Spin-offs: Avatar

Pois, eu li as primeiras e não gostei. Elric passava-se o tempo todo a lamuriar, a escolher acções que sabia que iam ter mau resultado e depois queixava-se do destino. Mas é provável que tenham melhorado, só que não tive paciência para as ler.

O fardo do homem branco? Parece-me mais a nostalgia de quem teve o dominio e o perdeu do que quem tem responsabilidades para proteger as raças inferiores e se sacrifica (essa visão parece-me mais adequada aos elfos do senhor dos aneis).

" Robot durante o dia, vegetal durante a noite"

Eu como sou um gajo básico, gostei do filme!

Como sou leitor mais ou menos assíduo de ficção científica (ainda se escreverá assim?), é verdade que já tinha "lido" aquela história (estória, pros modernos) algumas vezes, mas que raio... eu não fui ver o filme em 3D pelo seu argumento! Queres ver que estão umas centenas de totós no cinema de óculos escuros, a analisar a profundidade do argumento? Alguns sim, a maior parte, atrever-me-ia a dizer que não.

Vasco, vais ver que como divertimento, são umas horitas bem passadas, pelo menos para mim!

... gosto de armar confusão Evilgrin

[quote=kabukiman]

O fardo do homem branco? Parece-me mais a nostalgia de quem teve o dominio e o perdeu[/quote]

Mas é exactamente isto! Elric é, no seu universo, como um colonialista após a descolonização. Deixou de ser útil, representa um universo grandioso mas passado, não há mais lugar para ele. Tudo o que faz corre mal, como não podia deixar de ser, pois só sabe aplicar receitas que não têm mais cabimento. E nem sequer pode ter nostalgia ou orgulho naquilo que representou/representa pois o passado de que é herdeiro é vilipendiado e temido por todos. Resta-lhe apenas a sua superioridade tecnológica (a feitiçaria e Strombringer), mas esta acaba por o trair continuamente. Além disso, está no meio de dois poderes maiores, na tentativa impossível de os conciliar (a Lei e o Caos como metáforas da Guerra Fria).

Sérgio Mascarenhas

[quote=neonaeon]P.S. - Há quem diga que é o Starship Troopers (filme) mas em bom. Só que eu gostei do filme.[/quote]É como se o Starship Troopers tivesse sido escrito por um irlandês maluco fã de Space Marines que não tem medo de fazer um RPG sobre genocídios em massa. É mesmo o que quem não gosta de Avatar precisa.

Ainda não vi o filme mas de todas as críticas a que me parece menos sólida e a mais generalizada é que o filme se inspirou na história de Pocahontas. Critiquem porque está mal realizado ou porque as personagens são genéricas, mas criticar um filme porque se inspira noutra fonte e temos pano para mangas. A história de Hollywood é feita de remakes. Digam que a textura dramática é má, digam que os efeitos visuais são desnecessários ou abusivos, digam que os clichés são demasiados, mas não digam que o filme é mau só porque é Pocahontas no espaço. Senão teríamos que desconsiderar alguns dos melhores filmes de Hollywood só porque foram beber da mesma fonte que outros. Alguns exemplos (não incluo filmes inspirados na mesma fonte mas diferentes, por exemplo, Batman ou Batman Begins, e tentarei só incluir filmes bons):

  • Alfred Hitchcock realizou O Homem Que Sabia Demais e fez o seu próprio remake vinte anos mais tarde com O Homem Que Sabia Demasiado (ambos são bons, embora o primeiro seja melhor).
  • Howard Hawks, que eu considero um dos 5 melhores realizadores da história de Hollywood, realizou Rio Bravo, fez um remake com El Dorado (que eu considero superior) e depois outro remake com Rio Lobo (e estamos a falar de remakes e não sequelas).
  • West Side Story não é mais do que a história de Romeu e Julieta no Bronx.
  • A primeira fase dos filmes de Brian de Palma (anos 70 e 80) era pastiches de Hitchcock (e até muito bons por sinal). Quem não viu Vestida para Matar (cópia de Psycho) ou Body Double (não me recordo do título em Português) que é uma homenagem / cópia descarada d'A Mulher Que Viveu Duas Vezes.
  • John Carpenter realizou Fuga de Nova Iorque e vinte anos mais tarde uma sequela / quase remake chamada Fuga de LA.
  • Os Sete Magníficos é, ponto por ponto, uma cópia d'Os Sete Samurais.
  • Por Um Punhado de Dólares é a cópia chapada de Yojimbo (western / samurais).
  • Os primeiros 20 minutos do Star Wars: A New Hope são uma cópia chapada d'A Fortaleza Escondida de Akira Kurosawa, incluíndo os dois fugitivos (no original) e C3P0 e R2D2 no Star Wars. O próprio Lucas admite que se inspirou em bastantes elementos dos filmes de Kurosawa, incluindo os duelos com os sabres de luz.
  • O grande filme Assalto à 13ª Esquadra (o original do Carpenter e não o mauzinho dos anos 2000) é Rio Bravo com polícias e gangues.
  • O Gladiador que arrebatou 5 óscares da Academia é uma cópia d'A Queda do Império Romano de 1964. Só passou despercebido porque os remakes normalmente têm o título do filme original e porque ninguém actualmente viu o filme de 64.
  • E pronto, para acabar com um filme de ficção científica: O Planeta Proibido, o maior filme de ficção científica dos anos 50, é Shakespeare no Espaço (A Tempestade).

