Mayfair estabelece limites nos descontos dos vendedores

[quote=Firepigeon]Já não se pode trabalhar 3 dias sem parar e depois chega-se aqui e tem-se 10 páginas pra se ler!!! LOL[/quote]

Laughing

[quote=Firepigeon]Há um pequeno pormenor que parece que o pessoal se esquece: os hobbistas de boardgames (como nós) somos uma minoria muito pequena de quem compra um jogo!!![/quote]

Será? É que, fora o Settlers, não estou a ver títulos da Mayfair que tenham sequer conseguido atingir com esse sucesso relativo (quando comparado com os gamers) o público em geral. E mesmo assim, terá sido mais por atirarem a uma cadeia de lojas muito mais alargada (como tabacarias, grandes superfícies) do que por mérito das lojas de B&M.

Quando dizes que os gamers de boardgames são uma minoria, pergunto-me se o público em geral consegue compensar a enorme diversidade de títulos comprados pelos primeiros e, principalmente, se compram com a periodicidade brutal com que estes o fazem. É que, esse tal "público geral", que compra por conselho e por hearsay terá quando muito 1, dois (percamos a cabeça!) três jogos de tabuleiro, que provavelmente incluirão o Risco e o Monopólio comprado no Continente. Não vejo, ainda mais em Portugal mas mesmo nos U.S., que exista mercado para sustentar a indústria fora dos gamers, a menos de um ou dois títulos que conseguem atingir o mainstream.

[quote=Firepigeon]A questão de ir a um espaço fisico fornecido por uma loja e nem um par de dados lá comprar semana após semana é sintomático da maioria de nós.[/quote]

A questão é que essas lojas também se esquecem muitas vezes dos benefício que essas pessoas, os "regulares", lhes trazem. Quantas pessoas atraiem e colocam nos braços da loja (quando em alternativa nunca sequer saberiam da sua existência), a maioria das vezes com o seu material que não consta sequer das prateleiras e que acaba por criar uma oferta do nada no que toca ao esforço da própria loja em ter uma oferta que cative. Que não se importam de demonstrar ou falar sobre um jogo que muitas vezes o responsável da loja nunga jogou na vida.

[quote=Firepigeon]Uma das questões que esta medida vai atingir vai ser aquele tipo de lojas on-line criada por dois caramelos que querem comprar jogos para a sua colecção e que assim criam uma estrutura comercial para satisfazerem o seu vicio sem se importarem com os efeitos que isso tem no mercado, básicamente lixando os outros.[/quote]

Quais outros? Os que andavam a "mamar" margens que nem dois gamers acabados de chegar ao mercado e que partiram naturalmente sem os conhecimentos e sem a escala desses têm problemas em bater? E mesmo assim conseguem ter mais sucesso comercial e ainda sustentar o hobby?

Quanto ao "efeito no mercado", os mercados têm uma característica fascinante de, fora regras coercivas introduzidas por terceiros, se ajustarem perfeitamente à vontade dos seus interlocutores. Conheces algum consumidor que se queixe per se do mercado das lojas online? E alguma loja online? Naturalmente, não é difícil descobrir vendedores que gostassem de vender mais caro ou compradores que quisessem vender mais barato. O problema é a realidade.

[quote=Firepigeon]Acho que em toda esta questão a Mayfair foi idiota em ter feito o anuncio como o fez, bastava fazer um pequeno contrato com os distribuidores com qq coisa como isto: Vendo-lhe ao preço X e só pode vender a quem fizer contrato de revenda a um preço Y minimo (Y>X). E pronto estava resolvido e colocava a coisa a funkar sem levantar ondas. Acho que precisam de trocar o PR deles.[/quote]

O problema é que essas questões são como o segredo de justiça: têm uma enorme tendência a vir a público. Pessoalmente, acho que a estratégia da Mayfair foi tão somente de minimizar os prejuízos pela "franqueza". Até porque as lojas online que querem afrontar seriam os primeiros a meter a "boca no trombone".

[quote=Firepigeon]Boicotar??? LOL. Ou se gosta ou não se gosta de um jogo.[/quote]

Tudo bem. Mas, uma vez que não defendo, filosoficamente, que seja impostas medidas reguladoras do mercado, "voto" como posso. Até porque não gosto, como consumidor, de ser tratado como o "mau da fita", nem simpatizo com empresas que perdem mais tempo a tentar agradar à sua própria estrutura comercial do que em fazer bons jogos e a tentar agradar e cativar o seu cliente final que (mas ainda sou dos antigos Wink) devia ser quanto a mim o seu alvo prioritário.

