Porque é aquele cujos designs raramente me desagradam. Esta é a principal razão e como é óbvio, subjectiva.
Tentando ser um pouco mais objectivo:
Porque é talvez o mais versátil, uma vez que os seus jogos abordam uma multiplicidade de mecânicas sem parecerem uma colagem das mesmas só porque sim.
Porque tem uma filosofia de design que me parece ser a mais interessante. A abordagem que faz aos designs vai no sentido de “reduzir gorduras”, ao invés de acumular coisas e mais coisas em cima do jogo base para o fazer parecer mais do que é ou complicar apenas para complicar.
Um corolário do parágrafo anterior é que os jogos dele normalmente caem num nível de complexidade que me agrada… Não são lineares, as escolhas são difíceis ou as suas consequências são bem notórias no resultado dos jogadores. Para isso não precisam de ser “monstros de regras”, ou de procedimentozinhos acumulados, ou múltiplas interacções mais ou menos forçadas entre elementos do jogo para o tornar mais intrincado.
Adicionalmente, são poucos os jogos dele em que o que os outros jogadores fazem nos é indiferente. Normalmente existe uma área comum em que todos os jogadores se movem, ou actuam, e cujo espaço não é suficiente para todos.
Da lista que coloquei, só o FITS e o Decathlon poderão encaixar na definição de multi-player solitaire, e neste a pontuação dos outros é sempre um “isco” que nos pode impelir a arriscar um pouco mais…
Em todos os outros, ou a competição é bem directa (brutal, em alguns casos) ou então é relativa e indirecta, mas muito relevante.
Um novo corolário: A complexidade nos jogos do Knizia é emergente, ou seja, não é o jogo que é complexo mas sim as acções dos jogadores que tornam as decisões complexas.
Eu percebo e até concordo com algumas das críticas que lhe são feitas… Algumas advêm precisamente das qualidades que referi acima.
A depuração dos jogos até à sua forma mais elegante remove todo o tipo de “chrome” que pretende dar a ilusão de tema, tão frequente em jogos chamados “temáticos” porque têm miniaturas ou muito texto meramente ilustrativo. Daí dizerem que os seus jogos são abstractos com tema colado… Como se algum jogo não fosse meramente uma abstracção sobre um tema.
A sua prolificidade e a quase garantia de sucesso de vendas dos jogos que edita levam a que se façam múltiplas versões dos seus títulos, alguns simplesmente renovados graficamente, outros com ligeiras alterações mecânicas. Aqui acho que é mais a natureza do mercado a trabalhar do que propriamente “culpa” do designer… É uma crítica válida, ainda que mal direccionada na minha opinião, tal como o é em relação às muitas variantes que o Uwe Rosenberg tem vindo a fazer do Agricola.
Há jogos do Knizia que não quero ter na minha colecção. Sem dúvida. E há jogos dele que acho serem fracos ou pouco interessantes.
Naturalmente, existirão aqueles que não gostaram de nenhum dos títulos que ele fez. Mas não creio que pudesse escrever um “ainda” com tranquilidade nessa frase se estivéssemos a falar de outro designer qualquer.
Há muito designers talentosos por aí. É inquestionável e um motivo de regozijo. Não me recordo de nenhum que possa dizer que não fez nada que me agrade ou, pelo menos, respeite como design.
Na minha colecção, tenho títulos de mais de uma centena, talvez até duas, de designers diferentes…
Mas o impacto do Knizia nos jogos modernos é inegável e, atrevo-me a dizer, incomparável… Ou este tópico teria o mesmo impacto, ou faria o mesmo sentido, se fosse outro nome qualquer ali no título?