Na minha opinião, dizer que não se gosta de um filme porque é [inserir nome original] no espaço é talvez um bocado redutor.

[quote=Arrebimbomalho]

Eu como sou um gajo básico, gostei do filme!

[/quote]

Thumbs UpThumbs UpThumbs Up

já ontem tive uma discussão no encontro do Porto por causa do 2012 que eu também gostei e ao que foi apontado coisas como: "andar no tibete de manga curta numa pick up é impossivel! morrias de frio!"...

Eu vou ao cinema para me distrair e ver coisas diferentes... a partir do momento em que um filme diz: Tudo o que for mostrado aconteceu na vida real, aí sim, já posso criticar se o tipo está ou não de manga curta, agora é simplesmente ficção... tal como o Avatar... São filmes, é suposto serem exagerados, são desenhados e criados para divertir!

Eu também sou um gajo muito básico pois gosto de um filme que apenas me distraía...

[quote=Crashburner]

[quote=Arrebimbomalho]

Eu como sou um gajo básico, gostei do filme!

[/quote]

Thumbs UpThumbs UpThumbs Up

já ontem tive uma discussão no encontro do Porto por causa do 2012 que eu também gostei e ao que foi apontado coisas como: "andar no tibete de manga curta numa pick up é impossivel! morrias de frio!"...

Eu vou ao cinema para me distrair e ver coisas diferentes... a partir do momento em que um filme diz: Tudo o que for mostrado aconteceu na vida real, aí sim, já posso criticar se o tipo está ou não de manga curta, agora é simplesmente ficção... tal como o Avatar... São filmes, é suposto serem exagerados, são desenhados e criados para divertir!

Eu também sou um gajo muito básico pois gosto de um filme que apenas me distraía...

[/quote]

Oh, aí já estamos a falar de gostos. Uma coisa é dizer que o filme é muito original e bem escrito. Isso pode ser discutido.
Agora se precisas de menos (argumento, lógica, seja o que for) para te divertires no cinema... O que é que se pode dizer? No fundo és tu que sais a ganhar.
E não precisam de vir com comentários defensivos do género "sou um gajo básico". lol

De um modo geral concordo contigo, neste caso em particular a descrição "Pocahontas no espaço" é bastante significativa, pelo simples facto de que também não gostei da história da Pocahontas (pelo menos a mais conhecida) :p

"the drunks of the Red-Piss Legion refuse to be vanquished"

È uma brincadeira não é uma critica. Podias ler as coisas antes de avançar com um tom tão sério.

[quote=Dwarin]

Ainda não vi o filme mas de todas as críticas a que me parece menos sólida e a mais generalizada é que o filme se inspirou na história de Pocahontas.

[/quote]

"as efabulações sobre temas mundanos e o lugar-comum não satisfazem as mentes mais criativas e sequiosas de novos estímulos"

Também não e preciso criticar quem admite que é um gajo básico, é preciso coragem para admitir em publico que se é um idiota no que toca a filmes, com uma mente que tende pró infantil e se satisfaz com muito pouco desde que seja bonito...tipo os mosquitos hipnotizados por uma lâmpada.

Desde já saúdo todos os gajos básicos aqui presentes! Não tenham vergonha do que são nem de o admitir e nunca deixem que ninguém vos diga o contrario.

A verdade é que a natureza odeia vácuo e tende a equilibrar-se. Se não me engano é o Budismo que diz que tudo o que existe debaixo do céu tem uma razão de ser.

Se por um lado os gajos básicos conseguem apreciar filmes tolos e mal feitos porque tem muitos efeitos e muito barulho ; por outro as pessoas mais inteligentes que geralmente detestam esse tipo de filmes conseguem apreciar as obras mais intelectuais e significantes que causam dor de cabeça aos gajos básicos.

E ficamos todos felizes e contentes. Os gajos básicos na sua obscura ignorância, os gajos avançados na sua luminosa sabedoria.

Eu diria, os gajos básicos na sua luminosa sabedoria, os gajos avançados na sua obscura ignorância.

Mas isso sou eu, um gajo básico...

Confused

Exacto, es um gajo básico e por isso o mais que consegues é inverter o que eu disse, num acto de pura falta de originalidade.

