Será que o crescimento do negócio de jogos de tabuleiro provém do investimento em jogos cooperativos, atenta a natureza humana social? E em que medida o mercado dos jogos virtuais ajudou a esse impulso? Quais os modelos de negócio que melhor apoiam a socialização lúdica, a divulgação e venda de jogos de tabuleiro? Serão os boardgame cafe o investimento certo para ajudar o negócio de vendas de jogos? Por último, com grande relevo, qual a importância do crescente número de mulheres, enquanto jogadoras de jogos de tabuleiro?
Vale a pena ler este artigo, publicado pelo Guardian, onde são refletidas estas questões, embora em tom ligeiro, à volta do modelo de negócio de boardgame cafe.
Por isso, parem de procurar pokemons e de chocar ovos, e leiam!
https://www.theguardian.com/technology/2016/sep/25/board-games-back-tabletop-gaming-boom-pandemic-flash-point?utm_term=Autofeed&CMP=fb_a-technology_b-gdntech#link_time=1474787308
Por acaso, a cada dia que passa, me pergunto se não será interessante arriscar num boardgame café por cá.
Excelente artigo!
De facto, acho que faz falta algo do género por cá.
Tenho pensado (de forma pouco convicta confesso) num negócio desses. O grande problema é o investimento ser considerado, por certo, de alto risco.
Além da necessidade de um espaço considerável e central e da disponibilização de inúmeros titulos (alguns em duplicado), o modelo para que este negócio fosse economicamente viável acho que passaria por uma dualidade de oferta: serviço de restauração (leve, tipo sanduíches) com um horário extremamente alargado combinado com a disponibilização de jogos de tabuleiro (aqui o problema será as regras, ou seja, a explicação das mesmas).
Espero que alguém empreendedor arrisque. E espero que seja bem sucedido.
Ainda não tive tempo de ler o artigo mas a ver se hoje faço isso.
Já me debrucei algum tempo sobre a ideia de criar um boardgame cafe.
Não me parece que tenha viabilidade económica em Portugal.
A única maneira de isto ocorrer seria com os jogos de tabuleiro a serem também uma fonte de rendimento, com uma taxa paga por estar a jogar (seja por tempo, por jogo, consumos obrigatorios). E não me parece que isto aconteça em Portugal, as pessoas teriam de perceber que estar no boardgame cafe seria como ir ao cinema…
Em relação ao bar os jogos entram em conflito com as formas de rendimento do bar:
1- Em princípio consomes mais num bar se não estiveres a fazer nada do que se estiveres ocupado a fazer qualquer coisa (neste caso a jogar)
2- Há uma muito menor rotação de mesas (se estas horas a jogar não libertas a mesa)
Para não falar de jogos que vais estragar com bebidas e comidas. Os funcionários que tens de ter para as explicações.
Provavelmente teriam de ser vários sócios e penso que início não seria para ter lucro, seria mais para tentar estabelecer o espaço. Depois os funcionários, eventualmente em último caso, seriam os sócios, dependendo da disponibilidade, não sei.
Ter viabilidade ou não, é algo que não se consegue ter muito bem a certeza no contexto actual. A verdade é que se vê cada vez mais gente a aderir a este mundo, por outro lado até que ponto iriam aparecer e consumir, é outra questão diferente. Julgo que não sendo um valor muito alto de "consumo mínimo", não me parece que fosse algo que afastasse gente. E havia também a hipótese de ter associados, por exemplo…
Teria de ser estudado o local certo e o investimento inicial, sendo que há também a considerar os apoios europeus para negócios na área cultural. Não sei até se tendo uma associação por trás tb não ajudaria.
Ainda ontem assisti a uma sessão sobre Europa Criativa, programa europeu para apoiar projectos culturais. Neste caso particular teria de ser um projecto que teria obrigatoriamente de ter parceiros de diferentes países, no mínimo 3 parceiros, mas seria algo que poderia ir até 60/80% até 4 anos, e valores até 300mil euros, ou mais, dependendo do projecto… Com certeza que deve haver outros programas.
Lá está, é tudo uma questão de estudar o risco com mais detalhe.
Obrigado por partilhares o artigo!
