O que se espera de uma review?

Depois de lidas umas quantas reviews e com a vontade própria de meter mãos-à-obra e dissertar sobre alguns jogos, fiquei na dúvida se iria escrever uma Crítica ao jogo ou escrever um artigo de opinião.

Pois bem, uma review, literalmente, não é mais do que uma análise/avaliação (ou seja, uma opinião), mas na maior parte das vezes o que se pode extrair das reviews de jogos vai mais além, e tem muito de crítica e muitas vezes de explanação de detalhes que poderiam, de alguma forma ser minimizados.

Esclarecido na minha dúvida, outras questões se levantaram, nomeadamente quanto ao conteúdo útil e obrigatório de uma review, de forma a tornar a sua leitura fácil, perceptível, fluída e acima de tudo com conteúdo válido, quer para os que conhecem o sujeito da review, como para aqueles que pretendem conhecer.

Para mais facilmente organizar ideias, decidi compilar uma série de premissas inerentes à redacção de uma review (na minha perspectiva, claro!).

- Dados sobre o jogo (Autor, editora, número de jogadores, tempo de jogo e idades)

- Análise/opinião à qualidade gráfica e material.

- Resumo temático do jogo em síntese (Overview)

- Resumo e análise de mecânica(s) envolvidas, e interação jogador/tabuleiro e jogador/jogador.

- Análise/opinião ao desenvolvimento do jogo, tempo de jogo e forma de pontuar (objectivo do jogo)

- Avaliação própria de diversos factores e componentes:

- Qualidade gráfica e material
- Temática
- Interação/jogabilidade
- Grau de Complexidade
- Global

Parece-me lógico também, evitar alguma geek talk e mesmo alguns vocábulos menos adequados a um artigo de opinião pública, pois nunca sabemos quem vai procurar na nossa opinião, aquele elemento de informação que faltava para decidir-se a comprar ou jogar o jogo alvo do nosso comentário.

A decisão de opiniar sobre "o que se espera de uma review" prende-se com o facto de muitas vezes ao ler uma review, dou por mim a passar texto à frente, à procura de algo novo, que não sejam descrições pormenorizadas de uma ou outra mecânica ou regra mesmo, do jogo, e no final ficar sem uma ideia cabal sobre o mesmo.

Resumindo, procuro saber outras opiniões sobre o que realmente esperam de uma review, ou se sou só eu que me interrogo sobre o real conteúdo que deve compor uma.

Um outro aspecto que me preocupa em algumas reviews que tenho lido, é o facto de serem feitas baseadas em pouca experiência sobre o sujeito das mesmas, isto é, experimentar um jogo e fazer um juízo sobre ele, baseado apenas numa única experiência.

O meu instinto é de que se deve fazer uma review sobre um jogo, depois de exaustivamente se experimentarem as várias soluções propostas e com parceiros diferentes. "O jogo não vale por si só, mas por quem o joga também" (esta é a minha máxima e premissa para avaliação de um jogo).

Dito isto, gostaria de "ouvir" (ler) outras opiniões sobre este assunto, antes mesmo de meter "mãos-`a-obra", poupando assim o meu teclado à fúria da vontade de dissertar sobre um ou outro jogo que sinto poder dizer algo, apresentando um ponto de vista que ainda não tenha sido explanado.

Bem, concordo com a tua análise apesar das minhas reviews não irem de encontro a ela.

As minhas reviews têm um estilo próprio, tipo tese, que adoptei. De facto eu admito que as minhas reviews são feitas mais para boardgamers com alguma experiência do que para alguém com pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto.

Porque as faço assim? Bem, não só porque gosto do estilo como também me sinto confortável nesse estilo. Claro está, está longe de ser uma review ideal, suponho, mas eu tento abordar mais o jogo do boardgame em si e como são os aspectos dele ao ser jogado.

Logo concordo com a tua avaliação de reviews, devem despertar o interesse, isso sem dúvida nenhuma.