Como eu disse, não há razão para ter vergonha. A gente não se importa e compreende as vossas limitações. Cool

A ignorância não tem limites...logo os tipos básicos não podem ter limitações.

Agora só falta ver o fime!

Wink

«Mais vale estar calado e julgarem-te um idiota, do que abrir a boca e dissipar todas as dúvidas.»

revi dois dos filmes que aí falas, "Forbidden Planet" e "Rio Bravo". Dois filmes que eu adoro :)
Só para vos atazanar, prometi ao meu cunhado que ia com ele ver o Avatar, outra vez ehehehe.
O gajo tem um recém-nascido e não quer sair de casa. Avatar é um filme que eu sei que ele ia gostar, então dei-lhe tanto na cabeça que o convenci a ir ver o filme. Mas ele não queria deixar a mulher sozinha com o puto, logo cravou a minha esposa para fazer companhia à mana. Quem é que sobra? Yours trully! Lá terei que ir com ele... e pela primeira vez na minha vida vou ao cinema, ver um filme no cinema pela 2ª vez. LOol!

Já me tinha acontecido ver o genial "Naked" do Mike Leigh em VHS e anos mais tarde revê-lo numa sessão de cinema.

Voltando à batata frita. Uns gostam outros não. Por isso é que eu costumo dizer, que o gosto é a coisa mais discutível do mundo. O que seria de nós se todos gostassem de amarelo?
Não queria com o meu post original, criar tanta celeuma, a ideia era mesmo dar a minha opinião de que não acho o filme assim tão mau. Até é bom, mas só bom... um 7, enquanto obra de cinema. Já enquanto experiência audiovisual, é um 9 gordinho, a roçar o 10. Tantos e bons efeitos, o 3D, as cores, o som... Uff!

Mas nunca o trocaria pelo meu "La Haine" do Matthieu Kassowitz :)
Bons filmes para todos, eheheh!

[quote=Nazgul]

A ignorância não tem limites...logo os tipos básicos não podem ter limitações.

Agora só falta ver o fime!

Wink

[IMG]https://www.boardgamegeek.com/jswidget.php?username=Goldrak&numitems=8&text=none&images=small&show=recentplays&imagesonly=1&imagepos=left&inline=1&imagewidget=1[/IMG]

[/quote]

BOA! O Nazgul ganha o thread!

Declaro-me vencido por este argumento. Bem feito Nazgul! Happy

"O homem verdadeiramente sábio segue os seus próprios conselhos."

[quote=Asur]O argumento é arrepiante. Já todos vimos aquele filme, centenas de vezes. As personagens são cinzentas, quase todas inúteis, não crescem, e muitas não trazem nada (compare-se com as do StarWars, por exemplo). São só truques fracos para ir empurrando o plot aos pontapés.[/quote]

Espero que estejas a ser irónico porque o Star Wars é dos mais básicos hacks com sucesso da história do cinema... Não há lá nada que não existisse antes e melhor. E deu para seis óperas bufas/westerns classe B espaciais...

Quanto ao Avatar, fui lá na sexta.

Não fui ver um filme, fui ter uma experiência sensorial. Até podia ter tido duas não fosse o casal de imbecis que certa e infelizmente vai procriar mais imbecis, que esteve o tempo todo a falar durante a experiência sonora patrocinada pela Vodafone... Adiante.

Não é um filme original. Não é muito bem interpretado. Transmite a sua mensagem como um mau lutador de boxe que telegrafa os seus golpes e com uma brutalidade tão próxima deste que quase faz com que a mensagem se nos torne detestável. A Sigourney Weaver, única actriz significativa no filme, limita-se a fazer o papel com o ínfimo esforço que isso lhe traz para receber o cheque no final.

Mas nada disso é importante se formos apenas a esperar a experiência do sentido visual. Aí, o filme brilha. A suspensão de descrença é tão bem conseguida que algum tempo depois de estar a ver o filme é mais estranho ver cenas só com pessoas reais que cenas completamente virtuais. É só por isso que vale a pena pagar para o ver... porque não pagamos, neste caso, para que nos ponham a pensar... Para isso afinal, joga-se um bom jogo, não é?

Relaxem, moços. Vão ver o filme se quiserem ter esta experiência... Não vão se querem uma verdadeira obra de arte.

Bem dito. Apesar de não ter gostado do filme claro que reconheço o triunfo técnico que é e ate recomendei a minha mãe que o fosse ver porque sei que ela não percebe patavina de FC e vai gostar de todo o cenário bonito e dos Na'vi a andar dum lado pró outro.




O detalhe irritante; do qual Avatar não é o único culpado e que demonstra um modo de promover cinema hoje em dia, é que o filme não é honesto consigo próprio. Na verdade, mente descaradamente.