[quote=Yes Master]Será que o crescimento do negócio de jogos de tabuleiro provém do investimento em jogos cooperativos, atenta a natureza humana social? [/quote]
Não me parece. Ou pelo menos, não especificamente por causa dos jogos cooperativos, mas antes por causa da explosão de diversidade (e quantidade) de jogos disponíveis no mercado - no qual, claro, se incluem os jogos cooperativos. Hoje temos um círculo virtuoso, em que o crescimento de pessoas a jogar permite arriscar em jogos mais diversos, o que por sua vez atrai mais gente.
A origem deste círculo é uma longa discussão. Mas uma coisa me parece certa: a Internet foi fundamental nesse crescimento. Por um lado, porque permitiu um acesso infinitamente mais fácil a informação sobre jogos e chegar as pessoas que os jogam. Em meados dos anos 90, era quase impossível conseguir informação sobre jogos recentes e muito difícil encontrar outras pessoas para jogar, a não ser que se pertencesse a um círculo minúsculo de iniciados. Hoje, há uma miríade de sites, blogues e podcasts que discutem ao milímetro milhares de jogos, tudo acessível apenas com um clique. E sites como o abreojogo, onde é possível encontrar oponentes para qualquer jogo.
Por outro lado, porque o comércio eletrónico facilitou enormemente a aquisição de jogos. Em meados dos anos 90, era uma aventura conseguir um jogo recente. Ou se conhecia e se tinha acesso a uma das poucas lojas especializadas, que tinha sempre uma coleção limitada ou então boa sorte! Hoje, consegue-se ter praticamente qualquer jogo que se queira entregue em casa em apenas 48 horas. É uma diferença gigantesca.
[quote=Yes Master]E em que medida o mercado dos jogos virtuais ajudou a esse impulso?[/quote]
Acho que houve duas fases a esse respeito.
Numa primeira fase, no início dos anos 90, os videojogos quase mataram os jogos de tabuleiro. Em Portugal, as principais editoras (Karto, Majora, etc.) desapareceram e deixou de haver traduções de jogos recentes ou lançamento de jogos inovadores no mercado. Só ficaram os jogos clássicos (xadrez, damas) e os das grandes multinacionais (Cluedo, Monopólio, Risco, Uno, etc.).
Atualmente, acho que a relação é mais simbiótica. Muitos jogos de computador baseiam-se em mecânicas e ideias de jogos de tabuleiro, adicionando-lhes o poder da computação. Por sua vez, alguns jogos de tabuleiro vão buscar o tema a jogos de computador (ex. X-Com) e já utilizam apps como parte integrante do jogo. Por outro lado, o surgimento de versões eletrónicas de jogos de tabuleiro para tablets e smartphones permite que cada vez mais jogos de tabuleiro cheguem a mais pessoas.
[quote=Yes Master]
Quais os modelos de negócio que melhor apoiam a socialização lúdica, a divulgação e venda de jogos de tabuleiro? Serão os boardgame cafe o investimento certo para ajudar o negócio de vendas de jogos?
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Tenho as minhas dúvidas sobre a viabilidade dos boardgame cafés em Portugal, pelas razões que um outro participante deste tópico já resumiu muito bem. No entanto, em Lisboa funciona há mais de um ano o Pow-Wow, que é um boardgame café. Gostava de saber mais sobre a experiência deles.
Mas, para mim, o espaço natural para os jogos de tabuleiro são as associações/clubes recreativos e culturais. Se repararem, em muitas destes os jogos de tabuleiro já desempenham uma parte importante nas atividades de várias destas associações - só que são jogos tradicionais, como o xadrez, as damas, o gamão ou a sueca. Parece-me um pequeno passo introduzir nelas os jogos de tabuleiro modernos.
Por outro lado, as associações são uma rede muito mais fina a cobrir o país. Os boardgame cafés, só têm (se o tiverem sequer) viabilidade numa grande área metropolitana (basicamente, Lisboa ou Porto). E mesmo aí só haverá espaço para um ou dois. Já as associações estão presentes em todas as freguesias, de Bragança ao Funchal. E já estão constituídas, legalmente, recebem apoios camarários, dispõem de instalações que muitas vezes precisam de animação, etc… É o terreno ideal. Haja boardgamers que entrem nas suas direções para implementar a coisa!
[quote=Yes Master]
Por último, com grande relevo, qual a importância do crescente número de mulheres, enquanto jogadoras de jogos de tabuleiro?