A slumber did my spirit seal;
I had no human fears,
She seemed a thing that could not feel
The touch of earthly years.

Na minha experiência posso dizer-te que também eu leio a maior parte das críticas na diagonal, principalmente a estrangeiras. Acho-as bastante chatas de ler e até, porque não dizê-lo, mal escritas.
Seja como for, acho que uma crítica tem de ter alguma coisa original que suscite algum interesse ao leitor em segui-la até ao fim. O humor é a forma mais eficaz de despertar alguma benevolência do jogador, pelo menos é o que eu acho e quando escrevo sobre um jogo tento sempre envergar por esse lado. Claro que o humor é sempre relativo, o que eu acho graça, pode não ter graça nenhuma para quem lê. E normalmente é o que acontece nos textos que faço!
A parte mais complicada quando se quer escrever sobre um jogo é aquela em que se elucida sobre as regras. Este aspecto é muito sensível, porque mata a paciência a quem lê. Simplesmente porque não se percebe nada do que está lá escrito. Devo-te dizer que em 90% do que leio a parte relativa ás regras é maçuda e não se percebe nada. Nesse contexto, quando escrevo sobre esse factor importante num jogo de tabuleiro, tento sempre dar um aspecto geral das regras mas não indo aos pormenores. Assim penso que não disperso a atenção de quem está a ler, ao mesmo tempo que lhe dou uma ideia do jogo. Normalmente os jogos em que o tema está bem inserido na experiência de jogo, torna-se mais fácil e normalmente os resultados são melhores. Os jogos mais abstractos são uma chatice, porque se está a escrever sobre algo abstracto e dificilmente perceptível ao leitor. Eu já desisti de escrever sobre jogos deste tipo. Em primeiro porque não gosto muito de os jogar e depois porque ao fazer uma critica sobre eles, acabo por não ter grande gozo nisso e prefiro não o fazer.
Quanto à questão de se fazer as críticas após o primeiro jogo. Isso é uma questão pertinente. Julgo que o melhor é escrever com pelo menos dois jogos jogados, mas sabemos que por vezes é difícil. Falo por mim porque normalmente, no máximo, jogo duas vezes a um jogo no espaço de seis meses e estou sempre a estrear jogos. Por isso muitas das críticas que faço baseiam-se muitas vezes numa experiência de jogo. Quando isso acontece tento sempre perceber o jogo muito bem e saber se me pode estar a escapar alguma coisa. Se tiver a consciência que tenho uma ideia exacta do que o designer pretende do jogador atiro-me para a frente. Se não for esse o caso prefiro não escrever. Ainda a semana passada joguei ao Conquest of Paradise e achei o jogo muito bom. Ainda para mais foi uma sessão equilibrada com porrada e emoção até ao fim. Mas apesar de ter gostado, senti que não percebi muito bem como aquilo funciona. Nesse caso o melhor é jogar uma segunda vez. Mas seja como for, sempre que faço uma crítica tento sempre justificar as razões porque não gosto, ou então porque gosto. Mas lá está, as razões podem não ser vistas da mesma maneira pelos outros jogadores. O que eu noto muitas vezes, e isso é muito frequente, é que as criticas negativas a um jogo são dadas quase como um exercício de escrita do que propriamente como resultado duma apreciação racional ao jogo. O boardgamegeek como vocês sabem é um bom exemplo, onde as opiniões dão azo a comentários cheios de ódio e também má educação.
Mas a regra básica para mim é descrever as regras com precaução de modo a não chatear e fundamentar sempre a opinião.

