Desculpa lá Rick, mas teve o mérito para quem? Para um grupo de tipos que nunca discutiram design de rpgs e teoria de rpgs fora da Forge? Isso já se faz à imenso tempo e sempre teve fóruns próprios. Por exemplo, vai ver a Imazine, excelente revista "indy" infelizmente interrompida há uns 6 anos.
E essa das ideias escondidas na mente de game designers profissionais não faz qualquer sentido. Os profissionais dignos desse nome tiram partido das suas boas ideias e deitam fora as más e não precisam de um Ron Edwards qualquer para parteira de ideias.
Eu não tenho paciência para o Ron e a sua corte porque tenho estado atento ao que se vai fazendo no hóbi e tenho encontrado desenvolvimentos estupendos por parte de gente que não se autopromove ao estilo de guru de espiritualidades new age. Em alguns casos tenho estado em contacto com essa gente e a atitude é completamente diferente. Gente como Greg Stafford, Robin D. Laws, Jonathan Tweet, Olivier Legrand, Paul Mason. É gente civilizada com que se pode falar e com provas concretas de contributos para o roleplay.
E essa de que empresas como a White Wolf ou a Wizards of the Coast estavam à espera dos Rons e indies avulsos que abundam hoje para abrirem os olhos para as vantagens do desenvolvimento independente não tem pés nem cabeça. A WW, a WotC, a TSR, a Chaosium, a Dream Pod e praticamente toda e qualquer empresa de sucesso no hóbi nasceu da iniciativa de designers independentes, inovadores, empreendedores e, sobretudo, muito, muito bons. D&D, Magic, Vampire, etc., etc. e tal, todos surgiram como produtos "indie", bem mais "indie" do que o que se faz hoje com esta capa. Estas empresas sabem bem as virtudes e os defeitos da atitude indie. Melhor do que os indies amadores que polulam por aí.
Como é evidente, há gente criativa que aparece com ideias inovadoras e, como sucede me qualquer domínio, quem está instalado aproveita. Mas colocar a questão em termos de empresas conservadoras vs. criativos independentes não faz qualquer sentido e não corresponde de todo à realidade do hóbi.
Estás também profundamente errado quanto à forma como colocas a questão do genérico vs. integrado. Não há jogo mais integrado do que o D&D original. Ele foi de tal forma integrado que deu origem a um género de fantasia que se desmultiplicou em imensas outras formas (ficção, jogos de computador, jogos de cartas, todos herdeiros do D&D). Olha para a Chaosium e vês uma aposta clara na produção de jogos integrados nos anos 80, ao ponto de nunca terem posto no mercado um jogo com uma apresentação genérica do seu sistema... até ao presente ano. O d20 nunca existiu como jogo genérico do tipo "um RPG tem de dar para tudo" e de "one RPG to rule them all". A única coisa comum aos vários jogos que surgiram sob o guarda chuva d20 foi mesmo a mecânica base em que se rola d20 mais ou menos modificadores, de resto as abordagens a diferentes géneros foram tão diferentes ao ponto de poderem ser quase irreconhecíveis.
O que acontece é que empresas como a Chaosium (nos seus melhores anos), a WotC, a WW, a SJG, etc., acumularam um capital de experiência a produzir jogos para generos diferentes que podem integrá-los num todo coerente. Isso e a percepção de que devem respeitar o seu cliente em lugar de o tratarem como um atrasado mental por não ler a mente dos seus designers.
Desculpa lá o tom mas eu tenho muito respeitinho pelos tipos que me andaram a dar excelentes jogos ao longo de 25 anos, não vou em cantigas de meninos com burbulhas e montes de pretensão de estarem a fazer revoluções (como é evidente, não estou a falar de ti mas da criançada indie).
Sérgio Mascarenhas