG.

[quote=MGBM]Hmmmm. Sempre fui do género de pessoa que acha que tudo tem um "perceived value", e que esse perceived value é um valor subjectivo, pois com o mesmo bem varia de pessoa a pessoa.[/quote]

Sim, também concordo com essa perspectiva. O que eu pretendia assinalar era o meu discordar com que essa avaliação seja sequer constante no tempo ou generalizável a um grupo ou à totalidade dos indivíduos, e desse modo falar em problemas de "perda de valor".

[quote=MGBM]Mas tens razão, é puramente uma corrente económica. Nisto culpo o meu professor de Microeconomia II que ensinou-nos isto quase como se fosse parte da ciência de economia e por causa disso isto ficou tautado na minha mente hehehehe.[/quote]

Smile

É (acompanhando como faço o ensino da Economia à distância), um problema do "nosso" ensino da mesma: o de vender como soluções universais e dogmas coisas que na generalidade das vezes não passam de correntes económicas.

[quote=MGBM]Por acaso estamos perante esta situação, muitas empresas de boardgames estão a deslocar os seus centros de produção de boardgames para a China onde os custos totais e marginais são muito menores.[/quote]

Sim, eu estava-me a referir exactamente ao que tem sido a evolução mais ou menos recente deste como de outros mercados.

[quote=MGBM]Bem, tou contente que um colega economista, ou pelo menos alguém que têm uma correcta visão económica, esteja a ter uma conversa sobre economia, é o que gosto mais é de falar de economia aplicada a boardgames e RPGs. :D[/quote]

Por aqui é mais engenheiro (o inimigo nº1 do economistaWink), mas atento à Economia e com interesse partilhado em discutir este género de questões!

[quote=MGBM]Sinceramente no entanto, quanto a este ponto, sou a favor das lojas tradicionais mas reconheço o grande problema que é não haver essas lojas em todo o lado, o que obriga os consumidores a recorrerem a lojas online. Mas fora isso, vou ficar neutro nesta questão, não quero fomentar discussões azedas, isso é algo que não quero mesmo.[/quote]

Não tenho preferências, e acho que cada uma tem o seu lugar e satisfaz procuras específicas de grupos específicos. O que já me irrita mais é a perspectiva das "soluções iluminadas" e unilaterais, ou a perspectiva de que se é mais inteligente do que todos os agentes juntos que intervêm num mercado. Acho que a solução mais sábia é a tua, a da neutralidade e do deixar as coisas evoluírem à sua própria maneira. O que não impede necessariamente que também se vote com a carteira, agindo como se acha correcto e na direcção que pessoalmente se acredita ser mais benéfica para o agragado do interesse particular e do que se acha que é o interesse dos que partilham o hobby.

Quanto às discussões "azedas", acho que muitas das vezes é problema do canal e não da mensagem. Pelo menos da minha parte não pretendo de nenhuma forma azedar qualquer discussão, apesar de normalmente ser franco e directo. Admito que, muitas vezes, o meio utilizado para estas "conversas" distorça muito do que cada um dos lados pretende fazer passar.

E agora um momento económico.

Ai é que está, pelo menos do ponto de vista económico, imagina esta situação. As lojas online são obrigadas a establecer descontos menores (Não preços PVP mais altos, pois a Mayfair só cortou nos descontos, não aumentou o PVP dos produtos) logo menos gente compra online, logo menos boardgames vendidos. Mas se o cartel pegar, que não faço a minima ideia se vai pegar ou não, torna-se mais sustentável abrir uma loja tradicional. Logo, começam a abrir mais lojas, o que por consequência atrairá gente às lojas que irão comprar boardgames, e um aspecto que estamos a por de lado, os distribuidores podem acabar por ter margens de lucro mais altas com a criação de tantas lojas tradicionais. O mercado acaba por, de certa maneira, auto-regular-se. A grande questão é, as pessoas que compram nas lojas tradicionais comprarão em quantidade comparável às quantidades compradas nas lojas online, de maneira a que o mercado não tenha uma quebra de produtos escoados através de venda? Não estou a afirmar nada, só estou a formular uma hipótese, que poderá acontecer ou não.