A meu ver, e baseado no que eu espero encontrar, posso dizer que procuro numa review:

  • Uma introdução sucinta, do contexto/tema do jogo, número de jogadores (juntamente com o seu desempenho para cada um dos números de pessoas) e tempo real de jogo (discriminado, se quisermos, pelo número de jogadores participante). Todos os elementos que o Johnny menciona parecem-me de relevo. A parte da complexidade traria consigo uma avaliação, por exemplo, da probabilidade de este jogo ser aceite entre non-gamers. Se poderá ser um gateway game.
  • Sim, por favor, ausência de geek-talk. Posso imaginar alguém que chegue ao BGG pela primeira vez, a tentar ler umas coisas sobre um determinado jogo e depara-se com uma dezena de siglas (T2R, AOS) que não compreende.
  • Humor pode ser, mas não espero encontrar 70% da review com divagações sobre isto e aquilo. Pelo menos não é essa a finalidade que vejo num artigo deste género. Já li reviews que descrevem um jogo com um tom engraçadissimo, e que mesmo assim são esclarecedoras, bem como já li reviews que são precisamente o oposto.
  • Análise e descrição dos componentes do jogo. Isto interessa-me muito. O que está dentro da caixa? Que tal a qualidade das peças? Vou precisar de protecções para cartas? Já agora, uma descrição das várias edições do jogo, se o reviewer as conhecer.
  • Relativamente à explicação das regras: se for muito extensiva, quase de certeza que passarei à frente. Porém, se as secções estiverem devidamente separadas, não vejo qualquer problema nisto. Interessa-me saber como o jogo decorre, o seu mecanismo fundamental, etc... Já um transcript do manual, com as mil e uma regras do jogo, não me parece produtivo inserir na crítica. Há que lembrar que não estamos a falar de um review em vídeo. É bestial ir ao sítio do Scott Nicholson e aprender como funciona um jogo (e até "jogar com ele"), em meia-hora. Mas fazer isto num texto, parece-me impossível.
  • A review deve ser devidamente estruturada, titulos a bold e isso tudo. Imagens inseridas no meio do artigo dão logo uma leveza ao texto que é agradável. Estamos a falar de ler um artigo na Internet, que exige que o texto seja sucinto, claro e directo ao assunto. Principalmente para o grande público, que acho que é o que se espera atingir, um dia.
  • Finalmente, e como estamos a falar de uma crítica, é de esperar, claro, a opinião do autor. Elogios entusiásticos como "este é o melhor jogo do mundo" não contribuem em nada para a minha opinião, e só podem induzir leitores em erro. Gosto que, por exemplo, se o autor se for fã do jogo, indique os aspectos que outras pessoas poderão não apreciar. Daí consultar frequentemente as reviews negativas de jogos que esteja a considerar comprar, porque se formos guiarmo-nos pelo tom demasiadamente "fan-boyish" de algumas críticas, podem passar-nos ao lado aspectos que iremos odiar. E uma review que permita isto, no fundo, falhou em alguma coisa.

Fica a minha posta de pescada.

Uma crítica pode ter dois públicos alvo. Pode ser dirigida ao geeks ou aos non-geeks.

Dependendo desse público, a crítica pode ter características muito diferentes.

No primeiro caso podemos discorrer sobre as regras com algum detalhe, fazer comparações com outros jogos bem conhecidos da generalidade dos interessados por este hobby e referências a mecânicas sem explicar em que consistem.

Se o público-alvo é o geral, isto é, pessoas que não conhecem o hobby ou que se estão a iniciar no mesmo, então teremos que optar por um estilo mais leve, menos pormenorizado na análise das regras e mecânicas e que incida principalmente no que será a experiência do jogo, os factores de diversão, etc.

Não escrevi ainda muitas críticas. Apenas 4.

Na primeira dei a minha opinião sobre o Niagara. Tal como o público-alvo do jogo, a crítica ditige-se a pessoas que não estejam ainda muito dentro do hobby. É muito curta, quase exclusivamente dedicada à experiência do jogo e à minha opinião acerca de quem poderá gostar do jogo.