Tenho dificuldades em entender como é que é possivel a Mayfair achar que tem "o plano" para controlar o mercado. Talvez o JLP ou o Mallgur me possam explicar o ponto de vista tão maquiavélico desta editora.

Eu imagino uma conversa simples entre a Mayfair e uma distribuidora.
Distribuidora: "Então, ficamos combinados. 500 unidades no fim do mês."
Mayfair: "Sim, já agora, nós queremos fixar um limite aos descontos praticados."
Distribuidora: "Ai é? Então para já ficam só 100 unidades este mês e depois conversamos."
Mayfair: "Pois, já contávamos."

Parece-me evidente que esta editora está disposta a se queimar para proteger aquilo que considera ser o "perceived value" dos seus produtos e, imagino eu, apoiar as lojas locais. Leva com um boicote por, no curto prazo, aceitar fazer menos dinheiro? :)

Rick,
[quote=Rick Danger] Parece-me evidente que esta editora está disposta a se queimar para proteger aquilo que considera ser o "perceived value" dos seus produtos e, imagino eu, apoiar as lojas locais. Leva com um boicote por, no curto prazo, aceitar fazer menos dinheiro? :)[/quote]

Não achas que estás a substituir a nossa perspectiva "maquiavélica" por uma perspectiva ingénua? Ou se calhar a Mayfair é uma instituição de solidariedade social e não sabíamos... Wink

Se eu quisesse ser verdadeiramente maquiavélico diria que, se calhar, o problema é qua a Mayfair anda a vender os jogos aos vendedores online a um preço inferior ao que vende aos seus revendedores e aos seus distribuidores B&M...

[quote=JLP]o problema é qua a Mayfair anda a vender os jogos aos vendedores online a um preço inferior ao que vende aos seus revendedores e aos seus distribuidores [/quote]A Mayfair anda a vender retalhista a retalhista? Que eu saiba, vende a um distribuidora que depois leva o produto quer a lojas online, quer ás tradicionais. A limitação aos descontos aplica-se a todas.

A Fantasy Flight Games anunciou isto:

[quote]FFG is about to launch our newest pre-order promotion, for the Kingdom Hearts TCG, expected to launch in mid-November 2007! If you’d like to be involved (and who wouldn’t?), please sign up here. After confirmation, your store will be added to the list of participating retailers, driving customers to your store to purchase this hot new game!

This and all FFG promotions are restricted to brick-and-mortar game stores and the FFG Online Store as part of our commitment to assist the backbone of the hobby game industry — the Friendly Local Game Store![/quote]

No que é que isto difere da Mayfair? É simples, os tipos das Relações Públicas da FFG são muito melhores!! Em vez de dispararem no pé a dizerem que isto e que aquilo, e tatata e badabum, limitam-se a dizer que a promoção em causa exclui as lojas online!!! LOL!!

Manuel Pombeiro
a.k.a.Firepigeon
LUDO ERGO SUM

A FFG tem a sua própria loja online, o que quer dizer que ela pratica nesta os preços que bem entende, ou seja, a sua decisão não é propriamente a de deixar funcionar o mercado ao nível da comercialização, antes controla-o no que respeita ao comércio via internet. O que vem a redundar numa situação que não é assim tão diferente da criada na Mayfair. Isto tudo numa análise muito superficial da minha parte, como é evidente.

Só para meter o bedelho, porque não posso mesmo resistir: é engraçado ver como a moralidade é chamada quando se mete a mão no bolso dos jogadores.

Infelizmente, como RPer que teve sempre que pagar o preço total pelos jogos (porque RPGs aqui é preço de capa e viva o velho, deem-se por contentes que não fazemos o dolar a 1.20 como no mundo Fantasma) tenho muito pouca pena do Mallgur e do João Luis (que é um tipo bestial, diga-se já).

Eu, na minha ignorante opinião do que toca a boardgames, acharia que se a Mayfair mete um jogo à venda por 100 euros e uma loja online por 50, e de repente, pela lei, a loja online só pode fazer a 95, seria mais simples os jogadores decidirem se o jogo vale 95. Se sim, compram, se não, gasta-se o dinheiro noutra coisa – para quê fazer boicote? Além do mais porque fico com a impressão que se a Mayfar dissesse “Precisamos de mais dinheiro, as vendas andam em baixo, por isso vamos aumentar o valor dos jogos em 40%” vcs gritavam, resmungavam, mas não faziam boicote…


“HOUSE FLAMBEAU - where you teach your apprentices by pissing them off until their will to set you on fire overcomes the stactic paradigm”

“I still miss my ex-wife, but my aim is improving!”

