Bem, eu também prometi mais feedback do que aquele que acabei por dar...
Nestas coisas do design o melhor mesmo é fixarmo-nos num projecto único e tentar levá-lo até ao fim. E, se possível, ter fortes incentivos externos para o fazer. E ter premissas exequíveis para o próprio.
Eu, por exemplo, estou neste momento a trabalhar num jogo que pretendo mesmo acabar. É baseado numa série de BD estrangeira, contactei a editora local e deram-me uma resposta mesmo muito encorajadora a dizerem que têm muito interesse no projecto. Trabalhar numa série de BD dá-me imensos exemplos de jogo ready made, não só para pôr no livro como para servirem de inspiração e orientarem o processo criativo. As regras vão ser muito simples mas profundas. É por isso que tenho sempre na mesa (ou à mão de semear) o Toon, o Prince Valiant e o Maléfices. Se conseguir algo de semelhante, é um êxito!
Até ao final do mês acabo a criação de personagem básica. 6 páginas apenas. Depois, é trabalhar as mecânicas de jogo. Já tenho uma tonelada de material de um projecto anterior mais complexo. O que há a fazer é simplificar, simplificar e simplificar, e incluir os exemplos da BD. Aliás, a análise da BD vai dizer-me aquilo que as mecânicas têm de incluir ou não. Por exemplo, equipamento? Secundaríssimo.
Depois vem a secção do Mestre de Jogo, aquela que me vai dar mais dores de cabeça pois trata de ideias que andam a flutuar na minha cabeça há muito tempo mas que é tramado pôr no papel. Mais uma vez, o facto de trabalhar com uma longa série de BD é fulcral. Só faz sentido incluir aquilo que seja relevante nesse contexto.
Depois vêm as regras avançadas. O sistema básico é mesmo básico mas o sistema avançado vai permitir dar-lhe bastante mais variedade, flexibilidade e profundidade. Quem conheça Toon ou Prince Valiant sabe em que direcção me movo.
E assim acabo os materiais core. Depois, em livros separados: livro dos npcs, repositório de todos os secundários, figurantes e outros que tais com potencial para o jogo. Livro dos locais, processo idêntico. Livros de aventuras, baseadas em fios dispersos que existem nas BDs. Materiais para crossover com jogo de tabuleiro... Ao meu ritmo de trabalho é base para muito tempo! E há ainda a hipótese da adaptação das regras a outros universos de BD. Ou a universos de ficção criados para outras formas narrativas. Ou aos meus universos originais em esboço...
Sérgio Mascarenhas