A segunda, ao Memoir '44, já foi bem mais detalhada, dividida por secções e com algumas considerações à parte do jogo em si. É claramente mais dedicada aos que já conhecem alguns jogos, ainda que foque alguns aspectos mais generalistas como sejam o factor de diversão ou "rejogabilidade" do jogo. O facto de a ter escrito no comboio entre o Alentejo e o Porto também facilitou que fosse maior ;) ...

A terceira, ao Full Métal Planète, é mesmo quase exclusivamente para os geeks. O jogo já não está disponivel para compra e foi uma Geeklist sobre jogos famosos sem reviews que me fez escrevê-la, ainda que já tivesse pensado nisso antes. Tem mais ou menos os mesmos moldes que a do Memoir, mas ainda é um pouco mais detalhada nas regras e nas mecânicas.

A última foi ao Crossin' Colors do JohnnyBeeGood. A minha ideia aqui era atingir tanto os casual-gamers como os editores de jogos. Era preciso dar uma ideia mais ou menos clara de como o jogo se desenrola mas sem entrar em demasiados pormenores para não tornar a crítica chata para os casual-gamers.

Se quiserem dar uma vista de olhos, gosto sempre de ter feedback do meu trabalho. Já agora podem ver se, de facto, elas estão adequadas aos leitores-alvo.

Todas as opiniões acima têm o seu valor. Em todas há coisas com que concordo, mas creio que é realmente verdade que a crítica não pode seguir um padrão absoluto. Depende um pouco de quais são os objectivos da mesma. É essa a minha espinhita de pescada...

Johnny escreves com verdade e eloquência.
Mas tenho também que dar ênfase ao que o Hugo disse. Ele tem um estilo, um estilo que lhe é característico e que eu gosto bastante. E estilo é um aspecto que é preciso ter em conta. Quando existem jogadores que escrevem com alguma frequência, é normal que desenvolvam um estilo e muitas vezes se afastem, ainda que ligeiramente, das premissas que aqui defendeste e muito bem. O Hugo, o MGBM, o Soledade, para mencionar alguns, desenvolveram um estilo próprio de escrita. Se calhar este estilo estará mais próxima do artigo de opinião do que da review. Mas o que é que as distingue? Sinceramente, eu acho que são a mesma coisa, o que as distingue é mesmo o estilo. Um artigo sem estilo é uma review, com estilo é um artigo de opinião. Mas tenha ou não um estilo próprio, deve focar os aspectos que falaste. E de uma maneira ou de outra, se as lermos todas ficamos com essa ideia.

Eu tenho escrito algumas e tento fugir ao um estilo. Tento ser sóbrio na escrita e descrever o jogo, as regras, os componentes... às vezes consigo, outras não...
Acho às vezes que escrevo daquelas reviews aborrecidas e chatas que ninguém vai ler. Mas faço-o assim à mesma, porque julgo ser a melhor forma de o fazer, pelo menos para mim.

Mas o que eu gosto mesmo é de ler em português. Por isso, escrevam. Escrevam e publiquem.

:P

https://spielportugal.blogspot.com

É muito bom ter alguns autores de reviews da casa a participar neste tópico.

Espero que nenhum de vocês (com reviews publicadas) tenham entendido este tópico como uma crítica ao vosso trabalho, seria pedantismo da minha parte fazê-lo uma vez que nunca publiquei uma review e sujeitei a minha análise de um jogo ao escrutínio público - longe disso.

Mas o facto de ficar aqui com o vosso testemunho e participação é enriquecedor, não só para mim, mas para todos aqueles que mais dia, menos dia, se possam sentir tentados a escrever um artigo de opinião ou crítica.

Só tenho mesmo que concordar com dois pontos sublinhados acima: uma review, além de poder ser uma análise também pode ser um artigo de opinião, e como tal poder obedecer a um estilo (e na realidade é o estilo da escrita que diferencia duas pessoas que escrevem sobre o mesmo assunto); o facto de termos de levar em consideração o público alvo.