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Enorme. Quanto mais não seja por uma questão de mercado: as mulheres são metade da população!
A coisa tem vindo a melhorar, mas o hobby dos jogos continua a ter uma imagem predominantemente masculina - coisa que às vezes se vê até no desenho gráfico dos jogos. As mulhores continuam a ser bastante minoritarias nos encontros a que vou. Aliás, gostava muito de ouvir testemunhos de mulheres boardgamers sobre a sua experiência a este respeito e o que acham que impede mais mulheres de se juntarem ao hobby.
Note-se que isto não vem do nada. Também há muito menos mulheres a praticar desporto por nenhum outro motivo que não seja a sobrevivência de preconceitos e estereótipos sobre o que deve ser o lazer das mulheres. Ajudar a acabar com estes estereótipos até é um contributo civilizacional que os jogos de tabuleiro podem dar.
E quem diz o género, diz a classe social, a raça ou a idade. Quando vou aos encontros em Lisboa o que vejo, na sua esmagadora maioria, são homens, brancos, jovens, em ou com formação universitária - dificilmente uma amostra representativa da população portuguesa…
Ou seja, a inclusão é um desafio fundamental para chegarmos uma verdadeira massificação dos jogos de tabuleiro.
O Dugy já referiu a ideia chave: sócios.
É viável um café, com horário e recursos normais, como o Café Tropical do Porto. A única coisa que o Tropical podia alterar para se assemelhar a um boardgame café, seria ter uma coleção própria, e cobrar uma taxa mensal razoável aos sócios, que poderiam usar o material lúdico à vontade, com o bónus da eventual receita no consumo. As pessoas não estão sempre lá, por isso não me parece que as mesas sejam um problema. Quanto às explicações, os sócios aprendem por eles mesmos. Os convidados e curiosos (não sócios), pagariam um valor à hora para se juntarem e testarem, se, acompanhados por algum sócio que se encarregaria de ensinar.
Hipoteticamente, se o Café Tropical amanhã decidisse fazer isto, teria que efetuar um investimento inicial em jogos novos, digamos €1000, que a fazer a conta a €50 por jogo daria uma ludoteca com excelentes 20 jogos atuais (existem mais caros, mas a maioria é mais barato, alguns por €10). Já é razoável para começar. No Porto, desconheço os números, mas atirando para 30 membros inscritos a €15 cada um por mês (exagerado?), dá €450 em quotizações por mês. Daí tira-se €200 de lucro para a casa e €250 para melhorar a ludoteca todos os meses. Em breve estaria a bombar. E os €1000 iniciais é o valor de uma TV nova para um café. Este seria o investimento total para transformar um café já existente num boardgame café: €1000!
O negócio não deixa de ser o do Café, mas além de oferecer algo diferente e lúdico que pode trazer nova clientela, ainda iam buscar algum nas quotizações, e mais algum no consumo dos sócios, principalmente se for snack-bar como o Tropical. Em dias e horas mortas, que mal faz ter umas mesas ocupadas?
O pessoal não teria que andar sempre carregado, levando somente títulos que eles não tivessem por lá.
Até podia haver uma lista de pedidos no café para os sócios votarem em sugestões para próximas aquisições.
Será descabido?
…se fosse um boardgame cafe gerido pela Associação Boardgamers do Porto?
Soa mesmo bem. Acho que é um assunto que merece ser debatido (se é que já não foi, confesso que estou um pouco afastado do centro de decisões).
Excelente ideia Ricardo.
Eu gostava que houvesse um espaço destes por cá… E as ideias que se vão lançando aqui são boas… Porém, algum de vocês se deu ao trabalho de ir ao site do boardgame café ver os preços e como aquilo funciona?
Vão lá ver e digam-me, quantos de vocês estariam disponíveis para pagar valores naquela ordem? Mesmo ajustando um pouco para a nossa realidade, não estou a ver a malta a pagar para jogar quando tem espaços onde o fazer de borla ou então pode jogar em casa.
E esse é o problema base. Os portugueses são pobres.
Este hobby até nem é muito caro mas ainda assim é um luxozinho. Ainda por cima, há o problema da imagem e da ideia do jogo que por cá ainda está demasiado associada à ideia do vício e do jogo a dinheiro… Além de outros aspectos culturais e climáticos.