Yeap, há que saber distinguir as coisas logo de inicio, mas também não te esqueças, às vezes as correntes económicas podem-se tornar teorias comprovadas.

Nah, o engenheiro não é o inimigo nº 1 do economista, pelo menos aqui. Acho que não temos inimigos mesmo na minha universidade. :smiley:


A samurai once asked Zen Master Hakuin where he would go after he died. Hakuin answered ‘How am I supposed to know?’
‘How do you know? You’re a Zen master!’ exclaimed the samurai.
‘Yes, but not a dead one,’ Hakuin answered.

[quote=MGBM]Ai é que está, pelo menos do ponto de vista económico, imagina esta situação. As lojas online são obrigadas a establecer descontos menores (Não preços PVP mais altos, pois a Mayfair só cortou nos descontos, não aumentou o PVP dos produtos) logo menos gente compra online, logo menos boardgames vendidos. Mas se o cartel pegar, que não faço a minima ideia se vai pegar ou não, torna-se mais sustentável abrir uma loja tradicional. Logo, começam a abrir mais lojas, o que por consequência atrairá gente às lojas que irão comprar boardgames, e um aspecto que estamos a por de lado, os distribuidores podem acabar por ter margens de lucro mais altas com a criação de tantas lojas tradicionais. O mercado acaba por, de certa maneira, auto-regular-se. A grande questão é, as pessoas que compram nas lojas tradicionais comprarão em quantidade comparável às quantidades compradas nas lojas online, de maneira a que o mercado não tenha uma quebra de produtos escoados através de venda? Não estou a afirmar nada, só estou a formular uma hipótese, que poderá acontecer ou não.[/quote]

A questão de serem descontos ou PVP é, para mim, relativamente irrelevante. O que interessa, acima de tudo, e o que serve de termo de comparação, é o preço final.

Tendo em conta que o modelo de negócio das lojas online é de baixos lucros por venda, vendas massivas e grande rotação de stocks e o das lojas físicas é exactamente o contrário, não me parece que essa transferência seja exequível, acima de tudo por duas razões:

-Estreitando a capacidade de as lojas online terem preços muito mais baixos que a concorrência física, diminui-se a própria sustentabilidade do seu modelo de negócio. Não há "estreitar" de vendas: pura e simplesmente estas deixam de estar interessadas e retiram o time de campo. Não me parece que o resto do mercado, com a sua estratégia de negócio, consiga absorver e cativar a generalidade dos anteriores clientes de lojas online.

- Em última instância (e em termos totais agregados), é inevitável que os preços finais subam, o que conjugado com a diminuição da oferta só vai contribuir para afugentar a procura.

Quanto à questão dos distribuidores, pensa assim: tu preferes comprar num mercado (de bens essencialmente genéricos: não há "fit to order" nem costumização) pejado de distribuidores e pequenos retalhistas, ou num em que há grandes distribuidores (preferencialmente vários) que lidam directamente com os produtores? Mais uma vez e como referia anteriormente, voltamos à questão dos hipermercados...

Mas parece-me que estamos essencialmente de acordo.

[quote=MGBM]
Yeap, há que saber distinguir as coisas logo de inicio, mas também não te esqueças, às vezes as correntes económicas podem-se tornar teorias comprovadas.[/quote]

Bem, essa do "comprovadas" dava pano para mangas! Smile

Não fossem os economistas brindados com o qualificativo de serem os melhores tipos a preverem eventos e sua justificação depois de eles acontecerem... ;)

Pessoalmente acredito que a Economia sobrevive mais de axiomas do que de teorias...

[quote=MGBM]
Nah, o engenheiro não é o inimigo nº 1 do economista, pelo menos aqui. Acho que não temos inimigos mesmo na minha universidade. :D[/quote]

Laughing

Yeap. Seja como for ainda é demasiado cedo para dizer o que vai acontecer. Verdade seja dita, esta situação é, pelo menos para um economista, muito interessante.