A minha questão em torno deste assunto começa a ter, nas suas diversas vertentes, uma resposta.

A conclusão poderá deixar um amargo de boca, uma vez que será dificíl não deixar de fazer sentido escrever e publicar uma review num site dedicado aos Gamers, que não seja de alguma forma mais técnico e menos superficial. Daí eu sugerir nas minhas próprias recomendações uma abordagem mais leve como introdução (em cada segmento de uma review) que esteja ao alcance de qualquer leitor.

Agradeço desde já a vossa participação neste tópico, trocando ideias e expondo o vosso ponto de vista.

 

Bem, comecei a escrever críticas sobre os jogos à pouco tempo. Antes de começar a escrever li bastantes críticas, algumas das quais me fizeram comprar alguns jogos. E acho que é isto que uma crítica deve ser. Despertar a atenção do leitor para o jogo.

A crítica pode ser positiva ou negativa. Eu por acaso só tenho escrito críticas positivas. Contudo, mesmo as negativas devem explicar os mecanismos de jogo, os pontos mais interessantes, o que o crítico mais/menos gostou. Penso que as críticas não devem entrar em dissertações pessoais contra um mecanismo de jogo ou contra um designer de jogos.

Quando escrevo uma crítica, faço mais ou menos um planeamento mental do que vou escrever. Geralmente baseio-me no próprio jogo e nas suas regras. Depois vou seguindo o mecanismo do jogo e explicando, de um ponto de vista mais geral, o próprio jogo e as suas regras.

É contudo difícil escrever uma crítica. O problema que se me coloca permanentemente é: e se a minha crítica for má e com isso fizer com que outros não joguem o jogo ou percam o interesse no mesmo? Também por outro lado penso: se eu não escrever a crítica e mais ninguém o fizer, outros podem nunca ter a hipótese de o jogar ou despertar o seu interesse para o jogo. É uma faca de dois gumes... Laughing

O problema é que muitas vezes alguns jogos têm muitas regras, todas elas de igual importância. Outros têm muitos mecanismos simultaneos e interessantes. Bons materiais, etc. Tal como já foi dito, estamos no meio Internautico. As pessoas quando vêm textos muito longos assustam-se e não lêm. Mas há jogos que pela sua complexidade necessitam de textos grandes. Por exemplo fazer a crítica ao Jericho é muito diferente de fazer a crítica ao Here I Stand. Um tem regras de metade de uma folha A4. O outro tem 44 folhas de regras. Já agora, eu li a crítica do Here I Stand aqui, e ela fez-me comprar o jogo. Smile

Geralmente eu começo por procurar jogos no BGG ou no Board Game Ratings. Procuro mecanismos que gosto e também ver o sumário e pontuações que eles têm. Contudo depois venho aqui ver o que os jogadores e críticos nacionais pensam do jogo. Se a crítica existir, ela é geramente um factor decisivo na compra ou não do jogo.

O teu esquema processual de como deve ser estruturada uma crítica despertou-me o interesse. Realmente falho em muitos desse pontos e esqueço-me de os referir. Noutros se calhar alongo-me demais. Uso bastantes imagens, porque acho que elas são um factor decisivo no despertar do interesse dos leitores pelo jogo. Como se costuma dizer, uma imagem vale mil palavras. Cool

Doravante, vou tentar seguir o teu esquema, porque parece-me ser muito interessante e realmente dá para uma pessoa não se esquecer de escrever sobre o jogo na sua totalidade.

Por exemplo, acho que nunca referi para que idades é um jogo do qual tenha escrito uma crítica, esqueço-me de referir quem é o autor, etc. Do resto acho que tenho referido de tudo um pouco, às vezes mais outras menos....

No fim de tudo, existe diverso público alvo. Desde o maçarico até ao jogador ultra experiente. Não se pode agradar a todos. Se se dá demasiados detalhes, o maçarico pode perder o interesse. Se se é demasiado superficial, o ultra experiente pensa que o jogo não é para ele. Ou seja, isto resume-se sempre ao estilo do escritor. Uns irão escrever para todos, outros só para alguns.

