Eu aqui não represento o SpielPortugal. Sou só mesmo eu. :)
Em Portugal, o que me dá ideia e generalizando, dá-se demasiada importância ao politicamente correcto e ao que deve ser feito, ou melhor, à forma como deve ser feito.
Os critérios das coisas são critérios base que, depois, mais tarde, vão sendo aprofundados, melhorados. É assim que deve ser, pelo menos.
Se a comunidade do AoJ acha que se deve fazer um prémio de melhor jogo do ano, acho muito bem que seja feito. O Pombeiro teve a ideia e eu acho muito bem. Devemos (estou a incluir-me, como devem ter reparado) avançar e fazer as coisas. Fazer coisas, por vezes, é mais importante do que discutir as coisas. E que tal, para começar, fazer e depois ver como correu?!
No SpielPortugal avançámos, no ano passado, com um prémio em categoria de jogo do ano. Não é fácil. Perguntaram-me, há tempos, se eu achava que o prémio era representativo do País. Disse que não, claro. O objectivo (apesar das extensas discussões que na altura se geraram) nunca foi esse. O objectivo era falar de jogos. Escolher um jogo, catalogá-lo, premiá-lo é, e será sempre, um prazer. Essa é a minha responsabilidade e, aqui, devo incluir os meus co-blogueiros do spielportugal, que também se sentem responsáveis por esta escolha. Mesmo que ela não seja a escolha de um País (nem pretende, sublinho) é a nossa escolha. E nós percebemos de jogos. Quem faz o spiel des jahres também é suposto perceber de jogos. Quem elege a miss Portugal pode até ser homem gay. Mas pode perceber de gajas na mesma. E até percebe mais que eu (o que é pena).
Não há, neste formato de júris, prémio nenhum que não seja, neste sentido, injusto. Mas também não há nenhum que, dado com responsabilidade e com critério (independentemente de qual seja na especialidade esse critério, desde que na generalidade ele seja honesto) seja injusto. Ou seja, todos os prémios serão sempre justos e injustos, convém é dá-los. É com prazer que se sublinham as coisas boas.
Sobre o formato do prémio, mais concretamente, a pergunta do Vital pode fazer sentido mas, se bem percebi, o que se pretende não é um júri para dar o prémio, como eu acho, ele percebeu. O júri deve ser só, tão só, para catalogar as respostas. Não é preciso ser nenhum técnico informático para isso, também acho. Acho também que, neste contexto e sendo o mais transparente e básico possível, o júri deve ter representantes de vários nichos do País. Falta Aveiro com o Jogo eu, Oeiras da Rede ou o Hugo/Zorg do jogos tabuleiro. Isto se quiserem agradar a tantos gregos como aos troianos apesar de eu achar que colectar votações é mais um trabalho chato que outra coisa melhor. Poderiam "apagar" algumas dessas pessoas. O Porto poderia ter só um representante, bem como Lx.
Falando do prémio do SpielPortugal, e porque nós o queremos dar com o máximo rigor possível,é uma coisa que dá muito trabalho. Para esta escolha do AoJ fica só um "aviso". Por muitos votos que aqui existam, a probabilidade da maioria votar num jogo como o Carcassonne (há 48 pessoas que o têm), ou o Stone Age (há 6 pessoas que o têm) é completamente diferente. Ou seja, não é a mesma coisa se todos tiverem acesso às mesmas coisas, nos mesmos moldes. No SpielPortugal experimentámos mais de 40 jogos de 2007 antes de atribuir o prémio. Todos nós os jogámos, todos. Ou seja, a base da decisão não é muito fácil.
Isto para chegar a uma única coisa que acho deve ser dita. Devemos cingir-nos a escolher o melhor do ano (genérico) e no máximo o mais bonito/funcional (artwork). É assim, eu até posso votar num wargame mas acho que conheço 7/8! Faz sentido? Eu já acho que escolher o melhor do ano em 40 (e ninguém deve ter experimentado 40 boardgames de 2007!) é tão pouco, quanto mais em 7/8.
Resumindo, faça-se o prémio mas sejamos comedidos.
Ainda nesta linha, e pegando no que o Hugo disse, não é fácil chegar aos media com uma votação de uma escolha de um jogo que não está publicado em português. Não entra no agenda setting. É um nicho dentro de um nicho. Precisamos de publicar em português para que isso aconteça. Porque é preciso envolver os fabricantes/distribuidores portugueses com isso. Se a Hasbro Portugal ganhasse o prémio com o belíssimo Monopoly Sporting, aí, a cobertura estaria assegurada. Porque a Hasbro trataria disso. Agora, o Agricola ganha o AoJ do ano, e vem o senhor Zev ou o senhor Lookout dizer coisas e mandar takes para as Lusas e para as AP's?! Não resulta.
Duas coisas off topic (mais ou menos): Quando no ano passado, acho eu, falei em associação de boardgames de Portugal muita gente ficou "afectada". Pois. Cá está porque é melhor fazer e depois falar. E a associação faz sentido. Acreditem.
Sobre o jogo do ano do SpielPortugal disse o Philip no aeroporto de Bona em Outubro, a mim e ao Costa: "havemos de falar sobre o prémio do ano". Pois! Ainda não houve tempo para isso e já o segundo saiu para a rua. E, tenhamos todos muita saúde, o 3º e o 4º... também hão-de sair.
Abraços a todos,
PS
"hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamas!"
Ernesto 'Che' Guevara 1928 - 1967