Vá, não sejamos mauzinhos. :smiley: Pessoalmente economia, sendo uma ciência social, está sujeita aos problemas que as ciências sociais sofrem, ou seja, não temos um laboratório onde conduzir experiências para ver o resultado delas. O nosso laboratório é a sociedade, os mercados e toneladas de estatisticas. Como tal, é dificil para um economista elaborar uma teoria que seja facilmente comprovada. Mas economia é uma ciência apesar de tudo, e comporta-se como tal. :smiley:

Bem, e agora acho que é melhor dar-me por concluido já que tou a fazer um thread derailing massiço. :stuck_out_tongue:


A samurai once asked Zen Master Hakuin where he would go after he died. Hakuin answered ‘How am I supposed to know?’
‘How do you know? You’re a Zen master!’ exclaimed the samurai.
‘Yes, but not a dead one,’ Hakuin answered.

[quote=JLP]Se não houvesse um grande (dominante) grupo de pessoas para as quais o jogo é um produto e não um "serviço de entretenimento", se calhar a situação presente não se tinha atingido. E é legitimo estares a impor essa tua perspectiva a quem tem a perspectiva contrária, e ainda mais obrigando-os a sustentar a tua visão do que é um boardgame?[/quote]Não tenho dúvidas que, no reino das boas intenções, todos os intervenientes concordam que um jogo deve ser um serviço prestado ao cliente. Acontece que, na prática, os editores dificilmente serão capazes de publicar, distribuir e prestar esse serviço em todo o mundo. A internet pode lhes permitir um contacto directo com os seus clientes, mas não é substituto para o que se consegue fazer através de uma loja local. Assim sendo, todos os editores tentam apoiar - ou dizem que apoiam - os seus retalhistas, pois são eles que asseguram a sustentabilidade das suas vendas no longo prazo.

Fixar preços mínimos (não confundir com declarar um aumento de preços) é apenas uma das maneiras de concretizar esse apoio, mas é uma opção válida e legítima. Numa economia de mercado, dificilmente se pode falar em impõr perspectivas. A editora fixa as suas condições e só compra quem quer. Mesmo no caso de várias delas fazerem o mesmo, eu não chamaria a isso cartelização, pois estão muito longe de acertarem os preços entre elas. Cada uma continua a pedir os valores que quiser - e a concorrência continua a existir - apenas se determina uma margem de desconto aceitável de forma a proteger a viabilidade de um serviço que é prestado ao cliente.

[quote=JLP]Em última instância (e em termos totais agregados), é inevitável que os preços finais subam, o que conjugado com a diminuição da oferta só vai contribuir para afugentar a procura.[/quote]No curto/médio prazo, isso é inevitável, mas concerteza que a Mayfair está a contar que (e de acordo com o que o MGBM já explicou):

  • outras empresas tomem a mesma opção, até por pressão dos retalhistas;
  • novas lojas tradicionais sejam abertas, assim que deixarem de ser esmagadas pelos descontos online.

Como as lojas tradicionais fazem muito mais pela promoção dos jogos do que as lojas online, no longo prazo, um maior número delas (finalmente fora da sua cíclica falência) vai potenciar a criação de novos clientes e um aumento natural nas vendas.

Por outro lado, certamente outras editoras estão a considerar a opção igualmente válida para os seus interesses de manterem boas relações comerciais com as lojas online como forma de escoarem os seus produtos (deixam de pensar nos seus jogos como serviços) e garantirem liquidez no curto/médio prazo. Essa é uma opção especialmente atraente para as más editoras, aquelas que os retalhistas lhes dizem "os vossos jogos são uma bosta" :) Para elas, nada melhor do que se cagarem para os clientes finais, despejar o stock que têem nas lojas online e, a longo prazo, fechar o tasco.

[quote=Rick Danger]Dizes isso como se ele tivesse algum prazer perverso em manter uma parte do negócio que só lhe dá prejuízo. Independentemente dessas situações, aqui estamos a comparar o modelo tradicional e online, sendo irrelevante se pertencem ou não ao mesmo retalhista.[/quote]

Não... O que estamos aqui a fazer é discutir se esta política de fixação de preços da Mayfair beneficia, de facto, o retalhista tradicional.

Já vários aqui expuseram que não é uma medida que seja vital para isso. Além do mais, parece-me evidente que a Mayfair não é obrigada a praticar os mesmos descontos para todos os seus cliente e poderia perfeitamente vender mais caro às lojas online. Podia, se fosse do seu interesse defender os lojistas tradicionais, simplesmente impor este preço mínimo exclusivamente aos retalhistas online. Mas não o faz... Porquê?

