Warhammer Fantasy Roleplay 3.ª edição - Um híbrido RPG/BG?

Houve uma encarnação anterior do Warhammer Roleplay, chamada Warhammer Quest, que dependia fortemente de acessoriozecos para ser minimamente apelativo, o que escondia o facto de ser um sistema super rígido de sim e não, sem talvez, com o foco em combates mecanizados onde o GM era, essencialmente, um árbitro.

Isto foi antes da projecção á escala mundial do MTG, e portanto numa altura em que a cena fantasy era praticamente circumspecta ao pessoal de D&D e aos wargamers da própria GW. Por isso fazer um RPG com ares de boardgame, e marketizá-lo como intrínsecamente um jogo de miniaturas, permitia-lhes expandir o seu mercado de figuras sem alienar completamente os puros wargamers. Já tinha sido feito, e com sucesso relativo, por isso venga.

O que acontece é que o Warhammer Quest, como os seus similares anteriores e posteriores, falha em apelar aos roleplayers mais hardcore, devido á estrutura castradora que não permite grandes nuances de decisão. O jogo era tão automático que dava (pelo menos em teoria) para um gajo jogar sozinho. E se isto não é a antítese de roleplaying então besuntem-me com mel, ponham-me umas orelhas de mickey e mandem para um cave onde viva uma família de owlbears.

Não gostei muito do foco na dualidade agressivo/ponderado desta nova edição, activa um bocado o alarme da falta de opções. Já a linha gráfica está soberba, como aliás é norma tanto FF como da GW. O que eu espero é que, tudo bem, apele aos boardgamers, mas sem deixar de ser um RPG. É fatela deixar um setting tão coeso como o do Warhammer sem um RPG decente, só para vender em número.

E já agora, o sistema rulebooks & supplements pode ficar de facto muito mais caro, mas é flexível o suficiente para o GM fazer mix & match de regras, settings e flavour. Por exemplo, até a tão mal-falada 2ª edição de D&D permitiu cenários tão díspares como Dark Sun e Planescape. Se as regras base dependessem de cartõezinhos com desenhos cada um destes settings teria que passar a ser praticamente um jogo novo. Ou, para pessoal chunga como eu, post-its escritos a caneta com ilustrações de bonecos-palito.

Mas para quem é primeiro boardgamer e só depois roleplayer, isto é capaz de ser digno de ereção. Confesso que eu também babei um bocado. E o tom céptico e amargo é porque estou com saudades de Shadowrun.

Bom comentário de estreia, Ivo! Bemvindo.

Não conheço muito bem o Warhammer Quest mas pela pequena pesquisa que fiz parece ter mais semelhanças com os Descent e o Runebound da FFG do que propriamente o novo Warhammer. Por tudo que li do pessoal que já postou comentários acerca pre-release deste fim-de-semana o WHFRP3 parece ser um RPG mesmo.

Mais detalhes informados só quando se experimentar o jogo ou depois de ver um bom vídeo de sessão de jogo.

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Obrigado.

Numa segunda vista de olhos já me parece melhor. A interpretação que os gajos do vídeo fazem do setting é muito parecida com a minha, especialmente nos comentários daquele da barbicha. E o eye-candy é uma constante, no que limita a originalidade também ajuda á imersão dentro desses mesmos limites. Encomendem lá isso e convidem aqui a pessoa para um test-drive.

Afinal, o Shadowrun não vai parar por isso, senão já tinha parado com aquele jogo campónio da Microsoft.

Já agora, fica aqui um copy-paste do FAQ:

Q: Is Warhammer Fantasy Roleplay really a roleplaying game, or is it a boardgame?

The new edition is very much a roleplaying game. The Game Master (or “GM”) and the players representing the adventurers work together to develop the stories that their player characters (or “PCs”) will be moving through. The classic elements that make up a traditional roleplaying experience are still present, though they may now have an exciting new twist.

Q: So how do these components & cards fit into a roleplaying game?

These components were designed to help players immerse themselves in their adventures, to allow them to focus on the story and their characters, and to add an exciting new dimension to the roleplaying experience. The use of components and cards allow the GM and the players to “interface” with the game mechanics and their story in new and interesting ways. For example, the custom dice provide the GM and players with additional information to weave into their story, beyond just whether an action succeeds or fails. The action cards allow players to utilise skills and abilities more easily, and evaluate different options they have available by comparing information on the cards. The stance meter is a tool that provides the player characters with additional context and risk management for their actions, and can give heroes an idea of how to approach the situation while providing a visual and tactile element to their decision making. The party sheets help provide additional flavour for the party, and act as a handy tool for party cohesion and a centre of focus.