Eu gostava. Gostava mesmo muito… Mas se me perguntarem se eu apostaria no sucesso de algo do género por cá… Talvez, mas nunca muito e com bastantes reservas!
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Era mesmo essa a minha ideia…
Se nem para a InvictaCon nos conseguimos organizar minimamente bem quanto mais para um BoardgameCafe.
Nem em sonhos…
Estamos a falar de contextos diferentes…
É tudo uma questão de organizar a falta de organização.
Quantos estariam dispostos a fazer umas horas num cafe gerido pela associação? Sabendo que era um compromisso mesmo sério. E que seria todas as semanas.
Imaginando até só apenas em horário pós-laboral e tendo duas pessoas a trabalhar ao mesmo tempo teriamos 14 pessoas a "doar" uma noite de trabalho todas as semanas?
Se falarmos em horário laboral então as coisas ainda se complicam mais.
Também não me parece assim tão facil ter sócios que paguem para estar num espaço destes apenas para não terem de levar os jogos e jogarem num espaço em que podem jogar de borla.
Temos o Tropical, muita gente até organiza encontros em casa para que estar a pagar por um espaço em que a única mais valia (que foi referido por alguém neste tópico) era não termos de levar jogos.
Se bem me lembro ele falou em 20 jogos. Pois só eu tenho 200. Imaginando que 4 se juntam numa casa e até têm só 100 jogos cada um dá logo 400. O que ganho afinal a ir a um sítio que tem 20 jogos?
Penso que o exemplo dele dos 20 jogos foi para o início, obviamente que a ludoteca de um espaço desses não teria apenas 20 jogos.
Depois, a questão dos associados não seria "só" para não ter de levar os jogos, seria também para contribuir e participar numa associação que iria tentar melhorar este passatempo. Falando por mim, não vejo qq problema. Mas obviamente que cada um sabe de si.
Temos um espaço em que jogas de borla, mas se tivessemos uma "casa" fixa seria melhor, ou não? Pq o espaço que jogas de borla não é perfeito.
Tudo depende se há vontade de se arriscar ou não. O mais dificil será o espaço e a sua manutenção, mas há N associações, algumas até bem pequenas, que tem apoios camarários, porque não poderemos nós ter também?
Obviamente que se a malta só qiuiser olhar para isto como uma coisa que só faz de vez em quando e quando apetece, no sítio do costume pq não tem vontade para mais, então nunca passaremos disso.
[quote=Mallgur]
E esse é o problema base. Os portugueses são pobres.
Este hobby até nem é muito caro mas ainda assim é um luxozinho.
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Sem dúvida. Os preços dos jogos de tabuleiro são extremamente elevados para a nossa realidade. São os mesmos que um alemão paga, com a diferença de que o salário médio na Alemanha é quase 3 vezes superior ao salário médio em Portugal. Pior ainda, como Portugal é um país mais pequeno, o mercado para trocas e vendas em 2ª mão é muito mais fraco.
A par com a falta de traduções para português, o preço é o maior obstáculo à popularização do hobby entre nós.
Por isso que defendo que o crescimento do mercado de jogos em Portugal deve ser feito fundamentalmente através da constituição de ludotecas em escolas, universidades, bibliotecas e associações recreativas e não por venda a particulares. Isto se alguma vez quisermos que este hobby seja algo mais do que um nicho. Por um lado, as vendas para estas ludotecas podem permitir sustentar as editoras de jogos e justificar mais traduções para português. Por outro lado, uma rede de ludotecas com jogos em português permite tornar acessível a experiência de jogos modernos para pessoas que nunca ouvirem falar deles e/ou que não têm dinheiro para os comprar.
[quote=Mallgur]
Ainda por cima, há o problema da imagem e da ideia do jogo que por cá ainda está demasiado associada à ideia do vício e do jogo a dinheiro… Além de outros aspectos culturais e climáticos.
Sobre a primeira, sem dúvida.
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Aqui já não tenho tanta certeza. Esquecemo-nos muitas vezes que as pessoas em Portugal já se jogam jogos de cartas e tabuleiro em massa. Só que são jogos que não gostamos: loto, damas, gamão, sueca, xadrez, monopólio, etc. Logo, o jogo de tabuleiro não é exatamente um conceito novo entre nós.