Porque o interesse da Mayfair é defender o seu controle sobre todas as fases de distribuição dos jogos, sem se dar ao trabalho de fazer por si própria essa distribuição.

[quote]A nível dos boardgames, nem a Arena nem essas lojas encaixam no modelo que eu chamaria de tradicional, dado que, ou nem sequer tinham o produto, ou não dão qualquer apoio. De facto, precisamos de uma loja tradicional aqui no Porto.[/quote]

Ou seja, esta política vai-nos fazer pagar mais caro os jogos. Portanto nem nos podemos substituir a essa inexistente loja com o apoio do BGG e das lojas online. Não vejo em que medida isso te beneficie.

[quote]Com já disse noutro thread, não funciona cobrar aconselhamento/espaço/etc. à parte. Um jogo não é só o produto, é um serviço de entretenimento prestado em conjunto pelas editoras e pelos retalhistas e os preços mínimos reflectem esse valor acrescentado. Além disso, a loja local é também um agente de promoção do jogo e um angariador de clientes para si e para a editora e é por isso que é aqui favorecida em detrimento da loja online.[/quote]

Não. As condições para as lojas tradicionais e para as lojas online são exactamente as mesmas segundo esta proposta da Mayfair.

Quanto a isso de ser um serviço completo etc... a minha experiência é que não há qualquer garantia que as lojas tradicionais prestem esse serviço. Além disso, todas as lojas com quem negociei online prestaram um serviço excelente, tendo inclusivamente apoiado os meus contactos com editoras acerca de produtos defeituosos.

[quote]Como já comentei, esta coisa da Mayfair só a vai prejudicar a ela própria a menos que outras editoras façam o mesmo até ao natal. Eu não me sinto a perder, porque não me considero apenas um comprador de jogos, eu sou um cliente e não me chega só o produto.[/quote]

Como podes dizer isso se não tens quem te trate como um cliente? Até agora ou compras num sítio diferente de mim e que eu não conheço ou então tem que te chegar o produto.

[quote]Eu quero uma loja porreira onde possa jogar a qualquer dia, possa falar sobre estes assuntos, possa ver o que têem lá quando não sei ao certo o que quero comprar e possa ter um ponto de encontro permanente com outros jogadores. Quando compro um jogo, quero um serviço conínuo prestado pela editora e pelo retalhista que assegure que o material que comprei seja muito mais que uma caixa guardada na prateleira.[/quote]

Eu também. Por isso se a Mayfair, de facto, promover as lojas tradicionais terá o meu apoio, mas não é isso que eles estão a fazer. Estão apenas a controlar o mercado de uma forma artificial com a consequência de que os seus jogos, se me interessassem passariam a ser mais caros sem qualquer benefício adicional para mim.

[quote]Além disso, do crescimento e sucesso das lojas tradicionais de jogos depende a própria divulgação deste hobbie para lá da nossa pequena elite. Só com agentes locais é que se poderá criar novos clientes e os jogos poderão ter reconhecimento público.[/quote]

Pois. Por isso é que faço o esforço que faço na promoção. Será que a Mayfair me mandaria umas cópias à borla para demonstrações? Duvido...

[quote=Rick Danger]Não tenho dúvidas que, no reino das boas intenções, todos os intervenientes concordam que um jogo deve ser um serviço prestado ao cliente. Acontece que, na prática, os editores dificilmente serão capazes de publicar, distribuir e prestar esse serviço em todo o mundo. A internet pode lhes permitir um contacto directo com os seus clientes, mas não é substituto para o que se consegue fazer através de uma loja local.[/quote]

A Days of Wonder consegue. Mais... a Days of Wonder vende os seu jogos directamente aos clientes finais a preços competitivos com os das lojas online.

[quote]Assim sendo, todos os editores tentam apoiar - ou dizem que apoiam - os seus retalhistas, pois são eles que asseguram a sustentabilidade das suas vendas no longo prazo.

Fixar preços mínimos (não confundir com declarar um aumento de preços)[/quote]

A consequência é a mesma. Se os retalhistas vêm os seus descontos diminuidos e são obrigados a diminuir os descontos aos clientes finais o preço dos jogos, efectivamente aumenta para o cliente final...