Pois Rick;

Nunca assitiste a uma reunião dentro de uma editora em que se analisa a forma de lidar com os distribuidores/retalhistas.

A questão resume-se aos direitos de cópia. Se uma editora sabe que tem um produto que é um sucesso garantido faz os preços que quer e obriga aos descontos que entende. Os lojistas precisam de vender o que está na moda e nos tops. Os tops eles controlam, basta um cartaz na loja, mas o que está editado está nas mãos dos produtores e estes só vendem e colocam nas lojas que querem. Se não há poder negocial do retalhista, leva com todos os monos que a editora lhe puder despejar em cima.

Em nenhuma editora há preocupação em proteger os pequenos livreiros. O que interessa é facturar. Bem vindo ao mundo dos negócios. Não há penas ou morais ou justiça. Há números.

Em Portugal, no mercado livreiro onde existe este absurdo do preço de capa e uma figura estapafúrdia de comércio chamada consignação, é aí que se discute. O que é posto à consignação e com que desconto.

As editoras controlam este negócio. Os retalhistas têm tanto poder negocial quanto a sua dimensão. A Fnac ou o Continente (que podem negociar fora das consignações porque têm muito capital) podem reclamar melhores descontos e condições. Os pequenos lojistas não.

Com os jogos, se o mercado crescer, o que não me parece seja o caso se esta política se alargar, vai-se passar o mesmo. As Toys 'r' Us e os Continentes vão ser os que obtêm melhores condições e os pequenos retalhistas vão sofrer ainda mais. E não me parece que possas esperar aquele serviço de entretenimento com que sonhas em algum dos grandes vendedores...

Mais uma vez pergunto, se a Mayfair quer proteger as lojas locais porque não aplica uma política diferenciada a estes?

E explica-me lá como é que a Mayfair faz menos dinheiro nesta situação, excepto pelos boicotes?

Neste caso há várias diferenças...

Primeiro; É uma situação aplicada a um só jogo e não à generalidade do catálogo, como no caso da Mayfair.

Segundo; É uma promoção de lançamento específica e não uma regra a aplicar a toda a vida do produto.

Terceiro; Faz, efectivamente, uma distinção entre as lojas fisicas e as lojas online. Coisa que não se passa na Mayfair.

Quarto; É uma excelente manobra publicitária. Coloca a FFG num patamar diferente em termos de imagem. Aqui aparenta existir um verdadeiro apoio às lojas físicas, coisa que no caso da Mayfair exige muito "wishful thinking". Daqui por umas semanas a política volta a ser igual para todas as lojas. Provavelmente incluindo também os limites de descontos para ajudar ao controle do mercado. Mas nessa altura o impacto desta medida já terá passado... Excelente "damage control", de facto. Mas não são boas notícias, mesmo que o material da FFG não me interesse muito.

[quote=LadyEntropy]Só para meter o bedelho, porque não posso mesmo resistir: é engraçado ver como a moralidade é chamada quando se mete a mão no bolso dos jogadores.

Infelizmente, como RPer que teve sempre que pagar o preço total pelos jogos (porque RPGs aqui é preço de capa e viva o velho, deem-se por contentes que não fazemos o dolar a 1.20 como no mundo Fantasma) tenho muito pouca pena do Mallgur e do João Luis (que é um tipo bestial, diga-se já).[/quote]

Obrigado pela distinção. Também não gosto muito que tenham pena de mim... E nem há razão neste caso.

Daquilo que se deve ter pena é do hobby e da sua possibilidade de divulgação, conforme já expliquei anteriormente.

Suponho que estejas de acordo com esta ideia e, nesse caso, não percebo o "infelizmente" da frase...

[quote]Eu, na minha ignorante opinião do que toca a boardgames, acharia que se a Mayfair mete um jogo à venda por 100 euros e uma loja online por 50, e de repente, pela lei, a loja online só pode fazer a 95, seria mais simples os jogadores decidirem se o jogo vale 95. Se sim, compram, se não, gasta-se o dinheiro noutra coisa -- para quê fazer boicote? Além do mais porque fico com a impressão que se a Mayfar dissesse "Precisamos de mais dinheiro, as vendas andam em baixo, por isso vamos aumentar o valor dos jogos em 40%" vcs gritavam, resmungavam, mas não faziam boicote....[/quote]

Não seria um boicote declarado, mas o efeito seria o mesmo... não comprava. Mas ao menos admirava a honestidade na declaração, ao invés desta ladainha de "somos muito bonzinhos e coisa e tal, mas paguem mas é o que nós queremos.". Ainda por cima mal feita... como demonstrou o Pombeiro.