Ora, com a excepção do xadrez, estes jogos são terríveis. E estou convencido que a maior parte das pessoas continua a jogá-los apenas porque nunca viu nada melhor. Por exemplo, a popularidade da sueca deixa-me perplexo. É um jogo horrível, completamente desequilibrado, que nunca passaria num processo sério de playtesting hoje em dia. É um jogo que, em vez de mitigar a sorte da distribuição de cartas inicial, recompensa-a e aumenta-a durante o jogo.
O número mais reduzido de cartas no baralho (40 contra 52 no baralho completo) faz com que os trunfos tenham uma importância desmesurada, quando a sua aquisição é completamente aleatória. Como se não bastasse, essa importância é ainda ampliada porque as cartas valem pontos, numa escala tão bizarra que faz com que apenas 12 cartas (ases, manilhas e reis) valham 80% da pontuação em jogo. Ou seja, 21 das 40 cartas (as cartas abaixo do rei dos três naipes que não são trunfos) são "palha" para encher o baralho.
Por nada mais do que puro acaso, há sempre um par que parte com 11 pontos de vantagem (o ás de trunfo). E em 50% dos jogos, essa vantagem aumenta para 21 pontos (ás + manilha de trunfo) - mais de um terço do que é necessário para ganhar o jogo. E como a vantagem é cumulativa, esses 21 pontos transformam-se em muitos mais, porque os adversário não conseguem jogar um trunfo acima desses.
Estão a dizer-me que um Tichu ou um Nyet não é mil vezes melhor do que a sueca? Que outra coisa que não a falta de conhecimento de alternativas justifica que a sueca não esteja no caixote do lixo da história?
Vocês no Norte têm um tecido associativo muito mais forte e dinâmico que nós no Sul. Candidatem-se a uma direção de um clube que tenha uma secção de xadrez moribunda e, mantendo-a, transformem-na numa secção de xadrez e jogos de tabuleiro modernos. Com sorte, já vão encontrar instalações razoáveis, com uma sala grande e mesas, um bar equipado e com alvará para funcionar à noite, apoios da junta de freguesia e/ou da câmara e até alguns sócios para pagar as quotas.
O que foi referido pelo Joca (espero não me ter enganado) foi mesmo um cafe com 20 jogos. Não estou a ver ninguém a pagar o que quer que seja para ir a um sítio com 20 jogos. Mesmo com 100 tenho algumas dúvidas. Mais de 20 jogos temos as lojas, Arena e afins. Em que pelo menos uma vez por semana podes aparecer para jogar jogos de tabuleiro e não me parece que te expulsem se fores lá outros dias.
Outra coisa completamente diferente é uma associação. Que como é obvio podes ter apoios e como até já foi falado até acho que por ti se se mexerem bem até há montes de coisas onde se podem pedir apoios: Estado, Câmaras, Europa, algumas Fundações. Até mesmo ter estagios para trabalhadores.
Agora temos de ver existe mesmo alguém com vontade de se dedicar a isto com unhas e dentes. Porque para conseguir estes apoios todos e crescer mesmo é preciso mesmo mexer-se.
Na realidade o que se tem visto na Associação que estamos a criar é que a pessoa que quer sair e que sugeriu a Associação para se organizarem melhor as coisas é aquele que esta a liderar a processo da Associação.
[quote=plizest]
Vocês no Norte têm um tecido associativo muito mais forte e dinâmico que nós no Sul. Candidatem-se a uma direção de um clube que tenha uma secção de xadrez moribunda e, mantendo-a, transformem-na numa secção de xadrez e jogos de tabuleiro modernos. Com sorte, já vão encontrar instalações razoáveis, com uma sala grande e mesas, um bar equipado e com alvará para funcionar à noite, apoios da junta de freguesia e/ou da câmara e até alguns sócios para pagar as quotas.
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É capaz de ser uma ideia interessante, de facto.
Claro, é mais por aí, pelo menos no início.
Sim, talvez a principal questão seja de facto organizarmo-nos melhor. Mas tb penso que o Pedro não estaria à espera que as coisas mudassem do dia para a noite…leva algum tempo.
Isto surgiu com a organização da InvictaCon a meio, talvez seja mais fácil entrar nos eixos após este período.