Avatar faz-se passar por um filme de FC (não é, é fantasia) com uma profunda e importante mensagem a passar, quando na verdade, e como já foi dito por vários e muito eloquentemente por ti, é uma História, ou melhor, uma História formulada que já foi contada muitas vezes antes, com desempenho de actores sub-par e tão subtil a passar a "mensagem" como apanhar um murro. No final do dia é "light entertainment". Certamente, "arte" é que não é, pelo menos no sentido da palavra que não inclua automaticamente toda e qualquer produção cinematográfica.

O pior de tudo é que a opinião publica parece que sofreu uma lavagem mental e age como se o filme fosse a coisa mais significante desde a descoberta da penincilina, ou algo assim.

As pessoas neste thread que gostaram de Avatar mas reconhecem que no fundo é entretenimento do tipo "pipoca e deixar cérebro na porta do cinema" são uma lufada de ar fresco.

Eu frequento fóruns internacionais de RPGs e FC e fiquei impressionado com as reacções de pessoas supostamente de cultura a cima da media, que comeram a esparrela anzol, linha e cana tão fundo que reagem muito mal quando alguém confessa não gostar do filme e apontam para a sua "verdadeira natureza".


Por exemplo: o facto de não gostar de Avatar já me valeu ser comparado a um Xenófobo militarista e supremacista branco.

Irra...

Noutros fóruns, conversas sobre Avatar descabelam em discussões sobre politica actual, com os detractores do filme a acabarem por ser acusados de não passar de fascistas, porcos capitalistas ou coisas assim.


Não estou a falar de insultos parvos mandados a toa por trolls, mas sim de gente (muitos dos quais conheço como posters a anos) que realmente acha que o facto de alguém não gostar do filme demonstra realmente algo de tenebroso no carácter dessa pessoa.

Houve um idiota que ficou chocadissímo quando disse que o que ainda safava o filme para mim era a personagem do Coronel Miles Quaritch (sim, o mau da fita feio, porco e mau que se deleita a matar os azulinhos) e confessei que iria ver Avatar 2 se ele voltasse (o que segundo os rumores vai acontecer).

O gajo voltou-se com uma diatribe em que não só me acusava (mais uma vez) de ser militarista/xenófobo/etc e categorizou-me imediatamente como a pessoa mais cinematográficamente ignorante do planeta. Isto tudo apenas por eu gostar de uma personagem tipo Rambo? Caramba...

Ainda mais espantoso...esta foi a mesma pessoa que me encomendou e congratulou por um artigo sobre RPGs para a webzine dele. Portanto achava que eu era esperto e respeitava a minha opinião...mas bastou não gostar de Avatar e fiquei reduzido a condição de ignorante obtuso?

Se me permitem uma comparação pouco subtil, a atitude que Avatar tem para consigo é equivalente a um filme porno hardcore que nos tentasse convencer que é uma exploração importante da sexualidade humana.

De filmes inchados com a sua (falsa) importância estamos já fartos...quer dizer, não dos filmes em si mas da atitude messiânica.
Isto faz lembrar aqueles que parece que queriam transformar o filme "Matrix" numa religiao quando este saiu.

No final do dia, o triste e que este quase-fundamentalismo que parece que filmes com "envolutura de menssagem" inspiram torna o debate sobre eles muito mais difícil, e os argumentos perdem-se no meio das acusações ad homine que os fieis fazem aos heréticos.


E nestes termos, não vale a pena falar de cinema; acho eu.

Ao menos parece que ainda existem excepções, como este fórum.

[quote=Vargr]O pior de tudo é que a opinião publica parece que sofreu uma lavagem mental e age como se o filme fosse a coisa mais significante desde a descoberta da penincilina, ou algo assim.[/quote]É verdade, mas isso não me surpreende após ter visto o filme. Temos que admitir que este senhor que também fez o Titanic sabe muito bem como fazer um produto de sucesso e este Avatar está muito bem arranjado para que o espectador médio se sinta auto-projectado no heroi, potenciando assim as vendas de action figures, t-shirts, edições especiais, jogos de computador, etc. Apela também directamente à jovem geração digital, aquela que, quando gosta de um filme, mil pessoas ficam a saber através do facebook, mais mil pelo hi5, mais outras dezenas de amigos por sms. O word-of-mouth para esta bela experiência sensorial é muito forte e curiosamente recria a própria inter-comunicação que há entre todas as espécies de Pandora. Esse pequeno truque de simbolismo é o suficiente para dinamitar a mente de muita gente ao ponto de o considerarem uma obra-prima.

Mesmo por aqui, este é - após vários spin-offs neste blogue que já envolveram desde Sandman a Ghost in the Shell - aquele que mais discussão suscitou. Mesmo quem não gosta diz qualquer coisa acerca de como o filme é visualmente espectacular.