Por mais estranho que pareça, mandar vir da Amazon USA o conjunto especial dos três livros de D&D (79 euros) para que cheguem em 2-4 dias (pagando assim as taxas alfandegárias no caso do WHFR3)é mais caro 10 euros do que o Warhammer Fantasy Roleplay 3rd Edition (69 euros).

Pensando que ao D&D faltam fichas de personagem e dados para se começar a jogar não deixa de ser interessante a diferença em preço. Por outro lado não podemos esquecer que o WFRP3 limita um pouco os números de jogadores devido aos componentes estarem pensados para quatro jogadores e possivelmente a evolução dos persos devido ao escasso número de carreiras avançadas.

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Pelo menos concordam que o potencial do jogo é mais limitado, não menos, que um verdadeiro pen & paper?

Isto oposto a um, hum... pen & cards & crazy dice & mentalometer & still some bloody paper, loads of it...

Há pessoal para quem o processo de criação de um personagem é partir a cabeça na elaboração do background, detalhe e cor que quer dar ao indivíduo da classe/raça/facção que tinha escolhido.

E depois há pessoal cujo brainstorming procura conseguir encaixar o personagem que escolheu num dos moldes (leia-se classe/raça/facção) do sistema que vai jogar, sem trair a essência que idealizou. E isto é complicado naquele tipo de RPG mais ready-to-roll, que aparentemente se tem vindo a tornar norma por ser mais popular ao apelar a noções estéticas generalizadas (quando a estética não é um fim por si só, pelo menos a este nível).

É como os signos... há quem se reveja no seu, há quem gostasse de ter outro (duh), e depois há quem sabe que é todos ao mesmo tempo e portanto nenhum porque isso é tanga. Mas toda a gente reconhece imediatamente os símbolos.

Pá, eu sou mais de freeform. A solo gosto de Morrowinds e Fallouts. E isto parece-me mais para a malta dos Final Fantasies e dos MMOs. Já joguei, aliás vou jogando (e curtindo), mas em caso de ter de escolher nem tenho que pensar nada. Porque só vou ficar indeciso entre um anão Trollslayer de moicana e machado ou um anão nobre de pala no olho e dual longswords se não puder mesmo ser um berserker elfo com dual hand-crossbows. E palas nos DOIS OLHOS. Bang!

Já agora, os cartõezecos e isso ajudam, sem dúvida. Até porque nós costumavamos fazê-los, lembram-se. Só precisavamos de uma caneta, papel e um x-acto (ou, no meu caso, uma tesoura sem pontas). E não me lembro de pensar na altura "hummmm... o que isto precisa aqui é de um desenho de um gajo a gritar com uma faca na mão".

Claro que se me convidarem para jogar eu vou...

Até tenho andado a pensar num persona maníaco-depressivo, para ver o GM a morder-se todo a trocar cartõezinhos vermelhos por verdes e vice-versa.

[quote=melquisedeq]Pelo menos concordam que o potencial do jogo é mais limitado, não menos, que um verdadeiro pen & paper[/quote]Prognósticos só no fim do jogo :) mas parece-me que o potencial é todo igual dado que suspeito que este mesmo jogo poderia ser publicado só em livro sem grandes modificações, da mesma maneira que muitos RPGs também poderiam incluir dados, cartas e miniaturas catitas, mas são vendidos só num (ou três) livro(s). São todos tabletop RPGs.

Assim, parece-me (lá está, ainda sabemos pouca coisa) que este produto é feito assim mais por decisão comercial do que por qualquer propósito de criar o melhor híbrido entre RPGs e BGs. Em termos comerciais, acho que a FFG está a tentar fazer duas coisas: vender um RPG (porque isto é mesmo um RPG) aos boardgamers e tentar descobrir um modelo de negócio que permita vender RPGs sem estes serem pirateados.

Uma visão mais extensa (com fotografias!) do jogo depois do pre-release: https://www.fantasyflightgames.com/edge_foros_discusion.asp?efid=164&efcid=3&efidt=234427

E outro report ainda melhor: https://www.fantasyflightgames.com/edge_foros_discusion.asp?efid=164&efcid=3&efidt=234589

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Na RPG.Net já há um tópico dedicado a criticar o WFRP3: https://forum.rpg.net/showthread.php?t=483421

É curioso o comentário de que as mecânicas de jogo impediam a imersão na história, em vez de ser o contrário.
Um pouco mais à frente há uma descrição do sistema de dados (que parece uma evolução do antigo jogo de tabuleiro Heroquest).