Bora marcar reunião para depois de Essen!
Antes de mais, é realmente necessário fazer algo a este site, designadamente renová-lo de modo a potenciar espaços de discussão online.
Dito isto, e sabendo que a questão da criação de algo é sempre complexa, por variados motivos, eu julgo que em relação a um boardgame cafe, um preçário não seria obstáculo intransponível. Aliás, nunca o é, pois o que importa é conseguir chamar pessoas, para de seguida, criar nelas uma rotina. Vejam bem se as pessoas não pagam para "caçar" pokemons. Como pagam inscrição (presumo) para entrar em olimíadas de jogos da mente (o que quer que isso signifique). Ou seja, há pessoas que certamente estariam dispostas a gastar dinheiro para usufruir de espaços como boardgame cafe, se tal significasse potenciar relacionamentos sociais e lúdicos. Disso não tenho dúvidas. De resto, julgo que, no que toca a este tema, o mais difícil seria definir um modelo de investimento adequado, que permitisse que a gestão desse investimento fosse levada a cabo pela futura associação boardgamers do Porto. Imagino que pudesse ser complicado, pois necessitaria existir um modelo de negócio intrínseco à atividade lúdica,o qual nunca poderia fazer parte do objeto da associação. Porém, havendo investidores (tem de haver), sejam particulares ou o Estado, por via de apoios municipais, seria, ainda assim, forçoso um entendimento claro (e por certo, escrito) que articulasse o negócio, por um lado, e a atividade lúdica, por outro. Dito de outro modo, seria necessário haver quem investisse e criasse o boardgame cafe (modelo de negócio, com vista ao lucro), e quem o gerisse (a associação e o(s) dono(s) do cafe).
Em suma, e a título exemplificativo: o João, exímio nas questões empresariais :), daria um potencial dono de negócio, e investiria sozinho ou acompanhado por outros empresários, na criação do espaço, com todo o seu conteúdo. A associação, por via de um acordo escrito, ficaria incumbido de o gerir, a par do João.
As questões dos preçários, das despesas, receitas, incluir-se-iam no âmbito do negócio, ou seja, fora da associação, pois esta não poderia visar o lucro. Mas, a questão da sua gestão, da angariação de clientela, etc, caberia por inteiro à associação, sempre acompanhada pelo João, principal interessado.
Havendo um tal modelo, não vejo como é que os jogadores de jogos de tabuleiro, e desde logo os futuros sócios da associação, não aceitariam contribuir, pagando pelos bens e serviços. Mais, sempre o disse, e digo, não logro qualquer problema na contribuição dos sócios por via de uma quota, seja ela mensal, semestral ou anual. Aliás, essa questão é colateral, e deve ser bem ponderada ao longo do processo de criação da futura associação.
Contudo, bem sei que, na prática, tudo se complica. As relações pessoais, humanas e, sobretudo, potencialmente profissionais, geram sempre, de início, dúvidas, receios, desconfiança. Mas, vejamos, se pretendem criar uma associação de jogos de tabuleiro, é essencial, desde já, colocar em cima da mesa das negociações, a questão de um futuro "lar" para a associação, o qual permita, a médio e longo prazo, atingir os nobre objetivos a que se propõem: divulgação e prática do hobbie.
Para teminar, que já estou a exagerar. Ontem, via na televisão um sujeito a falar, com imensa paixão, do seu hobbie, a columbofilia.Sim, embora estejam a torcer o nariz e a duvidar se tal atividade é um hobbie ou apenas um modo de se auto-excluir da sociedade, a verdade é que este sujeito, o qual certamente muito dinheiro investe no hobbie, referia: " (…) ver um pombo regressar ao seu lar é um momento único. Ele, à medida que se aproxima do seu pombal, começa a fechar as asas e a baixar de altitude, até que, num ápice, entra e regressa, por fim, ao seu lar. Um momento de rara beleza. Momento de rara beleza!"
Como vocês, reforcei no meu pensamento: o tipo é mesmo maluco…Mas, de facto, quando a paixão existe e é grande, e sabemos que nos irá acompanhar ao longo do resto da nossa vida, pensamos: porque não haveríamos de investir tempo, dinheiro e dedicação, nela? Senão nela, então em quê?
um abraço a todos, e desculpem o prolixo texto.