Ahey, :)
[quote=jpn]Mesmo jogando jogos tradicionais, estes GMs desenham a história em torno do contributo inicial dos jogadores, e não usam de direito de veto.[/quote]
Não te estiques. Lá porque a mamã dá sempre licença, o jogo continua a ser mamã dá licença. Ou seja, lá porque os GMs não usam o direito de veto, não quer dizer que não o tenham. Para continuar o teu exemplo Sorcerer, a "parte de trás da folha de personagem" faz parte integrante das regras do jogo. O jogo obriga-te a usar essa técnica. Se não o fizeres, estás a driftar. Daí o ênfase no *obrigado*.
Noutros jogos, principalmente aqueles que advogam a impossible thing before breakfast, o GM faz o que lhe der na bolha a seu bel-prazer. Mais, quanto mais flexível é o GM e quanto mais adepto nas técnicas de ilusionismo, mais difícil é ultrapassar o denial e perceber que, de facto, o jogo dele é um gigantesco jogo de Mother May I, mesmo que ele sistematicamente diga que sim aos jogadores.
[quote=jpn]1) Muitos jogos mainstream podem ser jogados de forma "não-tradicional", conforme definida pelo JMendes. Isto pode ser feito sem alterar o sistema desses jogos, uma vez que eles são difusos no que toca à obrigatoriedade do GM construir a história em torno dos personagens e seu background e contributos para o setting.[/quote]
Sim, muitos jogos mainstream podem ser jogados de forma não tradicional, mas não, isso de um modo geral leva a alterações da estrutura de jogo. Lá porque os jogos não têm escrito especificamente que os jogadores não têm acesso à criação de setting, não quer dizer que não o proibam implicitamente, já que dizem explicitamente que o GM é responsável pelo setting.
Se o GM decidir aceitar as contribuições dos jogadores após análise, isto não é mais que uma escolha, mesmo que consciente e consistente da parte do GM. Se o GM anunciar a priori que os jogadores vão ter direito a criar elementos e que o GM se vai obrigar a si mesmo a focar a história nesses elementos, isso constitui uma clara e inapelável alteração à estrutura do jogo.
[quote=jpn]2) Usando a definição do JMendes, e aceitando o ponto 1, a questão do "lado da cerca" torna-se mais uma questão de agenda pessoal (quais o poder que se cede ao GM) que do sistema que se utiliza.[/quote]
Já aqui estou completamente de acordo contigo, com a ressalva que System Does Matter. Ou seja, quem tem de facto uma agenda pessoal (criativa ou técnica) fica melhor servido com um jogo que a suporte.
Ou melhor, pelo menos, espero que assim seja. Se não fôr, estamos naquela onda da cerca entre mainstream e indie... :(
[quote=jpn]3) Parece-me que há uma outra diferença por trás dos debates sobre o lado da cerca - a criação de contexto pelos jogadores "in-game". Aqui sim, os jogos ditos tradicionais são bastante claros a vetá-lo - durante o jogo, o GM decide, mesmo que depois se discutam os casos.[/quote]
Não compro. Não me parece que haja pessoal a defender acerrimamente o tradicional, mas que depois se obrigue a priori a construir uma história em torno dos elementos criados pelos jogadores, ao mesmo nível que o faria em Sorcerer, incluindo abdicar total e incondicionalmente de todo e qualquer direito de veto enquanto GM. (Ou seja, relegar-se para a posição de mero jogador.)
Posso estar enganado, mas ficaria claramente surpreendido.
[quote=jpn]4) Acho que esta diferença é mais coerente com a posição que alguma malta tem assumido aqui sobre os "lados da cerca". Principalmente porque muita da malta que se diz tradicional não se revê nos posts "Mother May I", ou seja, não veta o input criativo dos jogadores no contexto - só o veta durante o jogo.[/quote]
Bof! Quem joga tradicional mas não se revê nos posts de Mother May I, ou está no campo 2 (denial), ou descobriu o El Dorado dos RPG. Se fôr o segundo caso, é favor partilhar! Se fôr o primeiro, paciência, não posso fazer mais nada por eles que o que já fiz...
[quote=jpn]A minha ideia aqui é centrar o debate em "técnicas inovadoras" vs "técnicas tradicionais" para dar a jogadores e GM input criativo no contexto, dentro da assunção que toda a malta quer que isso aconteça.
Porque, na minha opinião, a malta que quer que só o GM tenha input criativo está muito bem servida pelos jogos tradicionais, mesmo que queira ter jogadores proactivos, o que mete muito ruído no debate.
E eu preferia ver discussões sobre vantagens/desvantagens dos métodos "before-game" e "in-game", ou seja, sobre o impacte real de jogos inovadores (na sua maioria indie) sobre o modo como a criação de contexto é distribuída pelos jogadores.[/quote]
Esse teu propósito é nobre, mas temo que os threads seriam sempre invadidos pela malta em denial a querer defender-se activamente e a justificar a sua posição.