Fora isso as críticas continuam a assentar no preço e na possibilidade de se perderem/danificarem componentes do jogo.

O segundo link que postei comenta exactamente o contrário, de que os dados facilitaram a imersão e o contar da estória. Caso para dizer que sempre vão haver diferentes opiniões.

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"Caso para dizer que sempre vão haver diferentes opiniões."

Verdade.

E seja claro que a minha postura de descrença em relação a esta edição é mais de saudosista que reacionário.

Alguém que mande vir uma caixa e meta aqui um review dos puros (não review de um review, ou, se me permitem, re-review).

Eu vi o video e fez-me babar, gritar o quanto queria, lamentar estar imerso em tantos jogos que até me esqueço dos nomes e ter tantos que não conheço nenhum com todos os pormenores para discutir qualquer detalhe.

No entanto, vendo as coisas mais ponderadamente concordo completamente com o último post do Rick Danger (já não me lembrava de andar a discutir RPGs contigo, já vão uns anos) e completamente com o melquisedeq!

A bonecada toda, os cartões, a caixa, os dados é tudo lindo, maravilhoso e faz qualquer amante de RPG sonhar, mas essencialmente não passa disso, acho que não traz nada que seja imprescindível e vem poupar trabalho que provavelmente os ST's e os PC's não querem que seja poupado, pois é o pormenorizar o nosso personagem até o conhecer-mos que depois vai dar tanto prazer em jogar com ele.

Quanto ao preço até acho muito barato! 68 US$ por quatro livros, dados, dezenas de cartas e outros acessórios? É quase oferecido se tivermos em conta que a Edição Especial de Dark Ages Vampire que a unica coisa que trazia era um livrinho extra e uma capa bonita há 10 anos atrás custava 45 ou 50 €!

Isto do ponto de vista relativo a produtos semelhantes, claro que em absoluto tirar tanto euro da carteira doi...

Há muito tempo que não ouvia falar disso, a FASA antes bem tinha dois universos que eu adorava, a minha extensa colecção de livros de ficção assim atesta.

Apareçam no Encontro de Roleplayers da LeiriaCon que faz parte dos planos. :slight_smile:

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Parece que a primeira tiragem do jogo já está esgotada, e a FFG está a tentar fazer outra tiragem para Dezembro.

https://www.fantasyflightgames.com/edge_news.asp?eidn=960

Nos fóruns da RPG.net já há gente a cortar os pulsos, figurativamente falando, por causa deste sucesso.

https://forum.rpg.net/showthread.php?t=485369

Entretanto, a FFG está a vender os suplementos da 2.ª edição ao preço da maria cachucha:
https://store.fantasyflightgames.com/client/client_pages/sale2009.cfm?catid=12

Mais alguns comentários interessantes sobre o WH3, desta vez na discussão de uma crítica do WH2 publicada na RPGnet. Vejam o post 5: https://forum.rpg.net/showthread.php?t=486801

Sérgio Mascarenhas

Sérgio, não estou a responder-te a ti pessoalmente, mas à atitude de “isto não é um rpg”, que me levou a não escrever mais neste sítio:

https://forum.rpg.net/showthread.php?t=487007

Substituir “D&D 4ed” por “Warhammer 3ed” e servir a gosto.

–~~–

Visitem o Ideonauta, um blog sobre roleplay!



Não te metas comigo, camarada; tenho n avisos à navegação, alguns deles em público, e não tenho medo de os usar!

Bem, eu não conheço o WH3 directamente e não creio que o venha a conhecer (não tenho orçamento; o que li sobre o jogo não corresponde à minha perspectiva; embora goste - e muito - das campanhas de WH1, não sou adepto do universo de jogo; há coisas que me atraem mais para gastar os meus €€). Sem prejuízo disso, acho que estas discussões do «é, não é rpg» são profundamente inúteis quando incidem sobre as mecânicas ou os materiais de jogo pois não é por aí que se define um rpg.

No entanto, os mesmos materiais e mecânicas que usamos para um rpg podem ser usados para outros tipos de jogo e eu tenho bastante interesse neste tipo de cruzamentos e polinisações. Aliás, sempre assim foi, ou não tenha o DD sido desenhado a partir de um jogo de guerra. Penso que é conveniente apostar-se com conta, peso e medida nestas ligações para chegar a novos públicos.

Mas há que estar atento para não correr o risco de acabar mesmo num jogo doutro tipo. Os comentários do Jason Dural (o fulano que compilou o novo BRP) sobre o WH3 parecem-me fazer sentido, por exemplo.

Sérgio Mascarenhas

E onde é que eles estão, s.f.f?