O que acho que é realmente importante é que se escreva em Português. Wink É a única maneira de despertarmos a atenção do público em Portugal. Eu dou o meu caso. Eu não percebia nada de Jogos de tabuleiro. Comecei a ganhar interesse com o Catan (em PT). Depois comecei a procurar e dei com este e outros sites de jogos de tabuleiro. Com a ajuda do abre o jogo, comecei a adquirir novos jogos, devido a críticas que li. E acho que é isto que é importante. Revelar os jogos ao mundo Smile. Se não falarmos das nossas experiências para outros, poderia demorar mais tempo eles descobrirem novos jogos.

Se todos formos comentando as criticas que vão sendo colocadas, quer dando incentivos (e obrigado a todos que já me fizeram isso), quer dizendo o que está menos bem, damos possibilidades aos autores de irem corrigindo o seu estilo (Se eles quiserem é claro).

(E o ideal então era ter jogos em português também.... E já agora preços baixos Money mouthEsperem... Isto é outra thread Tongue out)

Como o caso do Agricola traduzido por ti!

E esse o esforço que esta comunidade precisa. Reviews e traduções em português.

Parabéns pelo teu trabalho pringi.

Depois de ler o que aqui foi escrito, resta-me opinar sobre algumas das características às quais eu dou importância mor ao ler uma review (não poderei falar da outra vertente - autor de reviews - porque nunca a desempenhei):

- Separação eficiente dos vários tópicos da review (com o uso do bold e de tamanhos de letra maiores);

- Qualidade gráfica e do material;

- Pouca relevância das descrição das regras (acho que se exagera "transcrevendo" quase na integra o manual do jogo e, nalgumas vezes, descrevem-se erradamente algumas regras);

- Muita relevância das mecânicas usadas e das principais "novidades" (se é que existem) para jogos idênticos nas mesmas (aqui sim, acho importante salientar os porquês que farão do jogo uma mais valia na ludoteca de cada um);

- Imagens, muitas imagens (como o pringi referiu, uma imagem vale mais que mil palavras);

- Experiência de jogo sentida com diferentes números de jogadores (raramente vejo este ponto focado nas reviews, se calhar devido à irrelevância do mesmo para muitos);

- Objectivo(s) do jogo(s) e diferentes abordagens para atingir o mesmo (basicamente, ténues estratégias a seguir para alcançar com bravura o objectivo);

- Rating das várias secções analisadas e rating global (tentando abstrair-se do gosto pessoal, da sua opinião, e mais focado no rating por comparação).

Estas são as minhas premissas para ficar agradado ou não com uma review.

No que toca ao público alvo, a review tem de ir de encontro ao mesmo do jogo (uma review ao "Saboteur" terá linguagem mais soft, tal como o jogo, enquanto que uma ao "Puerto Rico" já poderá ser mais rebuscada). Ninguém esperará que uma review de um jogo complexo tenha linguagem de "newbie", até porque a posterior aprendizagem das regras trará um forte exigência ao novato.

São, claro, as minhas humildes opiniões sobre um tema para o qual eu me considero um "newbie". Como tal, poderei ter focado algumas situações que vão totalmente contra os pensamentos dos membros mais experientes da comunidade. Se assim for, desde já as minhas desculpas. São só opiniões e não convicções.

Abraços.

Já acabei a tradução como já disse. Continuo à espera que o Hanno me diga qualquer coisa. Já estou à espera desde dia 12. Se ele não disser nada até ao final desta semana, vou colocar as coisas no BGG pois não vou esperar eternamente...