[quote]é apenas uma das maneiras de concretizar esse apoio, mas é uma opção válida e legítima. Numa economia de mercado, dificilmente se pode falar em impõr perspectivas. A editora fixa as suas condições e só compra quem quer. Mesmo no caso de várias delas fazerem o mesmo, eu não chamaria a isso cartelização, pois estão muito longe de acertarem os preços entre elas. Cada uma continua a pedir os valores que quiser - e a concorrência continua a existir - apenas se determina uma margem de desconto aceitável de forma a proteger a viabilidade de um serviço que é prestado ao cliente.[/quote]

Quanto à validade, discordo. Na minha opinião esta medida, a generalizar-se, vai retrair as vendas. Isso não é bom para o hobby.

Eu acho muito bem que a editora imponha as suas condições de venda a cada um dos seus clientes. Não acho bem que imponha as condições de venda que estes possam querer praticar por sua vez.

E repara que não há qualquer imposição de prestação de serviço ao cliente. Se a Toys 'r' Us quisesse vender os produtos da Mayfair achas que eles se importavam que os clientes finais sejam tratados como galinhas? Esfregavam era as mãos de contentes.

[quote=Rick Danger]No curto/médio prazo, isso é inevitável, mas concerteza que a Mayfair está a contar que (e de acordo com o que o MGBM já explicou):

  • outras empresas tomem a mesma opção, até por pressão dos retalhistas;
  • novas lojas tradicionais sejam abertas, assim que deixarem de ser esmagadas pelos descontos online.

[/quote]

Acho que estás a ser ingénuo. Mas assumindo que de facto a Mayfair está cheia de boas intenções, chama-se a esta esperança que dizes eles terem aqui, contar com o ovo no cu da galinha…

[quote]Como as lojas tradicionais fazem muito mais pela promoção dos jogos do que as lojas online[/quote]

Isto carece, fortemente, de confirmação…

[quote], no longo prazo, um maior número delas (finalmente fora da sua cíclica falência) vai potenciar a criação de novos clientes e um aumento natural nas vendas.[/quote]

Mais uma vez… o ovo etecetera e tal…

[quote]Por outro lado, certamente outras editoras estão a considerar a opção igualmente válida para os seus interesses de manterem boas relações comerciais com as lojas online como forma de escoarem os seus produtos (deixam de pensar nos seus jogos como serviços) e garantirem liquidez no curto/médio prazo. Essa é uma opção especialmente atraente para as más editoras, aquelas que os retalhistas lhes dizem "os vossos jogos são uma bosta" :slight_smile: Para elas, nada melhor do que se cagarem para os clientes finais, despejar o stock que têem nas lojas online e, a longo prazo, fechar o tasco.[/quote]

Estás a falar da Rio Grande, da Days of Wonder, da Kosmos, da Pegasus, da Hans Im Gluck, da Asmodee, da GMT, da Queen Games, da Alea, etc… certo?

Por exemplo, os serviços «de valor acrescentado» não são monopólio da loja física, bem pelo contrário. A internet permite prestar imensos serviços destes, seja nos sítios do produtor, seja em sítios de fans... como o Abre o Jogo. Ora o retalhista online está bem melhor preparado para facilitar o acesso do consumidor a estes serviços do que a loja puramente física.

Em segundo lugar a afirmação de que «O distribuidor compra ao produtor um número de unidades ao preço por este determinado» é normalmente incorrecta. Normalmente o poder negocial está na mão do distribuidor mais do que na do produtor. Na maior parte dos casos a afirmação correcta é a de que «o produtor vende ao distribuidor um número de unidades ao preço por este determinado». Há aqui um jogo de poder que num sistema comercial clássico tende a beneficiar o distribuidor, sobretudo no caso de produtores de pequena dimensão.

Em terceiro lugar o jogo pode ser alterado pela eliminação de jogadores intermédios. Por exemplo, as grandes superfícies e megalojas como a FNAC ou a Amazon eliminam os retalhistas (em alguns casos). A colocação online pelos produtores dos seus produtos nos retalhistas elimina os distribuidores. A venda directa (como a GW faz em alguns mercados) elimina distribuidores e retalhistas.

