Tenho um ponto de vista em relação a essas confusoes no rpgnet. Tem que ser enquadrado primeiro. Penso que na america do norte a certa altura a palladium books era uma grande editora de RPGs. O que faziam era muito mais completo ou pelo menos tinha elementos que o tradicional D&D não tinha. Para quem achava o D&D limitado, os jogos da Palladium eram muito mais evoluidos. Logo, houve muita gente a jogar Palladium. É preciso ter isso em conta, há tanta confusão porque há muita paixão pela Palladium envolvido. Uns continuam com a mesma paixão outros deixaram que a sua paixão se tenha transformado em ódio.
Depois há que ter em atenção que a palladium books é o negócio do criador dos jogos. Ele é que manda em tudo. É uma editora independente gerida por ele e mais duas ou 3 pessoas ao contrário do WOTC por exemplo. Isto quer dizer que as coisas funcionam de maneira mais lenta e como o criador quiser. Porque uma das contendas maiores é que o criador, Kevin é um péssimo homem de negócios. Isto porque não lança os livros nas datas previstas, re-escreve muito do material dos freelancers, não quer adoptar o sistema D20 etc. Mais uma vez, estas queixas são tantas porque o pessoal gosta dos livros ou pelo menos quer gostar mas não suporta quem está por trás deles. A mim isso não me interessa para nada.
A nível de problema de mecânica, a maior queixa tem haver com o suposto "game balance". A maioria das pessoas acha que as personagens que cada um cria devem ser equivalentes e dizem que com a Palladium isso não acontece. E é verdade, uma personagem detective não é tão poderoso fisicamente como um superheroi com poderes como acontece no Heroes Unlimited. Mas eu pessoalmente não vejo mal nisso. Porque é que haviam de ser equivalentes? O detective terá que se desenrascar duma maneira e o superheroi doutra. Para capturarem o mesmo vilão, o superheroi se calhar luta directamente com o vilão, o detective teria que descobrir outra maneira de o capturar ou mandar prender. E isso depende do GM que está a dirigir. Uma situação dessas para mim tem tudo haver com roleplay. Nem todos são iguais e representar um superheroi não é o mesmo que um detectivo. O detectivo faz trabalho de investigação e o superheroi usa outros dotes geralmente.
Ainda em relação à mecânica, no fundo o jogo mais visado é o RIFTS porque mistura tudo desde magia a poderes mentais, mechas e robos a dragões e demónios. Confesso que nunca joguei RIFTS apesar da curiosidade e acredito que com tanto livro nessa serie haja muita coisa a rever a nível de mecânica e armas/armaduras/raças/classes novas. Para acabar, esta parte do game balance, só quero dizer que na minha opinião um GM conhecedor do sistema/mundo e dos jogadores saberá manter o "game balance" seja qual for o sistema. Todas as outras queixas de mecânica a meu ver são coisas menores.
Isto já está longo, mas continuando... hehehe ;)
Comparado com outros jogos o que me atrai mais são os mundos e maneira que estão descritos. Quando leio um livro da Palladium começo logo a imaginar mil e uma historias e aventuras, sinto um entusiasmo diferente de quem os escreve... talvez seja só eu. Não posso dizer que leio muitos livros diferentes de RPGs porque nunca senti necessidade disso. Tenho muitos livros Palladium e então uso-os porque paguei para os ter! hahaha E porque satisfazem-me acima de tudo! No entanto, por exemplo, sempre gostei do Cyberpunk 2020 apesar das regras parecem-me demasiado complexas e quando se fala de netrunning então... não consegui chegar lá... o setting atrai-me e comprei os livros mas nunca consegui ser GM por não conseguir ambientar àquelas regras e ambiente de jogo. Star wars D6 também é um óptimo jogo e sistema. Gostava especialmente de não haver hit points propriamente ou níveis de experiência. Neste caso nem era preciso estar bem escrito para ser um sucesso. O sistema funcionava bem para Star Wars, mas como funcionaria se fosse transporto para um jogo moderno de artes marciais e ciborgs? Não sei. O que me gosto da Palladium é que o sistema base funciona para qualquer tipo de jogo ou ambiente, seja sci-fi seja fantasia.
Imagino que o sistema D20 tenha esse proposito hoje em dia tambem. De dar para tudo e mais alguma coisa.
Só quero acrescentar mais que eu joguei D&D (3 ou 4 nao sei) ha uns 5 anos e não gostei. 1) porque usavamos miniaturas nos combates... gosto de imaginar as coisas em vez de focar numa miniatura em cima da mesa 2)os jogadores jogavam o jogo como se fosse um jogo video... arranjar coisas para subir de nivel e comprar itens nas lojas para serem mais poderosos 3)alem das miniaturas no combate, não senti que o jogo desse grande foco em roleplaying propriamente dito, isto admito completamente provavelmente ter haver com o GM e jogadores com que joguei, mas pronto, andavam pela cidade onde chegamos a tentar encontrar tais objectos sem que eu sentisse uma historia a desenvolver. Joguei 3 sessões depois disse adeus.
A Palladium sempre me pareceu um jogo que focasse mais no aspecto roleplay do que no combate. Recebe-se mais pontos de experiencia por ideias do que por lutas ou acumular ouro e pessoalmente gosto muito mais disso.
Dito isto, acho que qualquer sistema ou ambiente dá para fazer o que quiseres dele. Tudo depende dos jogadores e do GM. Já joguei Vampire e gostei, mas nem por isso gosto do setting. No entanto, fazer a personagem foi rápido e intuitivo uma coisa que no Palladium não é. Para mim é o grande mal do Palladium, os PCs levem demasiado tempo a fazer. É talvez a única coisa que considero complexo no sistema de jogo.
Conclusão: eu sempre joguei Palladium, divirto-me, compro livros, faço GM e até agora o meu grupo gostou. Por isso sinto-me satisfeito. Não sinto necessidade de experimentar outros jogos. Tudo o que procuro num rpg, settings diferentes, histórias, personagens, emoção, roleplay e não rollplay, aventuras, possibilidades e potencial estão lá. Não é elitismo mas sim contentamento.