Já joguei ao Agricola em PT :-) O jogo é muito bom. São muitas coisas que se pode fazer e muitas estratégias que se podem seguir, dependendo das cartas que se tem na mão. Contudo acho que falta uma componente de troca entre jogadores. Seja como for ainda só o joguei uma vez e não vou escrever uma review assim. Quando puder tiro umas fotos ao jogo para vocês verem Laughing

Acho que temos de escrever um manual de reviewers... Tongue out

Em relação ao rating eu nunca coloco nada. É um bocado difícil dar um valor a um jogo. Eu geralmente digo se gosto ou não (muito ou pouco) do jogo. Mas do meu ponto de vista é difícil dar um valor numa escala a um jogo. Não é propriamente avaliar um jogo de futebol, onde as regras são as mesmas em todos os jogos (quer dizer alguns às vezes têm umas regras especiais, especialmente no estádio do Restelo onde faltas escandalosas a favor do Belém não são marcadas, etc....). Os jogos têm regras e mecanismos diferentes e é-me difícil atribuir notas. Também não tenho nenhuma tabela de critérios definida, e talvez seja esse o problema. O rating resulta sempre de uma visão pessoal do jogo, se já é difícil dar ratings, mais ainda é abstrair-se do ponto de vista pessoal quando se os atribui.....

Quando estava a escrever a minha primeira review lembro-me que afinal não sabia escrever sobre o jogo. Mas não sabia, não porque o jogo tinha sido pouco jogado ou mesmo porque não entendia o jogo, não! Não sabia porque não estava habituado a escrever sobre jogos.

Os jogos dizem-nos coisas que só com o hábito vamos sabendo explicar. Para uns, essas coisas são a mecânica (dados, cartas...), o tema (antiga Grécia, Reforma abstracção...) ou a produção (material bem executado para a função que desempenha), para outros, essas coisas são mesmo outras coisas - a sensação de viajar no tempo e andar cheio de dinheiro, como em Imperial, ou descobrir um paraíso pacífico como em Conquest of Paradise. Não conhecendo o reviewer preciso conhecer o jogo. Se a crítica for sem apreciação, desprovida de opinião subjectiva e, portanto, analítica ao máximo, regras esmifradas, mecânicas explicadas, e sensações de autor à parte, em não a leio, de todo. Passo-a em diagonal e espreito o último parágrafo. Posso chegar a uma de algumas conclusões possíveis: se estou a ler o reviewer, então sei o que ele gosta e confio naquilo que ele me dá. Se estou a ler a review, então posso até querer estar no lugar dele e ver aquilo que ele viu. E tudo isto só pelo prazer de ler, escrever e depois, então sim, jogar.

Estas coisas não têm fórmulas. Conseguir analisar um jogo sem lhe botar um cunho pessoal, para mim, não faz sentido. É porque não foi jogado e alguém está só a colocar um rótulo idêntico aos que estão no BGG... jogo para 2 horas, com cartas, de 2 a 4 jogadores, o tema é o Egipto...

 

Paulo

"hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamas!"

Ernesto 'Che' Guevara 1928 - 1967

Parece haver consenso num aspecto (depois de ler as opiniões acima), e que é a de que uma review deve, obrigatoriamente, conter um cunho pessoal de opinião, ou estariamos sem sombra de dúvida a ler uma descrição de um jogo e a não conseguir ter uma ideia das sensações que estes podem transmitir.

Um jogo que não desperte sensações diferentes a quem o joga é um jogo sem "sal" e isso pode acontecer num jogo com uma temática "colada a cuspe" ou num jogo abstracto (mesmo esses por vezes conseguem despertar emoções Tongue out dependendo dos jogadores).

Em jeito de conclusão, o que se pede então, e que não se verifica na maioria das reviews (pelo que foi dito até aqui), é uma maior identificação entre os segmentos da review e mais ilustrações... parece bem - digo eu!

Não existe uma fórmula de escrever reviews, são visões pessoais que sem esse toque não têm vida e não servem para nada.