Isto tudo significa que é incorrecto afirmar-se à partida que o consumidor é prejudicado pela fixação de preços e margens pelo produtor. Isso depende do mercado concreto e da forma como se distribuir o poder entre este e os jogadores intermédios... e como estes exercem o poder que têm. Há situações em que o comportamento de distribuidores e retalhistas pode ser claramente prejudicial ao produtor e ao consumidor. Nesse caso a fixação de preços e margens pelo produtor acaba por beneficiar o consumidor. Se funcionar, o que nunca é garantido.

A verdade é que num mercado ideal não há intermediários, a transacção ocorre directamente entre produtor e consumidor. Os intermediários são um mal necessário. Ora a internet veio reduzir grandemente a necessidade destes.

O que me leva de volta ao serviço, a grande bandeira dos retalhistas físicos. O que impressiona é que eles só se lembraram de que podem prestar serviços quando sofreram a pressão de um mercado que os permite curtocircuitar. De repente descobriram que vender livros (ou jogos) pode ser acompanhado de simpatia, informação, espaços convidativos.

Do meu ponto de vista há imenso que as lojas físicas podem fazer para sobreviver... excepto concorrerem com as lojas online. Até porque estas também vão mudar o seu perfil com o tempo. E centrar a questão no preço é o pior que pode ser feito.

Em bom rigor o problema com mercados como o do livro e o do jogo é que funciona com base num paradigma errado, o de preço de capa menos desconto. Este paradigma é completamente errado do meu ponto de vista. Se o mercado funcionasse de forma correcta seria precisamente ao contrário: o produtor fixava o sem preço; os jogadores posteriores acrescentavam a este as suas margens. Isto é muito melhor e transparente para o consumidor. Ele fica a saber o que custa o produto no produtor e o que lhe é acrescentado a partir daí. Isto força os distribuidores e retalhistas a justificarem-se, e isso é bom para o consumidor. Não creio, porém, que isto venha alguma vez a ser implementado.

Claro.

A ideia era só transmitir que o que estará correcto é o que mencionas no teu último parágrafo. Que a cadeia de jogadores deve evoluir passo a passo e não ser pré-determinada por um dos jogadores como acontece com os preços fixos nos livros, por exemplo.

 

Já não se pode trabalhar 3 dias sem parar e depois chega-se aqui e tem-se 10 páginas pra se ler!!! LOL

Há um pequeno pormenor que parece que o pessoal se esquece: os hobbistas de boardgames (como nós) somos uma minoria muito pequena de quem compra um jogo!!! Sem dúvida que criamos as tendências, votamos, damos opiniões, fazemos reviews, etc. Mas seja aqui ou no BGG, toda esta comunidade é a ponta do iceberg dos consumidores de boardgames/wargames/RPG’s/etc. Quem dá dinheiro são os outros que passam e compram porque ouviram falar, porque está à vista etc. Nós procuramos a melhor relação qualidade/preço, e reviramos tudo para a encontrar. A questão de ir a um espaço fisico fornecido por uma loja e nem um par de dados lá comprar semana após semana é sintomático da maioria de nós. Uma das questões que esta medida vai atingir vai ser aquele tipo de lojas on-line criada por dois caramelos que querem comprar jogos para a sua colecção e que assim criam uma estrutura comercial para satisfazerem o seu vicio sem se importarem com os efeitos que isso tem no mercado, básicamente lixando os outros.

Acho que em toda esta questão a Mayfair foi idiota em ter feito o anuncio como o fez, bastava fazer um pequeno contrato com os distribuidores com qq coisa como isto: Vendo-lhe ao preço X e só pode vender a quem fizer contrato de revenda a um preço Y minimo (Y>X). E pronto estava resolvido e colocava a coisa a funkar sem levantar ondas. Acho que precisam de trocar o PR deles.

Boicotar??? LOL. Ou se gosta ou não se gosta de um jogo. Quem daqui não andou à cata pela eBay daquela edição xpto de um jogo pelo preço triplicado? Para mim não faz muito sentido a idéia do: nem mais um soldado… epah esta era na outra estação de rádio!!!

Manuel Pombeiro
a.k.a.Firepigeon
LUDO ERGO SUM