Manuel Pombeiro
a.k.a.Firepigeon
LUDO ERGO SUM

1) Já tive a feliz oportunidade de conversar com alguns autores e editores de jogos (Alemães e Franceses pricipalmente). A título de exemplo o Director da Kosmos disse-me que a comunidade editorial Alemã encarava o BGG e o BSW de uma forma muito positiva (isto em 2004). Razão : divulgação de um fenómeno de uma forma eficaz e única.

2) Se bem o vejo, o espírito do BGG tem uma ideia base fundamental e razão do seu sucesso : uma enorme base de dados resultante da partilha gratuita e sem fins lucrativos (excepto talvez os concursos).

3) É portanto natural que lá se deposite informação para ser partilhada e que embora muitos se preocupem (e eventualmente obtenham) em conseguir autorizações dos autores/editores, muitos outros passam por cima deste preceito.

4) Não estou a ver o Pigeon sempre que concebe uma Tuckbox a pedir autorização à editora ou ao designer do respectivo jogo. Não é de facto necessário, pelo tal princípio do BGG.

5) Acho até estranho que um autor responda (principalmente um nórdico bem menos falador - e talvez ocupado com coisas mais úteis - ), pois arriscaria a implicitamente estar a passar gratuitamente copyright para uma certa lingua. Ainda para mais se o teu advogado for o "Bale e Azebedo", o Hanno perderia uma pipa de massa quando em 2055 o Agricola for um grande sucesso de vendas nos países lusófonos.

Num meio como a Internet é muito fácil infringir os direitos de autor. Eu não o quero fazer, por isso perguntei-lhe se baseado no material disponível (depois de perguntar aos respectivos autores se os poderia usar para fazer a tradução para PT), haveria algum problema em disponibilizar os mesmos materiais em PT. Afinal de contas, os materiais são cópias do jogo. Existem assim direitos de autor associados. Uma coisa é não objectar a colocação do material para uso não lucrativo (do género licenças GNU GPL) e apenas electrónico, outra é por razões editoriais não autorizar a divulgação dos mesmos. Seja como for, para mim é sempre de bom tom perguntar, porque perguntar não ofende. Se ele não responde isso já é problema dele. Durante este fim-de-semana vou começar a colocar as coisas no BGG e na rede de jogos. Para a semana vou tentar colocar fotografias do trabalho efectuado no jogo real. Laughing E depois disso assim que jogar mais umas vezes uma review. Smile

Para mim, sim.

Desde sempre há quem goste de anotar as suas impressões. Seja em caderninhos/bloquinhos, seja em blogs, ...wherever..

Vai-se ao cinema ver um filme, chega-se a casa e revê-se "mentalmente" o filme, anotando e preservando essas memórias. Põe-se assim ordem nas ideias que resultaram daquela experiência.

É claro que para quem nunca viu o dito filme, ler uma re-vista pode não ser muito útil... pois como pode re-ver algo que ainda não viu?

Aí entra a habilidade do re-visor que eventualmente partilha as suas re-vistas com terceiros. Este pode ser um crítico mui erudito que se dirige apenas aos connaisseurs e portanto todo o seu texto está cheio de clichés que só os do metier entendem o significado. Ou, pelo contrário, ser um divulgador nato (Bruno Faidutti) que alcança vastas e diversas camadas de leitores.

Por fim; seria complicado se tivesse que visitar pelo menos 5 vezes o Porto ou Praga, para poder escrever que são cidades fantásticas, belas, únicas, que para quem goste de cultura, de história, de comer, de namorar... não as deve perder. Isto numa "review" muito sucinta as estas duas cidades Europeias.

Tens toda a razão. Como te disse, já fiz o mesmo no passado.

Apenas te quis apresentar uma perspectiva que captei ao longo deste tempo, que pode NÃO estar correcta mas que talvez também possa explicar o silêncio Hannoístico.

Eu não tinha entendido da melhor forma as tuas palavras. Cool